King

1381 Words
"Ninguém disse que seria fácil, ninguém jamais disse que seria tão difícil assim." – Coldplay Jungkook Ainda segurava o braço de Taehyung. Meu peito estava leve… agora eu sabia quem era o homem que fazia meu coração acelerar. — Você deve estar me confundindo. — disse ele, a voz firme. Dava para perceber que odiava mentir, mas estava tentando me proteger. Isso só tornava tudo mais difícil. Eu o encarei, e ele viu a tristeza no meu rosto. Por que ele está me afastando assim? Era óbvio que eu saberia... fiquei tão feliz quando descobri que ele era o Lupus Demone. Mas agora... parecia que ele não confiava em mim. — Tudo bem, Taehyung. Eu sei que é você. Não precisa mentir. — falei, quase num sussurro. Ele bufou e desviou o olhar. — Sim. Sou eu. E não me chame pelo nome. Na hora, meus olhos brilharam. Meu corpo se moveu por impulso, e o abracei. Seu cheiro me invadiu... amadeirado, intenso… alfa. Mas havia algo mais. Ômega? Me afastei na mesma hora, confuso e com a testa franzida. Um misto de raiva e dor surgiu em meu peito. — Você tem um ômega. — acusei, quase sem perceber. — Não tenho. — ele respondeu, como se já soubesse exatamente do que eu estava falando. — Então me explica esse cheiro. — minha voz já saía mais ríspida, mais intensa. — Está com ciúmes? — ele debochou, com aquele sorriso irritante. Por que eu estava agindo assim? Merda… a gente nem tem nada! Mas só de pensar que ele poderia estar com alguém, me consumia. — Isso não vem ao caso. Me explica esse cheiro. Ele me puxou em direção à cozinha do café. Fiquei confuso, mas fui. — Seus amigos estavam ouvindo. — disse ele, olhando direto nos meus olhos. Céus… como alguém pode ser tão bonito? Aqueles olhos azuis, cabelo acinzentado caindo pelo capuz… e os lábios... carnudos, rosados. Era difícil acreditar que era real. — Jungkook. — ele me chamou. Sua voz... me arrepia toda vez. — Lembra quando me perguntou o que eu sou? Assenti, engolindo em seco. — Sou um alfa. Mas também tenho o cheiro de ômega. Uma mistura dos dois. Suspirei, aliviado. O cheiro dele era maravilhoso, agora fazia sentido. E sinceramente... isso só o tornava ainda mais fascinante. — Vamos voltar. Se você for embora agora, vão suspeitar de você. — ele disse. Parecia só uma desculpa para que eu ficasse mais tempo com ele. E funcionou. — Vou te chamar de King. — Por quê? — Você me lembra um rei. Lindo e majestoso. Justo e sábio. Meu rei. Ele corou. Eu juro. Corou. Fofo. Voltamos para a mesa e meus amigos nos encararam, esperando uma explicação. — Eu sabia que ele era familiar. King é um dos meus informantes. Já me ajudou com alguns assuntos. — menti, e eles pareceram aceitar. Odeio mentir para eles… mas faço qualquer coisa para proteger Taehyung. — Então seu nome é King? — perguntou Jimin, visivelmente interessado. Meu rei, ok? MEU. — Codinome. — Taehyung respondeu. Falava pouco. — E qual o verdadeiro? — Yoongi insistiu. — Se eu tenho um codinome, é justamente para que ninguém saiba minha identidade. Grosseiro. Mas… é o jeito dele. — Yoon, você perdeu o posto de mais m*l-humorado. — brincou Hoseok, rindo. Yoongi rosnou e todos caíram na gargalhada. Taehyung ficava olhando ao redor, como se algo r**m estivesse prestes a acontecer. — Tae. — a ômega da cozinha apareceu. Ele lançou um olhar de reprovação para ela. — Vim te dar comida de graça. Qual sua preferida? — Cervo. — respondeu seco, como se fosse algo banal. Meus amigos se entreolharam, chocados. — Ele quis dizer carne. — disse a garota, tentando consertar. — Como você quer ela? — ela insistiu. — Crua. Com sangue. Todo mundo parou. — Ele quis dizer m*l passada. — ela tentou de novo. — Jen, se for pra dar sua opinião, é melhor nem perguntar. — ele cortou. — Nossa, que grosseria. Você devia ser mais gentil. — ela reclamou. Todos à mesa concordaram em coro: "Concordo!" Ela se retirou rumo à cozinha. Fiquei observando ele... virou meu novo hobby, eu acho. Queria tanto ver um sorriso daquele