CAPÍTULO 03

1897 Words
Isabella Braga Estou sentada do lado de fora da sala da presidência, pedi a Suzane que não ligasse para o senhor Kampamn assim que cheguei com dez minutos de adianto, eu precisava fazer uma prece a Deus e lhe agradecer por essa oportunidade e precisava contar de trás pra frente pra me manter calma, senti minhas mãos suares frisas e tremerem, fico assim quando estou nervosa demais ou com medo, e sinceramente estou com um misto de emoções. — Senhorita Braga.— me assusto com a voz imponente e grossa dele. — Se...senhor, eu, perdão eu estava...— engulo seco.—Estava contando de trás pra frente.— ele me olha com curiosidade. — Trás pra frente? Porque? — É normal ficar nervosa em uma primeira vez de algo, ainda mais de emprego.— ele não diz nada, somente me olha, o que me faz questionar o que se passa na cabeça dele quando faz isso. Deve me achar uma maluca. — Suzane, pode adiar minha reunião de agora, tenho outro compromisso.— e então me olha novamente.— Vamos tomar um café?— olho confusa pra ele. — Café? — Sim, assim te passo melhor minha agenda e conversamos sobre trabalho, não tomei café ainda e acho que seria mais descontraído para você já que está tão nervosa. Esse definitivamente não parece o homem que li na mídia ou que outras pessoas falaram, porque ele está me tratando assim? —Ok.— é tudo que digo. Ele estende a mão para Suzane que lhe entrega um tablet e me entrega. — Aqui tem tudo que vai precisar saber, porém vamos fazer algumas alterações na minha agenda, vamos?— ele abre espaço para que eu ande na frente e assim faço. O caminho até o elevador é algo bem intenso, posso sentir o olhar dele me fuzilar e quando estamos sozinho dentro do elevador, é como se a atmosfera fosse uma bem diferente. Sinto que todo movimento que faço, ele me observa como se fosse algo novo e isso chega a ser um pouco estranho. Aproveito o momento em que ele olha para frente e olho algumas vezes pra ele e sim, ele é muito lindo, bem alto, parece malhar bastante, a roupa que usa molda demais seus músculos. Fora que o olhar dele, um verde com leves castanhos, é muito lindo e transmite uma intensidade gigantesca. Quando as portas do elevador se abrem, caminhamos em direção ao hall com alguns olhares de curiosidade em nós. —Saymon.— olho na direção da entrada e vejo dois homens, um deles foi o que estava com o senhor Kampmann. — Max, Hans, o que fazem aqui? — Ue, viemos trabalhar, não sei se te informaram mas sou vice presidente e Hans gerente de projetos dos setores.— ambos me olham.— Olá, me chamo Max.— estende a mão para me cumprimentar e o outro faz o mesmo.— Olha, estou curioso, pelo que soube hoje seria seu primeiro dia, mas não deveria está na sua mesa?— posso sentir uma ironia na voz dele. — Eu vou tomar um café e convidei ela para me acompanhar, fora que vou precisar passar alguns detalhes pra Isabella. — Não tínhamos uma... — Pedi pra adiarem.— vi uma certa surpresa no olhar deles. — Ok, tudo bem.— olho com atenção os dois e ambos são parecidos com Saymon, exceto pela cor dos olhos e cabelo, o Max tem olhos azuis e cabelo preto, já o Hans cabelo cumprido castanho claro e olhos acizentados parecem ter a mesma altura e mesmo porte. O que faz jus a fama de libertinos e lindos. **** Olho com atenção o local que estamos, o café que ele me trouxe é um bem chique, fica próximo a empresa, o ambiente parece típico daqueles filmes onde os empresários vão para tomar café e falar de negócios, vejo alguns até com seus notebooks trabalhando aqui. O ambiente é enorme, cores que vão do marrom ao branco, mesas de madeira maciça, piso de madeira e teto de porcelanato, as cadeiras também são de madeira com um estofado branco. Os atendentes e garçons bem vestidos. Quando abri o cardápio pra ver o preço do café expresso, fechei na mesma hora. O valor é quase uma semana de trabalho minha. — E então, o que vai querer? — Sinceramente só um café mas...porque é tão caro? — Caro? — Sim, quer dizer, no Rio de Janeiro, um copinho de café no terminal de trens no centro da cidade é uns três reais e ainda vendem pão de queijo.— ele me olha parecendo interessado no que estou dizendo. — Interessante, então você é do Rio de Janeiro? Já fui algumas vezes lá a trabalho, um belo lugar. — Ah sim, o Rio é sim. — Sente saudade de lá? — As vezes sim, mas ao mesmo tempo que o Rio de Janeiro me trás boas lembranças, também me trás ruins, então meu sentimento por lá é...confuso.— sorrio sem graça. — Bom, acredito que as lembranças boas devem se sobressair em cima das ruins, ainda tem parentes lá? — Não, minha mãe morreu quando eu era pequena, acabei sendo criada por meu padrasto que sempre foi como um pai pra mim, ele e minha mãe tiveram um filho, meu irmão Oliver. ele veio morar comigo depois que meu padrasto morreu em um assalto a mão armada no Rio. — Eu sinto muito, imagino como deve ter sido difícil, perder alguém especial, embora eu particularmente ainda não sei o que é isso e espero não passar por isso tão cedo. Porém devo imaginar, como deve ter sido duro.