Marinette on
໐ dia amanheceu cedo demais, nem percebi passar na verdade, não consegui dormir por mais que alguns minutos, estava empolgada e nervosa demais para pensar em dormir, todos as palavras ditas pelo gatinho e o que aconteceu depois ainda não saíam da minha cabeça.
Sei bem que o que ele fez foi errado mas, a minha atitude também também não merece perdão, por mais que eu sempre tenha deixado claro sobre meus sentimentos por outro rapaz, nunca dei muito crédito ao que ele dizia, sempre achei que era só uma brincadeira, um capricho, mesmo depois de tanto tempo ouvindo todos os dias o mesmo pedido por uma chance.
Talvez, só talvez mesmo, se eu o tivesse levado a sério, nada disso teria acontecido e agora, estaríamos bem, como sempre estivemos.
Agora é esperar que tudo se resolva depois de uma boa conversa.
Ao menos espero que sim.
Mas...no momento, minha mente está totalmente focada em outra coisa, uma coisa que já devia ter sido resolvida há anos atrás, antes de tudo desandar, é hora de pôr um ponto final nessa história ou recomeçar, do jeito certo agora.
É hora de revelar meus verdadeiros sentimentos e me declarar de uma vez, já chega de fugir do que eu sinto e fingir que nada aconteceu.
Passei a noite toda buscando a receita perfeita, nada poderia dar errado, o bolo, a cobertura, o recheio, tudo deveria estar na maior perfeição possível.
Maracujá e nozes, seu sabor preferido e o recheio que eu escolhi para acompanhar a massa de pão-de-ló com baunilha com amêndoas, ok...precisei fazer algumas, muitas, tentativas até finalmente conseguir acertar e terminar tudo a tempo.
Tikki coitada não conseguiu resistir e desmaiou perto da meia noite, então a coloquei na minha bolsa para ela dormir de um jeito mais confortável, mas eu estava tão agitada que só percebi que o dia tinha amanhecido quando vi meus pais entrarem na cozinha.
Claro que eles quase tiveram um ataque quando viram a bagunça, mas nada que uma hora de arrumação e limpeza não desse jeito.
Por sorte terminei tudo com tempo de sobra para tomar um bom banho e me arrumar, tudo precisava estar perfeito hoje, inclusive eu.
Demorei no banho mais que o normal, a água quente me relaxando e fazendo com que meu corpo cobrasse as horas de sono que eu havia negado, mas isso ficaria para mais tarde, passei o hidratante com toda calma do mundo, coloquei uma lingerie branca e fui escolher algo pra vestir, mas nada me agradava, nada era o que eu queria de verdade...até que o vi, um vestido florido, um que eu havia feito há algum tempo, mas ainda não havia tido coragem nem oportunidade de usar, pelo menos até agora, seria ele o escolhido.
Vestido colocado era hora de arrumar o cabelo, maquiagem e sapatos.
Optei por um sapato com um pequeno salto, era algo diferente, mas que com certeza combinava perfeitamente com o vestido.
Ao começar a arrumar os cabelos, parei na metade do caminho ao tentar prendê-lo como de costume, hoje era um dia especial, eu não poderia ir com o mesmo penteado de todos os dias, por isso, peguei um elástico com uma figura de joaninha, presente de Manon que também nunca havia sido usado, então preparei uma trança com todo o esmero até deixá-la do jeito que eu queria e jogá-la sobre o ombro.
Passei um rímel bem de leve e um glóss bem suave antes de uma última olhada no espelho e ter a surpresa de como eu estava diferente, quem estava ali era outra pessoa, senti que naquele dia tudo daria certo finalmente.
Desci rapidamente até a padaria para pegar o bolo e me despedir dos meus pais, ambos estavam impressionados comigo, era a primeira vez que eu estava tão bem disposta logo de manhã e sem nenhum atraso ou desastre eminente.
Pena que nem tudo sai como o esperado...quando cheguei em frente ao colégio, sofri um ataque de um búfalo feroz disfarçado da minha amiga, um ataque que quase me levou ao chão, seu abraço tão forte como o de urso selvagem.
Alya- Miga, sua louca, vai fazer exame de fezes é?
Marinette- Alya!
Alya- Brincadeira miga, é que...você tá linda, perfeita demais!
Marinette- Não é pra tanto...
