Há um minúsculo lagarto nas mãos de Harry. É vermelho escuro, assim como o lenço do Sr. Tom, e está coberto de escamas. Ele também tem garras pretas, assim como o outro corpo do Sr. Tom.
Então o lagarto espirra e o fogo sai.
"É um dragão", Harry respira. "É um dragão!" Ele olha para o amigo para confirmação.
"Este aqui em particular é conhecido como Bola de Fogo Chinesa."
O dragão pisa nas mãos de Harry. Olhando mais de perto, Harry pode ver que ele tem pontas douradas em seu rosto. "Tem nome? É menino ou menina? O que eles comem? Pode voar?"
O Sr. Tom se recosta no banco. "Este aqui não tem nome. Você gostaria de nomeá-lo?"
Harry estende um dedo cauteloso para acariciar as costas do dragão. Os espinhos fazem cócegas na ponta de seu dedo. O dragão parece ofendido por ser acariciado. Ele estica as asas e alça voo, voando em círculos. Isso responde a uma de suas perguntas.
"Tudo bem", disse Harry. "Deve ter um dono, e o dono deve dar-lhe um nome."
O dragão se agita em um círculo preguiçoso, ocasionalmente bufando fogo. Harry fica fascinado ao vê-lo. Ele sempre pensou em voar, e agora aqui está outro exemplo de sua possibilidade.
"Eu poderia cuidar do dragão para você. Então seria seu, apenas sob meus cuidados enquanto você viver com seus parentes."
"Muitas, hum, outras pessoas como você têm dragões?"
O Sr. Tom se inclina como se estivesse contando um segredo. "Apenas os melhores."
Harry se mexe em sua cadeira. O dragão pousa em seu joelho, pequenas garras cutucando a pele exposta de Harry. "Não vai se esquecer de mim? Se eu ficar longe por muito tempo? E se esquecer que sou seu dono?"
“Tenho certeza de que seu dragão se lembrará de você, não importa o que aconteça”, diz o Sr. Tom.
A bola de fogo chinesa salta de volta para a mão de Harry, esticando a cabeça para o lado. Harry sorri e vai acariciá-lo novamente. Apenas, o dragão balança para o lado, a boca apertando o dedo de Harry.
"Ei!" Harry diz, repreendendo-o. O dragão libera seu dedo e cospe uma faísca de fogo em resposta.
O Sr. Tom puxa o dragão para longe, rápido como um relâmpago, pegando o dragão em sua mão. Então ele toca sua cabeça, e então o dragão adormece, caindo.
"Espere," Harry protesta. "Não dói. Eles estavam apenas brincando."
O Sr. Tom estreita os olhos.
"Amigos não mentem uns para os outros", Harry o lembra. "É um bom dragão. Eles não me machucaram."
O Sr. Tom acorda o dragão de volta, olhando-os com irritação. O dragão balança a cauda na direção do Sr. Tom e volta na direção de Harry.
"Eu quero dar a ele um nome longo," Harry decide. "Como seu nome."
O rosto do Sr. Tom faz algo engraçado, quase como se ele estivesse confuso, mas não exatamente. "Um nome longo?"
Um nome chique para um dragão chique. Mesmo que o dragão não se lembre de Harry, o dragão pensará que o Sr. Tom é seu dono. Isso é quase tão bom quanto ter um dragão para si. Já é muito bom que o Sr. Tom esteja permitindo que ele dê um nome ao dragão, então o nome do dragão deve ser tão impressionante quanto o nome longo do Sr. Tom.
"Quais são algumas outras palavras como estar com raiva?" Harry pergunta. Já que eles gostam de morder, Harry acha que isso faz sentido. Eles gostam de fingir que estão com raiva, mas na verdade não estão. Eles estão brincando, como quando o Sr. Tom zomba dele.
Sr. Tom suspira e cruza as pernas, uma sobre a outra. Em seguida, ele passa um braço sobre os ombros de Harry e começa a listar um monte de palavras, m*l fazendo uma pausa para respirar.
