A sala era branca, gelada, iluminada demais. O soro pingava devagar no suporte ao lado, o som do monitor acompanhava o ritmo do meu coração, e o João… ele estava ali, do meu lado, com os cotovelos apoiados na beirada da cama e as mãos segurando firme as minhas. — A gente tá quase, Val. Já tá com oito de dilatação, falou a enfermeira. Falta pouco. — ele dizia baixo, tentando me acalmar, mas eu via a tensão nos olhos dele. Aquela linha entre as sobrancelhas dele já tinha até marcado. — “Falta pouco”… — repeti entre dentes, suando. — Você que não tem um bebê tentando sair pelo seu quadril. Ele riu, mesmo preocupado. — Tá bom… tem razão. Mas eu tô contigo, né? Tava. O tempo tinha se diluído. Eu não sabia mais se se passaram vinte minutos ou duas horas. As contrações vinham como marés, fo

