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Caminhos do amor (Vol.1)

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Esta obra conta a jornada de uma jovem que se sente perdida e encontra um sentindo para sua vida ao se apaixonar. Nayara tem sonhos indefinidos e ao conhecer a Paola é arrebatada pelo amor. Inicialmente confusa, ela vai lutar para entender os próprios sentimentos e interpretar os sinais da ruiva, que lhe encanta a cada novo encontro. O casal se concretiza sem pressa e com o início do namoro tudo se intensifica. A família, a diferença social e a perspectiva das duas sobre a vida entram em confronto diversas vezes e para superar cada desafio a Nayara coloca à frente seu lado mais paciente, humilde e generoso. A obra apresenta um romance doce, delicado, sensual e intenso.

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Novos caminhos
Devia ser apenas mais um dia ensolarado perfeito para aproveitar a praia no Rio de Janeiro e certamente era para muitos cariocas, mas não para mim que estava prestes a deixar o Brasil e ir passar uma temporada estudando na Espanha. Essa viagem era a minha esperança de finalmente conseguir encontrar o meu caminho na vida.  Acordei cedo para chegar com antecedência ao aeroporto e enquanto organizava meus itens pessoais em uma bagagem de mão fiquei pensativa. Com essa viagem e os meses longe de casa esperava finalmente encontrar respostas aos meus questionamentos pessoais e quem sabe descobrir minha vocação profissional. Quatro anos após o fim do ensino médio eu ainda não havia decidido seguir nenhuma profissão e essa incerteza me deixava muito preocupada com o meu futuro.  Enquanto dirigia até o aeroporto ouvi as diversas recomendações médicas e de segurança da minha mãe. Pela primeira ficaríamos distantes por meses e ela não conseguia esconder sua preocupação.  - Eu vou ficar bem Doutora Andréia!  Garanti querendo deixá-la mais tranquila quando chegávamos ao Galeão (Aeroporto), e ela trocou as recomendações por um silêncio angustiante.  - Mãe, seu silêncio está me deixando com medo.  Confessei olhando para ela que fitou meus olhos.  - Acabei de perceber que o tempo passou rápido e eu me dediquei muito mais ao trabalho do que a você. Sinto que faltei como mãe.  Ouvindo sua afirmação eu sorri.  - A senhora sempre ficou ao meu lado; sempre foi presente. Não pense uma bobagem dessas. Agora tente ficar feliz por mim, estou indo em busca de um propósito para minha vida, quem sabe uma vocação.  Afirmei tentando confortá-la. Nos últimos anos enquanto buscava por uma aptidão profissional eu só consegui descobrir o que não levava o menor jeito para fazer.  - Espero que se lembre de falar comigo regularmente.  Disse emotiva e eu lhe dei mais um abraço apertado.  - Vou me lembrar! Estou de volta antes que sinta minha falta.  Brinquei tentando deixá-la mais animada e quando ouvi a chamada de embarque o meu coração ficou apertado. Despedi da minha mãe com um abraço forte e uma parte de mim ficou triste por deixá-la no Rio, porém a outra parte estava há meses esperando por essa temporada na Espanha.  Há tempos estava focada em conseguir uma bolsa de estudos em Madrid. Escrevi-me em um programa de bolsas para estrangeiros e me dediquei em cada redação que escrevi e nas entrevistas que participei. Foi um processo de semanas e depois eu ainda precisei lidar com a minha ansiedade por mais alguns dias até receber um e-mail de aprovação.  Antes de ter a perspectiva da bolsa de estudos eu estava perdida. Cheguei a pensar que todo mundo sabia o que fazer da própria vida. Aos vinte e dois anos não ter ideia do próprio futuro é no mínimo frustrante.  