rosto sempre sério. Taehyung Jungkook me encarava demais. Isso já estava começando a me incomodar. — É sua ômega? — perguntou o baixinho. — Claro que não! — Jungkook respondeu rápido demais. Quase desesperado. Os outros riram. Jungkook rosnou, e todos se calaram. Ele tinha autoridade ali. Minha comida chegou. Jen trouxe uma montanha de carne e uma bebida estranha. Quando ia começar a comer, Jungkook puxou meu prato. Lancei um olhar mortal pra ele. — Calma, meu rei. Eu só vou cortar pra você. — ele falou, tranquilo. — Ui! Jeon carinhoso? Essa é nova. — brincou Yoongi. — Parece que alguém está apaixonado. — comentou o baixinho. Jungkook apenas sorriu. Me devolveu o prato e me deu algo chamado garfo. Disse que era para comer sem usar as mãos. — Sério que não sabe o que é garfo? — murmurou o baixinho, meio divertido. Mas então, algo mudou. Um arrepio percorreu minha espinha. Parei de comer. — O que foi, King? — Jungkook perguntou, preocupado. — Tem alguma coisa errada. — e, como se o universo me respondesse, uivos romperam o ar. — Merda, estão me chamando. — Quem? — Jungkook perguntou, entrando em alerta. — Minha alcatéia. — me levantei. — Eu vou com você. — ele decidiu antes mesmo que eu pudesse responder. — Vocês ficam. Cuidem dos negócios. Corremos para a floresta. Quando nos aproximamos, fiz sinal para ele parar. — Humanos. — falei, começando a andar como uma raposa entre as sombras. Jungkook me seguia com passos cuidadosos. Então, ouvi uma voz familiar. — Apareça, aberração. Está com medo? Quando matou meus amigos, não teve. — Kai. Ele voltou. — Jungkook sussurrou ao meu lado. — Vim acertar contas pendentes. — disse ele, e seu bando riu ao fundo. — O que acontece se eu caçar seus lobos? A raiva ferveu dentro de mim. Meus caninos surgiram. Minhas garras também. Eu ia atacar… mas Jungkook me segurou. — Você é mais sábio que isso. — disse, sorrindo. Aquele sorriso... me acalmou. Observei. Eles estavam se espalhando, procurando por mim. Estavam armados. — Se esconde. Deixa tudo comigo. — sussurrei. E subi em uma árvore. Contei 20 homens. Foquei no mais afastado. Preciso separar o líder. Num movimento rápido, quebrei o pescoço de um e joguei o corpo no meio deles. — Meu Deus. — alguém murmurou. — Ele matou um sem nem mostrar o rosto! Kai ficou furioso. Faltam 19. Ouvi um barulho. Olhei, e vi Jungkook esfaqueando outro. Faltam 18. Fui até ele. Passos leves entre as árvores. — Cuidado. — ele alertou. — Apareça, demônio! — Kai gritou… e então ouvi mais uivos. — Meus filhotes… — murmurei, alarmado. — Eu distraio o Kai. Vai até eles! — disse Jungkook, correndo. Três homens o seguiram. Subi numa árvore. Um grande espaço separava os lados da floresta. Usei a sombra e saltei — rápido como um vulto. Encontrei minha alcatéia. — Ut maneat solvere. (Fiquem. Eu resolvo.) — ordenei. Eles recuaram e se esconderam. Voltei, preocupado com Jungkook. Se algo acontecer com ele… Cheguei ao meu ponto. Senti cheiro de sangue. Jungkook voltava, ferido, mas andando. — Peguei três. — disse ele, se escondendo novamente. Acariciei seu rosto, aliviado. — Está tudo bem? — perguntei. Ele assentiu, me olhando de um jeito... especial. Ótimo. Faltam 15. Voltei à árvore. Um inimigo se aproximava de Jungkook. Saltei, garras à mostra. Rasguei o homem, que gritou — alertando os outros. — Troca de posição. — ordenei. Jungkook desapareceu entre as árvores. Faltam 14. Mas então fui visto. — Ali! — gritou alguém. Tiros dispararam. Um acertou minha perna. Caí. Mas ainda não acabou. Fingi estar inconsciente. — Pegamos a aberração! — ouvi. Cheiro de quatro deles ao meu redor. Dois à direita. Dois à esquerda. Contando o tempo… saltei. Rasguei dois. Usei os corpos para pular, fazendo os outros se matarem tentando me atingir. Faltam 10. — Apareça, maldito! Eu vou te matar! — berrou Kai. Minhas pernas sangravam. Minha forma humana… fraca demais. Preciso me transformar.
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