•⋅⊰ ✶ ⊱⋅• Chapter ٠•٠ 3 •⋅⊰ ✶ ⊱⋅•

1482 Words
•⋅⊰ ☽ ⊱⋅• Asmodeus •⋅⊰ ☾ ⊱⋅• — Senhor? — A voz de de Azrael era irritante naquele momento, mas não era como se simplesmente pudesse evita-lo. — Entre de uma vez — murmurei. — A quanto tempo não dorme? — Ele perguntou e não pude evitar de me xingar mentalmente por ser tão desleixado. Havia esquecido de manter a postura, havia relaxado diante de alguém além da minha filha. Talvez a falta de descanso estivesse realmente me atingindo. Agora já completava 9 meses e eu tinha prometido a mim mesmo que não deixaria isso me abalar tanto. Não podia. Não devia. — Não é da sua conta — respondi voltando o olhar para a porta — o que caralhos você quer? Ele suspirou. — É sobre o baile, senhor. O baile. Havia me esquecido daquela coisa, Kaliel realmente tinha me convencido a dar um baile. Bom, não deveria me surpreender, ela era o demônio da avareza no fim das contas. — Certo… o que precisa? — Perguntei suspirando enquanto me levantava do sofá. Bailes eram complicados de se organizar e eu precisaria escolher coisas demais. — Não de muito, senhor… — Azrael era um péssimo mentiroso, mas suspirei sabendo que não tinha para onde correr. — A princesa está cuidando de tudo — ele disse e ergui o rosto com rapide. — Kaliel? — Não… a senhorita Helin. Aquilo me pegou de surpresa. Helin não estava bem, pelo contrário… ela parecia cada vez pior. Não consegui conter minha raiva, meus olhos estavam queimando quando encarei o maldito demônio. — Você forçou minha filha a fazer algo assim… por acaso perdeu a p***a do medo que passei tantos anos impregnando na maldita coisa que vocês inúteis chamam de alma? Eu o vi estremecer, seu rosto perdeu o pouco de cor que lhe restava. — N-nã-não senhor… a senhorita fez isso por vontade própria — ele se apressou em dizer e senti algo pesar em meu peito. — Azrael — eu o chamei, o tom frio e cortante — se estiver mentindo para mim… — Eu não ousaria — ele disse engolindo em seco. Isso era ainda pior, porquê eu sabia o que queria dizer. Queria dizer mais gritos e pesadelos, mais noites em claro e mais negação. Anmoon… nossa filha é parecida demais comigo. Sabe o quanto desejei que ela fosse como você? Aparentemente foi em vão. — O que eu preciso fazer? — Perguntei contendo minha frustração. Normalmente, eu não me daria ao trabalho. Não era como se algo fosse fazer minha fama de louco ou psicótico ir-se e sinceramente, eu não queria isso. Ela era útil, afastava coisas insignificantes e irriantes. Como meu doce irmão que amava sentir pensa de se mesmo pelos erros do passado. Embora particularmente, essa parte me deixasse feliz. Gostava de relembra-lo de seus erros, de seu egoísmo. Mas se todos achavam que eu odiava Astaroth, eles estavam enganados. Tudo que eu odiava, era o seu lado hipócrita e tedioso. Afinal, ele destruíu minha vida, minha esposa e quase matou minha filha por amor, ao menos deveria ter feito bom proveito disso, mas não. Ele se reclusou e aceitou seus "pecados", se fechou em Arshad e ficou lá, sentindo dó de si mesmo enquanto se remoia sobre o quanto havia me destruído. Era injusto. Ele me tirou tudo, então por que era ele quem parecia ter o direito de sofrer? Na noite em que Astaroth escolheu a mulher que amava acima de seus deveres como príncipe de Abah, ele me condenou. Ele condenou a Anmoon e a Helin, ele destruiu tudo que queríamos e sonhávamos em um simples piscar de olhos e ainda assim, ele era o único que parecia sofrer. Não era justo. — Bom, resta que convide os outros príncipes — Azrael disse e isso me fez sorrir, um sorriso de canto carregado de malícia. Ele nunca diria diretamente, mas o que faltava era convidar o meu querido irmão. — Certo — falei sem rodeios — então irei ao jardim. Azrael assentiu. Ninguém ousaria me dizer para não fazer, afinal todos os demônios, infernais e seres inferiores dos 9 territórios sabiam o significado do narciso prateado de Abah. A flor que era cultivada pelo príncipe da luxúria e que florescia apenas no jardim do castelo dourado. A flor que também era conhecida como o egoísmo de