Liz Fisher
Sinto meus olhos marejarem ao lembrar das palavras de Isabella ainda pouco no quarto.
“Sabe que somos melhores amigas, jamais revelaria algo seu, sendo em caso de vida ou morte, porque sei que faria e faz o mesmo por mim.”
— Liz. — Saio dos meus devaneios com a chegada do Max, ele puxa uma cadeira para se sentar na cantina do hospital, comigo. — Ei, o que houve? — Pergunta preocupado.
— A Isabella, está desconfiando que estamos escondendo algo dela, me fez perguntas e eu menti para ela, disse que você e eu estamos tendo um caso sigiloso. — E pela primeira vez, vejo uma reação diferente, mesmo que seja pequena, de surpresa.
— Bom, não creio que seja por isso que está chorando, não é tão r**m ter um caso comigo.
—Eu não gosto de mentir pra Bella, o que contei...
— Foi de ajuda, sabe disso, e foi para o bem dela, agora sabemos por onde começar.
— O que fizeram com o cara?
— Liz, não tem por que sabe os detalhes. — Penso em perguntar mais, porém ele tem razão, tenho medo da resposta.
— Como conseguiram mentir para a polícia e a mídia? — Max abre um sorriso presunçoso.
— Baby, dinheiro e influência servem para muitas coisas, o poder que temos, nos dar liberdade de fazer coisas que nem imagina.
— Ainda não acredito no que são, e me surpreende o Hans, ele tem um jeito de ser o mais tranquilo e quietinho de vocês dois. — Ele ri, ajeitando as mangas da camisa social escura evidenciando seus músculos e veias, tento disfarçar a minha olhada.
— Hans consegue ser pior que nós dois, o rostinho de inocente dele, engana a todos. — Não digo nada, então ele completa. — Olha, da mesma forma que Isabella não sabe que me contou, minha família não sabe que te contei nosso maior segredo, estamos no mesmo barco.
— Pelo menos vão protegê-la e não deixar nada acontecer com ela. Só não entendi ainda por que meus pais e eu temos que ir para a casa dos seus pais.
— A casa deles é uma fortaleza, e todos juntos fica mais fácil de manter controle, e não sabemos de fato quantas pessoas estão envolvidas nisso e se o alvo vai ser só Isabella.
— Vai ser interessante imaginar como o Saymon vai convencer a Isabella a isso.
— Ele tem seus métodos, e olha o lado bom, eu vou estar lá também. — Rio de suas palavras.
— E onde isso é bom? — Max se recosta na cadeira, e olha com seus olhos azuis brilhantes, sem que eu consiga evitar, meus olhos vão para a sua boca quando ele morde os lábios.
Essa família tem uma genética gostosa demais, mas o Max passou nessa fila umas três vezes.
— Achei que iria querer repetir o beijo que demos naquele motel que fomos para conversa. — O i****a ri de algo. — Algo novo para mim, ir a um motel para conversa e não comer alguém, mas devo admitir, seus lábios são deliciosos. — Engulo seco.
Odeio as sensações que esse i****a despertar em mim, pode ser t***o, talvez uma noite de sexo naquele lugar, resolva.
— Isso foi só uma degustação de algo que não vai rola, querido. — Ele abre um sorriso de sonso que odeio.
— O que é? Tem medo de se apaixonar por mim?
— Você sonha com isso, não?
— Claro que sonho, imagina como deve ser esse corpo completamente sem roupa e só pra mim? — A sinceridade dele, ainda me mata.
— Bata uma punheta, que passa, ou então coma uma de suas amigas.
— Gosto do seu jeito, gosto demais.
— Que jeito?
— Desinibida, sem vergonha e misteriosa. — Abro um sorrisinho.
— Misteriosa?
—Você parece esconder coisas, coisas essas que acredito que nem sua amiga, sabe, e eu vou descobrir. — Me levanto da cadeira.
— O dia que descobri, terá o que tanto quer, meu corpo.
— Isso é um desafio?
— Uma promessa.
Isabella Braga
Já havia se passado um mês desde o dia em que sai do hospital e um mês que todos estão vivendo sob o mesmo teto, nem preciso dizer a loucura que isso está. Fora a falta de privacidade que ficamos, somos monitorados vinte e quatro horas por dia, pela residência á dezenas de seguranças armados, me sinto em um livro de romance dark onde a mocinha fica reclusa na casa de um mafioso poderoso.