Alya- Como não?! Você tá um arraso, aposto que isso tudo é para um certo loirinho que eu conheço...
Marinette- Eu...- senti minhas bochechas esquentarem demais com a constatação da minha amada jornalista que não perde um furo.
Alya- Não adianta negar, tá nos seus olhos.
Marinette- Tá bom, tá bom. Eu só...vou contar tudo, chega de me esconder e fingir que tá tudo bem.
Alya- Falar tudo?!
Marinette- É. Vou contar que o amo, já tá na hora.
Alya- Já passou da hora- falou revirando os olhos castanhos.
Marinette- Alya!
Alya- Brincadeira miga, você sabe que te amo. Mas...e essa caixa, tem a ver com isso?
Marinette- Tem- corei mais uma vez- É só...um bolo que fiz. É uma massa de amêndoas com recheio trufado com maracujá e nozes e cobertura de ganache de chocolate branco.
Alya- Uau...você fez tudo sozinha?!
Marinette- Não foi tão difícil...
Alya- Sei...
Marinette- Só vou precisar limpar toda a padaria por um mês pela bagunça que eu fiz, mas valeu a pena. Agora só falta entregar, até escrevi uma carta e coloquei dentro da caixa, caso eu trave e me enrole toda.
Alya- Como se isso fosse algo muito difícil de acontecer né...
Marinette- Al...não me deixa ainda mais nervosa do que já estou!
Alya- Então nem vou falar que ele está bem ali, ao lado do Nino.
Marinette- Eu...acho melhor esquecer isso e deixar pra lá, ele deve estar ocupado e...
Alya- Nada disso, você preparou isso tudo, agora vai até o fim!
Marinette- Eu...você tá certa, o máximo que ele pode fazer é me dizer um não.
Alya- Só se ele for louco ele vai deixar de te encher de beijos depois de tudo!
Marinette- Ok. Me deseje sorte.
Alya- Nem precisa pedir, vai dar tudo certo.
Respirei fundo, ajeitei melhor a caixa e subi, era agora ou nunca.
Não sei se eram meus olhos, mas ele parecia mais lindo que o normal, os cabelos não estavam alinhados como sempre, as roupas mais escuras, mesmo assim lindo.
Fiquei sem jeito de me aproximar, parecia que eles estavam discutindo, o que era estranho, eu nunca os tinha visto trocarem uma só palavra ríspida um.com o outro, eram como irmãos, mas isso não iria me impedir. Eu iria até o fim.
Respirei fundo mais uma vez e avancei um passo até chegar ao topo da escada.
Marinette- A-Adrien...será que...
Nino- Marinette, na boa, essa não é uma boa hora.
Marinette- Por quê? Eu só quero...
Nino- Confia em mim, ele não tá legal.
Marinette- Não! Eu vim aqui e vou falar com ele. Adrien...eu só queria...
Adrien- Se intrometer numa conversa que não te diz respeito?
Marinette- Não...eu só...queria te dar isso e...
Adrien- Mentira! Você é como todos os outros, só querem ficar perto pela fama, mas eu não preciso de você! EU NÃO PRECISO DE NINGUÉM!
Marinette- Adrien...
Adrien- Você não ouviu? SAI DAQUI!
Foi a última coisa que realmente ouvi.
Estávamos muito perto da escada, o golpe, tapa, me pegou desprevinida e acertou em cheio meu rosto, me desequilibrando, fazendo com que eu rolasse a escada junto ao meu bolo, que se espatifou ao meu lado, mas eu não podia fazer nada, a dor em meu braço era demais até pra pensar.
Aquela realmente não era uma boa hora.
Alya foi a primeira a chegar perto de mim e tentar me ajudar, vários vieram em seguida, outros se revoltaram com ele, mas uma em especial surpreendeu a todos.
Chloé- i****a! QUEM VOCÊ PENSA QUE É?!- o golpe veio certeiro também.
Sabrina- Chloé...
Chloé- CALA A BOCA SABRINA! NINGUÉM TEM O DIREITO DE FAZER O QUE ELE FEZ! NINGUÉM! VOCÊ PODE SE ACHAR O PRÍNCIPE ENCANTADO QUE QUALQUER PRINCESA PODE QUERER, MAS NÃO PASSA DE UM MIMADO e******o E INFANTIL! BEM DIFERENTE DO AMIGO QUE EU CONHECI!
