Almas

1734 Words
Capítulo-XX. Almas " Almas que se atraem, almas que andam juntas, almas que procuram o fio da conexão, almas que se reconhecem e iniciam uma nova jornada juntos." Varuna Eu a trazia pela mão como se estivesse segurando uma flor rara. A porta do apartamento abriu-se, nos recebendo. Era um espaço nosso por algumas horas, um lugar onde teria os sorrisos dela e sua atenção só para mim. — É grande, né? — falou baixinho, com timidez e um certo medo. — Pertence ao meu avô. Hoje é nosso. Me coloquei diante dela, desejando beijá-la sem pressa. Toquei seu rosto pequeno, acariciei e, vagarosamente, desci meus lábios até os seus. A carne macia me recebeu. Nossas línguas se encontraram como dois raios colidindo, provocando uma explosão. Segurei sua pequena cintura, apertei-a e a trouxe contra mim. Ficamos alinhados, eu sedento e ela receptiva. Meu sangue corria forte, o desejo floresceu e meu corpo respondeu dentro da calça. Apertei Camila com mais força. Seu cheiro delicado invadia meu olfato como um convite irresistível. Minha ereção roçava em sua barriga e gemi, incapaz de conter. Então precisei soltá-la, me afastar. Fui até uma das janelas e a abri, tentando dissipar o calor escaldante que me consumia. Sei que Camila não entendeu nada, mas eu compreendi perfeitamente: se continuasse com ela em meus braços, na intensidade do que eu estava sentindo, poderia levá-la diretamente ao quarto e arrancar-lhe a roupa. Não era isso que eu queria. Se tivesse que acontecer, seria com o consentimento dela. Respirei fundo, posicionei as mãos no batente da janela e puxei o ar com força, fechando os olhos. — Aconteceu alguma coisa? — a voz fina e delicada chegou aos meus ouvidos. Olhei por cima do ombro. Ela estava parada no mesmo lugar, com olhos confusos, como quem não entende por que alguém interromperia um beijo tão bom para se afastar abruptamente. — Só estou precisando de alguns minutinhos longe de você. — Tentei soar carinhoso, não queria que pensasse que havia desprezo em minha atitude. — Longe de mim? Eu fiz alguma coisa errada? — perguntou com uma vozinha entristecida que arrebentou meu coração. Dei um soco leve, de punho fechado, no batente da janela e me voltei rápido para ela. Andei depressa, alcancei-a, abracei-a e a apertei contra meu corpo. Minhas mãos se infiltraram em seus cabelos, e fechei os olhos, apreciando o contato. — Você não fez nada de errado. Muito pelo contrário, está tudo certo demais. O problema é que não consegui controlar meu desejo por você. Fiquei e******o, quis você como minha… e se continuasse, eu não iria conseguir parar. Enquanto falava, minhas palavras eram baixas, quase um sussurro. Me alimentava de sua presença. Ela era suficiente. — Me diz… como é que é? — a indagação de Camila me fez afastar um pouco, olhando fundo em seus olhos, esperando que completasse a frase. Mas ela permaneceu calada. — Do que exatamente você quer saber, minha menina? — perguntei, deslizando o polegar por sua face. Sua pele era tão suave quanto o mais fino tecido. Camila era delicada, de corpo frágil, mas muito bem formado. — Essa i********e que muitos casais têm… como ela é? Sorri. Não sabia como explicar a uma garota virgem que o sexo era maravilhoso, mas possuía muitas faces: poderia ser sujo, duro, romântico, carinhoso, depravado, perverso ou sutil. Não há como explicar algo que só o corpo entende. Só sabemos que é bom, que faz bem e que, quando se começa, o corpo pede mais. É química, entrega. Sem isso, fica vazio, e muitos casais acabam se desfazendo. A i********e não é 100% de um relacionamento, mas ocupa ao menos 50% dele. Camila balançou a cabeça em leve afirmação. Soltei-a dos meus braços e segurei sua mão. — Quer conhecer o resto do apartamento? Aqui tem uma sacada bonita. — Uhum. — respondeu como uma criança, e eu sorri. Ela não tinha o amadurecimento, nem conhecia os jogos de sedução de uma mulher experiente. Não fazia charme nem joguinhos. Camila tinha o dom de apenas ser ela mesma — e essa simplicidade me lançava em um encantamento arrebatador. A levei cômodo por cômodo, mostrando os cantos do apartamento, embora não houvesse móveis, apenas o quarto com um armário e uma cama integrada. Ao pensar em passar a noite com ela, conversarmos, namorarmos sem pressa e sem medo de sermos flagrados, pensei logo neste apartamento. Trouxe apenas cobertas e lençóis, escondidos no porta-malas, caso ela aceitasse passar a noite comigo. — Quer sair, Camila? Comer algo, beber alguma coisa? — perguntei ao voltarmos à sala. — Não, muito obrigada. Estou bem, já jantei. A voz mimosa dela me enlouquecia, fazia-me imaginar seus gemidos. Conduzi Camila até o quarto. Quando ela viu o colchão ainda sem lençol, ergueu a cabeça, olhou para mim, engoliu seco e passou a ponta da língua pelos lábios. — Dentro desse quarto só vai acontecer alguma coisa se você permitir. Não serei um canalha que ignora o seu “não”, nem um abusador. Não farei nada contra você. Ela pareceu