Episódio 7

349 Words
Narrado por Helena Acordei com o corpo colado ao dele. Rafael dormia profundamente, uma das mãos pousada possessivamente na minha cintura, como se mesmo inconsciente quisesse garantir que eu não escapasse. E a verdade? Eu não queria. Mas não havia tempo para devaneios. A manhã trouxe consigo o peso do mundo real — denúncias, corpos, ameaças. Leonardo ainda estava solto. E pior: protegido por um sistema podre que fingia justiça enquanto alimentava o caos. Me desvencilhei dos braços de Rafael com cuidado. Coloquei a camisola de seda preta de volta no lugar e fui até meu escritório. Abri o notebook e continuei de onde parei na madrugada anterior. Vasculhava arquivos antigos, cruzava dados de processos conduzidos por Leonardo, buscava padrões. E achei. Três casos antigos, três clientes meus, todos mortos em situações “acidentais” após negociarem delações. Todos haviam tido contato com Leonardo pouco antes de morrerem. Anexei tudo em um dossiê. Estava montando a peça mais perigosa da minha carreira: um pedido formal de investigação contra um promotor de justiça. Ouvi passos. Rafael surgiu na porta, só de calça de moletom, cabelo bagunçado e olhos atentos. Tão lindo e perigoso quanto um pecado. — Você não parou de trabalhar nem por um segundo, né? — Você sabe que não posso. — olhei para ele por cima do ombro. — Isso aqui pode mudar tudo, Rafael. Ele se aproximou, leu rapidamente os documentos. — Isso vai colocá-la na mira dele. Ainda mais. — Eu já estou. A diferença é que agora vou revidar. Ele assentiu, sério. Beijou minha testa. — Então vamos fazer isso do nosso jeito. Mas não sem um plano. Naquela tarde, fui ao Fórum. Entreguei o pedido de a******a de investigação à corregedoria. Oficialmente. Protocolado. Assinado. A guerra estava declarada. E, ao sair, percebi que já era tarde demais para voltar atrás. Um carro preto seguia o meu. Olhos atentos me vigiavam nas esquinas. A cidade parecia respirar mais rápido, mais quente, como se o perigo estivesse à espreita em cada sombra. Mas eu não ia recuar. Porque agora... eu tinha a verdade. E Rafael.
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