- Mia point of view... -
Eu ouvia toda a briga deles, enquanto mamãe dizia que ele era um i*****l e havia destruído toda a família, papai pedia uma serie de desculpas esfarrapadas. Eu apenas chorava baixo e tampava os ouvidos tentando não se importar, e muito menos pensar no que poderia acontecer mais para frente... Oque acontece é que eu infelizmente já sabia.
Dia seguinte - 10:00
Acordei com tudo virado de cabeça para baixo - haviam mil caixas de roupas da Lisa espalhadas pela casa - e ela estava tão estressada com tudo que nem me percebeu ali, olhando e tentando dizer algo mas tudo oque vi foi uma última briga deles bem pior do que a de ontem. O telefone tocou mas nenhum deles fez questão de atender e muito menos notar. Peguei o aparelho.
_Alô? - eu disse com a voz exausta e desanimada.
_Casa dos Angelis?
_Sim, quem fala?
_Chefe do departamento de policia, ontem ás duas horas da manhã foi encontrado o corpo da senhorita Mariah De Angelis Jenneviuvê, em um local abandonado perto da... - antes dele terminar de explicar eu já estava desesperada. O telefone caiu da minha mão e num momento importuno eu ouvia a batida do meu coração em meu ouvido, e percebi que eles pararam a discussão para ver oque havia acontecido.
_Mia? - meu pai me sacudia mas eu não conseguia sair do meu estado de transe.
_Ela... A Mariah... - comecei a chorar sem conseguir explicar, eu comecei a soluçar como se o ar não estivesse fazendo efeito em meus pulmões. Abracei a minha mãe, mesmo percebendo que ela não estava retribuindo.
Meu pai pegou o telefone na mão e assumiu o controle tendo a mesma reação que a minha, senão pior. Mariah havia morrido; pensei uma vez e o meu coração doeu muito. Mariah havia morrido e nunca nos demos bem. Ela me odiava; duas pontadas em meu peito me fizeram cambalear. Mariah havia morrido e estávamos brigadas... Dessa vez a dor foi dez vezes maior e não foi no corpo nem nada disso, foi bem pior. O remorso foi tão grande que comecei a tremer. Parece que o meu coração estava quebrado. Apaguei.
Horas depois. Acordei em meu quarto totalmente confusa. Apertei os olhos e encarei a lampada acima de mim por vários minutos; escutando um som baixo de meus dedos entrelaçando em meus cabelos. Quem havia matado ela? Pensei por um minuto. Será que eu já não havia sofrido o suficiente? A morte de Mariah. A separação de meus pais. Tudo isso se juntou em minha cabeça e tentei tirar isso esfregando os olhos.
_Eu sinto muito Mariah. Me-me desculpa. - senti os meus olhos encherem novamente. Limpei uma unica lagrima fujona que escorreu pela minha face, e percebi que era muito para mim, e que eu precisava esquecer tudo. Me vesti e sai de casa; comecei a andar pelas ruas sem rumo e direção.
Apenas observando todos os detalhes do caminho, e repassando uma música na minha cabeça para afastar todos os pensamentos que eu não queria para mim. Andei e andei, até perceber que havia me perdido e estava em uma região bem perigosa.
_Oi gracinha, se perdeu? - ouvi a voz de um homem que por sinal era exageradamente alta e grossa. Me virei para olhar; três caras cambaleavam juntos fumando e bebendo. Comecei a dar passos mais largos e rápidos.
_Para e conversa com a gente! - um outro deles se aproximou e percebi que havia passado tanto tempo dormindo que já estava escuro e eu não conseguia me localizar ali para fugir em um outro lugar.
Apalpei os meus bolsos, eu não estava com celular. Merda. Finalmente caminhando e fugindo dos bêbados achei um lugar que parecia descente ali. Pelo que dava para ver do lado de fora era um bar e em uma placa neon verde havia algumas palavras que diziam " Não somos assasinos... Apenas antecipamos o fim da vida dos outros". Tremi de medo mas entrei quase sem esperanças de me refugiar. Quando entrei o meu coração parou. Fiquei corada e as minhas mãos começaram a tremer porque só havia homens ali. Alguns trocavam comentários apontando em minha direção e outros me olhavam com malícia. Fui até o balcão tentando ser destemida; aonde um homem barrigudo trabalhava limpando pratos e parecia o único ser sã daquele lugar.
_Oque vai querer querida? - ele perguntou sem olhar para mim.
_Um suco - respondi enquanto roía as minhas unhas. Ele riu um pouco como se fosse algo engraçado e fiquei esperando ele fazer; mas ele nem ligou como se eu tivesse falado brincando aquilo. Bufei. Dois caras cheios de tatuagem - que pelo oque presumi eram irmãos - se aproximaram de mim. Me olharam de cima a baixo.
_Oi princesa. - um deles pegou os meus cabelos de fogo e os cheirou, senti o seu hálito de de cerveja em meu rosto. Qual é? Você não pode sair um minuto de casa que já é assediada! Tentei me livrar deles rangindo os dentes mas acho que eles não perceberam e ainda ficaram ali me enchendo o saco.