pensar, depois balançou a cabeça afirmando. Deu um passo para dentro, um pouco intimidada, olhando para a cama como se fosse uma ameaça. Passou longe do móvel e foi direto à janela. Olhou para o céu, magnífico, estrelado, com a lua brilhando. Aproximei-me e a abracei por trás. — Você está com medo, minha menina? — perguntei, consciente de que precisava de tato. Eu não queria que Camila guardasse lembranças ruins, mas boas. — Não é medo. É receio. Eu sou muito nova… nós m*l nos conhecemos. Fico pensando: depois daqui, se acontecer alguma coisa… como será depois? — Depois nós iremos viver. Continuaremos sentindo, porque a vida não para. — Eu sei, Varuna. Mas me refiro a nós dois. Eu moro no Rio de Janeiro, você em São Paulo. Nós nos encontramos por acaso, como se fosse obra do destino. Teremos apenas as memórias? — É criar memórias. Mas te prometo que vou te procurar. Não vamos nos perder. Irei ao Rio atrás de você. Camila virou-se para mim, olhos brilhando. Tocou meu rosto com uma mão e repousou a outra em meu peito. — Promete que vai mesmo me procurar? Que não vai me abandonar? Que não seremos apenas um casal do momento? — Prometo, minha menina. Prometo que vou te procurar, esteja você onde estiver. — arrumei uma mecha do seu cabelo, sorrindo. Estar com ela era ter paz, ter luz, sair das sombras, esquecer quem eu era e me tornar outro. Sentia que havia duas versões de mim — e a melhor era a dela. — Já ouviu aquela canção que diz: “por onde for, quero ser seu par”? É a mais pura verdade. Por onde você andar, Camila, eu quero ser o seu par. Não sei por que disse aquilo, mas escapou espontaneamente. Ela abriu um sorriso lindo, os olhos brilharam ainda mais, e senti meu coração derreter. Eu a queria, a desejava… mas algo mais forte surgia dentro de mim: a sensação de posse, sim, mas também uma sensação avassaladora causada apenas por sua presença. Como fios outrora rompidos, agora unidos em nós apertados que ninguém poderia desatar. Nos beijamos novamente. Um beijo calmo, apaixonado, cheio de calor. Sua língua entrelaçada à minha, e eu feliz por tê-la em meus braços. Algo dentro de mim gritava: até que enfim você chegou. Até que enfim posso te sentir de verdade. Termei o beijo puxando o lábios inferior da menina entre meus lábios. Após beijei sua testa e aprende em outro abraço. Meu coração martelava dentro do peito. E a sensação escaldante não me deixava. Olhei para na direção da praia, um ideia enfim surgiu. _ Vamos caminhar na praia, quero ouvir mais sobre você. - Era um pedido de tempo que meu corpo precisava para ficar livre a excitação. Camila aceitou descemos e agora estamos aqui, ouvindo o barulho das ondas com nossos pés afundando na areia a cada passo que damos. —Você tem irmãos, Varuna? -Ela me pergunta, enquanto nossas mãos se entrelaçam. Camila segura a sandália e a barra do vestido, enquanto eu, com a outra mão, seguro meus sapatos. Não há ninguém na praia, apenas nós, caminhando perto da margem onde as ondas quebram e molham nossos pés. —Não sou filho único, mas minha mãe teve uma menina antes de mim, que infelizmente não sobreviveu. —Ah, meu Deus, que tristeza. Sua mãe deve ter sofrido muito; perder um filho é devastador. Sei disso porque vejo a dor nos olhos da minha avó, que chora a cada aniversário de falecimento da minha tia. A saudade é imensa para quem gerou, amamentou e deu à luz; é como se um pedaço da mãe se fosse, pois um filho é parte de nós, mulheres, é algo que sai de dentro de nossas entranhas, não tem como ser diferente. As palavras dela são profundas, e eu olho para Camila, fascinado. —E você, Camila, tem irmãos? — Sim, dois meio-irmãos por parte de pai, mas a ex-esposa dele não me suporta, então não tenho contato com os meninos. Kátia não suporta nem ouvir o meu nome, ela acaba em crise de choro. Não posso julgdá-la, entendo que minha mãe destruiu o casamento deles. Não só minha mãe o fez, mas meu pai também; se ele fosse um homem honesto e leal à primeira esposa, nunca teria olhado para minha mãe. — Então você condena seu pai por ter tido um relacionamento fora do casamento? — Não é bem uma condenação, mas é a minha opinião. Acredito que, quando um homem escolhe uma mulher para se casar, ele deve respeitá-la. Se o relacionamento não está bom, é simples: termina e começa outro. Não consigo entender por que um homem forma uma família se deseja continuar a viver como solteiro, buscando outras companheiras. Será que não percebem que, além de atrapalhar a vida da esposa, também estão impedindo a outra pessoa de encontrar alguém livre e desta forma construir uma relação saudável? Ser amante não é ter uma relação saudável. — É complicado entender a cabeça dos outros, Camila. Não podemos falar por ninguém, apenas por nós mesmos, e cada um pensa de uma forma. Essa é a beleza da nossa racionalidade. Continuamos andando dessa vez o único som que ouvimos é o mar cantando sua incansável melodia.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD