bc

Jeff the... Dad?

book_age18+
198
FOLLOW
1.1K
READ
revenge
dark
manipulative
submissive
bxg
heavy
small town
faceslapping
tortured
victim
like
intro-logo
Blurb

[ALERTA] Essa história contém violência explícita, abuso, depressão e assassinato. Se isso for um gatilho para você, POR FAVOR não leia.

Uma única noite é o suficiente para mudar toda uma vida, e Esther Crawford aprendeu isso da maneira mais difícil. Sozinha em casa como era de costume, ela não imaginava que o acaso acabaria colocando o temido assassino Jeff the Killer em sua vida permanentemente.

O que começou como uma tentativa de homicídio terminou em uma linda criança, fruto da perversão de um rapaz psicótico e da dor de uma garota que tenta descobrir quem realmente é.

Agora unidos pelo senso de humor questionável de um demônio que ama brincar com a vida alheia, os dois acabam tendo que aprender a conviver um com o outro enquanto descobrem como cuidar de uma criança recém-nascida.

Ela? É a vítima da história.

Ele? Pensa que é a verdadeira vítima da história.

chap-preview
Free preview
Quando tudo aconteceu.
Estou mais uma vez sentada olhando para a TV à minha frente. A internet não está funcionando (provavelmente cortada por falta de pagamento) e, para uma garota da sociedade atual quase completando seus dezoito anos, a televisão não é mais algo tão interessante. Encaro a tela com um olhar vazio, entediada com a programação maçante transmitida. Após mais alguns minutos assistindo a um programa de entrevistas onde o convidado é um cantor egocêntrico idolatrado por fãs idiotas, desligo a TV e levanto da almofada no chão onde estou sentada, dirigindo-me até a cozinha. Distraída, faço um sanduíche e sento-me no balcão do cômodo pouco iluminado, mastigando devagar enquanto posso manter-me relaxada sem a presença do meu pai. Observo o chão que havia sido limpo recentemente e pego-me pensando em minha vida. Quando estou sozinha, gosto de imaginar como seria ter uma família perfeita, daquelas que vemos em comerciais de margarina. Pessoas amorosas, tomando seu café da manhã juntas enquanto se preparam para ter mais um dia ótimo em suas vidas perfeitas. O que eu tenho em vez disso? Uma mãe morta e um pai alcoólatra. Admito que sinto falta de uma figura materna para me aconselhar sobre a vida, de um pai presente que se importe comigo de verdade e de um irmão mais novo para cuidar. Eu poderia ter tido tudo isso se minha mãe não tivesse morrido ao dar à luz o meu irmão, infelizmente um bebê natimorto. Eu era uma criança na época em que minha mãe se foi, mas ainda consigo lembrar dela. Seus olhos verdes eram carinhosos e observadores, sua voz era maravilhosa ao cantar uma canção de ninar em um idioma desconhecido e seu cabelo era loiro e brilhante. Infelizmente, eu puxei a aparência doentia do meu pai com sua pele pálida e as olheiras fundas debaixo de olhos castanho-escuros que combinam com o cabelo. Ao menos, ainda não me afundei em algum vício para acentuar quão parecidos nós somos. Olho ao redor enquanto como. Apesar de estar caindo aos pedaços, a cozinha está impecavelmente limpa para não haver reclamações. Meu pai — Daniel Crawford — às vezes perde a cabeça quando bebe demais e acaba arranjando a primeira desculpa esfarrapada que consegue para fazer da minha vida um inferno, me agredindo verbalmente ou — quase sempre — fisicamente por pequenas coisas como um prato sujo ou uma nota r**m. Fecho os olhos para conter as lágrimas ao pensar que, daqui a algumas semanas, irei me formar e ele com certeza me expulsará de casa com uma mão na frente e outra atrás, como sonha desde que minha mãe morreu. Suspiro e dou mais uma mordida no sanduíche. Após terminar de comer, sigo para o único luxo que posso dar-me: o pequeno banheiro adjacente ao meu quarto, com azulejos brancos simples e uma minúscula janela redonda de onde consigo observar o movimento na rua. Tiro minha roupa preguiçosamente e entro debaixo do chuveiro, com a água quente ligada na temperatura máxima já enchendo o cômodo de vapor. Sinto meus músculos relaxando e suspiro de prazer, pegando meu shampoo. Enquanto massageio meu couro cabeludo, olho distraída pela janela, observando a rua iluminada pelo único poste que não está com a lâmpada quebrada — mais um dos malefícios de morar na parte mais pobre da cidade. Casas