Capítulo 2. Queda-livre

3390 Words
Um dia a gente acorda e o mundo mudou. Quem somos? O que queremos? Nossos sonhos. As prioridades. Tudo passou por uma severa transformação. As guinadas do destino têm força própria. Descomunal força própria e como uma enxurrada, arrasta tudo em seu caminho. O dia de Isabella começou como tantos outros: depois de sair da cama tarde, arrumou-se e partiu para um almoço no shopping. No futuro quando se lembrasse daquele dia, pensaria em si mesma como uma parasita. Como uma criatura inútil que se nutria dos outros. Enquanto seguia para mais uma tarde de compras, no banco de trás do carro, folheou o jornal que ficava a sua disposição todos os dias. Normalmente o ignoraria, mas seu olhar bateu de relance numa pena nota na página inicial que trazia o nome das empresas do marido. Curiosa, buscou a notícia e descobriu que se tratada da morte misteriosa de um ex-empregado. “... as investigações estão longe de encontrar um suspeito.” Tudo o que se sabia era que o morto não era uma pessoa que sabia escolher inimigos. Além de brigas pessoais, sua demissão estava pautada em muitas controvérsias com colegas de trabalho. Incluindo o próprio presidente do grupo Almada. Ao terminar de ler a notícia um arrepio involuntário a percorreu. Dinheiro, poder e morte. As vezes esse trio se mostrava indissolúvel. E rondavam o marido de Isabella constantemente. Afastando-se de pensamentos sérios, entretanto, a mulher fechou o jornal.  Naqueles primeiros meses de casamento vivia sem responsabilidades, uma vida de madame que ela desfrutava sem qualquer sentimento de culpa. Uma governanta cuidava habilmente da casa. Trabalho? Desde que foi exonerada do último cargo arranjado pelo pai, há dois anos, não voltou ao mercado. Agora já não precisava voltar. No shopping, depois de se empanturrar de todas as coisas que não deveria comer sob olhares desaprovadores de desconhecidos, que certamente a julgavam negativamente por ser incapaz de cuidar do próprio peso, partiu para sua livraria favorita. Em sua humilde opinião, não importava se já não houvesse espaço em seu quarto para mais livros ou se suas estantes estavam repletas de opções que exigiam ser lidas: nada se comparava a sensação de adquirir um item novo para sua coleção. “Peça a Heitor para arrumar um espaço onde possa colocar seus livros, a mansão é enorme. Acho que uma pequena biblioteca é o que falta.” A sugestão do sogro era o sonho dourado da mulher, mas faltava coragem para falar com o marido. Isabella sabia que para sua segurança o melhor seria incomodá-lo mínimo possível. Sua presença em casa deveria ser invisível... e tudo ficaria bem. Além disso, não tinha queixas. Há meses era a senhora Heitor Nigro Almada. Meses em que conduzia a vida como queria sem ser incomodada por ninguém, desde que seguisse as regras acordadas. “Lembre-se que você tem drenagem linfática hoje às 16h.” Quer dizer, quase ninguém! Estava absorta em uma sinopse quando a mensagem de Lícia fez o celular vibrar. Ao ler a mensagem franziu a testa, contrariada. A segunda chegou logo após a primeira. “Se você faltar eu vou ficar muito zangada. Não aceito desculpa. Não ‘mate’ ninguém dessa vez, pelo amor de Deus!” Poderia parecer exagero da amiga, mas a criatividade de Isabella para desculpas era um tanto mórbida. A terceira mensagem também não tardou. “É para seu bem!” Isabella sabia que era, nem por isso a chateação era menor. Seu fim de noite seria regado a dores no corpo e analgésicos. “E não ouse dizer que dói. Você que é fresca!”  O problema de contratar sua melhor amiga como personal stylist, é que quando você tenta sabotar a si mesma, ela percebe.    Seu interesse pelo livro novo morreu ali, e tal qual uma criança emburrada, rumou para mais uma sessão de tortura, pensando que nada poderia estragar ainda mais seu dia. Tolice, em poucas horas seu mundo estaria tão devastado, que nada seria seguro ou confortável por muito tempo. Um dia normal que se tornou um pesadelo.     