Aterrorizado, Lucius olhou para Bellatrix, que havia congelado no lugar, olhando com horror para a marca em seu próprio braço, que só agora estava começando a escurecer.
Era tarde demais para qualquer um deles se teletransportar para fora da sala. Lord Voldemort detectaria o traço de magia e arrastaria seus rebeldes subordinados de volta da tentativa de fuga.
Assim, todos se acomodaram em suas cadeiras, retomando suas posições anteriores. Com um pouco de sorte, Lúcio pensou desesperadamente, eles seriam capazes de convencer seu mestre de alguma razão, qualquer razão, para aquela reunião improvisada.
As portas da sala se abriram, batendo contra as paredes com um estalo tão ensurdecedor que Lucius m*l se conteve para não estremecer.
Lord Voldemort caminhou ao longo do comprimento da mesa com um propósito obstinado, sua aura de escuridão concentrada a ponto de causar náusea enquanto ele dava pouco ou nenhum olhar para seus asseclas.
Embora apavorado, Lucius notou distraidamente que seu mestre estava em sua forma humana e que as preocupações de Bellatrix não eram inteiramente infundadas. Na verdade, na trilha deixada para trás pelo senhor demônio mais poderoso do sétimo círculo estava o odor pútrido de humano.
Na cabeceira da mesa, Bellatrix fez uma reverência, quase caindo em sua pressa de prestar homenagens a Lord Voldemort. Mas seu mestre não deu atenção a ela, apenas continuou pela sala e em direção ao corredor adjacente que levava ao centro de comando principal.
Por trás, Lúcio avistou um grande envelope enfiado sob o braço de Lord Voldemort. Bellatrix também, pois seus olhos se arregalaram pouco antes de a porta que dava para fora se fechar com um estalo agudo.
"Ele foi embora", disse Barty, parecendo atordoado. "Ele não nos perguntou o que estávamos fazendo, ou por que estávamos reunidos aqui, ou mesmo quem está cuidando dos fossos."
"Vejo!" Bellatrix sussurrou com ferocidade silenciosa. "Eu disse a todos vocês que algo estava acontecendo. Agora todos devem concordar que alguém precisa descobrir o que está causando tal distração ao nosso mestre. Para que possamos aliviar o fardo para ele", acrescentou ela.
Lucius se afastou de Bellatrix e se permitiu um breve momento para ler a atmosfera da sala. Depois de testemunhar a partida abrupta de seu mestre, muitos outros demônios pareceram convencidos das opiniões de Bellatrix.
"Pettigrew," retrucou Bellatrix, gesticulando com a mão de garras afiadas. "Vá até ele. Espere fora da sala e relate o que você vê."
"Mas p-por que eu?" Pettigrew disse, a voz alta e ofegante. "Por que ninguém mais? Uma tarefa tão importante, s-certamente outra pessoa seria mais adequada para isso ..."
"Pelo amor de Deus", murmurou Barty. Ele levantou-se. "Eu voto para enviarmos Pettigrew. Todos os outros a favor?"
Mãos se ergueram ao redor da mesa. Lucius quase se sentiu m*l.
"Ahh," guinchou Pettigrew, afastando-se da cadeira e caindo de joelhos. "Por favor! Por favor, não me envie! Ele vai me deixar na cova por um século-"
Pedindo piedade aos demônios no inferno? Na verdade, era uma maravilha que Pettigrew tivesse durado tanto tempo quanto ele. A maioria dos outros demônios de seu nível de poder foram relegados para a aquisição de almas.
“Você vai sobreviver,” Bellatrix disse a ele. "Faremos o nosso melhor para convencê-lo do contrário. Agora se apresse, ou então vou jogá-lo em um de meus próprios poços, e não seria a gentileza de recuperá-lo depois de um século."
Todos eles assistiram enquanto Pettigrew encolhia, suas asas e chifres se retraíam, puxando para dentro até desaparecerem por completo, seu corpo desmoronando enquanto ele se transformava na forma sarnenta de um grande rato marrom.
"Continue!" Bellatrix disse. Ela acenou com a mão, fazendo com que a porta mais distante se abrisse um pouco.
Pettigrew guinchou uma vez, hesitando. Bellatrix estreitou os olhos e enviou um raio em sua direção. Pettigrew gritou baixinho, o uivo agudo de um rato, e correu para frente, desaparecendo pela fresta da porta.
A sala ficou em silêncio; ninguém se atreveu a falar para que seu mestre não voltasse e os pegasse em meio à sua insubordinação.
Agora eles teriam que esperar para ver.
Lucius manteve o pé bem imóvel, uma tentativa de evitar bater impacientemente no chão, o que seria uma indicação clara de seu estado de espírito.