O voo foi longo e para mim muito mais cansativo pela ansiedade. Ao chegar à Madrid desembarquei no aeroporto de Barajas, onde a minha prima e o noivo me esperavam. Há cinco anos a Júlia vivia em Madrid e o nosso último encontro aconteceu dois anos atrás no réveillon, quando ela esteve no Rio de Janeiro para apresentar o Nick à família.  - Que saudades prima!  Declarou enquanto me abraçava.  - Estava com saudades também.  E agora espero não atrapalhar você.  Sorri olhando para ela que sorriu de volta.  - Você não vai atrapalhar prima.  Garantiu.  - Seja Bem vinda Nayara!  O Nick me recebeu com um abraço.  - Vamos para casa. Você deve estar cansada e com fome. Estou certa?  Questionou a Júlia e eu concordei.  - O apartamento onde moro é modesto, mas é confortável. Eu preparei um quarto para você e garanto que vai ficar bem instalada. Ela disse me ajudando com a bagagem. A Júlia e eu fomos criadas como irmãs.  Perdemos partes importantes da nossa família muito cedo. O meu pai faleceu quando eu tinha oito meses, vítima de um acidente no local de trabalho e a mãe da Júlia faleceu quando ela tinha apenas dois anos. Diante dessas perdas a minha mãe e o meu tio Pedro, pai da Júlia e irmão do meu pai, resolveram ser vizinhos acreditando que assim nós duas teríamos a nossa família completa. No caminho até o apartamento da Júlia fiquei encantada com tudo que consegui ver janela a fora. O clima de Madrid era diferente, as ruas, as cores, as pessoas e as roupas que elas vestiam. Era fim do inverno na Espanha e por mais que eu sentisse frio, observei que as pessoas não andavam muito agasalhadas, usavam no máximo um cachecol para se proteger da frieza e também pra deixar o visual mais elegante. - Nem acredito que estou na Espanha. Declarei maravilhada. - Sei o que está sentindo Nay. Fiquei encantada desde o primeiro dia que cheguei e estou assim até hoje. Confessou a Júlia. - No seu caso sei bem pelo quê se encantou. Brinquei. A Júlia e o Nick estavam juntos há quase sete anos. Ela estava terminando a faculdade de publicidade e propagando quando uma amiga em comum os apresentou através de uma rede social. Os dois namoraram à distância por um tempo até que ele a convenceu a ir fazer uma especialização e trabalhar em sua casa noturna em Madrid. Lembrava-me muito bem de como o tio Pedro detestou a ideia e tentou convencê-la a recusar. No fim tudo que o meu tio conseguiu foi a palavra do Nicolas de que ele e a Júlia só morariam juntos depois de se casarem. Chegando a rua onde a Júlia morava, observei que havia vários prédios residenciais e um parque com muitas árvores próximo. O local era bem agradável e organizado. Assim que passamos pela portaria a Júlia me apresentou ao porteiro e outras pessoas que cruzamos no elevador. Agindo como uma irmã mais velha ela me deu uma dica importante. - Fazer amizade em um lugar onde somos estrangeiras é essencial. Nunca se sabe quando você vai precisar de um contato de emergência. Ao entrar em seu apartamento fique surpresa. Embora fosse pequeno, era bem arrumado e decorado. Todos os detalhes tinham um toque da personalidade dela que sempre foi muito detalhista. - Seu apartamento é aconchegante. Elogiei a fazendo sorrir. - Agora é nosso apartamento. Tenho certeza que vai se sentir em casa. Disse empolgada. - Vou apresentar os cômodos. Sem tirar o sorriso do rosto ela me mostrou todo o apartamento, que era bem dividido. Uma cozinha americana, sala de estar, banheiro social, um quarto com suíte, que era o dela, e um quarto de hospede menor que estava carinhosamente preparado para me receber. Sendo gentil ela até pôs uma foto da nossa família na cabeceira da minha cama. - Eu espero que tenha gostado prima. Por enquanto vamos morar aqui, mas depois do casamento, mudamos para outro lugar, onde você terá um quarto mais confortável com banheiro. Garantiu me deixando sem graça. - O quarto é perfeito. Tenho cama, guarda-roupa, mesa de estudo e prateleiras