CAPÍTULO 39 ALANNY NARRANDO A subida do morro naquela noite parecia um desfile forçado. Eu e a Bruna lado a lado, o vento quente batendo no rosto, o som do funk ecoando cada vez mais forte conforme a gente se aproximava da quadra. O beco tava cheio — criança correndo, casal na escada, vapores de fuzil no ombro. E, claro, os olhares. — Ô ruivinha, gata demais, hein! — um gritou, rindo alto. — Aí sim, hein, mina gata… — outro completou, puxando assunto do nada com a Bruna. Fingi que não ouvi. Bruna do meu lado também não deu moral. Os moleques não me conheciam mais, e era melhor assim. Depois de três anos fora, eu já não era a Alanny que rodava ali todo dia pra ir pra escola. Pra eles, eu era só mais uma mina descendo de salto, tentando parecer segura. O coração batia forte, mas não de

