POR MAÍSA:
Aquele garotinho de cabelo castanho-claro, os seus olhinhos azuis traziam-me um sentimento de nostalgia, quando chegou até mim, ficou parado-me olhando.
— Oi! — falei sorrindo para o menino.
— Oi! — respondeu ele tímido — O meu papai fala que não é para eu falar com estranhos — Disse o menino, olhando para mim.
— O seu pai tem razão, é perigoso para uma criança falar com um estranho, eu chamo-me Maísa, qual é o seu nome pequenino?
— Eu não sou pequeno, sou gande, sou um rapaz! — Falou o menininho chateado.
— Gustavo, você não pode se afastar do seu pai — Falou um rapaz se aproximando do menino.
— Disculpa tio eu vim buscar a minha bola a senhola, tava chorando, o papai sempre me pergunta, por que eu to chorando, aí eu ia perguntar para ela? — Falou o menino pegando na mão do homem.
— Não é nada, foi apenas um cisco que caiu no meu olho — falei limpando o meu rosto — Aqui, sua bola — entreguei a bola para ele.
— Gustavo Hurst — chamou outra voz — Você — ao olhar para cima não acreditei no que via — Maísa
— Eduardo — não acreditava, ele estava ali na minha frente.
— Papai essa senhola chorava — falou o garotinho correndo em direção dele que estava-me olhando assustado.
POR EDUARDO:
Putz! Agora fudeu de vez, não podia estar mais ferrado do que estava, ali estava Maísa olhando-me como se eu fosse um fantasma.
— Oh! Meu Deus! É você mesmo — ela levantou, me abraçando, o que me deixou sem reação — Jesus, encontrei-te — falava ela sorrindo entre as lágrimas.
— Papai você conhece-a? — perguntou Guto na sua inocência, Maísa soltou-me e olhou para Guto com os olhos arregalados. — Papai? — ela colocou a mão na boca — Meu Deus! El..... — eu a interrompi.
— Ele nada — olhei para Guilherme ao meu lado — Leva Guto para o carro — pedi-lhe que apenas afirmou com a cabeça.
— Vem com o tio, meu amor — falou Gui pegando Guto pela mão, que me olhou sem entender nada, mas foi sem reclamar enquanto ela me olhava surpresa, assim que eles se afastaram eu encarei-a.
— Ele é seu filho? — perguntou ela e afirmei com a cabeça — Oh! Meu Deus! Quantos anos ele tem?
— Não interessa quantos anos MEU filho tem — respondi rude.
— Ele é filho de Diego, não é? — não sei se ela perguntou ou afirmou, entrei em alerta.
— Não sei que você está falando — tentei esconder o meu nervosismo.
— Gustavo é filho de Diego não tente negar –— ela olhava-me questionador.
— Você só pode estar ficando louca, o meu filho não tem o mesmo sangue daquele cretino — falei.
— Não chame ele assim — disse ela.
— Quer que eu o chame como? Canalha, traidor, infiel? Bom são tantos adjetivos para ele que nem sei numerar — respondi frio.
— Ele não teve culpa — disse ela exasperada — Ele não teve culpa, fui eu, eu que armei contra vocês dois — ela olhando-me nos olhos.
— Não estou entendo, e nem me interessa entender — respondi frio — agora só me faz um favor, faça que não me viu e não conte nada ao seu filho — falei.
— Você está mudado, cadê aquele garoto doce que eu conheci? — perguntou ela, eu sorri sem humor.
— Você e o seu filho o mataram com o seu afilhado — respondi.
— Só me diga — ela olhou-me, com os seus olhos marejados — ele é meu neto, não é? — por um minuto vi um brilho de esperança no seu olhar.
— Não — respondi — E mesmo se fosse, ninguém da sua família iria chegar perto dele — falei virando-me para sair dali, mas ela segurou-me pelo braço.
— Não faça isso — ela começou a chorar — O meu filho está morrendo um dia após o outro, ele já tentou suicídio duas vezes, por favor — as suas palavras impactaram-me — Eu estou te implorando — ela ajoelhou se a minha frente — Eu sou uma mãe, arrependida do mau que fez no passado, fale com o meu filho traga a vida dele de volta, eu faço o que você quiser, mas salve o meu filho — não havia palavras para dizer naquele momento, ali estava Maísa ajoelhada a minha frente pedindo por Diego eu estava em choque nunca pensei que em algum dia ela faria isso.
— E... e... eu preciso ir — sai de lá desconcertado a cena daquela mulher na minha frente chocou-me de um jeito entrei no meu carro sem olhar para meu amigo apenas encostei a minha cabeça no vidro do carro e fiquei a olhar para o nada, quando chegamos na casa dos meus pais, sai correndo fui para meu quarto, joguei-me na minha cama ao contrário do que pensam, eu não chorei fiquei a olhar para o teto processando tudo o que ela havia me dito, a palavra suicídio não saia da minha cabeça — Será que — não, isso só podia ser mais uma invenção dela, ou será — Droga — gritei, sentando na cama com as mãos na cabeça — Inferno — falei, e ouvi o som da porta abrir olhei e o meu pequeno estava ali parado me olhando.
— Papai tá bravo comigo? — ele olhava para baixo — Disculpa papai.
— Oh! Meu bebê vem cá — chamei ele que veio correndo, peguei no colo e o abracei forte — Papai não está bravo com você amor — falei beijando o seu nariz, bochechas trazendo-o para meus braços novamente — Eu amo muito você — falei fazendo carinho nos seus cabelos.
— Eu amo você também papai — Respondeu ele.