Astaroth. Meu presente pessoal para meu doce e amado irmão. Era meu aviso, meu convite. Meu presente de paz. A única flor que cultivei. — E mais uma coisa — Azrael disse me fazendo hesitar quando minha mão já estava parada sobre a maçaneta do escritório. — Deve convidar ao príncipe Eden — ele disse com um sorriso forçado — é de bom tom que aquele que irá ter o baile oferecido a ele, esteja no castelo. Ele deve… — Ser bem recebido e acolhido — estalei a língua no céu da boca — certo… que seja. Enviei para ele um convite. Azrael hesitou e isso estava começando a me irritar. — O que foi agora? Ele estendeu para mim um envelope preto com o símbolo de Kaliel. Isso era r**m, Azrael não precisaria falar mais nada para que eu entendesse. — i****a — murmurei e arrancando a maldita envelope das mãos do demônio, me afastei. Deixaria esse problema para depois. Agora, me permitiria a diversão. A diversão de ver meu irmão surtar outra vez - como ele sempre fazia. Porque não importa o quanto se proteja, o quanto tente e o quanto se esforce, eu sempre irei encontrá-lo e sempre irei lembrá-lo que a dor pela qual ele se culpa e vitimiza, pertence apenas a mim. Ele não tem direito de senti-la. Sorri encarando os narcisos prateados que se estendiam pela estufa ao centro do jardim do castelo dourado. Era grande o suficiente para que se corresse ali dentro. Grande o suficiente para que todos os convidados que viriam ao baile, dançassem por entre eles sem medo de tocar um no outro e todo o espaço era coberto de narcisos. Narcisos únicos que exalavam a minha fragância favorita. — Olá — murmurei para eles enquanto me abaixava próximo as flores — irei colher apenas 7… preciso que ele entenda o recado, então me perdõem por isso, okay? Era um costume. Um dos únicos que não havia perdido. Mas quando o consentimento veio a minha alma, sorri e sem demora colhi cada um dos 7. Os mais bonitos entre todos aqueles. — Não considera um desperdício? Sorri. Não era real. — Ele está cego no fim das contas… então por que colher os mais bonitos? — Ela continuava e só pude virar o rosto em sua direção. Era masoquismo, mas ainda assim, queria vê-la outra vez. — Você não é real — murmurei quando meus olhos encontraram os seus. Tão vivos, tão verdes. — E você se importa com isso? Sim. Não. Não sei. O que eu deveria responder? Ela sorriu. — Vai mesmo continuar atormentando Astaroth? — Não deveria? — Deixe aquele i****a ser feliz… — ela murmurou olhando para cima, para o teto cristalizado da estufa. Dava para ver o céu rosado de Abah. — Por que? Sem querer, meus dedos apertaram-se contra o caule dos narcisos. — Porque já faz muito tempo, Asmodeus — ela disse como se não fosse nada — porque até mesmo Helin já cresceu. Ela está aqui, não está? Soltei um riso soprado. — Mas você não. Ela me olhou e havia melancolia nos olhos verdes. — Asmodeus… — Porque ele pode ser feliz? Ele me tirou tudo! Tudo! — falei como se aquilo estivesse entalado em minha garganta — ele foi embora sem olhar para trás, ele escolheu ela e me abandonou, nós abandonou e por isso… por isso… — Ele não sabia o que os nobres de Abah fariam… Senti meu sangue ferver. — E isso serve de algo? f**a-se que ele não sabia… — grunhi — eles me violaram de todas as formas, eles te forçaram a assistir e rasgaram minha pele, rasgaram minha alma, minhas asas… e o que fizeram a você… o que… — Asmodeus… — NÃO! — Gritei dando dois passos para trás — isso tudo é culpa dele! Ele deveria estar naquela merda de lugar! Ele deveria estar na p***a da sala do trono quando o eclipse chegou e se ele estivesse… nós teriamos vivido felizes em Arshad! Helin teria tido uma vida feliz! Ela jamais amaria Caim e jamais teria seu coração partido! A CULPA É DELE! — PAI! — A voz de Helin me fez oscilar e a imagem de Anmoon se desfez no ar, como se não estivesse estado ali até então. Ah!... Era outra ilusão. Quando você deixaria de me torturar? Eu caí outra vez... estava começando a ser c***l. c***l até mesmo para mim, mas tudo bem. Talvez eu mereça. •⋅⊰ ✶ ⊱⋅•
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