Ele ficou me olhando por alguns segundos ainda, como se tivesse tentando decorar aquele momento, guardar no peito o jeito que eu tava ali deitada, de camisola, com a barriga alta e pesada e os olhos ainda cheios de sentimento. Mas então ele se levantou. Sem pressa, sem alarde. Só respirou fundo, passou a mão na barba por fazer e disse: — Fica deitadinha aí. Vou trocar de roupa rapidinho. Assenti em silêncio, acompanhando com o olhar ele saindo do quarto e atravessando o corredor. Escutei o barulho do armário abrindo, o zíper da calça de moletom, o rangido do cabide. Em minutos ele voltou já trocado, camisa preta lisa, calça escura, tênis. Pronto pra guerra, se precisasse. Ele entrou no quarto do Vicente e, por um instante, ficou ali parado, observando tudo como se aquele cômodo foss