Sobre os preparativos do meu casamento, tem ocorrido ainda, mesmo depois de tudo, não paramos com o planejamento, Sabine, Elke e Wanda estão correndo com tudo para ficar pronto a tempo, a final, me caso em pouco mais de um mês e meio.
Depois que vim morar aqui, Saymon e eu passamos a dormi juntos, embora ainda, não tivemos contato s****l devido as minhas condições que hoje, graças a Deus estão muito melhores e já consigo fazer minhas coisas tranquilamente sem dores. Gosto da sensação gostosa que sinto quando estou nos braços dele, mas o t***o que sinto por ele, p***a! Esse homem acorda com o p*u duro roçando em minha b***a pela manhã, e só de sentir isso, imagino o quão grande ele é. Acho que eu estou mais ansiosa que ele para finalmente fazermos algo.
Mas também pensar isso, algo me aflige um pouco, as minhas cicatrizes, se Saymon ver, vai fazer perguntas, perguntas essas que eu não quero responder. Há a muitos anos, algo muito r**m me aconteceu que me fez me odiar por muito tempo, e isso aconteceu antes mesmo de chegar na Alemanha, meu padrasto era a única pessoa que sabia disso e foi crucial e importante ao me ajudar a passar por cima de tudo e da a volta por cima. Agora a Liz sabe, e confio nela a minha vida.
— Isabella. — Saio dos devaneios coma voz do Hans, eu estava sentada no jardim da propriedade, como fiquei indisposta por todo esse tempo, Liz, junto com a secretária da presidência tem ajudado o Saymon, mas não vejo a hora de voltar a trabalhar, não sirvo para ser esposa troféu.
— Achei que estaria na empresa hoje. — Ele se abaixa e se senta ao meu lado na grama macia e verdinha.
— Sai mais cedo para resolver umas coisas e meu irmão pediu para ver como está. — Abro um sorriso.
— Ele saiu mais cedo, não o vi se levantar.
— Tivemos alguns compromissos bem cedo, Saymon e Max ficaram o dia ocupados.
— Não vejo a hora de voltar a trabalhar.
— Sabe que não precisa disso.
— Não importa o nível social de vocês, eu não sirvo para viver em casa dando jantares ou decorando, eu gosto de me sentir útil, trabalhar. — Ele parece me olhar com curiosidade.
— Meu irmão tem razão, você é bem diferente das mulheres que já cruzaram o nosso caminho, espero algum dia conseguir isso. — Fico surpresa com sua confissão.
— Pensa em se casar?
— Já passou várias vezes isso pela minha cabeça, até cheguei a conhecer uma moça, na época de faculdade, mas depois que nos formamos, ela foi embora do pais, a última informação que tive dela é que se casou e teve um bebê, ela foi a mulher que me fez ter tais pensamentos, eu a amava muito.
— Um dia você vai encontrar a mulher que te faça ter esses pensamentos novamente. — Hans ri.
— Acho difícil, como mencionei antes, mulheres como você ou ela, são difíceis de encontrar, a posição que temos, nossa influência e riqueza atrai um tipo de mulher que só serve para ser usada e descartada.
— Bom, o dia que encontra essa mulher eu quero ser a madrinha.
— Meu irmão tem muita sorte de ter te conhecido, embora as circunstâncias tenham sido bem inusitadas, mas no final vocês se apaixonaram. — Abro um sorriso fraco.
— Tenho medo de um dia acordar e seu irmão não querer mais nada comigo. — Confesso.
— Se tivesse visto como ele ficou quando estava naquele hospital, Max e eu nunca em nossas vidas imaginávamos que o veríamos daquela forma, parecia que a sanidade dele estava a um fio. —Hans faz uma breve pausa e volta a falar. — Nunca duvide do amor de um Kampmann, quando eles amam, é para sempre, eu digo isso porque até hoje amo uma mulher que seguiu sua vida. — Coloco minha mão no ombro dele com o intuito de consolá-lo.
Sem dizer mais nada, ele se levanta e sai.
De coração, eu espero que o Hans encontre a sua felicidade.