Capítulo 15

1212 Words
“Era só sexo, ela dizia pra si mesma. Mas bastou ele olhar por cima da xícara, e ela esqueceu até seu nome.” ⸻ Acordar com o sol batendo no rosto era a última coisa que Alicia queria. Especialmente depois da noite anterior. O corpo ainda latejava. Não de prazer — mas de raiva. Raiva porque gozou em cima de Lucas pensando em Rafael. Raiva porque Rafael viu. E não fez nada. Ou talvez… tenha feito. — Desceu até a cozinha com um short minúsculo e camiseta larga, sem sutiã. Teresa estava preparando o café com Manuela assistindo TV. — Dormiu bem? — a babá perguntou, servindo café. — Nem sei. — O Lucas parece legal — comentou, casual. Alicia deu de ombros. — É. Mas não é pra casar. Teresa a encarou com aquele olhar de quem sabia mais do que dizia. — Vai acabar se machucando se continuar se envolvendo com quem você não sente nada. Alicia fingiu que não ouviu. Porque o que ela sentia… era por quem ela não podia ter. — Do outro lado da rua, Rafael terminava de ajeitar a gravata. Mas o reflexo no espelho não era o mesmo de sempre. O rosto estava mais tenso. Os olhos mais marcados. E o desejo… mais forte. Incontrolável. Desceu as escadas com a pasta de couro na mão, mas parou na metade. — Sr. Augusto teve uma noite r**m — avisou a enfermeira. Ele respirou fundo. — Qual foi o problema? — Acordou agitado. Achou que o senhor era um ladrão. Teve que ser sedado. Rafael passou a mão no cabelo, exausto. — Eu não aguento ver ele assim. — Ele precisa de você mais do que nunca. — E eu… preciso tirar alguém da minha cabeça antes que eu perca tudo de novo. — Mais tarde, já no fim da tarde, Alicia colocou um top de alça fininha, sem sutiã, e foi até a varanda com uma taça de vinho. Cruzou as pernas devagar, sentando na poltrona. A janela de Rafael estava aberta. Ela sabia. Fechou os olhos, inclinou a cabeça pra trás e deixou a mão deslizar pela coxa. Subiu lentamente até o meio das pernas. Passou o dedo sobre o tecido do shortinho. Ele apareceu. Camisa branca dobrada nos braços, a gravata solta. Os olhos azuis cravados nela. Ela abriu os olhos, encarou. — Tá gostando do show? — perguntou, alto o suficiente pra ele ouvir. — Você quer brincar com fogo. Vai acabar queimada. — Você já me queimou, Rafael. Agora aguenta o troco. Ele sumiu da janela. Dois minutos depois, a campainha tocou. — Alicia desceu correndo. Quando abriu a porta, Rafael estava lá. Sem camisa, só com a calça preta, molhado do banho. — Tá maluca? — Você veio até aqui por causa da minha provocação? Ele deu dois passos pra frente. Ela recuou. — Eu vim porque você não sai da p***a da minha cabeça. Ela sorriu. — Então faz alguma coisa. — Lucas ainda tá na jogada? — Não é da sua conta. Ele segurou a nuca dela com força. — Eu te avisei. Para de trazer aquele babaca pra cá. — E eu te avisei: se você não quiser, outro vai querer. Ela tentou se soltar. Ele a empurrou contra a parede da entrada. O corpo dele colado no dela. — Você acha que eu não vejo o quanto quer que eu te coma? — ele sussurrou. — Você implora com o olhar, Alicia. — E você goza me vendo tocar, Rafael. Acha que isso me impressiona? Ele grunhiu baixo. Desceu a mão até entre as pernas dela por dentro do short. Sem aviso. Ela arfou, agarrando a camisa dele. — Vai me desafiar de novo? — ele rosnou. Ela não respondeu. Só mordeu o lábio. E ele começou a movimentar os dedos com força, com ritmo. Ela gemeu. Ali mesmo. Na parede. Ele aproximou a boca do ouvido dela. — Fala pra mim que você é minha. — Fala ou eu paro. Ela tremia. — Sua… Ele sorriu satisfeito. — Boa garota. Ela gozou de novo. Forte. E ele simplesmente afastou o corpo e foi embora. Sem beijo. Sem palavra. Deixando ela desmontada na parede. — Naquela noite, Alicia ficou olhando o teto. O coração disparado. O toque dele ainda estava nela. A marca nos dedos. O calor na pele. Lucas ligou. Ela não atendeu. Queria o quê? Carinho? Amor? Ela queria fome. Fúria. t***o. E isso… só Rafael provocava. — Do outro lado da rua, Rafael estava no quarto com o pai adormecido ao lado. Ele segurava a mão do velho. Pensava em como a vida era frágil. Como tudo que ele amava… ou morria, ou fugia. Mas Alicia não fugia. Alicia provocava. Testava. Era um espelho do que ele odiava… e do que ele desejava. Talvez por isso estivesse tão obcecado. — Na manhã seguinte, Alicia acordou com o som de uma campainha. Era uma entrega. Uma caixa de madeira elegante com um laço preto. Dentro, um bilhete. “Já que você gosta de brincar, brinque com isso. Mas saiba que brinquedos não substituem homens de verdade. — R.” Junto, um vibrador de luxo. Alicia riu. Um riso quente. Perverso. — Quer brincar, professor? Eu vou brincar até você implorar pra assistir. — No fim da tarde, ela saiu com Mel e Pedro pra um bar novo da cidade. Usava uma saia de couro preta, salto alto, e um cropped que deixava a barriga à mostra. Rafael apareceu. De terno. Sozinho. Sentou no bar, pediu uísque. Olhou diretamente pra ela. Alicia sorriu. E se aproximou. — Não sabia que você vinha aqui. — Vim te ver de perto. Ver o que eu tô perdendo. Ou ganhando. Ainda não decidi. Ela se inclinou, com o rosto perto do dele. — Você vai decidir… quando me tiver inteira. Mas até lá, continua só me vendo gozar. Sozinha. Ele sorriu. — Então goza por mim hoje à noite. Ela piscou. — Vai escutar, Rafael. E vai implorar pra entrar. — Mas aquela noite não seria como as outras. Na volta do bar, enquanto Alicia tirava os saltos, o celular dela vibrou. Uma mensagem. Da mãe. “Sonhei com você de novo. Sei que te magoei. Mas queria dizer que estou voltando pro país. Quero ver você e a Manu.” Alicia sentiu o estômago virar. Voltar? Agora? Logo quando a cabeça dela já estava confusa demais? Subiu pro quarto, abriu a janela. Rafael também estava ali. Na varanda. Ela segurou o celular no peito. — Tá tudo bem? — ele perguntou, diferente. Sério. Ela pensou em mentir. Mas a voz saiu baixa, verdadeira. — Minha mãe vai voltar. Ele ficou em silêncio. — E isso é bom? — Eu não sei. Ela se sentou no parapeito. Os olhos encontraram os dele. Pela primeira vez… sem provocação. — Você parece menos bravo hoje — ela disse. — E você parece mais vulnerável. — Eu também sei sentir. Não sou só desejo, Rafael. Ele respirou fundo. — Nem eu. Ela sorriu. — Boa noite, professor. — Boa noite, Alicia. Mas nenhum dos dois dormiu naquela noite. Porque, no fundo, sabiam… O que estava entre eles não era só sexo. Era destino. E o destino… estava prestes a explodir.
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