"Furious. dissatisfied. Grumpy. Frenzied. Angry. Belligerent..."
"Gosto dessa."
"Belligerent?"
"Sim".
O Sr. Tom fica olhando por tanto tempo que Harry se pergunta se deveria escolher outro nome.
Então o Sr. Tom diz: "Por que você não chama isso de Bell para abreviar?"
Harry se ilumina. "OK!"
Bell cospe uma nova torrente de fogo para celebrar seu nome. Harry bate palmas, aplaudindo. "Olá, Bell," diz Harry.
"Por que vocês não vão brincar juntos?" Sr. Tom pergunta. "E se conhecerem? Posso cuidar de você daqui."
"Você tem certeza?" Harry diz. "Você não quer jogar?"
"Estou um pouco cansado", disse o sr. Tom, sorrindo. "Mas eu gostaria que você se divertisse. Eu prometo que vou me divertir muito vendo você jogar."
"Tudo bem", diz Harry, tranquilizado pela promessa. "Vamos, Bell!"
Harry corre de volta para o parquinho, o pequeno dragão vermelho ao seu lado.
Harry e Bell passam o resto da tarde perseguindo um ao outro no parquinho.
(Se o playground estiver estranhamente vazio para uma tarde quente de verão, o único que nota é Lord Voldemort.)
Logo, porém, Harry sabe que precisará voltar para casa. Então, é com um nó na garganta que Harry chama Bell para segui-lo até o Sr. Tom, que ainda está sentado no banco.
"Eu deveria voltar para casa agora", diz Harry.
Já vai ser r**m o suficiente quando ele voltar, ele não precisa se atrasar para o jantar também. Bell pousa em seu ombro e rasteja, batendo a cabeça no queixo de Harry. Harry dá um tapinha no dragão, mas não o faz se sentir muito melhor.
O Sr. Tom também parece desapontado, mas diz: "É só por agora, pequenino. Vamos nos ver de novo."
"Vou ter problemas pelo que fiz a Duda", disse Harry.
"Oh?"
"Eu bati nele." Harry faz uma pausa. "Na verdade, bati nele várias vezes. E também o arranhei." Harry olha para seus sapatos. "Vou ficar de castigo por um tempo, o que significa que não posso ligar para você."
"Isso está perfeitamente bem", diz o Sr. Tom. Ele está franzindo a testa novamente, e Harry se pergunta se ele mudará de volta para sua outra forma, a maior. "Você estava certo em revidar, independentemente do que seus parentes lhe contassem. Quantos deles estavam lá?"
"Duda e outros dois."
"Bem, então, três contra um dificilmente é igual. Eu diria que cada acerto que você acertou neles valia dez deles."
Harry sente aquela onda de orgulho novamente. Ele não reage com muita frequência, mas hoje em particular parece uma vitória. "Você acha?"
"Eu acho. "
"Isso significa que não posso ligar para você, no entanto", disse Harry, tentando esconder sua decepção. "Então talvez eu não devesse ter feito isso. Eu simplesmente não estava pensando e Duda ficava dizendo essas coisas sobre mim-"
"Que coisas?"
Harry enrubesce. "Ele disse que eu não tenho amigos. Eu disse a ele que não era verdade, mas ele não acreditou em mim. Então eu bati nele antes que ele pudesse me bater."
"Isso mesmo", diz o sr. Tom, "você tem um amigo. Seu primo foi muito t**o em vir atrás de você, não foi? Se soubesse quem eu sou, você acha que ele seria tão corajoso?"
"Provavelmente não," Harry admite. O Sr. Tom parece um pouco assustador às vezes, mas isso não o incomoda. Ele sabe que o Sr. Tom é uma pessoa legal.
"Hmm." O Sr. Tom gesticula para que Harry se aproxime.
Harry vai direto para o banco, e então o Sr. Tom puxa Harry para seu colo.
"Acho", diz o sr. Tom, "que devo ensinar ao seu primo uma lição muito importante sobre como ser mais gentil com os outros. Afinal, a próxima pessoa que ele aborrece pode não ser tão benevolente quanto você."