Horas mais tarde... Havia aquela sensação de desespero no ar. A total falta de esperança diante do fato consumado. Em silêncio, no banco de trás do carro, Isabella Ramos de Melo chorava. Ou melhor, Isabella Nigro Almada chorava. Um dia ela pensou que seria incapaz de verter uma única  lágrima de novo. É claro, esteve se enganando. Sempre haveria pelo que chorar. E por mais que a vida seja c***l e pensamos que já estamos calejados, lágrimas nunca secam. O olhar concentrado na janela estava borrado pelo choro. Nada via a sua frente, apenas lembranças amargas que mostravam a vida patética que levava. E agora Ângela se foi... como lidaria com aquela tragédia? A casa estaria cheia de abutres, como era ao natural a mansão do Senador Tito Ramos de Melo. Isabella foi criada entre aves detritívoras e os vermes que se alimentavam de suas sobras. Conhecia bem a forma como agiam e como tornariam um momento que deveria ser de dor, em um evento midiático. Os últimos acontecimentos seriam aproveitados o máximo possível. No fim, seus pais veriam aquela tragédia com grande alívio: uma de suas filhas desajeitadas deixaria de causar grande vergonha a família. Era a situação perfeita, com um timing perfeito: estamos em plena campanha eleitoral. Logo, era natural que todo o zoológico estivesse reunido para colher os frutos de mais um show de horrores. A Isabella restava se perder em memórias. Pensou em João Lucas. Ela tinha tanta inveja de sua coragem. Se pudesse, ao invés de seguir para a próxima sessão de tortura, mandaria o motorista dirigir sem rumo por tempo indeterminado. “Você é uma covarde, Isabella. Um ser pequeno e inútil. Como eu pude parir você?!” Era como se dona Mimi Ramos estivesse ali no carro com a filha, para repreender até seus pensamentos. Fugir de casa... o velho sonho nunca a abandonava. Sua fantasia favorita era imaginar-se em uma vidinha tranquila, longe de qualquer pessoa que a conhecesse. Em uma casa cheia de livros e uma lareira. Talvez trabalhar em uma biblioteca... talvez em uma rua tranquila de Quebec... ou em um charmoso povoado no sul da França. “Nem para sonhar você presta... você quer tão pouco da vida!” A mera lembrança da mãe serviu para trazê-la de volta a realidade. Era difícil acreditar que havia sobrevivido. Depois de tudo, ela ainda estava de pé. Firme. A filha mais sem talento do senador Tito Ramos de Melo foi a única que aguentou firme até o fim, sem que pudesse escapar, ou que pudesse se esconder... ela sobreviveu. Aquele era um ciclo que se fechava. Depois daquele dia poderia romper todo e qualquer laço que a unia aos pais. Ou pelo menos tentaria. Era uma pena que o custo fosse tão alto. Jornalistas cercaram seu carro tão logo ele virou a esquina da rua no bairro nobre onde ficava a mansão de seus pais. Um pequeno congestionamento impedia que se aproximasse do portão, teria que encarar parte do trecho a pé. É claro que a casa estaria cheia. Muitas pessoas querendo consolar a família e enviar condolências, não que muitas delas soubessem alguma coisa sobre Ângela. Ou tivessem algum interesse nela. Conhecendo bem os fatos, sabia que apenas duas pessoas no mundo, além dela, iam chorar por sua irmã: Luzia, sua antiga babá, e João Lucas, seu irmão mais velho, que não chegaria em tempo para o funeral, mesmo se fosse localizado. Espertíssimo, ele caiu no mundo tão logo teve a oportunidade, indo o mais longe possível daquele circo.  — Se quiser podemos ir embora, dona Isabella. A senhora não precisa passar por isso. Um sorriso irônico se desenhou no rosto da mulher. Era um absurdo sorrir em um momento como aquele. Se Isabella fosse uma pessoa normal... a quem queria enganar? Nunca foi capaz de resistir a uma boa ironia.  