decrépitas com jardins repletos de lixo intercalando-se com moradias simples, porém bem-cuidadas, enfeitam o outro lado da rua. Noto algo quando estou prestes a enxaguar o cabelo. Um rapaz caminha lentamente pela calçada, com o rosto coberto pelo capuz do moletom branco que está usando. De repente, ele para de andar e move a cabeça na direção da minha casa. De onde estou ele não pode me ver, então presumo que não se trata de um tarado me observando tomar banho. Também não julgo que seja um assaltante, pois mesmo minha casa tendo dois andares, é óbvio que não há nada que valha a pena roubar. O rapaz fica parado ali por um curto período e então segue andando pela rua, com as mãos nos bolsos, e o observo seguir viagem até ele sumir da minha vista. Estranhamente, sinto um certo alívio por trancar as portas e janelas antes de entrar no banho. Geralmente estou sozinha em casa durante a noite, já que meu pai trabalha como vigia noturno em uma grande loja de departamentos no centro da cidade. Hoje ele só voltará depois das duas da manhã, pois sei que irá trabalhar duas horas a mais para pagar uma dívida que tem com um colega. Na minha opinião, os dois não passam de abusados sem caráter: um deles por ser um bêbado imprestável e o outro por abusar desse mesmo bêbado. Praguejando em voz baixa contra ambos, termino meu banho sem pressa. Depois de um longo e relaxante período debaixo da água quente, visto meu pijama — camiseta puída e calças de moletom — e deito no meu colchão duro e desconfortável, desejando que pela manhã minhas costas não estejam doendo. Após checar e atestar que a internet ainda não voltou, largo o celular e fecho os olhos. Um longo tempo se passa e eu viro e reviro na cama, afofando meu travesseiro e abraçando meu velho cobertor rosa, que pinica. Mesmo cansada, não consigo dormir. Checo o horário em meu celular e vejo que são quase onze da noite, algo que me deixa frustrada, pois tenho horas estressantes de aula no dia seguinte. Se tendo uma noite de sono agradável já é difícil de aguentar o péssimo ambiente que minha escola é, dormindo m*l é quase impossível. Bufando, me viro de novo, deitando-me em uma posição relativamente confortável. Quando enfim consigo dormir, já passa da meia-noite. Um tempo após eu conseguir adormecer, acordo novamente com um barulho. Como parece ser a porta da frente sendo aberta com força, não dou atenção e me viro na cama, tentando voltar a dormir. Deduzo ser meu pai voltando para casa, provavelmente depois de beber todas em um bar que fica a algumas quadras de distância daqui. Quando estou quase conseguindo adormecer novamente, escuto outro barulho. Agora parece que algo pesado caiu e está sendo arrastado no chão. Suspiro e coloco o travesseiro sobre a cabeça, sem vontade de saber o que meu pai está aprontando lá em baixo. Passados alguns minutos insones, me levanto. Minha boca está seca feito um deserto, então saio sorrateiramente do quarto, esgueirando-me pelo escuro para não acabar esbarrando no bêbado caso ele ainda esteja acordado. Meu quarto fica no fim do corredor e o do meu pai fica na porta à esquerda dele. Na porta à direita ficaria o quarto de meu irmão mais novo, se ele tivesse sobrevivido, e é na frente dele que paro ao sentir que piso em algo úmido e quente. Interrompo meus passos ao notar que pisei em uma mancha escura no chão, muito parecida com... sangue. Engulo em seco e lentamente, muito lentamente, coloco a cabeça perto da porta do quarto que pertence a meu pai, espiando dentro do cômodo por uma fresta. Com tão pouca luz, não consigo perceber muita coisa. Parece tudo no lugar, exceto por algo: o rapaz de moletom branco apoiado na cama. Arregalo os olhos e sufoco o grito que ameaça subir pela minha garganta, dando um passo para trás. Meu pai está desacordado em cima do colchão, ainda usando o uniforme de vigia noturno, enquanto é esfaqueado repetidas vezes por um estranho. É muita informação para assimilar e logo sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto pressiono a mão contra minha boca, tentando respirar silenciosamente ao evitar o grito que quer escapar de mim. Pisco repetidas vezes para afastar as lágrimas enquanto tento sair dali lentamente, planejando correr até o jardim e chamar ajuda fazendo um escândalo. Então, enquanto mantenho minha atenção