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913 Words
Eva sentia o coração acelerar conforme olhava para os portões imponentes da Excelência Academia. O vento frio do outono acariciava seu rosto, bagunçando os fios dourados de seu cabelo. O colégio parecia ainda maior e mais intimidador de perto. As paredes de pedra clara se erguiam como um castelo medieval, adornadas por enormes janelas arqueadas e torres que pareciam vigiar tudo à sua volta. Ela respirou fundo. Sentia-se pequena diante da grandiosidade daquele lugar, mas Luca segurou sua mão, firme e quente, trazendo-a de volta à realidade. "Tudo aqui funciona com dinheiro", disse ele, sua voz grave e segura. Eva olhou para ele, absorvendo cada palavra. "A cantina, a lanchonete, as lojas… A escola te dará um cartão. Eva, não seja economista", continuou Luca, seu olhar carregando a seriedade de quem entendia o mundo em que estavam entrando. "Gaste o que quiser. Tenha em mente que as pessoas aqui são medidas pelo seu poder aquisitivo. Não se deixe humilhar." Eva sentiu um nó na garganta. Ela nunca ligou para dinheiro. Na Itália, nunca se preocupou em ostentar ou se encaixar em um círculo social específico. Mas sabia que a Excelência Academia não era um colégio qualquer. Era um ambiente onde apenas os mais ricos, poderosos e influentes mandavam. "Saiba que, mesmo que comprasse um shopping, ainda teria dinheiro no seu cartão", Luca acrescentou, um tom quase divertido em sua voz. Eva soltou um riso leve e nervoso. Ele queria que ela se sentisse poderosa, mas, no fundo, ela se sentia deslocada. "Aja como uma Portinari", finalizou ele. "Agora, você é uma." O sobrenome pesou sobre seus ombros. Ser uma Portinari significava carregar o peso de um nome que inspirava medo e respeito. Mas, para Eva, significava algo muito mais pessoal. Significava que Luca a aceitava como sua filha, que ele a amava o suficiente para lhe dar um lugar no mundo. Ela o abraçou. Luca raramente demonstrava afeto abertamente, mas, naquele instante, ele correspondeu ao abraço, deslizando a mão protetora pelos cabelos dela. "Obrigada por tudo", murmurou Eva contra seu peito. "Não precisa me agradecer", respondeu Luca, soltando-a devagar para olhar em seus olhos. "Só me prometa que não deixará ninguém te diminuir." Eva sorriu de leve, sentindo um calor no peito. "Não se preocupe. Não vou deixar que me humilhem." Sofia, que observava a cena ao lado deles, sorriu com orgulho. Ela e Luca estavam fazendo de tudo para que Eva tivesse uma vida melhor, e a garota sabia disso. Por mais difícil que fosse se despedir de sua antiga vida, ela faria valer a pena. Mas, enquanto Eva tomava sua decisão silenciosa de se fortalecer, do segundo andar do prédio de admissão, um olhar ardente e cheio de fúria estava cravado nela. No segundo andar do prédio vizinho Marco Santini estava imóvel diante da janela, como uma estátua de mármore esculpida com raiva. Seus olhos negros estavam fixos na garota lá embaixo, cada músculo do seu corpo tensionado como se estivesse se segurando para não socar alguma coisa. Seus punhos estavam cerrados com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Sua respiração estava pesada, seu peito subindo e descendo num ritmo irregular. O maxilar travado mostrava o esforço que fazia para manter o controle. Ele viu Luca segurando a mão dela. Viu o jeito como ele falava com Eva, como a olhava com proteção e carinho. Viu quando ela o abraçou. E tudo isso fez seu sangue ferver. Seus olhos estreitaram-se ainda mais, a sombra de um pensamento perigoso dançando em sua mente. Marco Santini não era um homem paciente. E definitivamente não era alguém que aceitava perder o que lhe pertencia. Ele passou a mão pelos cabelos negros, bagunçando-os ainda mais. Sua gravata do uniforme estava afrouxada, o primeiro botão da camisa aberto, dando-lhe uma aparência de rebeldia natural. Seu corpo, musculoso e forte, exalava uma presença dominante. Tudo nele gritava perigo. Foi quando uma voz despreocupada o tirou de seus pensamentos. "Marco, o que está olhando com tanto interesse?" Era Daniel Lazzari. Daniel era loiro, de olhos azuis e um sorriso sempre malicioso nos lábios. Ele tinha o hábito de nunca levar nada muito a sério – a menos que envolvesse algo que realmente lhe despertasse interesse. Curioso, ele se aproximou e seguiu o olhar de Marco. E então, viu Eva. Daniel assobiou baixo. "Nossa… que delícia." Marco virou-se para encará-lo, seu olhar n***o carregado de fúria. Daniel ergueu as mãos rapidamente, rindo. "Ok, ok. Ela é sua." Marco sorriu, mas o sorriso era c***l. Seus olhos brilharam com algo perigoso enquanto ele murmurava em italiano, sua voz rouca e grave: "Si… é mia." Lá embaixo, Eva sentiu um arrepio subir por sua espinha. Ela olhou em volta, tentando entender o motivo daquela sensação estranha. Era como se estivesse sendo observada. Mas tudo o que viu foram outros alunos entrando pelos portões, carregando malas e mochilas caras, acompanhados de motoristas e seguranças particulares. Nada parecia fora do normal. Respirando fundo, ela se forçou a ignorar a sensação. "É melhor eu irmos", disse, virando-se para Luca e Sofia. Luca passou a mão em seus cabelos mais uma vez, um gesto silencioso de proteção. "Qualquer coisa, me ligue." Sofia segurou suas mãos e sorriu. "Vai ficar tudo bem, querida. Você é forte." Eva assentiu, mesmo sem ter certeza disso. Ela pegou sua mala e deu os primeiros passos para dentro da Excelência Academia, sem saber que, naquele momento, alguém já havia decidido que ela pertencia a ele.
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