Voltei pra casa no fim do dia, depois de um expediente infernal no escritório.
No meio do caminho, o celular conectado no carro tocou.
Olhei de relance pra tela. Era o Vicenzo.
Suspirei pesado antes de atender.
Vicenzo era meu irmão gêmeo, um canalha, ele que fazia a má fama dos homens dessa família.
já levei a culpa de muitas canalhices dele e encobria os rastros, era um predador impiedoso, eu já não estava tão diferente dele.
— Fala Vicenzo.
murmurei, já esperando problema.
— A mulher me botou pra fora..
ele disse, casual, como se estivesse me contando o cardápio do jantar.
Revirei os olhos.
— Que merda você aprontou agora?
— Digamos que ela viu o que não queria.
respondeu rindo.
— Mas tô de boa, irmão. Tava doido por umas noitadas mesmo. Esse negócio de casamento, fidelidade... não é pra nós.
Mordi a boca com raiva.
— Fale por você, seu i****a.
Ele riu ainda mais alto.
— Vai me ajudar ou não? Tô precisando de um teto, cara.
Fechei a mão no volante, sentindo a tensão pulsar nas têmporas.
Landon tinha umas encrencas com ele.
Vicenzo andou pegando umas namoradas dele, ele não gostou, deu treta, eu tive que mandar ele embora, pra evitar essa merda.
Mas já chega disso, Landon tem que crescer p***a.
E nosso sangue.
— Pode vir. Tô chegando em casa.
Desliguei.
Não demorou muito pra estacionar o carro preto na garagem.
Respirei fundo antes de entrar. E devia ter respirado mais fundo ainda.
Porque lá estavam eles.
Landon largado no sofá. E ela.
Deitada com ele.
Meus olhos correram pela bagunça: cinzeiro cheio, garrafas abertas. Uma bela visão pra quem devia estar devastada por uma traição, né?
Travei a mandíbula.
O Landon se ajeitou todo no sofá quando me viu.
— O senhor já chegou.
falou rápido.
Dei alguns passos, olhando pros dois, pro cenário.
— Tá falando sério?
rosnei.
— Fumando, Landon?
Ele arregalou os olhos e começou a empurrar as coisas da mesa como se isso fosse mudar alguma coisa.
— Ajeita essa merda.
cuspi as palavras.
— Seu tio tá vindo pra cá.
Landon me encarou, o rosto fechando na hora.
— O que aquele desgraçado vem fazer aqui?
— Sua tia botou ele pra fora. Ele vai ficar um tempo.
O rosto do moleque mudou. Raiva pura.
— Quê!? Não!
a voz dele explodiu.
— Aquele cara não!
Estreitei os olhos.
— Como assim não?
avancei um passo, a voz baixa, ameaçadora.
— Cadê os apartamentos de luxo que ele se gabava? Cadê a grana que o senhor dava pra ele?
Landon cuspiu, os olhos brilhando de ódio.
— Não importa.
Minha voz cortou o ar.
— Essa casa é minha. E ele vai ficar.
Se controle, Landon. Aprende a agir como homem.
Ele não respondeu. Só pegou a sujeira toda e saiu quase batendo os pés no chão.
Ficamos sozinhos.
Finalmente.
Eu e ela.
A garota sonsa estava ali, parada, como um animal acuado.
Cruzei os braços, deixei o veneno pingar da língua.
— Você até tentou fugir, não foi...?
soltei, com um sorriso torto.
— Mas o destino... é mais c***l do que a gente imagina.
Ela suspirou, nervosa.
— Eu... não sei do que está falando, senhor Vicent.
Ah, é claro. o Senhor de novo ali.
Neguei com a cabeça, andando na direção dela.
— Só se você tiver uma irmã gêmea...
disse baixo, olhando nos olhos dela.
— Mas não vem ao caso aqui não é? Então qual a sua desculpa?
Ela tentou recuar, desesperada pra sair dali.
— Eu... Realmente não sei do que está falando, eu vou ver o Landon.
Esperei ela ousar se afastar, dei dois passos e segurei o braço dela.
Meu olhar caiu no pescoço dela.
O chupão que eu deixei estava lá, disfarçado por maquiagem.
Quase sorri.
— Você até que é boa em esconder marcas.
murmurei, aproximando o rosto dela.
— Ele não sabe, não é? Da sua escapada.
Ela me olhou, com aqueles olhos em chamas. Aqueles olhos infernais que me deixaram louco naquela noite.
— "Ainda" não sabe... porque não vou deixar meu filho ser feito de o****o.
arrastei a frase, deixando a ameaça pairar.
Ela tremeu.
— O que eu disse... é verdade!
tentou apelar.
Dei uma risada seca.
— O quê? Que ele te traiu? Porque não foi o que pareceu aqui!
Ela tentou de novo sair, a voz falhando.
— Ele não sabe que fui eu que quebrei o carro... não sabe que...
Ela travou.
Eu completei, c***l.
— Que passou a noite inteira fodendo com o pai dele?
O suspiro que ela soltou foi quase um gemido de desespero, seus olhos pegaram fogo.
— Eu não lembro de nada! ok!
ela gritou baixo.
Ri, cínico, apertando mais o braço dela.
— Mente melhor, garota.
Ela rosnou:
— Eu não lembro! Eu só lembro de entrar no carro com você!
Puta que pariu.
Mentirosa do c*****o.
Puxei ela pra mais perto, o peito dela subindo e descendo, os s***s quase pulando na respiração descontrolada.
inferno! esqueceu o c*****o, porque meu corpo ainda ferve por essa possuída.
me aproximei atentado e falei, com a boca perto do ouvido dela:
— Pode ter esquecido... mas teu corpo lembra muito bem como eu te fodi. Não lembra? Porque você me deu com vontade garota.
Ela mordeu o lábio. Raiva e vergonha misturados.
Os passos começaram a ecoar no corredor.
Ela olhou desesperada pra porta.
— Por favor, me solte! Ele tá voltando!
— E o que ele diria se visse a gente assim?
perguntei, cínico, sem soltar.
— Eu perdi tudo!
ela sussurrou, desesperada e atrevida.
— Deixei tudo pra trás por causa dele... vendi meu apartamento, fiquei sem nada! Eu só preciso desse trabalho... dessa chance! Você não pode deixar ele me descartar como se eu fosse uma qualquer!
travei a mandíbula.
As palavras dela entraram como uma faca.
Passos cada vez mais perto.
Soltei o braço dela de uma vez.
— Termine com ele.
rosnei.
— Eu garanto seu estágio.
Ela se virou rápido, tentando disfarçar, ajeitando as almofadas do sofá como se nada tivesse acontecido.
Landon apareceu, com uma mochila nas costas.
— Eu não vou ficar aqui com aquele traidor.
Eu encarei o meu filho, com os punhos cerrados e a cabeça fervendo.
E eu sabia, no fundo, que essa merda toda ainda ia piorar muito.
(...)