Sabrina- Chloé...é só a Dupain-Cheng...
Chloé- E DAÍ? ACHA QUE EU NÃO ME IMPORTO?!
S- Sim...
Chloé- Agora é diferente. NINGUÉM VAI TRATÁ-LA DESSE JEITO!
Aproveitei a distração de todos e corri.
Corri para o mais longe dali, fui pra um lugar onde ninguém me encontraria, um lugar que a única pessoa que conhecia nunca viria atrás de mim.
Marinette off
Adrien on
Minha vontade foi de agredir a Chloé, quem ela achava que era pra fazer aquilo?! Ela não tinha o direito de se meter, era apenas mais uma que não se importava de verdade.
Saí dali correndo sem me importar para onde, eu só queria ficar o mais longe possível de todos mas, antes que eu percebesse, estava em frente à minha eterna prisão, minha gaiola de ouro. Entrei e fui direto para o meu quarto.
A raiva e o ódio eram demais, eu precisava extravasar de algum jeito, eu estava nervoso demais pra pensar, minha cabeça estava cheia demais e eu precisava agir.
Plagg não falava nada, apenas me observava destriur tudo à minha volta, só percebi que ele não estava mais próximo quando vi a porta ser aberta.
Gabriel- Adrien, a senhorita Bourgeois ligou e...que p***a é essa?!
Adrien- VAI EMBORA!
Gabriel- Primeiro quero saber que merda é essa que você está fazendo!
A- NÃO INTERESSA, O QUARTO É MEU! AGORA SOME!
Gabriel- Aí que você se engana, o quarto pode ser seu, mas essa casa ainda é minha! Você me deve respeito, querendo ou não!
Adrien- É mesmo?! E o que o grande Gabriel Agreste vai fazer a esse respeito?
Gabriel- Algo que eu deveria ter feito a muito tempo!
Eu podia ver o ódio em seu olhar quando ele aproximou e acertou meu rosto em cheio, me fazendo cambalear, eu nunca o tinha visto tão enfurecido daquele jeito, antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, senti um novo tapa, o que fez meu rosto queimar ainda mais.
Adrien- Que p***a é essa?! Tá ficando maluco?!
Gabriel- Maluco eu estava quando não te eduquei como devia, mas agora isso vai mudar!
Senti o baque do meu corpo no colchão, pensei que a sessão de "carinhos" estava acabada mas, infelizmente ele só havia começado e eu só percebi isso quando o vi soltar seu cinto.
Tentei fugir, ele nunca havia feito algo daquilo, por mais que tivéssemos tido muitas discussões, nunca passamos das palavras, mas agora ele estava mudado e para muito pior.
O primeiro golpe doeu como brasa em minha pele, eu nunca imaginei que poderia sentir algo assim, mas sequer tive tempo de me recuperar antes de sentir o segundo e o terceiro, os seguintes vindo sem eu estar preparado para a dor lancinante.
Aquela tortura parecia não ter mais fim, eu já podia sentir tudo doendo, não era só dor física, era muito mais que isso, a humilhação doía por dentro, cada golpe era como uma facada cravada bem fundo do meu íntimo.
Eu gritava pedindo para ele parar, mas de nada adiantava, eu não reconhecia meu pai naquele que fazia tudo aquilo.
Por sorte eu ainda tinha alguém para me defender, aquela que eu ofenderam há poucos dias viera em meu socorro e segurara seu braço, quando ele estava pronto para desferir mãos um golpe...
Natahalie- Senhor. Por favor, já chega, deixe o menino.
Só então pude ver seus olhos voltarem à cor normal, como se ele voltasse de um transe, olhou para mim uma última vez antes de se levantar e sair batendo a porta, sem dizer uma só palavra, me deixando ali, jogando com o sangue fervendo e o rosto banhado das lágrimas
Eu não conseguia pensar direito, tudo em meu ser queimava de um jeito inexplicável e me deixava ainda mais alheio a tudo.
Tudo isso até o telefone tocar.
O telefone não parava de tocar e, por mais que eu quisesse tentar ignorá-lo, o som era insistente e estridente demais para isso, então, por mais que minha vontade fosse de jogá-lo na parede e fugir sem rumo pela janela, me arrastei até ele e o peguei.