Passaram-se apenas alguns minutos desde que Pettigrew partiu, mas qualquer período de tempo passado na companhia de seus companheiros poderia ser angustiante. Embora pudessem se comportar com civilidade sob o olhar perspicaz de seu mestre, o mesmo não poderia ser dito de suas reuniões privadas.
Se isso levasse mais um momento, uma luta iria estourar.
O fato de sua hierarquia social ser fragmentada e funcional era um testemunho do poder da liderança de seu mestre; demônios menores teriam falhado miseravelmente em reinar em um bando de lunáticos caóticos.
Foi com isso em mente que Lucius decidiu dobrar seus esforços para manter relações amigáveis com o maior número de pessoas possível. Especialmente agora que o clima estava tão incerto - ele estaria mais seguro com aliados se o temperamento mercurial de seu mestre os influenciasse a punições mais severas.
Na frente da sala, Bellatrix estava murmurando para si mesma. O murmúrio foi inaudível, mas Lucius tinha alguma ideia do que se tratava - Bellatrix nunca foi sutil sobre o que ela pensava sobre os outros.
Lucius agora podia imaginar, muito claramente, a cadeia de eventos que estava prestes a acontecer.
Bellatrix insultaria alguém, inevitavelmente, e alguém retrucaria, ou algum segredo m*l guardado seria revelado. Então as asas estariam abertas, por assim dizer, e toda a sala acabaria cheirando a fumaça, enxofre e carne podre. Apenas pensar nisso foi o suficiente para enrugar o rosto de Lucius em desgosto.
Felizmente, ou talvez menos felizmente, o desastre iminente foi interrompido pelo retorno sem cerimônia de seu mestre.
Lord Voldemort voltou a entrar na sala da mesma forma que havia entrado:
Estrondosamente e com presença significativa.
As portas sacudiram ameaçadoramente contra as paredes enquanto se abriam.
Voldemort não foi imediatamente para a porta do outro lado da sala. Em vez disso, ele fez uma pausa, seu violento olhar vermelho varrendo perigosamente as figuras congeladas de seus trabalhadores. Suas sobrancelhas baixaram, e Lucius sentiu uma onda de medo terrivelmente familiar percorrer sua espinha.
Tolamente, ele esperava que sua coluna não fosse removida, porque ele gostava de ser capaz de se manter em pé.
"O que," disse o Lorde Demônio Voldemort, em tons suaves que toleravam destinos verdadeiramente graves e angustiantes para todos os que estavam na sala, "vocês estão fazendo? Vocês não têm empregos para cuidar? Volte ao trabalho."
A maioria não precisava ouvir duas vezes. Uma grande parte da sala começou a desaparecer imediatamente, suas formas borradas em plumas de escuridão.
Voldemort varreu tudo isso, mais uma vez ignorando todos eles enquanto se dirigia para a porta. Evidentemente, o terror que ele atingiu neles foi satisfatório o suficiente para que nenhuma punição fosse aplicada.
Lucius estava imensamente aliviado, mas também curioso para saber a causa de tamanha generosidade.
Bellatrix e Barty, que também ainda estavam em seus assentos, pareciam pensar da mesma forma.
Os três permaneceram enquanto seus compatriotas partiam, enquanto seu mestre terminava sua caminhada pela sala e desaparecia pela porta oposta.
Um segundo de silêncio se desenvolveu, e então Lucius ouviu o som suave de pequenos passos entrando na sala.
"Peter!" cumprimentou Bellatrix. "Eu sabia que você era capaz. Venha, conte-nos o que você viu-"
Pettigrew voltou à sua forma natural, esticando os ombros. Sua cauda continuou a se contorcer violentamente, uma consequência do medo intenso que ele sem dúvida experimentou.
"O que você viu?" Barty disse, tom casual, cotovelos apoiados na mesa enquanto ele examinava Pettigrew, um vazio assustador em seus olhos.
"O que estava no envelope?" Lucius acrescentou, no caso de Pettigrew ser grosso o suficiente para precisar de esclarecimento.
Pettigrew mudou os olhos redondos de um demônio para o próximo. "Eu só vi por um segundo", ele se defendeu. Sua voz estava fraca, e Lucius não duvidou que Pettigrew provavelmente estava à beira de desmaiar inteiramente de medo.
"Sente-se," Bellatrix ordenou a ele. Ela puxou uma cadeira e apontou para ela.
Pettigrew moveu-se trêmulo, caindo no assento como uma criatura marinha flácida.
"Agora diga-nos o que foi", disse Barty. "Era um mapa? Um contrato?"
O rosto de Pettigrew se contraiu. "Foi um desenho", disse Pettigrew lentamente, como se estivesse pensando em seu caminho, passo a passo angustiante, para resolver a fome mundial.