na porta do quarto e em meus passos silenciosos para fora do corredor, percebo que o rapaz para de movimentar o braço que segura a faca e vira-se lentamente para trás, encarando exatamente o lugar onde eu me encontro nas sombras. A fraca luz que vem da rua pela janela aberta, somada ao luar, me dá uma fraca visão de seu rosto medonho, que parece sorrir de orelha a orelha de um modo bizarro e psicótico. Ainda estou paralisada pela imagem de sua face quando ele se levanta. Eu tento, mas não consigo me mover por conta do medo. Seus olhos negros e arregalados me paralisam no lugar e ele agora se encontra a apenas alguns passos de mim. Tudo parece acontecer em câmera lenta e, assim que consigo parar de encarar seu rosto pálido e sorridente, começo a correr. Ou melhor, tento correr. Antes que eu consiga aumentar a distância entre nós, o assassino consegue me pegar pelo cabelo em um segundo, agarrando-o com um solavanco que puxa minha cabeça para trás com violência. Com um forte empurrão, ele me prende contra a parede. Busco recuperar meu fôlego para gritar, mas, ao abrir minha boca, sua mão desliza direto para meu pescoço, me sufocando. Debato-me e seguro seu pulso, tentando me livrar de seu aperto e, pelo canto do olho, noto o brilho de uma pequena parte sem sangue na lâmina que está sendo erguida para me abater. Ele vai me esfaquear, é a única certeza agora. Fecho os olhos no momento em que a faca é fincada com força na parede ao lado de minha cabeça, fazendo um pequeno corte em minha orelha. Sinto o aperto em meu pescoço afrouxar um pouco, me dando a oportunidade de finalmente respirar. Abro os olhos e começo a tremer de desespero, encarando seus olhos lunáticos ao notar que ele errou o golpe de propósito. Sinto-me fraca e pequena comparada a esse homem estranho. Percebo que seu rosto sorridente é, na verdade, deformado por um sorriso esculpido com uma faca. Esse mesmo rosto está agora a centímetros do meu, fazendo nossas respirações ofegantes se mesclarem à nossa frente. Ele ri baixo. — Parece que a diversão não acabou, afinal de contas. O forte hálito de bebida alcoólica atinge meu rosto e me faz torcer o nariz instintivamente. Em resposta a isso, ele aperta meu pescoço de novo, divertindo-se com minhas reações. Começo a orar mentalmente ao olhar para a lâmina repleta de sangue que ele ergue em minha direção. O sangue do meu pai a suja. De repente, lembro-me de algo. John — meu vizinho — é um policial aposentado e me deu de presente de aniversário uma arma de choque, que eu guardo na gaveta da mesa de cabeceira no meu quarto. É minha chance de escapar. Minha esperança se transforma em determinação e, tremendo, ataco o único ponto fraco a meu alcance: os olhos. Enfio um dedo indicador em cada olho — notando a estranha falta de pálpebras — até o assassino soltar um grunhido e tirar a mão do meu pescoço e levá-la ao rosto, tirando de mim o empecilho que me prende contra a parede. Saio correndo ofegante na mesma hora em direção ao meu quarto, mas o estranho não desiste tão fácil. Quando passo pela porta, ele se joga em cima de mim, me imobilizando no chão com seu peso todo em minhas costas. Solto um grito e minha boca é tapada por sua mão suja de sangue. Tento me afastar, mas ele agarra meu cabelo e começa a bater minha cabeça no chão com força, me fazendo ver estrelas. A tontura e a dor me silenciam por tempo suficiente para ele me virar de barriga para cima para encará-lo. Sua mão direita aperta minha boca e seu peso ainda me impede de escapar. Sinto sua mão livre guiando a faca, que corta minhas pernas onde a lâmina aleatoriamente consegue alcançar na posição em que estamos. Minhas lágrimas me cegam enquanto me debato debaixo dele, tentando afastá-lo, mas de nada adianta. Mordo a mão que está tapando minha boca, mas ele apenas ri. — Olhe bem para o meu rosto, garota! Acredita mesmo que uma mordida vai me machucar? — Seu riso é debochado. Sei de algo que vai com certeza. Por algum milagre, consigo acertar uma joelhada entre suas pernas. O assassino solta um gemido baixo, me largando por apenas um segundo para colocar a mão em cima do local enquanto me xinga, provavelmente por puro reflexo. É o suficiente para eu conseguir empurrá-lo para o lado, me libertando. Mesmo com as pernas cheias de feridas abertas, vou em direção à minha