Ao ver no identificador o número do Nino, eu tinha certeza que era mais uma bronca, ou uma lição de moral.
Como eu estava enganado...
Adrien- Fala.
Nino- E aí brô...tá mais tranquilo?
Adrien- Fala logo pô, não enrola!- gritei.
Nino- É que...caralho, a Alya vai me matar, não era pra eu te ligar mas...
Adrien- Não era então beleza. Tchau.
Nino- A MARI SUMIU!- ele gritou antes que eu desligasse.
Adrien- O que você disse?!
Nino- A Marinette, ela...sumiu.
Adrien- Como assim?! Do que você tá falando?!
Nino- Escuta, eu tenho que falar rápido antes que a Alya perceba. O negócio é o seguinte, ninguém tem notícias dela desde... desde hoje de manhã, os pais estão desesperados, todo mundo tá procurando, até a polícia e nada, eu achei que... você podia ter alguma idéia e...
Alya- Nino!
Nino- Eu tenho que ir. Desculpe.
Adrien- Nino espera! Nino! Desligou...
Não consegui continuar de pé, eram coisas demais para meu corpo suportar, então sentei na cama, a cabeça entre as mãos, sem saber o que fazer, aquilo era tudo culpa minha, fiquei ali me sentindo um verdadeiro lixo, até ver Plagg voar até mim, com as orelhas baixas e algo nas patas.
Adrien- O que é isso?!
Plagg- Eu...é que...isso tava no bolo que ela levou.
Adrien- No bolo?! Deixa eu ver.
Peguei aquele envelope em minhas mãos, ainda era possível sentir o cheiro de morangos, o cheirinho dela, apesar da cobertura que o cobria, senti minhas mãos tremerem quando comecei a ler a carta tão delicada e perfumada, a caligrafia sempre bem desenhada que ela tinha...
"Adrien,
nos conhecemos há muito tempo,
tanto que nem lembro direito.
Foram muitas idas e vindas.
Nos aproximamos,
nos tornamos grandes amigos.
Você viajou.
Senti meu coração saltar pela boca,
quando te vi de novo.
Nos aproximamos mais ainda.
Brigamos.
Achei que tinha te perdido.
Demorou,
mas voltamos a nos aproximar.
E você,
com seu jeitinho doce,
conseguiu tocar outra vez meu coração.
Tomando cada pedacinho dele,
pouco a pouco,
até ele ser completamente seu.
Mais uma vez.
Sei que não sou a garota mais linda,
nem a mais popular,
ou a mais inteligente.
Sou apenas uma garota normal,
com vários defeitos,
mas com uma única certeza.
Que meu coração já não me pertence.
Há muito tempo você o tomou de mim.
Desculpe a letra tremida,
ou o fato de não ter coragem de dizer isso tudo.
Olho no olho.
Mas...
Estar perto de você...
é demais pra minha sanidade,
me desconcerta
e tenho medo de me enrolar nas palavras,
como tantas vezes...
Com todo amor,
Da sua eterna baixinha."
Senti minhas mãos tremerem tanto que m*l pude terminar, meus olhos ardiam em pura brasa enquantoo papel em minhas mãos ficava mais molhado a cada instanteque passava, sim, eu estava chorando, aquilo era realmente tudo culpa minha.
Adrien- Eu...ela...como eu não...
Plagg- Ae, tá certo que eu tô acostumado com a sua lerdeza, só que ainda não aprendi a ler mentes...
Adrien- Deixa de bobeira! Ela...ela me ama, amava, e eu...
Plagg- Agiu como um brutamontes babaca, insensível e bateu na única garota que te amava de verdade por uma simples rejeição.
Adrien- Não foi só isso, foi...
Plagg- Tá, você levou um soco, bem merecido na verdade, mas isso não justifica o que você fez. Esqueceu tudo que vocês passaram juntos? Agora, por sua culpa, ela tá por aí, sumida, sofrendo sem ninguém saber onde.
Adrien- Perae. Ela tá triste, sozinha..
Plagg- Foi o que eu disse, além de lerdo e burro, tá surdo agora também?!
Adrien- Pára com isso, seu gato fedorento! Eu sei exatamente onde ela está!
Plagg- Ata, agora a lerdeza em pessoa virou vidente...
Adrien- Cala a boca e vamos. Plagg, mostrar garras.