"Um desenho de quê?" Bellatrix perguntou. Nuvens negras estavam começando a se formar em torno de seus ombros, uma espessa cobertura de sombras que escorria sobre suas asas, pingando sinais de alerta no chão.
Lucius decidiu poupar Pettigrew de mais sofrimento e conjurou um pergaminho e uma pena. "Desenhe", disse ele, oferecendo os itens.
Pettigrew pegou a pena e colocou o pergaminho na mesa. A pena pairou, sem se mover, na mão de Pettigrew.
"É difícil fazer isso enquanto vocês estão me olhando!" Pettigrew choramingou.
"Pelo amor de Deus," Barty rosnou. "Apresse-se ou rasgarei seu r**o com uma gaze."
Pettigrew colocou a ponta da pena no pergaminho, colocando a primeira marca. Então ele ergueu a mão novamente, ainda hesitante, e disse: "Eu preciso de cores. O desenho era em cores."
Barty conjurou um pacote inteiro de marcadores infantis e colocou-o na mesa com um baque. "Desenhe", disse ele friamente.
Pettigrew rasgou o pacote e começou a trabalhar.
"Está feito", disse Pettigrew. Sua testa estava coberta por uma fina camada de suor, o que era, francamente, ridículo para alguém que estava sentado usando canetas infantis para fazer um desenho.
Falando nisso-
"O que é," Bellatrix perguntou categoricamente.
Os três - Lucius, Bellatrix e Barty - estavam concentrados na obra-prima artística de Pettigrew.
O fundo era quase todo roxo, e havia duas formas principais, ambas amarelas: um círculo e um triângulo. O círculo amarelo tinha um rosto e, anexado ao círculo, dois triângulos pretos. O triângulo amarelo não tinha rosto - em vez disso, possuía apenas um único globo ocular desconcertante.

Acho que este aqui é um morcego", disse Pettigrew, apontando para o círculo. "E este é aquele símbolo humano. O da conspiração."
Lucius tentou, aplicando um esforço honesto, conectar o significado dessa imagem ao seu mestre. Sem surpresa, ele falhou em tirar quaisquer conclusões brilhantes do relatório visual de Pettigrew.
"Seu i****a", fervia Barty, explodindo o pergaminho em pedacinhos com uma torrente de fogo do inferno. "Se você não viu nada, Pettigrew, então é só dizer. Pare de perder meu tempo com esse maldito absurdo."
"Mas eu vi! Eu vi isso," Pettigew balbuciou, olhando horrorizado para a pilha de cinzas que era tudo o que restava dos últimos vinte minutos de seu esforço dedicado.
"Teremos que encontrar outra maneira de descobrir os planos de nosso mestre", disse Bellatrix a Barty. "Tenho alguns materiais em meu território que acho que serão úteis."
Barty se endireitou. "Vamos, então. Esta situação deve ter prioridade sobre todo o resto. Tenho um tomo sobre vidência que nos ajudará ..."
Lúcio observou os dois saírem juntos, totalmente absortos em seus planos.
Bem, se eles iam lidar com isso juntos, ainda mais poder para eles. Lucius estava bastante confiante de que de todos, Barty e Bellatrix estariam melhor equipados para descobrir o que seu mestre estava escondendo deles.
"Lucius?" perguntou Pettigrew.
Relutantemente, Lucius se virou para olhar para Pettigrew. "Sim?"
"Você acredita em mim, não é?"
A pergunta era tão lamentável que Lucius quase ficou tentado a dizer sim.
Quase.
Afinal, ele era um demônio.
"Não," disse Lucius. "Agora saia da minha vista."
Pettigrew sumiu.
Lucius mudou sua atenção para a pilha de cinzas sobre a mesa, agora pensativo. Pettigrew realmente não tinha nenhum motivo para mentir ...
Com um movimento de sua mão, Lucius reverteu a mudança física, restaurando o desenho à sua forma anterior.
Então ele ergueu o desenho, beliscando-o cuidadosamente entre dois dedos com garras. Só porque não houve uma interpretação óbvia , isso não significa que não havia explicação alguma.
Lucius conjurou um envelope simples e depositou a foto dentro. Ele ficaria com isso por enquanto, para o caso de um novo significado se tornar claro. Ostensivamente, uma cópia vagamente semelhante dessa coisa exata estava demorando em algum lugar no escritório particular de Lord Voldemort.
Prevenido, estava armado, e se a representação dessas duas formas tivesse alguma importância, Lúcio seria o único com posse desse conhecimento. Manter o desenho que Pettigrew havia feito era um pequeno preço a pagar por essa possibilidade.
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