mesa de cabeceira, já me permitindo uma pontada de alívio. Mas ela não dura muito. Sinto meu tornozelo sendo agarrado e caio, batendo o queixo na cama e mordendo minha língua com força. O gosto metálico de sangue invade minha boca, e solto um gemido de dor e frustração. Estico a mão para o pequeno móvel de madeira, desesperada para encontrar minha única forma de salvação. Porém, sinto minha chance ir embora assim que uma dor lancinante atravessa minha mão esquerda, paralisando-a no lugar. Ele finca a faca em minha mão, fazendo a lâmina atravessá-la. O assassino força minha cabeça contra o colchão no exato momento em que grito de dor, abafando o som. Em meio ao meu choro, escuto sua risada fria e c***l, enquanto movimenta a faca ainda atravessada em minha mão, fazendo a dor aumentar. — P-Pare, por favor! — Digo entre soluços, morrendo de dor. Tanto as pernas repletas de cortes quanto a mão perfurada ardem como o inferno. — Tenho que terminar meu trabalho, não é? Ele solta uma gargalhada que me arrepia até os ossos. Esse assassino pode parecer completamente descontrolado, mas percebo que cada movimento é medido com precisão, contido. Nada de barulhos altos, nada de gritar comigo ou me deixar gritar. Ele não deixa nada entregar sua presença na minha casa aos vizinhos. Eu não tenho chance de sobreviver. Choro baixinho, implorando pela minha vida, obviamente sem sucesso. Sinto primeiro uma facada na minha coxa direita, depois na esquerda. Eu soluço com o rosto ainda enterrado no colchão, sua outra mão segurando meu cabelo com força. É nítido como ele sente prazer ao me ver chorando de dor, sem poder me defender ou pedir ajuda. Após mutilar minhas coxas quase por completo, o assassino me vira de barriga para cima na cama. Eu já perdi muito sangue e estou tão machucada que não tento lutar contra meu destino, sendo a morte certa. Porém, algo dentro de mim ainda quer lutar. Vejo a lâmina descer em minha direção novamente, pronta para acertar meu peito. Instintivamente, seguro a faca e sinto minha mão direita sendo cortada. Solto um grito agudo de dor e um soluço, o que é suficiente para que ele se irrite ainda mais. — Você precisa ir dormir... — Ele sussurra em meu ouvido, e em seguida morde meu pescoço com força. Eu não consigo falar nada. Tudo que sai de minha garganta são soluços de angústia. O assassino ri e coloca meu travesseiro sobre meu rosto, o pressionando. Agora eu aceito que vou morrer, pois, tenho certeza disso, então não tento mais impedir. Estou pronta para sufocar até a morte quando sinto o travesseiro ficar mais leve. Confusa com isso, espero algo acontecer. Sinto a confusão dar lugar à adrenalina quando sinto as mãos dele puxando minhas calças e minha roupa íntima até tirá-las de mim completamente para, em seguida, abrir o próprio zíper. Entro em pânico mais uma vez e começo a me debater violentamente, tentando me afastar. Meus cortes parecem abrir ainda mais, mas não ligo. Não, eu não quero que minha última sensação antes de morrer seja a desse monstro me estuprando. Isso não. Ouço seu riso debochado e sinto a tontura me abater enquanto — inutilmente — tento rastejar para fora da cama. Ele apenas me puxa de volta e sinto dois dedos, provavelmente ensanguentados, me invadindo. Sou impedida de gritar pelo travesseiro em meu rosto, e as lágrimas vêm com tudo de novo, como uma torneira que é subitamente aberta. — Own, a bonequinha é virgem? Que falta de sorte para você! Outro riso se segue e eu paro de lutar. Só quero estar morta antes de ter que sentir isso, mas meu desejo não se realiza. Sinto dois dedos novamente dentro de mim e fecho os olhos, implorando para que ele me mate de uma vez. Em resposta a esse pedido, o travesseiro é retirado de cima do meu rosto, mas eu encaro diretamente o teto para não ter que olhar para o rapaz insano entre minhas pernas. Ele apoia um cotovelo ao lado da minha cabeça e, com a voz contida, ele diz de maneira debochada: — Prometo que vou ser carinhoso. A dor vem quando o assassino investe contra mim, invadindo-me de modo bruto. Minhas mãos trêmulas agarram seu moletom de maneira inútil quando as estocadas começam. Uma sensação de estar me tornando impura toma conta de mim, me fazendo ter rápidos vislumbres de como eu havia imaginado que seria minha primeira vez. Com certeza não era isso