—ele parece sincero em suas palavras. — Aprendemos a conviver com a dor. — E seu pai? Nunca o conheceu? — Nunca o vi, minha mãe disse que ele sumiu quando ela descobriu estar gravida de mim, quem me criou desde o inicio da minha vida, foi meu padrasto e sou grata todos os dias por ter tido ele em minha vida.— digo com uma certa emoção. — Ao menos tem seu irmão. — Sim, ele é minha vida.— murmura sentindo um no se formar na garganta e meus olhos marejarem.— Meu irmão está doente senhor Kampmann, ele tem câncer e sinceramente me dói por saber que ele só tem quinze anos, porém estou fazendo o possível para ele se curar já que as chances são boas. — fico um pouco sem reação quando ele estende sua mão para secar uma lágrima que escorria por meu rosto. O toque da pele dele na minha, a sensação, a mesma de ontem. — Isabella.— ele parece ponderar antes de falar.— Eu te chamei pra tomar café, porque o que tenho pra falar com você é algo totalmente fora do trabalho e talvez seja a coisa mais louca que já vai ter ouvido. — Acho que só a forma como está me tratando pra mim já algo louco, eu li sobre o senhor e ouvi o que as pessoas dizem, o senhor é um homem implacável.— ele abre um sorriso. Esse homem....ele é tão lindo. — Nos negócios temos que ser, nesse meio ou somos predadores, ou somos as presas devoradas e uma coisa sobre mim que precisar saber, eu sou um predador nato que sempre vai devorar sua preza com prazer.— engulo seco. — É...o que...o que o senhor quer conversar comigo?— tento mudar de assunto. — Ah sim, então, antes de te dizer, preciso te contar uma coisa.— ele parece pensar em algo.— Minha família, ela tem tradições que são seguidas a gerações, como por exemplo todo primogênito herdar a presidência e o comando dos Kamppman, foi assim que estou onde estou, mas fui preparado para isso. Entretanto, tem uma especifica e mais difícil que um primogênito deve cumprir.— ele tira uma pasta escura de dentro da pasta que carregava e bota em cima da mesa.— Que o primogênito se case e tenha um herdeiro. — Olha...isso é...— paro de falar quando começo a juntar as peças. Não! Isso só pode ser brincadeira! — Isabella. — Saymon...— Não digo mais nada, ele me olha nos olhos e tento decifrar algo que seja alguma piada no que acabara de falar mas não, ele está falando sério. — Eu sei que isso é loucura. — Muita, eu não te conheço, não sei quem é você, como quer que eu seja sua esposa e ainda tenha um filho com você? Isso é insano! — Isabella, eu sei que isso choca, mas casamentos assim são até comuns, ainda mais com pessoas publicas e eu preciso disso pelo menos pra acalmar os ânimos na minha família. — E porque eu? Pode ter a mulher que quiser. — Não quero uma qualquer pra por meu sobrenome, e sim uma mulher que seja digna. — Não me conhece. — Eu mandei investigar sobre você, sei sobre sua família, sobre seu irmão, sobre a doença dele e do quanto ele precisa desse tratamento, e eu estou disposto a cuidar de tudo isso. — Como assim? — Se casar comigo, eu vou custear o tratamento do seu irmão nos melhores hospitais do mundo e cuidar para que ele tenha todo o acompanhamento possível.— pisco meus olhos várias vezes. Sinto meus olhos marejarem. — Você quer me comprar! — Isabella. — Não sou uma prostituta! Não vou me vender! — Eu preciso de ajuda assim como seu irmão precisa, eu tive acesso ao diagnostico dele, as chances de cura dele se começar a fazer tudo agora, são muito grandes. E eu quero ajudar.—rio de suas palavras. —Por isso está me tratando tão bem, porque queria algo em troca.— ameaço a levantar da mesa. — Isabella, senta, ainda não terminamos. — Vai pro inferno! — Senta nessa p***a dessa cadeira agora, ou nem emprego vai ter para cuidar do seu irmão!— a voz dele, ele disse alto o suficiente para eu ouvir, ameaçador e com o semblante frio. Esse é o Saymon que tanto falam. Engulo meu orgulho e me sento. Sem olhar para ele e sentindo as lágrimas em meus olhos, ele estende a pasta para mim. — Esse é um contrato, nosso casamento teria regras, que seriam cumpridas a risca, são clausulas que me beneficiam e beneficiam você, fora que tem um outro de conficialidade, ninguém pode saber disso, em especial meus pais. Um advogado de confiança que tenho pode te ajudar a entender ele melhor se precisar. — Eu quero que você vá para o inferno e enfie esse contrato no seu traseiro.— digo com asco. — Vou te dar um tempo pra pensar. — Você é um homem sujo, está se aproveitando de um momento ruim.— ainda sério, ele responde. — Quero ajudar, mas quero ser ajudado, seu irmão precisa desse tratamento com urgência, assim como preciso anunciar que tenho uma noiva ao mundo.—ele se aproxima deixando seu rosto perto do meu.—E essa noiva que quero anunciar ao mundo, é você. — O mundo não gira em torno de você, tão pouco temos o que queremos.— ele ri. — Uma coisa que tem que saber sobre mim, sempre tenho o que quero, e o que quero, é que você seja minha!
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