Encontro na colina

3384 Words
Sempre fui objetiva ao tomar decisões. Característica que me permitiu conquistar uma formação profissional e respeito entre meus colegas administradores. Quando me deparo com algo novo, tento ir pelo seguro. Mas certas situações incomuns exigem soluções diferenciadas. Encarando a vida por essa perspectiva eu não hesitei em agir e convidar a Letícia para sair. A mágica não era um tipo de pessoa que me parecesse previsível, por isso minha ação também não poderia ser cautelosa como de costume. Acordei cedo e antes de sair da cama pensei onde poderia levar a Letícia. Nunca fui exatamente uma pessoa que costumava passear pela cidade e não tinha ideia do que fazer, e foi pensando em não tornar o encontro tedioso que decidi consultar a minha amiga criativa. - Isa, pelo amor de Deus o que aconteceu pra você me ligar a essa hora? - Bom dia Dani! Lamento acordá-la essa hora, mas preciso de uma ajuda simples. Onde você levaria uma pessoa que não conhece a cidade para passear? - São sete da manhã. Com quem você vai sair? Eu conheço? - Não, você não conhece. Pode me ajudar com alguma dica ou não? - As opções são o parque natural da serra, pra fazer aquela trilha até as piscinas naturais. A vila dos artesanatos, onde vende aqueles biscoitos que você adora. E o mirante da colina, mas durante o dia está tudo fechado por lá. Você sabe. - Você como jornalista é uma ótima informante Dani, obrigada! - Não esquece nosso compromisso, no sábado. - Prometi que vou. Agora volta a dormir. Bons sonhos! Até mais. - Até amiga. Despediu-se sonolenta. E com sua ajuda eu tinha um roteiro para fazer com a Letícia. Aprontei-me para o trabalho, e ainda pela manhã recebi uma ligação da Aline. Ela perguntou quando poderíamos tomar um café e conversar sobre trabalho. Tentando ser gentil, marquei o encontro para o outro dia e ao encerrar a ligação voltei as minhas ocupações. Há alguns meses meu pai falava em fazermos uma reforma no restaurante. Ele estava empolgado com os lucros e também com o retorno de alguns dos nossos investimentos. Ao contrário dele a minha perspectiva era cautelosa e por isso mesmo preferia continuar protelando essa reforma. - Você sabe que podemos investir em melhorias na estrutura do restaurante e abrirmos outros espaços. Fazendo isso vamos aumentar os lucros e trazer mais clientes. Concorda comigo? Questionou-me convencido de sua razão. - Estou ciente de tudo isso. Inclusive dos seus sonhos e da mamãe. Mas nosso dinheiro está investido nesse momento. Temos que esperar até que ele tenha um rendimento, assim podemos usar o lucro e reinvestir o montante principal. Confie em mim, espere só mais um tempo pai. Está tudo sob controle! Afirmei sem hesitar. Porém como todo homem antigo, meu pai às vezes não me compreendia. Por sorte a minha mãe respeitava confiava nas decisões que eu tomava. - Eu confio minha filha. Estou esperando isso há muito tempo. Disse ainda contrariado. O mais difícil de trabalhar com a família é aprender a separar as emoções. Em qualquer outra consultoria, provavelmente eu teria mais liberdade para sugerir ou vetar investimentos. Já em família a situação é completamente diferente. Muitas vezes ocorre certa resistência. As horas foram passando e após o almoço o tempo pareceu desacelerar. Olhei diversas vezes o relógio, ansiosa que se aproximasse o horário que iria ao encontro da Letícia. Deixei o restaurante um pouco antes e passei em casa para tomar um banho, me perfumar e vestir-me de um jeito mais despojado. Jeans azul, camiseta cinza, maquiagem simples, e para variar um pouco calcei um tênis branco. Dez minutos depois estava saindo de casa. Assim que parei o carro no estacionamento do circo a Letícia veio em minha direção. Usando um macacão jeans capri, blusa preta por baixo e tênis branco, ela estava simples e linda. Desci do carro e fiz questão de abrir a porta para ela, que sorriu para mim e agradeceu. - Obrigada por ter se oferecido para me mostrar à cidade. Disse sorrindo e me fazendo sorrir. - É um prazer Letícia. Espero que goste do passeio. - Tenho certeza que vou me divertir. Só espero não ter atrapalhado sua rotina. - O convite partiu de mim, não se preocupe. Enquanto dirigia senti o perfume dela ganhar o carro. O aroma era atraente, um pouco doce e ao mesmo tempo picante. Nunca havia sentido esse perfume antes. - Posso colocar música? Ela perguntou pegando um pendrive. - Claro que pode. Fique à vontade. - Você tem preferência? Eu ouço de tudo um pouco. Carrego mil músicas nesse pendrive. - Eu gosto de música boa. Sem distinção. A resposta era vaga, mas não