ʆɛɱɓʀɑɳçɑร ɛ ɓuรcɑ

2215 Words
Flashback on Pouco mais de dois anos... ໐Ş dias estavam sendo mais tristes e complicados, era difícil demais conseguir viver sem ela, ela era a luz que iluminava tudo por onde passava, a única que me apoiava e me dava forças para prosseguir, apesar do acontecesse, mas ela se fora e nada mais fazia sentido para mim. Todos os dias eu precisava respirar bem fundo e buscar ânimo para saíra da cama e da casa, o que um dia fora um lar, agora se tornara um mausoléu, uma prisão, uma gaiola de ouro, onde muitas vezes ficava insuportável até mesmo respirar. Lá eu ficava sozinho, destruído, abandonado à minha própria sorte, mergulhado em minha tristeza. Mas aquele estava sendo o pior de todos em muito tempo, a dor era demais para suportar, eu não tinha idéia do que fazer. Até que ela se aproximou. Minha doce amiga. Aquela com quem sempre pude contar. Eu estava sentado, a cabeça baixa, tentando segurar as lágrimas, o que só ficava mais difícil a cada minuto, pensei que seria mais fácil, pelo menos estava longe das minhas sombras que sequer me deixavam ir no banheiro tranquilo, mas entendi naquele momento aquela velha expressão, " solitário andar por entre a gente", eu nunca havia me sentido tão solitário como ali. Foi então que ela apareceu. Demorei um pouco pra perceber sua presença, apenas seu perfume chegando até mim mas, eu acreditava fielmente que não passava de um mero delírio, só me dei conta de que era real quando senti um toque macio em meu rosto, forçando-o com delicadeza para olhá-la. Marinette- Ei, o que foi? Adrien- Na-nada importante- falei enxugando as lágrimas que teimavam em cair. Marinette- Mentira, você não tá bem. Adrien- Não é nada demais- falei tentando desviar o olhar, mas ela não deixou, puxando meu rosto mais uma vez. Marinette- Qualquer coisa que nos deixe assim, é algo importante sim- levantou e estendeu a mão- Vem comigo. Segurei a mão que ela me ofertava, eu não estava em condições e nem ao menos queria recusar nada vindo dela, por isso me deixei levar para fora do colégio, ambos carregando nossas coisas, eu confiava plenamente nela e em qualquer coisa que ela estivesse planejando. O caminho que pegamos era, em boa parte, estranho e desconhecido para mim, eu nunca sequer havia visto a maioria daquelas ruas, eram em sua maioria, como meu pai dizia, um ambiente inapropriado para pessoas como nós. Por mais que, eu sabia que devia estar com medo, não me assustei em momento algum, pois eu estava com a pessoa que mais se importava comigo e, sabia que tudo ficaria bem, enquanto ela estivesse comigo. Depois de muito andar e passar pelo porto do Senna, entramos em uma rua estreita e escura, mesmo àquela hora do dia, descemos por uma escada, que nos levou a outra e mais outra, ela sempre segurando minha mão, isso até finalmente chegarmos a uma porta bem velha com um cadeado, já não tão velho assim, fiquei surpreso quando a vi tirar a chave do bolso com a maior naturalidade e me puxar pra dentro. Era um lugar muito estranho, um pouco sério até, não havia nenhuma luz ali, o que me deixava mais impressionado era como ela se movimentava perfeitamente, sem esbarrar em nada, parecia conhecer muito bem aquele lugar. Pouco a pouco ela foi acendendo diversas velas, o que não deixava o lugar tão menos sombrio assim, parecia uma catacumba de filme de terror, mas menos aterrorizante, até um pouco aconchegante, se isso é possível. Fiquei parado sem saber o que fazer, até ela se sentar em uma almofada e me chamar pra sentar ao seu lado. Marinette- Com certeza você deve estar se perguntando que lugar é esse. Adrien- Bem... Marinette- Não adianta negar. E sim, antes que você pergunte, isso aqui é sim uma catacumba. Adrien- Como... Marinette- Como eu encontrei? É uma história um pouco longa, mas vou resumir. Há uns dois anos, eu estava muito triste, minha avó por parte de mãe havia morrido, eu a amava muito, ela era a única parente que não havia nos rejeitado por minha mãe não ter se casado com alguém da nossa cultura. Aquilo foi um choque, um verdadeiro baque pra mim, eu estava completamente destruída, mas não podia deixar isso transparecer sem entristecer ainda mais minha mãe, então guardei aquele sentimento o mais fundo que consegui, sem me abrir com ninguém. Mas um