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Casada com o Dom (D14b0)

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intro-logo
Blurb

Ele era o rei do submundo.

Ela, a virgem pura — a luz que ele desejava corromper.

Damon emergiu da escuridão coberto por sangue. Eu corria, mas a cada passo minhas pernas fraquejavam, como se já estivessem cansadas de fugir do inevitável. O d***o não precisava se apressar. Ele se movia devagar, quase preguiçoso, e ainda assim cada vez mais próximo.

Ele havia massacrado a minha família. Tudo por causa de um contrato quebrado. Era assim que Damon agia: acordos não cumpridos eram selados em carne e sangue. Agora, restava apenas eu. A última peça de um jogo do qual nunca quis fazer parte.

Ele me enganou, desde o primeiro dia que o conheci. Fingiu ser apenas um bom feitor, me acolheu e mentiu e me forçou a casar com ele, sem saber que ele era o homem de quem meu pai tinha maior medo.

Tropecei e caí numa poça de água suja. O frio me atravessou, mas o verdadeiro gelo veio quando olhei para trás. Ele estava a um passo.

— Para que correr? — Sua voz grave me cortou, arrastando um arrepio pela minha espinha. — No fim, é apenas energia desperdiçada.

— P-por favor… — Minha súplica saiu tão baixa que m*l parecia minha. Conhecendo ele, sabia que, mesmo casada com ele e... talvez, sentindo algo, mesmo que minúsculo, ele não iria poupar ninguém. Esse foi seu jogo. Jogar na cara do meu pai que havia conseguido me pegar.

— Repita. — Ele exigiu, os olhos cinzentos faiscando. — Mais alto.

Engoli em seco. Implorar seria inútil. Homens como Damon não tinham coração. Ele nunca gostou de mim, de verdade.

— Adianta implorar? — minha voz ganhou firmeza por um segundo. Isso nunca acontecia. Ele me dava medo, mesmo que lá no fundo, eu tenha criando um amor pelo demônio. — Faça logo o que veio fazer.

Ele sorriu. Um sorriso lento, c***l, como lâminas arranhando pedra.

— Não. — disse com um deleite sádico. — Mas eu gosto de ouvir.

— Então vai ter que encontrar outra.

Por um instante, a coragem me atravessou como fogo. Eu já sabia meu destino; não valia a pena rastejar.

— Levante-se. — Sua ordem foi fria, como se já fosse meu dono.

Eu não obedeci. Estava encharcada, coberta de lama, tão pequena diante dele.

— EU DISSE: LEVANTE-SE.

Sua voz explodiu no ar como um disparo. Ele erguia a mesma arma que matou minha família. Meu corpo inteiro estremeceu, como se a bala já tivesse atravessado meu peito. Com pernas trêmulas, levantei.

— Atira logo. — Minha garganta queimava, mas as palavras saíram. — Esse é o seu estilo, não é? Acabar com todos.

Damon inclinou a cabeça, um brilho perverso nos olhos.

— Talvez eu queira mudar algumas coisas.

Meu coração congelou.

— Do que está falando? — perguntei, incapaz de esconder o terror.

— Você vai viver. Mas será minha. Para sempre.

Meus olhos se arregalaram.

— O quê? Não. — Minha voz quebrou. — Me mate. Isso seria mais fácil de aceitar.

— Você é minha esposa. Tem um dever. é minha por direito.

— Damon!

Um carro se aproximou, estacionando na rua deserta. As luzes rasgaram a noite. Damon não disse nada. Apenas avançou, seus dedos de ferro agarrando meu braço. Cada vez que eu tentava resistir, ele apertava mais, até a dor se tornar insuportável.

Sem esforço, ele me arrastou até o veículo. A porta de trás se abriu com um estalo. E, com a mesma brutalidade de um carrasco, Damon me lançou para dentro da escuridão do carro.