Era estranho ter alguém preocupado com seu bem-estar. Queria entender o que o jovem empregado queria, pois sabia que todo homem que dispensava a ela alguma gentileza tinha algum tipo de intenção ou interesse oculto. Durante anos ela foi alvo de pessoas que queriam chegar a seu pai. O motorista não parecia ter pretensões políticas... talvez o sujeito estivesse interessado no dinheiro de seu marido. Talvez acreditasse que teria algum lucro se tornando seu amante... coitado, trabalhando para Heitor Nigro Almada, ou como sua esposa gostava de chamá-lo quando o mesmo não estava por perto, Senhor Desalmado, ele ainda não sabia que se ousasse mexer em algo do patrão, não viveria o suficiente para se vangloriar disso? Talvez pelo desespero do momento ou um sentimento de autodestruição, por um instante, pegou-se pensando na possibilidade de testar suas teorias. Jorge deveria ter uns vinte e cinco anos. Era robusto e bem bonito... talvez uma aventura amorosa fosse tudo o que precisava naquele momento, apesar dos riscos implicados. Ela sabia que não era uma mulher bonita e não era tola a ponto de acreditar em paixões fulminantes da criadagem... mas porque não se aproveitar da ganância alheia ao menos uma vez na vida? Havia, é claro, o contrato pré-nupcial que a proibia de se envolver com qualquer pessoa durante o casamento.  No fundo, não era o medo de morrer que a impedia de desafiar o marido. Ele certamente seria tão criativo em fazer o serviço de infernizar sua vida que no final ela mesma faria a escolha fatal se ela ousasse desafiá-lo uma única vez. Seria interessante dar corda ao motorista apenas para saber até aonde ele iria... mas não! Ela não arriscaria o que havia conquistado a tão alto custo por uma mera curiosidade. Conhecia o jogo e estava disposta a jogar conforme as regras. — Eu só preciso de alguns instantes, Jorge — respondeu tentando imitar o tom autoritário do marido. Contemplou os dedos trêmulos como se eles escondessem o segredo para seu autocontrole. Ainda odiava ser o centro das atenções. O estômago embrulhado estava estragando sua pouca força de vontade em enfrentar o momento. O vidro fumê ainda a protegia dos olhares curiosos, mas obviamente, sua chegada era um dos pontos altos do dia e não poderia ser adiada.  —Você já fez isso antes, Isabella. Lembre-se do velório da sua avó — murmurou para si mesma, antes de pôr os óculos escuros. — Você pode fazer isso. — Repetiu e desceu do carro. Era em momentos como aquele que tinha inveja da segurança do marido. Ele olharia para todos com desprezo e seguiria em frente, ninguém ousaria ficar em seu caminho. Ela, que não tinha a mesma presença de espírito, era pressionada sobre a porta do veículo; um mar de microfones em seu rosto. Flashes espocaram por todos os lados. Em segundos o motorista/segurança a envolvia em seus braços e empurrava a multidão para permitir que passasse pelos portões. Ao contrário do que a sutileza dos bons modos poderia levar a crer, dentro de casa os abutres eram tão selvagens quanto os da entrada. Apenas talvez um pouco mais refinados. Disfarçavam a curiosidade por sua pessoa em falsos sorrisos confortadores. Desde o casamento, Isabella era uma pessoa de interesse. Os homens e mulheres de negócios queriam saber que tipo de influência ela tinha sobre o marido. As esposas profissionais queriam saber como ela pescou o incrível “peixe”.  Como se fosse revelar seus truques sujos... Meses antes passaria por aquelas pessoas como se fosse invisível. Talvez alguns a olhassem como se sua presença fosse um grande transtorno. Agora, eles brigavam por sua atenção. Como passaria por aquele dia sem vomitar, até a alma era seu maior desafio. Enfim, estava no funeral da própria irmã, Ângela Ramos de Melo. Uma artista plástica cujo maior mérito era ser filha de um senador. Pessoas conversavam em cada canto, colocando a fofoca em dia, marcando novos encontros, afinal, quer melhor lugar para encontrar pessoas que em um funeral? Todo mundo se sente obrigado a ir, logo, é um local estratégico para conhecer e ser conhecido. Sua grande amiga Lila a abraçou assim que entrou no salão principal da mansão, desmanchando-se em lágrimas. Era o verdadeiro retrato do desconsolo. Um filme passou pela cabeça