para os meus livros. Não preciso de mais nada. Obrigada! Agradeci sorrindo. - Fico feliz que tenha gostado. O Nick me ajudou a preparar o quarto, foi ele quem pensou em colocar mais prateleiras para você. Disse rindo. - Obrigada Nick! Até parece que você me conhece muito bem. Agradeci a ele que sorriu com simpatia. - A Júlia sempre falou muito de você. Ter a sua companhia vai deixá-la mais calma, agora que está se aproximando o dia do nosso casamento. - Posso imaginar o quanto isso deve causar ansiedade em você prima. Sorri para a Júlia. - Se quiser, amanhã posso lhe mostrar alguns lugares e levá-la até o local do seu curso. O Nick ofereceu-se educadamente. - Confesso que estou ansiosa para conhecer a cidade. Mas só posso aceitar se realmente não for atrapalhar seus compromissos. - Tudo bem Nayara. Eu me programei para poder ser seu guia pelo menos por um dia. Disse ele sorrindo e eu aceitei sua ajuda de bom grado. - Agora vamos deixar você desfazer as malas e se organizar no quarto. Não se esqueça de avisar para a tia Andréia que você chegou. Lembrou-me a Júlia. Minha mãe certamente estava ansiosa por notícias. Mesmo cansada sentia vontade de sair e andar pela cidade. Antes de conquistar a bolsa de estudos que me trouxe à Espanha fiquei estranhamente obcecada pelo país. Imprimi fotos dos lugares históricos e turísticos e colei em um mural no meu quarto para ficar admirando. Comprei livros que falavam sobre o país e comecei a me sentir conectada a ele mesmo sem conhecê-lo. Cheguei a sonhar com um parque de Madrid, como se estivesse passeando por ele em um fim de tarde quando o sol pintava o céu em um tom alaranjado ao se pôr. Depois desse sonho deduzi que tinha um caminho a percorrer na Espanha e que essa trajetória me reservava algo importante, talvez até o meu destino. Depois de desfazer as malas e de falar com a minha mãe, que ficou bem mais tranquila, deixei o quarto e fui conversar um pouco com a Júlia e o Nick. Da primeira vez em que conversamos no Rio, ele me falou muito da sua boate, disse que era uma das melhores da cidade. Desta vez não foi diferente, ele voltou a falar da sua casa noturna com orgulho, e a minha prima parecia se orgulhar também. Há algum tempo os dois trabalhavam buscando transformar a boate em um espaço de eventos diversificados. - Amanhã você vai conhecer a casa. Tenho certeza que vai gostar. Afirmou a Júlia. Embora eu não fosse muito de sair, sempre que podia aproveitar a noite com as minhas amigas no Rio as nossas melhores opções eram as casas noturnas da cidade. Continuamos uma conversa sobre a vida em Madrid até ficar bem tarde. - Boa noite Nayara! Mais tarde venho buscar você para andarmos pela cidade. Disse o Nick me deixando empolgada e ansiosa. - Certo. Obrigada mais uma vez. Até amanhã casal! Despedi-me dos dois e fui para o quarto. Dormir naquela noite foi mais difícil que na anterior. Levantei-me e nem pensei em olhar à hora. Por um minuto pensei que estava em casa, mas foi só entrar no banheiro e lavar o rosto que logo lembrei que estava bem longe. Sem ter noção de tempo, imaginei que tivesse dormido demais, então me apressei em tomar um banho e trocar de roupa para esperar pelo Nick. - Bom dia Nayara! - Bom dia Nick! Cumprimentamo-nos sorridentes. - Pronta para sair? Perguntou ele. - Estou sim, mas ainda não comi nada. Onde está a Júlia? - Ela saiu mais cedo hoje. Podemos tomar café aqui perto. Vamos? - Por mim tudo bem. Respondi contente. Queria começar a explorar o lugar mesmo que fosse inda à padaria. - Vamos indo. Dormiu bem? - Muito bem. Até me senti um pouco perdida ao acordar. Confessei o fazendo rir. O Nick além de muito bonito e charmoso, era também um cara super atencioso. Durante o café, ele me falou um pouco mais da cidade e também do lugar onde eu faria o curso