Henry Fontinelle
Entro em casa com uma morena gostosa pendurada no meu pescoço, doida pra ser possuída. Ela geme no meu ouvido, me chamando de “delícia”, e eu só penso em calar aquela boca do jeito certo. Estamos subindo as escadas quando o celular vibra. Quem diabos liga essa hora?
Olho a tela. Jéssica.
Ah, claro. O fantasma do erro passado.
Atendo no impulso, com o mau humor já escorrendo pela minha voz.
Ligação on
— Jéssica, o que você quer me ligando essa hora?
— Eu queria te ver… meu gostoso.
— Já falei pra você parar com isso. Faz três anos que a gente terminou.
— Eu ainda te amo, Henry… Mesmo depois de todo esse tempo.
— Não parecia quando te vi nos braços do seu chefe. Devia ter seguido a vida, como eu fiz.
— Foi um momento de fraqueza! Eu me arrependo, você sabe disso.
— Ah, claro. Um beijo por carência, né? Conta outra, Jéssica.
— Henry, ele não significou nada! Foi só um beijo…
— Foi uma traição. E agora, é adeus. De novo. Não me liga mais.
Ligação off
Suspiro e jogo o celular no sofá. Essa mulher ainda vai me enlouquecer. Desde o dia em que a peguei aos beijos com outro, minha cabeça virou. Nunca fui santo, mas com ela eu tinha jurado fidelidade. Depois disso, me prometi: nunca mais amar. Nunca mais confiar. Todas são iguais — diversão e nada mais.
A morena me puxa de volta pra realidade.
— E aí, gato... vamos pro seu quarto?
— Não. Vou te f***r aqui mesmo.
Ela sorri maliciosa e começa a tirar a roupa com uma sensualidade ensaiada. Eu já tô com a mão dentro da calça, acariciando meu m****o duro, só de olhar pra ela. Quando ela ajoelha e começa a me chupar, fecho os olhos e me deixo levar. A boca dela é quente, molhada, desesperada. Quando tô perto de gozar, a seguro pelos ombros.
— Ainda não. Quero gozar dentro de você.
Coloco a camisinha, a ergo no colo e sento no sofá, fazendo ela cavalgar. O som dos gemidos, da pele batendo, da respiração ofegante preenche a sala até meu corpo explodir de prazer.
Acordo com a cabeça latejando. Maldita ressaca. Eu sabia que não devia ter bebido tanto — principalmente sabendo que hoje eu volto a dar aula.
Me levanto e vou direto pro banho. Deixo a água quente cair sobre meu corpo por longos minutos, tentando lavar não só o álcool, mas os pensamentos — principalmente os que têm nome e sobrenome: Jéssica.
Visto uma camisa social escura, calça de alfaiataria, jaqueta de couro e organizo o material para a aula. Ao sair da cozinha, sou recebido com o cheiro de café e a voz da fiel Elisa.
— Bom dia, senhor Fontinelle.
— Bom dia, Elisa.
— Sua mãe ligou. Parecia preocupada.
— Sobre o quê?
— Não disse. Só pediu que você retornasse.
— Ela falou se era algo com o meu pai?
— Não. Mas parecia sério.
Assinto em silêncio. Pego o celular e vou direto pra garagem. Ainda tenho tempo antes da aula, então decido retornar a ligação.
Ligação on
— Mãe?
— Henry! Onde você estava? Liguei tantas vezes!
— Ocupado, mãe.
— Sei bem o tipo de ocupação...
— Fala logo. O que houve com o pai?
— Ele teve um infarto. Está na UTI.
— O quê?!
— Eu tentei te avisar... Estamos no hospital em Nova York.
— Me manda o endereço. Tô indo agora.
Ligação off
Não penso duas vezes. Ligo pro Bob, meu piloto particular, e mando ele preparar o jato. Corro até a universidade, entro direto na sala do diretor Geraldo Tompson.
— Bom dia, Geraldo.
— Henry, você está bem?
— Meu pai sofreu um infarto. Está na UTI. Preciso me ausentar por uns dias.
— Claro. Vá sem preocupação. O semestre m*l começou.
Agradeço e saio. Estou falando com Bob ao celular, instruindo para estarmos no ar em uma hora, quando esbarro em alguém no corredor.
Papéis voam. A garota se abaixa, e eu também.
— Droga, desculpa. Não te vi.
Levanto os olhos. Uma novata. Olhos grandes, meio perdidos, bochechas vermelhas. Linda. Tímida. E claramente deslocada aqui.
Entrego os papéis, mas ela ainda parece desnorteada.
— Tá tudo bem?
— Sim... é que tô procurando a sala da direção.
— É ali, segunda porta à esquerda.
— Obrigada.
Ela sai apressada, como se fugisse de mim. m*l sabe ela... que já está marcada na minha memória.
Chego em casa, pego a mala que pedi para Elisa arrumar, deixo o material de aula de lado e sigo para o aeroporto. Bob já me espera no jatinho.
— Oi, Bob.
— Tudo pronto, senhor Fontinelle.
— Vamos decolar. Preciso ver meu pai.
Nova York me espera. E talvez... o passado também.