da irmã da falecida. Colega de classe de Ângela por anos, aquela era a mesma pessoa que por tanto tempo a humilhou no colégio, nas festas. Que a perseguiu nos círculos de amizades comuns com comentários jocosos sobre sua aparência. Por toda a vida, tudo o que a Isabella e a irmã quiseram foi impressionar, ganhar a aprovação e fazer parte daquele e******o círculo de amizade formado por renomadas parasitas. “Mas as parasitas certas. Parasitas que importavam!” Por isso escolheu aquela pessoa como uma das madrinhas no seu casamento de cinema. Até o dia anterior, estava mais que feliz em ser a nova queridinha dos círculos sociais. Era tão absurdo o seu novo status e relevância social que há poucos dias espirrou por causa de um perfume mais forte numa loja de cosméticos e saiu uma notícia sobre isso num site especializado em celebridades. “Esposa de megaempresário vai às compras gripada!” Irônico o orgulho de sua vitória ter durado tão pouco, no momento, se sentia uma grande i****a por ter crescido acreditando que precisava da aprovação daquela gente. Antes, estava no mais fundo possível do poço social. Poço esse do qual sua irmã nunca pôde sair. “Mas agora você é a senhora Nigro Almada. É claro que todos vão querer ser qualquer coisa sua... por causa de seu marido”. Lágrimas escaparam de seus olhos. Era como um conto de fadas sombrio. Ela foi resgatada por um príncipe encantado... ou arrebatada pelo próprio d***o? Limpando discretamente o rosto, ajeitou os óculos escuros e ignorando a “amiga”, tentou atravessar a sala lotada. Precisava de Luzia naquele momento. — Bella, minha querida, eu estou arrasada. Ângela era uma pessoa maravilhosa. Que acidente terrível. — Cristina se aproximou chorosa. Puro teatro. Bella sabia o quanto sua ex-cunhada odiava as irmãs do ex-marido. Ela sempre vira como uma missão pessoal tornar a vida de Ângela o mais puro inferno. Se de fato estava triste, era por não ter mais alguém para azucrinar. —Você viu Luzia? — Tentou imitar a atitude de desprezo do marido outra vez. — Quem? A mulher sabia de quem Isabella falava, mas não aprovava proximidade com os empregados. Impaciente, a mulher de Heitor apenas ignorou mais aquela criatura patética. A mãe a esperava a poucos passos. Foi recebida por um abraço meloso e choroso. Abraço este que ela foi incapaz de responder, congelada pelo asco de saber que sua genitora tinha coragem de usar a morte da própria filha para angariar alguns votos. Com a mãe era sempre assim: abraços e beijos só em público para mostrar o quanto eram uma família perfeita, a família de um político. Dona Mimi odiava qualquer tipo de demonstração de fraqueza e possivelmente estava furiosa com a fuga final de sua filha mais velha. Em todo caso, o show devia continuar... Um abraço comovente em frente à janela. A foto da primeira página de muitos jornais no dia seguinte. Quem resiste a uma mãe sofrendo? A próxima candidatura do senador Tito Ramos agradece. Sobre o corpo da irmã, grandes acordos seriam fechados, alianças seriam construídas antes do final do dia. “Qualquer evento social é uma oportunidade de negócios”. Seus pais não respeitariam a morte de uma filha. Seus filhos nasceram apenas para aparecerem nas fotografias. Para o azar, nenhuma das duas meninas tinham o encanto necessário para sair bem nelas. E o irmão, apesar da beleza delicada e aristocrática que seduzia milhares, nenhum interesse em seguir os passos dos pais. — Eu vou ver a Luzia. — Percebeu o desagrado no leve e discreto franzir de lábios da mãe, mas daquela boca muito bem pintada por um batom rosado apenas saiu: — Vai, querida. Ela precisa de você. “Que abnegada minha mamãe é! ” Uma nova celebridade. Era como Isabella era vista. Precisou do que pareceu uma eternidade para que encontrasse a antiga babá, pois a cada lugar que passava alguém tinha algumas palavras de condolências, abraços, algo para perguntar. Convites de jantares choviam, não importava o quão inconveniente fosse numa situação