_Oque uma filhinha de papai faz aqui? Se perdeu? - o outro que era meio magrelo e careca também se aproximou de mim, me levantei e dei um tapa na cara dele que havia me abraçado por trás.
_Seu desgraçado! - eu grunhi tentando me soltar dos braços dele. O outro uivou com a minha reação.
_Não tem problema, eu gosto das difíceis - o mesmo disse tentando dar um beijo em meu pescoço. O afastei novamente mas foi tão forte que ele foi para trás com impulso e quase caiu. Ele fez uma expressão de raiva e veio andando até mim com os punhos cerrados... Opa. _Garota eu vou te...
_Mas oque é isso? Ei, Bruce. Não sabia que você é tão solitário a ponto de forçar uma garota a te beijar. - Um rosto familiar e conhecido chegou, era Shade!? Oque ele estava fazendo aqui? Não sei porque mas quando Shade chegou os outros fizeram uma expressão assustada; como se tivessem sem querer soltado um leão de uma jaula. Então eles se afastaram, todavia olhando para trás.
_Shade? - perguntei incrédula.- Oque faz aqui?
Ele riu mostrando os seus dentes brancos e perfeitos.
_ Oque VOCÊ está fazendo aqui? Por acaso sabe aonde esta?
_Não e nem quero saber. - dei de ombros pegando um copo de algo transparente que estava ali do lado. Ia dar um gole, mas Shade recolheu da minha mão e uma corrente elétrica passou por nós quando ele me tocou.
_Isso é muito forte para você. - ele disse e eu recolhi novamente da sua mão e virei o copo.
_Eu não ligo. - engoli tentando não fazer uma careta com o liquido amargo descendo em minha garganta. Tomei mais duas doses seguidas, e o observei, ele estava me encarando.
_Oque aconteceu para você estar assim? - ele estava confuso e ao mesmo tempo admirado também virando o copo que estava em uma das dez doses que havia ali na bancada.
_Tudo. - desabafei. - Quer saber? A minha vida é uma merda, e eu sou apenas um erro na vida dos outros, por mais que eu tente nada de bom acontece em minha vida.
_Esta falando de Mariah? - ele perguntou. Lembrei-me dela por um instante, dava para acreditar no que estava acontecendo? Não, era como se eu fosse voltar para casa e ela por algum milagre ainda ia estar lá,brigando comigo e andando pela casa cheia de jóias e acessórios, como ela gostava. Não respondi, apenas troquei de assunto.
_Acho que eu vou ir. Todos aqui estão me olhando como se eu fosse um prato de comida - eu disse me levantando, senti como se tivesse sido atropelada por um caminhão; acho que quando ele disse 'forte demais para você' eu não havia acreditado muito e nem pensado nas consequências de ficar bêbada em um lugar de assassinos e assediadores. Ele riu com a minha reação e segurou o meu braço. Me recompus. _Sabe, eu acho que ainda não conheço nada de você. - eu disse realmente querendo dizer 'me conte mais sobre a sua vida, você é um livro fechado enquanto eu conto tudo.'
_Eu tenho certeza que você não me conhece - ele me zombou. Eu ia colocar o dinheiro da conta na mesa mas ele me impediu de pagar, ele mesmo pagou com a quantia bem maior do que o necessário.
_Obrigada - sorri fraco me virando.
_Onde você pensa que vai?
_Vou embora sofrer o luto - eu disse percebendo o quão isso soava m*l.
_Você não vai sozinha, eu te levo - ele ordenou.
_Não precisa, eu não tenho medo. Não tem nada de muito assustador lá fora - rebati e sai andando ouvindo um baixo ' talvez o assustador você já tenha encarado' mas acho que foi a minha mente obscura.
- Lisa De Angelis point of view... -
_ Onde ela esta? - eu perguntei limpando as lágrimas que em meus olhos percorriam. Meu ex marido me olhou como se eu fosse uma assassina os seus olhos estavam vermelhos de raiva.
_Você ainda vai embora depois de tudo oque ela passou? - ele perguntou incrédulo.
_Nossa filha morreu! Qual é a reação que eu posso ter?! - gritei. Paramos um pouco.
_Quando vamos contar, não acha que está na hora? - ele começou a ponderar me olhando nos olhos.
_Do que você tá falando?
_Sobre a Mia... - ele ficou tenso de repente. Percebi no que ele estava se referindo.
_Não! Não vamos falar isso - me estressei novamente, como consegui ficar com esse homem tanto tempo? Ele era irresponsavel; como achava que ela iria lidar com isso?
_Então você vai viajar hoje e nos deixar, sem contar para a garota que ela é adotada?
_Sim. Eu preciso de tempo para pensar... e ficar longe de você. - eu disse com toda a certeza na voz. Não trocamos uma palavra porque sabiamos aonde isso iria levar. Apenas sai da casa e peguei as minhas malas; ele m*l sabia que eu ia embora para nunca mais voltar.