avançado de espanhol. Eu conhecia parte da história do centro de formação em línguas, mas ele mencionou que o lugar recebia diversos incentivos de empresas privadas que apostavam na ideia de tornar o idioma do país mais acessível aos estrangeiros. Essa era uma estratégia para tornar a língua cada vez mais prestigiada no cenário internacional. Depois do café começamos o nosso passeio turístico e eu fiquei fascinada com todos os lugares que conheci. Passamos o dia andando por alguns pontos históricos e turísticos, e no fim da tarde encontramos com a Julia em um Bistrô na área central da cidade. - Oi meu amor... Oi prima! Andaram muito hoje? A Júlia nos perguntou assim que nos juntamos com ela à mesa. - Bastante. Eu estou amando essa cidade. Declarei empolgada. - Mas você conheceu o lugar onde vai fazer o curso Nay? Ela perguntou. - Hoje não, mas amanhã eu vou até curso confirmar minha matrícula. - Levo você de carro e depois vou trabalhar. Ofereceu o Nick e eu agradeci. Mudamos de assunto e começamos a falar sobre a gastronomia local. - Você vai adorar experimentar a Paella. A mais tradicional; repleta de frutos do mar e especiarias. É um dos nossos pratos favoritos. Disse ele olhando para a Júlia. - Estou certa de que vou gostar. Falei tentando não rir dos olhares bobos que um lançava para o outro, como se aquele prato contasse algo sobre os dois. - Nayara, tem disposição pra ir conhecer a minha casa noturna? Convidou o Nick após terminarmos o jantar e eu aceitei imediatamente. Seguimos até uma rua famosa da cidade, onde havia muitos outros restaurantes, bares, e boates. Cada estabelecimento tinha uma fachada mais atrativa que a outra e a do Nick não ficou para trás em nada. O lugar era impressionante, moderno. Elogiei assim que ele parou o carro em frente ao enorme prédio com a fachada espelhada e um logotipo chanfrado onde estava escrito em vermelho, Meeting (encontro). Após me apresentar a alguns funcionários que por ali estavam ele fez questão de me mostrar todos os ambientes e detalhes da casa. Além da decoração sofisticada, as divisões dos espaços chamaram minha atenção. A pista de dança em frente ao palco principal era grande, certamente era possível organizar vários tipos de eventos e festas. O bar era iluminado e tinha um designer moderno com poltronas altas forradas em um coro vermelho. Entre os ambientes havia um lounge vip, com sofás e mesas de madeira e vidro. Um espaço que tinha visivelmente um cuidado especial. - O que achou? O Nick perguntou quase analisando minhas expressões. - É incrível, de bom gosto. Parabéns! - Tem mais! Ele disse antes de me apresentar os demais espaços da casa. Inclusive o depósito, os banheiros e os escritórios na parte superior da boate. No escritório principal que pertencia a ele nos sentamos um pouco para conversar. Orgulhoso ele mencionou alguns dos eventos que costumava realizar anualmente. Enquanto ele falava notei um brilho em seus olhos, sempre admirei pessoas que tinham uma conexão especial com o trabalho, e esperava sentir o mesmo algum dia. Quando iniciei o ensino médio, e todos os meus professores só falavam em escolher uma carreira para o futuro eu comecei a viver um dilema. Não conhecia minha vocação, então passei a considerar seguir o caminho da minha mãe. Preparei-me para fazer o vestibular do curso de medicina, estudando dia e noite, incansavelmente. Praticamente me isolei nos anos finais do colégio para fazer o vestibular e quando consegui, fiquei mais preocupada do que animada. Insisti na ideia por dois semestres até perceber que quando eu pensava em alguém precisando de ajuda médica sentia vontade de ligar para a emergência, a partir desse pensamento ficou claro que a única médica na família era a minha mãe. Como segunda opção, espelhei-me no meu tio, um excelente advogado, muito prestigiado e reconhecido especialista em direito administrativo. Resolvi tentar o curso de direito, onde em pouco mais de um semestre eu recuei por não conseguir me ver como uma advogada.  