Ficha do ceifador
Nome da alma: Layla Wilford
Idade: 5 anos
Morte: Morreu afogada e o seu corpo congelou no rio Tâmisa, quando sacrificou a própria vida para salvar a do irmão mais novo Henry.
Corpo não encontrado.
Obs: Se tivesse sido socorrida mais cedo e o seu corpo retirado do gelo, o emissário da Morte encarregado do caso em questão, teria a escolha de não encostar a foice coletora e assim conceder uma ressurreição e ceder um milagre de natal aos humanos. Isso pela alma ter morrido fazendo uma boa ação e ainda ser inocente da corrupção do mundo.
Dias em que está morta: 2
Potencial de se tornar um espírito vingativo: 90%, após tentar matar outras duas crianças por se sentir sozinha.
Grau de urgência do caso: Máximo.
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A alma perdida de Layla Wilford criou um inquérito na associação Londrina dos ceifadores. Que ficava numa torre bem organizada com livros da vida com enredos ornados pelo Destino e invisível aos olhos humanos.
Ceifadores nada mais são que almas que cometeram suicídio no passado e não têm mais a oportunidade de reencarnar, trabalhando para a Morte como aqueles que fazem as coletas almas.
Contudo, vez ou outra, as almas escapam das mãos da morte, por assim dizer. Algumas simplesmente ressuscitam pelo ceifador não encostar a foice ou as coisas simplesmente dão errado.
A alma de Layla, estava a quase três dias sumida e com potencial máximo de se tornar um espírito maligno pela morte precoce.
O ceifador William Fitzgerald que também cuidou do curioso caso Essex, onde a alma esperada de Luna Beaufort não foi colhida, mas sim treze, pelo envolvimento inesperado de um demônio, estava digamos que um pouco inquieto. .
Primeiro porque a morte que constava no livro da vida de Luna Beaufort Essex, não aconteceu, mas treze inesperadas e agora tinha toneladas de papéis para resolver.
E segundo, como punição por não trazer a alma de Luna e ter deixado um demônio conseguir um pacto, foi envolvido no caso da alma perdida Layla.
Sempre era difícil quando se tratava de crianças.
Agora em meio a um cenário gelado, voltando a ter forma no mundo humano temporariamente, mesmo assim, o frio não o incomodava, caminhava pelo rio no último lugar onde Layla foi avistada.
O ceifador com as mãos no bolso do pesado casaco, parou de andar quando viu a menina na cadeira de rodas cuja alma devia ter colhido e agora estava marcada pela corrupção e o demônio. Eles dois junto a mãe e ao irmão de Layla. Vendo o demônio brincando de humano o ceifador ficou furioso e caminhou até a criatura em passos impiedosos e rápidos.
— Saia. Esse caso não é seu, criatura pérfida. Escória diabólica. — Raiou o ceifador que tinha jurisdição divina.
A mãe da menina que morreu tragicamente, a criança de mão dada com ela que era o irmão de Layla e a Luna na sua cadeira de rodas, a guardiã das sombras, que começou a investigar o caso sobrenatural a mando da rainha, estranharam a nova presença.
Mas Hadria deu um sorrisinho ao ceifador porque sabia o que ele era.
— Olá. Estou aqui com a minha mestra. — Informou o demônio debochado. — Ela está cuidando do caso que a sua incompetência, meu caro, impediu que cumprisse.
O ceifador notando a mãe e o menino, parentes da alma perdida, apenas soltou um suspiro.
— Com licença, senhora. — Pediu a mãe da falecida alma. — Eu preciso conversar com esses dois a sós? Logo, você poderá falar com eles.
A mulher abalada, com o rosto vermelho de tanto chorar, se afastou um pouco com o filho, caminhando pela parte com faixa amarela do rio que indicava que ali o gelo não era perigoso. Numa distância segura. O ceifador disse severamente fitando Luna;
— Vendeu a sua alma a um demônio por vingança. Você é nojenta…— Saia fumaça branca da sua boca ao acusar a menina. Mas era mais irritação do que preocupação com o destino da alma dela.
Luna arqueou a sobrancelha por um minuto surpresa que ele soubesse, depois deu uma gargalhada quando o reconheceu. Bem, ele foi o homem que viu com uma foice após desmaiar depois do estupro coletivo e que disse “aguente só mais um pouco e tudo isso terminará e você vai encontrar a paz.”
— Ah, isso. E isso seria da sua conta por qual razão? Hm? — Provocou ela ao ceifador, abrindo um sorriso macabro que mostrava os dentes.— Você é o anjo da morte? Eu vi-te parado lá sem fazer nada, enquanto aqueles malditos me… você só ficou olhando como um pervertido, mirando o seu pomposo relógio de bolso, esperando dar a sua hora de recolher a minha alma ou o que restou dela. Estraguei os seus planos quando fiz o pacto, foi? — Exigiu irônica. — Como se eu quisesse a paz, quando eles profanaram o santuário do meu corpo e destruíram a minha alma. — Rosnou ela, fechando as mãos em punho e muito agressiva. — Eu queria vingança e o meu Hadria me deu a vingança e a minha alma é dele agora. Então, se está aqui por mim, saiba que já tenho um dono.
O demônio colocou a mão no ombro de Luna, para enfatizar a fala
O ceifador esguio, de longo cabelo n***o até o meio das costas preso por um laço, olhos verdes, rosto oval com nariz elegante a observou incrédulo pela audácia.
— Nojentos, você e ele…— Resmungou o anjo da morte.
Já Luna, indiferente aquela presença que outrora a deixaria em choque, mirou decidida a Hadria, trajado num elegante fraque e terno como se alheio ao frio fulminante de ventos sibilantes.
O frio que queimava as narinas, que com a sua brisa gélida parecia mil caquinhos se enfiando na carne do rosto e que quando falavam fazia fumaça sair da suas bocas.
Ao contrário dela, que além de um vestido pesado, cachecol, meias de lã, ainda usava uma manta por cima de tudo isso que se assemelhava a um casaco de pele, mas o frio, assim, era só suportável.
— Não estou aqui por você, Luna Beaufort. Estou aqui pela alma perdida de Layla.
Luna avaliou Hadria. Ela respirou fundo e a contragosto disse:
— Certo, nesse caso, podemos trabalhar juntos. Eu atrairei a alma até aqui e você a captura… — Ofertou Luna ao emissário da Morte.
Depois de muito pensar, o ceifador assentiu com a cabeça.
— Como pretende atrai-la? — Questionou William.
Luna o ignorou, moveu a cadeira de rodas para longe das faixas amarelas de segurança… ela foi sem medo porque sabia que se algo desse errado, Hadria a salvaria.
— Layla, vem brincar comigo. — Chamou Luna.corajosa. — Vem, vamos brincar.