Harry balança a cabeça. "Você disse que não faria! Você prometeu."
O Sr. Tom angula sua própria cabeça, colocando Harry em seu colo para que Harry possa ver seu rosto, seus olhos vermelhos. "Existe uma razão pela qual você não quer que eu faça nada?"
"Se você fizer isso, então terei mais problemas", disse Harry calmamente. "Duda vai colocar a culpa em mim, e eles vão acreditar nele, não em mim."
"E se eu fizesse algo que nem mesmo Duda pudesse culpar você? Você gostaria disso?"
Harry franze a testa, tentando imaginar o que poderia ser. "Você tem certeza?" ele pergunta ao invés. Ele confia no Sr. Tom, mas não consegue evitar de se preocupar com o que acontecerá com ele se algo de r**m acontecer com Duda.
"Eu prometo."
"Bem", disse Harry, "eu não sei." Foi bom superar Duda hoje. Seria ainda melhor se o Sr. Tom pudesse convencer Dudley a deixá-lo sozinho para sempre.
"Eu prometo que o que eu fizer não será culpa de você", disse o Sr. Tom, acariciando a nuca de Harry. "Você vai me deixar te ajudar?"
"Hum, ok. Ok, eu acho." Harry não se sentir totalmente confortável com ele, mas ele não quer Dudley deixá-lo sozinho, e ele não quer fazer o Sr. Tom infeliz.
"Maravilhoso." O Sr. Tom afaga seu cabelo, em seguida, coloca Harry no chão. "Qual é o nome do seu primo?"
"Duda?"
"Vou precisar do sobrenome também, pequeno."
"Duda Dursley."
O Sr. Tom sorri e junta as mãos em concha como se guardasse um segredo invisível. Harry pode ouvir um zumbido de magia, como antes. O zumbido aumenta rapidamente, e então o Sr. Tom abre as mãos para liberar um pedaço de fumaça n***a e contorcida que voa no ar, se afastando.
Harry observa a fumaça desaparecer na distância. “Isso foi muito legal”, diz ele. "O que isso fez?"
“Considere isso uma surpresa”, diz o Sr. Tom, ainda sorrindo. "Agora vou acompanhá-lo até sua casa."
"Eu posso voltar sozinho", disse Harry, agora ansioso.
E se os Dursleys os virem? E se eles tentarem falar com o Sr. Tom? Harry não sabe como seria, mas ele sabe que seria muito, muito r**m. O Sr. Tom é diferente de todos os adultos que Harry conhece. Harry não quer compartilhar seu amigo com os Dursleys.
O Sr. Tom estende a mão, apertando-a com impaciência. "Venha agora, Harry. Você não quer passar mais tempo comigo?"
Harry quer, mas ...
"Eu posso ir para casa sozinho", disse Harry, colocando confiança em sua voz. "Eu te disse, não sou um bebê."
O Sr. Tom abaixa a mão lentamente. Há uma sensação de tristeza no estômago de Harry ao ver isso. Ele espera que o Sr. Tom não esteja chateado com ele.
"Tudo bem. Você pode voltar sozinho, então."
Harry faz uma pausa. "Mesmo?"
"Se é isso que você quer, então quero que seja feliz."
"Tudo bem. Então eu quero voltar sozinho." Harry pega Bell em seu ombro. O dragão se contorce, cuspindo faíscas, mas se deixa passar para as mãos do Sr. Tom.
Harry esfrega as palmas das mãos no short. Ele não quer ir embora ainda, mas quanto mais ele ficar aqui, mais tarde ficará. "Tudo bem", ele repete. "Adeus então."
"Vejo você em breve", corrige o Sr. Tom.
"Vejo você em breve", diz Harry. Ele se afasta alguns passos, andando para trás.
"Você vai tropeçar se continuar assim."
"Eu não vou", disse Harry. Então ele suspira. "Eu realmente sinto muito por não poder ligar para você por um tempo."