que eu queria. Ele deixa de se apoiar no cotovelo e puxa minha cintura com as mãos, aumentando meu desconforto à medida que a velocidade das investidas cresce. Encaro o teto sem expressar reação. Penso que, se eu fingir que não está acontecendo, talvez a dor diminua. Talvez ele desista e simplesmente vá embora. Sorrio com esse pensamento, sem perceber que a perda excessiva de sangue está me fazendo delirar antes de um desmaio. Então, como se estivesse intrigado com meu sorriso grogue, ele segura meu rosto e me força a olhar para o dele. Assim, nossos olhares se encontram e o que vejo são os olhos de um monstro, de um assassino c***l e sanguinário que não se importa com ninguém. Reparo em seu sorriso, sentindo a adrenalina causada pelo medo indo embora e deixando uma forte tontura em seu lugar. Ainda com uma mão em meu rosto, o assassino diminui o ritmo por um segundo para se abaixar e, sem aviso, me beijar. Meus dedos tremem quando largo o tecido do moletom e fecho novamente os olhos, apenas fingindo que não existo. Lentamente, suas estocadas ficam mais intensas conforme sua língua explora minha boca, aumentando meu nojo. Depois de um tempo que me parece uma eternidade, ele enterra o rosto na curva do meu pescoço e enfim me preenche com o líquido que representa seu clímax. Sua respiração é levemente ofegante e faz cócegas na minha pele, um contraste gritante com o resto das sensações que tive hoje. Questiono-me se já não deveria estar morta. Quando o assassino ergue a cabeça e nossos olhares se encontram de novo, ele tira meu cabelo do rosto e me analisa por alguns segundos. Então, sem dizer uma única palavra, ele se apoia na cama, afastando-se um pouco de mim. O silêncio parece pesar no ar depois de tudo. Ainda me olhando de uma maneira estranha, ele acaricia meu rosto com a ponta do dedo indicador, como se estivesse me medindo. Devagar, de uma maneira quase carinhosa, ele lentamente abre um sorriso como o dele em mim, cortando minhas bochechas com cuidado. Não paro de encará-lo, esperando pelo momento em que a lâmina de sua faca será enterrada no meu peito e não sentirei mais dor. Desejo isso. Mas meu agressor não faz nada. Quando termina, ele apenas sai de cima de mim, arruma a própria roupa e coloca a faca no bolso, começando a sair do quarto. Depois de tudo isso, ele nem sequer tem a decência de tirar a minha vida. Isso desperta algo dentro de mim: a raiva. Encho meus pulmões de ar e, antes que ele consiga me impedir, grito. Grito desesperada por socorro. O assassino me xinga de diversos palavrões e — provavelmente por impulso — me acerta um soco no rosto. Não faço ideia de onde tiro forças para gritar, mas ainda assim o faço. Pela janela, constato as luzes da casa ao lado se acendendo e vozes próximas respondendo ao meu chamado. Pela primeira vez na vida, quem sorri debochada sou eu. Passos são ouvidos no andar de baixo e, quase inconsciente, sinto uma faca perfurar meu olho. Gemo de dor, ouvindo os cães dos vizinhos latindo alto, e John irrompe pela porta do meu quarto. Meu agressor me encara com o olhar repleto de ódio uma última vez antes de sair da cama e tentar pular a janela. Começo a finalmente perder a consciência, mas ainda consigo distinguir o barulho de dois tiros seguidos. Vejo a imagem borrada de um deles acertando o braço esquerdo do assassino e o outro a janela. Agora não sinto mais meu corpo. A dor terrível de antes está se suavizando. Talvez meu corpo tenha entrado em choque, enfim. Ouço John ligando desesperado para alguém, provavelmente um hospital, enquanto tenta me manter consciente. Mas não ligo mais para isso, pois sinto a morte pairando sobre mim. Então, esse é o temido Jeff the Killer, um assassino perigoso que não escolhe vítimas por cor, idade, peso ou classe social. Uma pessoa transtornada que não liga para nada além de si mesmo e sua insaciável vontade de causar dor. É com esse pensamento que finalmente mergulho na escuridão da inconsciência.

editor-pick
Dreame-Editor's pick

bc

A ALIANÇA DO CRIME

read
1.5K
bc

VISITA INESPERADA

read
9.4K
bc

Do Asfalto ao Morro

read
8.2K
bc

A MILHÃO

read
1K
bc

Innocence Is Not An Excuse

read
1K
bc

Fuga Para O Morro

read
8.1K
bc

ENTRE O AMOR E A VINGANÇA

read
3.9K

Scan code to download app

download_iosApp Store
google icon
Google Play
Facebook