Capítulo 3

928 Words
Manuelly Novais Antes de voltar para casa resolvemos parar em uma sorveteria que eu amo. Hugo já tinha voltado ao modo "normal" dele, mas deixou bem claro que não apoiava minha decisão de trabalhar em uma escola à beira da falência. Chegamos na sorveteria e já fizemos nossos pedidos, a garçonete sorridente estava toda se jogando para cima do Hugo, e ele sorrindo educado para ela. É claro que qualquer mulher acharia Hugo atraente, ele tem um rosto perfeito, o cabelo castanho claro macio e liso lindamente penteado para trás em um topete charmoso e elegante, os olhos verdes profundos e a roupa social perfeitamente alinhada. Eu poderia passar o dia todo citando todos os detalhes da perfeição dele. — Façam bom proveito — a garota disse após colocar nossos milk-shakes na mesa, ela sorriu para o meu noivo e saiu rebolando. — Você está com esses dentes abertos por que? Viu um palhaço? — Bati no Hugo com o cardápio e ele me encarou parando de sorrir. — Tudo bem que a garçonete é bonita, mas pelo menos tenha vergonha na cara e disfarce, eu ainda estou aqui — eu disse séria e ele riu pegando minha mão. — Você é minha ciumenta preferida. — Sorriu beijando minha mão e eu o encarei não acreditando. — Então tem outras? — Puxei minha mão com força e ele gargalhou. Eu confesso que sou ciumenta nível hard, mas eu estou certa. Se a pessoa é minha, ela é só minha, ninguém tem que tocar, olhar e nem sorrir para ela, porque a pessoa é minha e de mais ninguém. E o Hugo é uma obra de arte feita exclusivamente para mim. — Você fica tão linda com ciúmes — ele disse e eu revirei os olhos. — Vem, vamos caminhar na praia. Hugo deixou uma nota na mesa e segurou minha mão, atravessamos a rua e caminhamos pelo calçadão. — Lembra que eu estava te falando ontem de uma proposta ousada que eu recebi? — perguntou e eu assenti erguendo um pouco o rosto. — Lembro sim, qual é a proposta? — Uma moça me procurou... — disse e eu o encarei erguendo as sobrancelhas — Como profissional! — Revirou os olhos e eu sorri aliviada. — Então, ela me procurou porque quer que eu cuide de um projeto, é um tipo de escola de lazer no morro do Vidigal. Encarei o Hugo surpresa. Esse não era o tipo de proposta que costumavam fazer para ele, normalmente ele só considerava aceitar se fossem projetos grandes e que gerassem alto lucro. — Você não aceitou — eu disse convencida disso e ele me olhou sorrindo. — O quê? — Ainda não, mas eu estava pensando seriamente em aceitar. — Uau, eu estou surpresa. Normalmente você só aceita grandes projetos, não pensei que aceitaria trabalhar dentro de uma favela. — Esse não é um projeto grande, levaria no máximo um mês, eu achei que você gostaria de me apoiar nisso, parece que essa moça que me fez a proposta também está procurando alguém para ajudar com a organização do projeto de lazer para as crianças da comunidade, e como eu sei que você adora tudo isso pensei que poderia ser essa pessoa. Eu sei que trabalho muito e que essa seria uma oportunidade de ficarmos juntos por mais tempo. Era estranho pensar em Hugo trabalhando com projetos pequenos, mas eu adorei que meu noivo tivesse pensado em mim e em ficarmos juntos por mais tempo. Eu sentia a falta dele e seria incrível se esse projeto nos desse mais momentos na companhia um do outro. — Claro, meu amor, se você quiser aceitar eu vou ter o maior prazer em te apoiar. — Sorri abraçando ele de lado. — Bom... Então eu vou aceitar o trabalho, assim nós ficamos mais tempo juntos. — Ele sorriu me apertando em seus braços. Eu nem consigo explicar o tanto que eu amo esse garoto, mesmo que ele me irrite às vezes, mesmo que ele não saiba dobrar a coberta, mesmo que ele trabalhe tanto que tem dias que a gente só se vê de noite, eu amo o Hugo Assunção. Cinco anos juntos e esse amor só aumenta, com a aproximação do casamento eu só consigo ama-lo mais ainda. Vamos construir uma vida juntos, e eu espero que sejamos muito felizes. .... Passamos na casa da minha mãe para ver como ela estava e acabamos ficando por lá mesmo até o jantar. — Sogrinha, tua comida é maravilhosa. — Hugo murmurou enquanto comia lentamente. — Eu sei. — Minha mãe disse convencida e eu acabei rindo. — Não ri Manuelly, você só cozinha bem porque eu te ensinei. Realmente, foi minha mãe quem me ensinou tudo sobre cozinhar, essa é uma das paixões dela que passou para mim. Mesmo que o Hugo insista em comermos fora quase todos os dias, ainda assim eu adoro dar uma de chefe de cozinha. — Isso, joga na cara. — Sorri brincando e abracei minha mãe de lado. Dona Jordana é a pessoa mais importante da minha vida, ela sempre me apoiou. Ela cuidou de mim sozinha, mesmo depois do meu pai nos abandonar ela não deixou de lutar por nós duas. — Você tem que dar muito valor para minha filha, Hugo, ela vale ouro. — Minha mãe sorriu acariciando meus cabelos. Não tem coisa melhor do que ter a mãe da gente bem pertinho, emanando todo amor de si. — Ela vale muito mais que ouro, dona Jordana. — Ele me olhou e sorriu com carinho.
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