"Não é sua culpa. Eu preferiria que você se defendesse do que se machucasse por mim."
"Então, está tudo bem que não possamos jogar por um tempo?" Harry pergunta, só para ter certeza. Todas as perguntas que ele tinha pensado antes agora estão saindo. "Duda e seus amigos jogam quase todos os dias, agora que é verão."
O Sr. Tom diminui a distância entre eles e coloca uma mão calorosa no ombro de Harry enquanto diz: "Está tudo bem mesmo."
"Quer dizer," Harry disse nervosamente, "se não estiver tudo bem, então tudo bem também. Entendo se você não quer ser amigo, porque não podemos sair o tempo todo."
"Criança tola." O Sr. Tom esfrega o ombro de Harry. É uma sensação boa e lembra Harry de seu abraço anterior. "Não importa quanto tempo leve para você ligar, eu prometo que sempre vou querer atender."
Harry funga um pouco ao ouvir isso. "Você é o melhor amigo de todos os tempos", ele deixa escapar, e então tropeça para frente para envolver os braços em volta da cintura do homem.
O Sr. Tom faz um som engraçado, mas sua mão permanece no ombro de Harry enquanto Harry o abraça. Depois de um segundo, Harry se afasta.
"Vejo vocês em breve", diz Harry ao Sr. Tom e Bell. Então ele se vira e sai marchando antes que perca a bravura.
A chegada de Harry ao Dursley não resulta em nenhuma surpresa. O rosto de tia Petúnia empalidece ao ver os braços e pernas sem marcas de Harry. Tio Valter o chama de aberração. Harry perde o jantar naquela noite. Ele deve ficar em seu armário pelo resto da semana, exceto para tarefas domésticas e refeições e usar o banheiro.
Duda está presunçoso com a punição de Harry, mesmo com os grandes bandasids colados em seus braços e pernas enquanto tia Petúnia se preocupa com ele.
A agitação não incomoda mais Harry. Ele não quer que tia Petúnia se preocupe com ele. O sanduíche que ele comeu antes fica em seu estômago, mantendo-o saciado. O abraço que ele recebeu o lembra de que, assim que seu castigo acabar, ele tem algo pelo qual ansiar.
Harry vai dormir em seu armário naquela noite. Ele não está com fome e não está infeliz. Quando ele dorme, ele tem bons sonhos sobre voar no céu com Bell e o Sr. Tom.
Na manhã seguinte, Harry acorda com vozes do lado de fora. Tia Petúnia e tio Válter estão conversando no corredor. Harry se senta, esfregando os olhos, e rasteja até a porta para que possa ouvir.
"Eu não sei, Pet! Ele não tem um pesadelo como este há anos, você disse-"
Harry aperta os óculos no rosto e espia pelas fendas da porta do armário. Tia Petúnia e tio Válter estão na sala, discutindo.
"Ele continua insistindo, Válter! Que há algo debaixo da cama dele. Eu disse a ele que não existe tal coisa. Estamos acordados há horas, desde a meia-noite! Meu p***e Dudley ... você não acha que ele- ele é- "
"Não, não. Pesadelos são perfeitamente normais. É apenas uma imaginação hiperativa." O bigode do tio Válter se contorce como um verme gordo e peludo. "Nosso garoto tem uma imaginação fértil, isso é tudo! Leva a coisa h******l dos pesadelos para assustar nossos Dudders."
"A maneira como ele descreve !" Tia Petúnia estremece, sacudindo as mãos na frente dela. - Nunca ouvi falar de nada parecido! Que tipo de monstro é esse? Chifres, asas e garras. Parece o d***o, Vernon! O d***o!"
Os dois adultos ficam em silêncio, então. Harry já ouviu o suficiente. Ele se afasta da porta e volta para a cama. Harry se enfia sob as cobertas e fecha os olhos, com a intenção de voltar a dormir, um sorriso puxando os cantos de sua boca.
O monstro que vive embaixo da cama de Duda é seu amigo. Talvez a próxima semana passe mais rápido do que ele pensava.
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