dia aquilo tudo foi demais e não aguentei, eu precisava sair, queria gritar, fazer alguma coisa que me aliviasse, assim como você. Foi aí que encontrei esse lugar. No começo achei estranho, mas não me assustei, eu só precisava ficar sozinha, precisava botar tudo pra fora, foi então que tive uma idéia. Juntei alguns papéis velhos que encontrei por aqui e alguns fósforos e uma vela da minha mochila, peguei uma folha e escrevi tudo que estava sentindo, tudo que me fazia m*l naquele momento, juntei tudo e fiz uma pequena fogueira e queimei tudo. Fiquei observando tudo se consumindo enquanto chorava sem parar, aquela foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, foi realmente libertador. Depois daquele dia comecei a vir aqui sempre que algo me machucava até o ponto insuportável, quando o coração já não aguentava mais. Adrien- Isso é realmente incrível... Marinette- É como dizem, há males que vem para o bem. Se isso não tivesse acontecido, eu não teria encontrado esse lugar, a minha caverna, o meu esconderijo, um lugar onde eu não preciso ser forte o tempo todo. Adrien- Eu nem sei o que dizer... Marinette- Não precisa dizer nada mas, se escrever, com certeza vai se sentir melhor- me entregou um caderno e uma caneta. A- Eu... M- Não precisa se preocupar, não vou olhar, mas estou aqui pro que você precisar. Olhei aquele papel e então olhei para a menina ao meu lado, a mesma que sempre me apoiou e me deu força, desde quando nos conhecemos. Minha mão tremia enquanto eu tentava escrever, eram tantas coisas que uma folha não seria suficiente, peguei mais uma e continuei, mas a mão não colaborava, eu não conseguia continuar, meus olhos já estavam ardendo, podia sentir as lágrimas escorrendo molhando parte do papel. Foi então que senti sua mão sobre a minha, me dando forças, era tudo que eu previsava. Quando terminei, ela pegou os papéis e os rasgou, jogando logo em seguida na fogueira que eu nem havia reparado ainda que já estava acesa. Ela colocou os pedaços, um a um, eu podia ver as chamas aumentando, os papéis se consumindo, toda a angústia que eu sentia foi se transformando aos poucos em lágrimas, mais e mais grossas, mais e mais doídas, ela segurando uma das minhas mãos enquanto fazia aquilo. Meu corpo não aguentou mais e tombei sobre meus joelhos, era sofrimento demais acumulado e escondido, mas que agora estava liberto. Não sei em que momento aquilo aconteceu mas, quando me dei conta, estava sobre os joelhos da minha baixinha, ela afagando meus cabelos e cantando uma cantiga que eu não reconhecia, só sabia estar em outra língua, talvez mandarim, mas não importava, só sua presença e seu toque eram o bastante. Me deixei levar, jogar tudo aquilo pra fora, suas mãos envolveram meus ombros, afagando-os também, envolvi sua cintura, apertando-a ainda mais contra mim. Eu podia sentir seu perfume, era algo doce e inebriante, algo cativante e hipnotizante, eu já não era eu mesmo, já não conseguia pensar nem ser capaz de me controlar. Não demorou muito para sentir seus braços me envolvendo, eu me ajeitando naquele abraço acolhedor, minha cabeça tombando e se apoiando em seu ombro, enquanto ela continuava me garantindo que tudo ia ficar bem, que aquilo ia passar. Sua voz era muito doce e trazia uma sensação de conforto porém, seu toques e seus lábios tocando meu rosto eram ainda mais, eu já não queria saber demais nada, estar com ela era a melhor coisa que poderia existir, mas nada daquilo parecia ser o suficiente, por isso fiz algo que poderia me arrepender depois, não por fazê-lo, mas se ela não aceitasse bem e se afastasse de mim depois. Levantei minha cabeça fazendo com que nossos olhos se encontrassem, minha respiração falha e ofegante, a dela se tornando mais rápida ao sentir minha mão seguir até sua nuca e segurá-la, podia ser impressão minha mas, não senti nenhuma resistência ao que eu fazia, nem aos meus toques e minha aproximação, seus olhos brilhavam de uma maneira que eu nunca havia visto antes quando poucos centímetros separavam nossos rostos. Uma distância que eu não demorei para dar fim e tomar seus lábios. Nada daquilo foi planejado, mas foi muito melhor que imaginado, seus lábios eram mais doces que o mais puro mel, que só me fazia querer mais e mais, era um néctar viciante que, quanto