como aquela. Depois do que pareceu uma eternidade, finalmente conseguiu chegar aos fundos da mansão, onde ficava a ala dos empregados. A mulher estava sentada na própria cama, olhando para a parede a sua frente. — Oi Lu. — Falou timidamente. — Oi, minha menina. — O rosto da mulher estava transformado pelo choro. Ao ver sua Bella, não demorou muito para que as lágrimas voltassem a cair. — Eles mataram minha menina, Belinha. Finalmente conseguiram. Isabella colocou a mão sobre o estômago, sentindo-o retorcer-se. Era difícil ver suas suspeitas serem colocadas em palavras por alguém que presenciou tudo de perto. Como teria coragem de se olhar no espelho depois de tudo?     — Ângela Ramos de Melo, uma grande perda para a nossa comunidade. Uma jovem promessa ceifada de nós tão cedo. Todos aqui temos boas lembranças dessa garota... As palavras do padre pareciam lascas de vidro que dolorosamente transpassavam os tímpanos da senhora Nigro Almada. Eram as palavras de alguém que não conhecia a falecida ou apenas pensava que a verdade não faria bem a ninguém. Isabella queria gritar, chutar, destruir algo, como fazia na época de rebeldia, talvez assim conseguisse acabar com sua agonia, mas ela já não quebrava as regras. Agora era uma boa moça casada, respeitável e como tal, sabia se portar. Iria aguentar firme. Era um peso mínimo que tinha de suportar após ter abandonado a irmã a própria sorte. Um show de hipocrisia se iniciava. Mais um. Engolindo em seco, tratou de controlar o choro. Estava indo bem, só mais um pouco e poderia voltar para casa, para sua cama imensa, seus filmes românticos em preto e branco, maratonas com suas séries favoritas, seu pote de sorvete e seu edredom. Poderia dormir por dias sem ser incomodada. — Ângela sempre foi uma pessoa maravilhosa, amada por todos. Deixa a família e amigos inconsoláveis. Ninguém deveria ver a morte de um filho. Pedimos a Deus que dê força a esses pais... Involuntariamente o olhar de Isabella recaiu em sua família. O pai segurava com firmeza as mãos da esposa. O mais perfeito retrato do sofrimento. Outra fotografia que seria tirada por um “anônimo” e postada na internet. “Tudo pelo eleitorado, baby!” Mentiras. Muitas mentiras. Ângela sempre passou um verdadeiro inferno em vida. Em casa com seus pais, na escola com seus colegas... não importava se ela era a filha de um político: seu jeito introvertido fazia com que invariavelmente encontrasse pessoas muito cruéis em seu caminho. A maior parte de sua vida foi permeada por humilhações e maus tratos. Inclusive pela própria irmã. A lembrança da última conversa das duas era uma lembrança dolorosa esmagando o coração de Isabella. Por isso quando o padre passou a descrever a relação fantasiosamente perfeita entre as duas irmãs, um bolo se formou em seu estômago. Tinha nojo de si mesma, de sua família... — A amizade com sua irmã Isabella, simplesmente era uma das coisas mais lindas que já se viu. Ao contrário do que se espera entre irmãos, elas nunca se desentenderam... O bolo ia crescendo e subindo... — Elas sempre se apoiaram... protegeram-se... Não foi mais possível segurar. O que ela não comeu naquele dia quis pular para fora de seu estômago, expressando o asco que tinha pelo seu mundo. A sensação de m*l-estar era tão grande que a mulher levantou correndo com a mão na boca e o vômito preso na garganta. Um corredor humano se abriu para deixá-la passar, todos preocupados em ser a vítima de seu m*l-estar. Até mesmo a porta foi aberta em sua passagem. O problema é que ao passar por ela deu de encontro com um peito musculoso. Foi ali que todo o conteúdo de seu estômago ficou. —Desculpe... eu... Mortificada ao ver o terno caro destruído, nem conseguiu olhar para a pessoa que a segurava, sustentando-a para que não caísse. — Não se preocupe Isabella, eu estou bem. De todas as pessoas em que ela poderia vomitar, o escolhido tinha de ser justamente o seu marido? — Que merda!
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