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Prólogo
— Por que me trouxe até aqui? O que você quer de mim? — Rose perguntou, a voz trêmula, mas firme o bastante para romper o silêncio da cobertura. O vento cortava como lâminas, arrastando a noite sobre eles. A cidade brilhava abaixo, indiferente ao medo que erguia muralhas invisíveis ao redor. Damon estava a poucos passos de distância. E mesmo assim, parecia perto demais. Cada avanço dele era medido, elegante, como um predador que não precisava correr para devorar sua presa. O apelido que carregava — O d***o — não era metáfora. Era título, era verdade. O rei do submundo, um homem cuja presença por si só já era sufocante. — Olhe para o horizonte — pediu, em voz baixa, quase doce. O âmbar do uísque tremulava no copo em sua mão, refletindo como uma pequena chama no escuro. Rose não obedeceu. O vestido leve colava em sua pele fria, a f***a exibindo uma vulnerabilidade que não queria mostrar. Um anel em seu dedo brilhava, pesado demais, como uma promessa feita em ferro e sangue. — Diga logo o que você quer. — Ela insistiu, tentando desviar o olhar dele. — Você me deu este anel, disse que eu seria sua para sempre. Mas o que isso significa, Damon? O sorriso dele cortou o espaço. Não havia som além do vento, e mesmo assim parecia que o riso sussurrava por todas as frestas da noite. Quando a luz fraca alcançou seu rosto, ela viu os traços perfeitos, a barba cerrada, os cabelos úmidos penteados para trás como após um ritual sombrio. O terno n***o, impecável. E no bolso, um lenço vermelho. Como uma gota de sangue. Rose recuou até sentir o parapeito nas costas. Um passo a mais seria queda. E, por um instante, a morte pareceu libertação. Mas ela não teve coragem. Se a decisão coubesse a alguém, seria a ele. Sempre a ele. — Querida... — a voz dele deslizou como veneno quente. — Achei que a resposta estivesse implícita. Vou ser bom para você... se você for boa para mim. Rose cerrou os punhos, sustentando o olhar. — Você acha que eu vou ser como as outras? Sim, eu tenho medo de você. Mas isso não significa que vou me dobrar. Ele sorriu ainda mais. Fascinado. O medo dela era doce, mas a resistência era o vício. — Olhe para a cidade inteira. — O comando veio como aço. Ela hesitou. — O que quer que eu veja? — Veja o que é meu. — O gesto dele foi amplo, cobrindo os arranha-céus, as ruas, as luzes. — Tudo o que enxerga pertence a mim. E, assim que se casar comigo, também será seu. — Eu não quero nada. Só quero que me solte. — A voz dela quebrou. — Eu sumo. Nunca mais me verá. A gargalhada dele rasgou o ar, ecoando como uma lâmina no concreto. — Rose... você acha que eu deixaria meu pequeno pássaro sair voando? Agora que o tenho, nunca mais. O frio se infiltrou nos ossos dela. Damon pousou o copo no parapeito, tirou o blazer e estendeu para ela. — Eu não quero nada seu. — O desafio saiu baixo, mas sincero. O olhar dele escureceu. — Tudo o que eu falo é lei. Pegue. O trovão em sua voz quebrou a resistência dela. Tremendo, Rose pegou o tecido. O perfume dele a envolveu como uma prisão invisível. As lembranças a atravessaram: o m******e. A frieza com que Damon, e só ele, disparou contra sua família. Um a um. Inocentes. Gritos. Silêncio. Ele a poupou — não por misericórdia, mas porque havia visto algo pior: uma obsessão para cultivar. Agora, diante dela, Damon parecia quase humano. Quase. Mas Rose sabia. O homem era apenas a máscara; por trás, estava o demônio que a destruíra. — Amanhã nos casamos. — Sua voz foi sentença, grave e inescapável. — E você vai me obedecer. Tudo o que eu quero acontece. Se me desafiar, eu vou punir você. — O sorriso voltou, lento, venenoso. — E, de certo modo... acho que você vai gostar. Rose não conteve o impulso. Revirou os olhos. O ar congelou. Damon inclinou a cabeça, os olhos faiscando. — Você revirou os olhos para mim? Ela não respondeu. O blazer dele pesava em seus ombros frágeis como um grilhão. — Não faça isso de novo. — A voz foi uma lâmina. — A última pessoa que ousou me desafiar... perdeu os olhos. O coração dela disparou. Ainda assim, sua pergunta cortou o ar: — Por que não me matou? Por que me obriga a casar? Eu não tenho nada de especial. É só um jogo? O silêncio dele foi pior que qualquer resposta. Damon apenas tomou o último gole de uísque, pousou o copo com um estalo seco. — Entre. — A ordem final caiu como pedra. — A noite está fria. Amanhã é um grande dia. Ele se virou e desapareceu pela porta. A escuridão o engoliu. Rose ficou sozinha. O vento batia, o parapeito ainda atrás de si. Bastava um salto. Liberdade. Mas ela não teve coragem. Não era tão forte. E já sabia: sua vida ao lado de Damon seria um inferno vivo.

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