Sem saber ao certo o que fazer, acabei largando duas faculdades e preferi dedicar um tempo a aperfeiçoar meu inglês, em seguida me interessei pelo espanhol e foi quando surgiu a possibilidade de uma bolsa de estudos. Após um dia agitado e super agradável, voltamos ao apartamento. E para me acostumar com o meu novo horário, me apressei em ir dormir. Na manhã seguinte ao contrário do dia anterior acordei sem me sentir deslocada. Vesti a minha melhor roupa, como se me aprontasse para o dia mais importante da minha vida e logo fui tomar café. - Bom dia Júlia! Cumprimentei-a sorridente. - Bom dia Nay! Dormiu muito bem pelo jeito. - Sim e acordei super disposta hoje! E o Nick, onde está? - Na casa dele, mas daqui a pouco está chegando. Ele ficou de levar você ao local do seu curso, não foi? - Foi sim. Apenas me levar. Depois eu volto sozinha. - Pode voltar de táxi. Sugeriu parecendo preocupada. - Fica despreocupada prima, não vou me perder na cidade. Afirmei rindo. Tomamos o café juntas e quando ela saiu para trabalhar eu fiquei na sala lendo enquanto esperava o Nicolas. Peguei um livro qualquer e fiquei intrigada ao me deparar com um tipo de manual do bom relacionamento. O livro falava sobre amor, paixão e perdão. Logo nas primeiras linhas a autora afirmava que todos os caminhos que escolhermos trilhas, sejam essas escolhas certas ou erradas, de alguma forma ou de outra nos levam ao encontro do amor da nossa vida. Em primeiro momento essa afirmação me pareceu tendenciosa, mas depois eu concluí que talvez essa fosse a minha percepção por nunca ter sentido meu coração bater mais forte por alguém. O amor era um tema desconhecido por mim. Distraída não percebi a chegada do Nick, que me deu um grande susto. - Bom dia Nick! O cumprimentei enquanto ele ria de mim. - Bom dia! Desculpe assustá-la. Podemos ir? - Podemos sim. - Hoje vai andar sozinha pela cidade. Está preparada? Perguntou olhando pra mim e eu sorri ao responder. - Estava ansiosa por esse dia. Afirmei confiante e ele sorriu. Enquanto dirigia, o Nick fez questão de me ajudar indicando os locais onde eu poderia pegar um ônibus ou metrô, assim ficaria fácil me locomover pela cidade, principalmente quando o meu curso começasse. - Divirta-se Nayara! Disse ele ao despedir-se de mim em frente ao prédio do curso. Sorrimos um para o outro e eu saí do carro indo em direção ao grande portão azul de entrada do centro de formação de idiomas. O lugar era ainda mais vistoso pessoalmente. Passando os portões, havia um jardim simples e bem cuidado com flores naturais da Espanha. Assim que entrei pela porta principal da recepção me deparei com uma sala ampla, bem iluminada, e com um piso tão brilhoso, que eu até fiquei com medo de sujar. Em uma das paredes, havia um grande mural com fotos de alunos com seus certificados de conclusão do curso. Fotos que olhei com curiosidade antes de me sentar e ficar esperando para falar com a recepcionista que estava ocupada atendendo outra pessoa. Distraí-me por um momento vendo umas revistas até que ouvi uma voz que chamou minha atenção. Levantei os olhos tentando ser discreta, e observei uma moça ruiva, muito bonita e bem vestida cumprimentando a moça da recepção. Notei que ela tinha um lindo sorriso da ruiva e fiquei atenta ao som da voz dela, que era estranhamente doce e musical. Quando fui percebida baixei a cabeça sem graça. Sem querer agi com indiscrição encarando a ruiva que pareceu rir de mim. Esperei mais um pouco até ir ao balcão da recepção e tentar falar com a recepcionista. Falando o básico em espanhol perguntei informações sobre o meu curso e