Capítulo 3

1715 Words
Hoje é noite de lua cheia, a contagem começa a partir da sétima que se torna a primeira para a a******a do próximo portal. Por que não disseram que se abriria na sexta lua depois da sétima? Eu fiz esta pergunta, mas eles não gostam do número seis. Não entendo esse povo. Se isso tudo não fosse tão real, eu jamais acreditaria que é verdade. Vi coisas que nunca tinha visto antes, cheiros nunca sentidos, sabores nunca provados, plantas quais nunca soube da existência. Meu Deus! Eu preciso ir embora, a minha amiga deve estar preocupadíssima comigo, mas eu ainda não quero, aqui tá muito interessante e não aqui não tem coronavírus. Sou tratada de uma maneira muito especial, não preciso fazer nada, apenas existir, afinal, sou diferente de todo o tipo de gente que já viram passar por este mundo. Nunca viram uma humana fêmea antes, como dizem, menos ainda albina. O que mais eles amavam em mim era os meus olhos, sendo que eles têm os olhos mais lindos e inexistentes na Terra. Alguém já viu olhos de cor verde-escuro? É, eu também não. Ainda pensando na Terra, a este ponto alguém deve ter feito um cartaz meu com a foto mais ridícula que encontrarem e terem postado no f*******:, ou no i********:, deve estar percorrendo pelos grupos de w******p, ou passando no BA TV. Quando eu voltar, não sei o que poderei inventar, precisa ser algo bem convincente, porque ninguém vai acreditar em mim. Estou olhando para a lua através da janela do meu quarto, me aproximo e me debruço. A noite está silenciosa e agradável, a floresta parece quieta até eu ver, bem de longe, uma tocha sendo carregada, me concentro tanto que acabo conseguindo ouvir os gritos de uma mulher. — Oh, meu Deus — digo com as mãos a abafar a voz. *** A Rainha é acordada pela cortesã e em seguida sou ouvida por ela, ela manda que alguns guardas vasculhem o perímetro para descobrirem alguma coisa. Os guardas montam em gravetanos adestrados e vão para floresta adentro. — Você conseguiu enxergar a pessoa? — pergunta a Rainha Matid para mim. — Não, Senhora — respondo já preocupada. — Eu só ouvi os gritos e pela voz parecia ser uma mulher — eu havia mostrado a direção antes para ela. — Por que eles estão atacando pessoas do meu Reino? — a Rainha se questiona em voz alta. — A cidade murada é bem protegida, mas não parece ser o suficiente. — Talvez eles tenham uma base por aqui por perto, seja lá quem ele são — eu dou um palpite, mas a Rainha me olha boquiaberta como se fosse a coisa mais inteligente que alguém poderia dizer para ela. — Rosy de Aster, você tem total razão. Eles podem ter uma base por estas redondezas. Como eu não pensei nisto antes? Mas como esconder de nós? A não ser que estejam na caverna do Devorador, mas seria impossível, ninguém tem coragem de ir para lá, o Devorador come tudo e é indestrutível. — O que é o Devorador? — Um verme gigante e imortal, mas ele não sai da sua caverna, porém, entrar lá é cometer suicídio. Jamais mandaria homens meus para lá somente para me certificar de que nossos inimigos não estão pela redondeza. O Devorador consegue lançar a sua língua para fora da caverna e comer qualquer ser vivo ambulante que se aproximar. — E o que vai fazer, Majestade? — Amanhã mesmo eu vou formar uma tropa de guerreiros e rastreadores para tentarmos encontrar qualquer lugar suspeito de organização ilegal. Matid me agradece muito pelo meu apoio, disse que foi como se eu tivesse aberto os seus olhos, mas eu senti que ela tentou me fazer de necessária, o problema é que eu não sou. Não fiz nada demais, nem sou muito de dar palpites. Espero que da próxima eu fique de boca fechada, isso n******e virar um hábito, eu não posso me arriscar. Também espero que a mulher que gritou esteja bem. *** O sol nasceu, parece estar bem cedo e eu não sei como faço para saber as horas. Eu começo a passear pelo Castelo para ir à sala do banquete e fico chateada quando vejo que não têm quase ninguém. Ali, geralmente, é cheio de gente e já conheci muitas pessoas, mas quem eu quero mesmo ver é o Príncipe Metrim, só que ele anda tão ocupado com os Guardiões do Castelo. Só o vi uma vez quando fui ao pátio central ver um show de danças. A Rainha foi à floresta e levou um monte de gente com ela, os árvomes extremistas estavam à solta pelas terras do Reino, precisam detê-los. A cortesã, que é uma pessoa muito amistosa, por nome de Lehzi, me contou que a garota qual encontraram era uma jovem plebeia que estava a colher algumas planas medicinais à noite para o seu avô doente, era urgente e a área qual ela foi era o único lugar onde se podia encontrar as tais plantas. Foi aí que dois homens encapuzados a pegaram e a arrastaram pela floresta. A direção que Rosy apontou foi a que percorreram para procurarem pela garota, ela foi deixada antes que se aproximassem, ainda bem que os gravetanos são rápidos, senão, com certeza a garota poderia estar morta. Ela agora passa bem, infelizmente o avô dela faleceu. Disseram que se não fosse por minha causa, poderia ter havido duas mortes. Ainda insisto em dizer que não fiz nada espetacular e quem salvou a vida da garota foram os guerreiros. *** O dia é tão chato que eu consigo ouvir a minha própria respiração dentro do meu quarto. Então, saio para me distrair. Nem acredito que estou sobrevivendo sem celular, se eu estivesse com ele agora, teria tirado tanta foto que iria encher a memória, até descarregar. Ao passear pelo pátio, me bato com as 8 meninas dançarinas, negras, cabelos enormes, ondulados e verde-musgo, da cor dos olhos, bem magras e eram as únicas árvomes da raça Nízka, que eu vi, que usavam brincos e argolas e pulseiras. Lehzi me disse para não me misturar com elas, disse que eram malvadas e não se importavam com as pessoas, mesmo assim eu vou arriscar. Elas não podem ser diabólicas. Não é? — Oi! — saúdo de maneira prolongada. As meninas olham para mim, depois olham entre si e voltam para mim de novo, agora com mais alegria. — Oi, humana — responde uma delas com um enorme sorriso com caninos longos como de raposas. — Creio que você é a Rosy de Aster — diz outra —, todo mundo fala de você, e olha que você não fez nada. — Isso não é jeito de falar com a humana, Borinna — repreende a primeira. — Não, tudo bem — digo. — Ela tá certa. Eu não fiz nada, e parece que nem vou fazer, não sou como os outros humanos que vieram antes de mim. A árvome se põe de pé para me cumprimentar, ela é bem alta, possui um sorriso presunçoso, como todas as outras, exceto uma calada, a única de cabelos mais escorridos que eu vi até então e tinhas algumas madeixas trançadas. — Eu sou a Longna — ela faz a reverência típica do Reino, cruza as palmas das mãos de modo a juntar os dois polegares como se representasse uma libélula e aproxima para o peito, depois para a testa, eu a imito. — O que te trouxe até a nós, humana? — Eu sou apaixonada pela arte da dança, amo dançar e quando vi vocês, fiquei encantada. — Sinto-me amável com este comentário, humana. Eu quem produzo os passos deste g***o de dança. Sou a professora destas garotas, tenho 75 anos, elas são mais novas, têm entre 60 a 65 anos. — Isto é incrível, no meu mundo 75 anos é a idade de uma idosa. — O que disse? Eu percebo pelo tom de voz da Longna que ela não gosta do que acabo de falar, então tento me retratar. — Não, eu não disse que você parece ser idosa, na verdade parecem ser bem mais jovem que eu… — e parece que não está ajudando, pois, ela ainda parece estar ofendida, mas quando ela desfaz a expressar de dúvida para contentamento, eu fico mais tranquila, depois mudo de assunto. — Bom, o que vocês fazem para se divertirem aqui? — Olha, estávamos para ir a um lugar bem especial aqui do Castelo. Você sabe nadar? Aquela pergunta foi bem interessante, aposto que tem uma piscina aqui. O mais interessante é que imediatamente a calada, a do cabelo mais escorrido, olha rapidamente para Longna. — Sei sim — respondo. — Ótimo, vem conosco. As outras meninas se levantam do chão a rir e andam na frente. Elas são bem altas e têm corpos esculturais. As suas roupas não tão compostas as tornam mais peculiares que os demais árvomes daquela raça que para mim já são peculiares. Elas me conduzem a uma área do Castelo bastante isolada, descemos por uma escadaria larga e no fim há uma corrente de água e aparenta ser perigosa. Eu paro para observar, e as água são violentas, parecendo aqueles rios para se aventurar de caiaque. — Este Castelo foi construído em cima do Rio Violento que na verdade é um manancial que expele água como um gêiser incessantemente — explica Longna. — Ele abastece o castelo há gerações. — Vocês nadam aqui? — pergunto um pouco desconfiada. — Não, só te trouxemos porque você é uma humana i****a e sem graça. Essas declarações da Longna me deixam extremamente decepcionada. Acho que ela tem razão, eu sou i****a e sem graça. Por que eu confiei nelas? Eu já fui alertada, mas insisti porque me sentia entediada. Eu me preparo para subir à escadaria e ir embora, mas sou pega de surpresa quando Longna me empurra sem mais nem menos e com toda a força que ela tinha para o Rio Violento. Eu caio na água, mas tudo o que consigo entender depois disto é que a tímida grita para Longna perguntando por que ela fez aquilo, e Longna reponde dizendo que eu sei nadar, mas estou me debatendo para não me afogar.
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