mais eu provava, mais eu queria saborear, minha língua buscou a sua com fome, desejo, ambas se enroscando em nossas bocas, eu estava no paraíso sendo embalado pelos gemidos que ela deixava escapar sem intenção. Só quando nós separamos em busca de ar, que me dei conta do que havia feito, eu poderia, nem queria perderia minha amiga por algo assim, por mais que aquilo tivesse me feito sentir como nunca antes. Seu rosto estava corado, os lábios inchados, exatamente como eu deveria estar naquele momento, nunca a vi tão linda, ou sempre fui cego o bastante para não notar nada daquilo nela antes mas, infelizmente, não poderia fingir que nada havia acontecido. Adrien- Eu...eu sinto muito, eu não devia... Marinette- Tá tudo bem. O que acontece aqui, fica aqui. Aquela foi apenas a primeira vez que fomos lá, a primeira de muitas. Com o tempo ali virou o nosso esconderijo, passamos a ir quase todos os dias, algumas vezes fazíamos o mesmo ritual, eliminando tudo aquilo que nos fazia m*l de algum jeito, outras apenas íamos para passar um tempo juntos, sempre nos beijando em algum momento, tudo sem compromisso Mas, mesmo sem saber, a cada dia ela se tornou mais e mais especial pra mim, nossos beijos já não eram mais os mesmos, nem eram o suficiente, havia algo a mais, os toques também ficavam a cada dia mais íntimos, nos conhecendo mais pouco a pouco. Até o dia em que tudo deu errado, sem que nenhum dos dois ter culpa. Era um dia como outro qualquer, estávamos na entrada do colégio, todos reunidos antes das aulas começarem, quando aquela v***a italiana se aproximou e me agarrou, sem eu conseguir sequer reagir, quando dei por mim ela já estava agarrada em meu pescoço me beijando, um beijo que só me dava ânsia, totalmente diferente dos beijos trocados naquela catacumba que agora eu quase chamava de lar. Aconteceu tudo muito rápido, foram questão de segundos, mas o que vi ao me afastar doeu fundo na minha alma, aquela baixinha que sempre esteve ao meu lado estava bem a minha frente, os olhos marejados, o rosto vernelho... Tentei me explicar mas foi em vão, ela apenas largou tudo no chão e correu. Eu sabia onde encontrá-la, fui o mais rápido que pude, mas não foi o suficiente, quando cheguei a porta estava trancada, por mais que tentasse não conseguia abrí-la, só pude ficar do lado de fora ouvindo seu choro e chorando junto. Aquele foi o fim de nossa "amizade". Flashback off Todas aquelas lembranças ainda me atormentavam, realmente acreditei que não havia mais nada entre nós, apenas a mesma amizade do início, apesar de ainda um pouco diferente, ainda tentando nos reaproximar, nunca quis magoá-la. Assim que cheguei em frente à porta, percebi que ela havia sido aberta naquele dia, pude ver as pegadas ainda frescas, me aproximei um pouco mais e senti um leve cheiro de fumaça, eu já sabia o que havia acontecido. Forcei um pouco a porta e nada, novamente estava trancada por dentro, só havia um jeito. Respirei fundo, sentindo meus olhos queimarem mais uma vez, invoquei meu cataclismo e toquei na fechadura, vendo-a se desfazer bem diante de meus olhos, entrei com o coração batendo forte, eu precisava agir rápido, por sorte minha visão noturna me ajudou a enxergar naquela completa escuridão. Logo a avistei, encolhida em um canto, o choro agora silencioso, a mão segurando o braço ferido, ela sem notar minha presença ali, aquilo me doeu mais do que eu podia imaginar e ter a consciência de ser eu o culpado de tudo e levá-la ali mais uma vez por minha culpa, só piorava ainda mais. Me aproximei com cuidado, não queria assustá-la, peguei um pedaço de pano e envolvi seu braço antes de pegá-la no colo, ela não teve nenhuma reação, nem parecia saber ou se importar com o que estava acontecendo. Precisávamos sair logo dali ou seria tarde. Firmei seu corpo contra o meu, tomando todo o cuidado do mundo e corri pra fora dali. Não demorou muito para chegarmos em frente ao hospital, não tive muito tempo para me explicar, apenas entreguei-a a uma enfermeira, disse seu nome e saí. Minha transformação se desfez pouco depois, mas eu ainda tinha algo a fazer, peguei meu telefone, bloqueei meu número e informei a polícia onde ela estava. Era tudo que eu podia fazer naquele momento.
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