quando me perdi no que ela falava comecei a falar em inglês, foi quando a ruiva, sorrindo, pediu a minha pasta a moça da recepção, e ao ver minha ficha ela levantou uma sobrancelha e sorriu antes de perguntar em português: - Você é brasileira e carioca? - Sim. Confirmei. - Eu nasci no Rio de Janeiro. Afirmou sorrindo e eu fiquei contente ao encontrar outra brasileira. - Legal. Pode me ajudar? Não estou entendendo o que ela está falando. Pedi sorrindo para ela e ficando sem graça. Sendo simpática ela me ajudou a fazer a matrícula presencial e em seguida eu recebi o material do primeiro módulo do curso. - Agora tem o que precisa senhorita Aguiar. Seja bem vinda! Disse a ruiva. - Agradeço sua ajuda! E pode me chamar de Nayara mesmo. Pedi e ela sorriu de um jeito lindo que me fez sentir estranha. - Posso lhe apresentar o lugar se quiser. Disponibilizou-se e eu agradeci aceitando sem hesitar. - Você está em Madrid desde quando? - Esse é o meu segundo dia aqui. Respondi sorrindo. - Você trabalha ou estuda aqui? Perguntei interessada. - Fiz algumas aulas de italiano aqui, mas isso foi há muito tempo. A empresa em que eu trabalho patrocina algumas bolsas de estudo nesse instituto e por isso estou aqui hoje. Tinha uma reunião com a diretora, mas acredito que ela teve um imprevisto. Afirmou sorrindo e eu me dei conta de que ainda não sabia seu nome. - Desculpa, mas eu ainda não sei qual é o seu nome. Falei a interrompendo. - Nossa, o erro foi meu. Meu nome é Paola Canella. Muito prazer! Cumprimentamo-nos com um aperto de mãos e ao pegar na mão dela senti uma sensação diferente que me deixou desconcertada. Tentei disfarçar, mas ela pareceu perceber e riu do meu embaraço. - Seu nome é muito bonito! Elogiei sentindo meu rosto queimar. - Eu agradeço. O seu também é muito bonito! Sorrimos uma para a outra e continuamos a tour pelo instituto. Muito simpática, a Paola me conduziu por todos os lugares que eu precisava conhecer inclusive a biblioteca. Concluímos o passeio na cafeteria que ficava na área externa do prédio, onde sentamos e ficamos conversando um longo tempo. Estranhamente parecia que nos conhecíamos há muito tempo e que só estávamos colocando o assunto em dia.  Eu contei pra ela como consegui uma bolsa no instituto e dei risada ao falar que antes disso eu havia abandonado dois cursos diferentes na faculdade. Ela riu da minha história e falou um pouco da dela, mencionando que trabalhava na empresa dos pais e que no momento estava tentando provar a sua competência profissional. Continuamos conversando e ela até se ofereceu para me levar a alguns pontos turísticos da cidade e também para conhecer a noite agitada de Madrid. Como a Júlia havia falado que eu precisava fazer amizade, eu concordei com a ideia de encontrá-la outro dia. - Você é gente fina Paola. Afirmei e ela riu. - O que isso quer dizer? Perguntou e dessa vez quem riu fui eu. - Que você é uma boa companhia que é agradável. Expliquei sorrindo e ela agradeceu. - Você também é gente fina! Disse rindo e me fazendo rir. - Ficaria mais tempo conversando com você, mas tenho que trabalhar agora. Lamento. Disse muito educada. - Entendo. Foi ótimo conhecer você! Obrigada pela ajuda e a conversa. Agradeci sorrindo. Ela se levantou e eu também. Dessa vez a cumprimentei como uma carioca, nos demos um abraço, dois beijos e novamente uma sensação diferente me tomou. Senti um arrepio e uma onda de calor passar pelo meu corpo, tudo ao mesmo tempo. - Até a próxima Paola! Despedi-me estranha. Nada daquele tipo havia me ocorrido antes. Enquanto a Paola partia, fiquei olhando para ela e tentando entender o que todas aquelas sensações significavam. Imaginei que havia algo errado comigo e que talvez fosse uma virose pela mudança de clima.

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