mentirosa. Ela pareceu entender que eu não tinha preferência. - Gosto bastante de rock. Podemos ouvir Nirvana, Bom Jovi, Queen... Você gosta? Impressionada com seu gosto musical, sorri lhe falando de mais algumas bandas dos anos 80 e 90 que eram as minhas preferidas. Os clássicos românticos do rock me representavam. Engatamos uma conversa animada sobre música e ela fez questão de me mostrar seu vasto conhecimento sobre esse universo. A Letícia gostava do popular ao erudito, do nacional ao internacional. Sem dúvida a música era uma de suas paixões, principalmente porque ela amava dançar e criar coreografias para as apresentações do circo. - Fiquei encantada com o número musical que vocês apresentaram ontem. Aquela moça violinista e as dançarinas. Foi muito empolgante. - Você gostou mesmo? Eu sonhei com essa apresentação e produzi todo o número junto com a Rebeca, à violinista. Ela é o nosso trunfo musical no circo, toca vários instrumentos e também é compositora. É muito talentosa e linda. Ouvi-la falar assim da moça deixou-me desconfiada. - Depois, se quiser, posso apresentá-la a todos os artistas do circo. Somos trinta e seis ao todo. A maioria família, com seus filhos. Outros são casais como a Rebeca e o Eriberto, eles se conheceram em uma de nossas viagens. A Rebeca estava conosco há alguns anos e o Eriberto, que era policial, pediu exoneração e nos seguiu. Os dois casaram há alguns meses e ele agora ele é nosso homem de confiança, principal responsável pela segurança do circo. Contou. - Ele foi corajoso. Os dois devem se amar muito. É o que imagino. Meu comentário a fez rir. - Eles se amam sim. Todos no circo são muito unidos. Os casais dificilmente se separam. Apenas uma vez passamos por uma separação e foi sofrido. Convivemos diariamente, o que nos torna uma grande família. - Deve ter sido interessante crescer dessa forma. Como você estudava? A pergunta novamente a fez rir. - Por uns anos estudei no circo mesmo. Temos uma professora entre os artistas. Mas no fundamental estudei em muitos colégios. Estudava por apostilas, e fazia provas especiais. Todas as crianças e adolescentes do circo estudaram dessa forma. Hoje em dia alguns colégios particulares e públicos, oferecem um sistema especial para alunos itinerantes. Chegamos à vila onde os produtos artesanais da cidade eram produzidos. As pequenas casas rústicas, feitas com tijolos de barro vermelho, tinham uma aparência singela e aconchegante. Disposta a provar e conhecer tudo, a Letícia conversava com os moradores das casas e lhes fazia perguntas sobre as formas de produção do mel, o cultivo das flores e sobre o legado do artesanato passado de pai para filho. Enquanto ela se divertia conhecendo tudo, eu não conseguia parar de olhá-la. Tão linda, simpática, sorridente, de bem com a vida. Sua energia era sentida no ar. Mesmo aquela não sendo a primeira vez que me sentia atraída por uma mulher, era diferente. Algo na Letícia me atraía absurdamente. - Nossa esses biscoitos são um espetáculo. Venderíamos muitos pacotes assim no circo. Ela falou ao provar o biscoito mais famoso da região. - Você gosta? Perguntou sorrindo para mim. - Gosto muito. Respondi sorrido e ela se aproximou para colocar um biscoito em minha boca. Gesto que me deixou ruborizada. - Para onde mais vai me levar Isabel? Perguntou rindo e eu tinha quase certeza que era de mim. - Vamos à colina. A melhor vista da cidade. Podemos fazer um lanche e conversar um pouco. Afirmei olhando nos olhos dela e tentando imaginar o que se passava em sua cabeça. Seguimos para a Colina e eu estacionei o carro perto do mirante. Permanecemos sentadas ouvindo música e conversando em um tom descontraído. Nessa conversa ela me contou um pouco sobre sua rotina de trabalho e eu tentei fazer o mesmo, sendo que ao falar minha emoção era bem diferente da dela. Também falamos sobre nossas famílias, em especial sobre nossas irmãs e eu fiquei curiosa em saber como ela se sentia tendo uma irmã gêmea. Sendo sucinta na resposta a mágica afirmou que na infância era muito próxima a irmã, mas que conforme elas cresceram se tornaram pessoas incompatíveis. Deixamos o carro para comprar um lanche e depois nos sentamos para assistir o sol se pôr e as luzes da cidade surgirem. Nesse momento nosso assunto passou a ser sobre namoro. -Infelizmente não posso dizer que namorei algum dia. É difícil estabelecer um vínculo vivendo de cidade em cidade. Ao menos nunca aconteceu comigo, mas no circo temos exemplos que deram certo, como o da Rebeca e do Eriberto. E tem a minha irmã Patrícia que namora há dois anos. Mas eu não sei se conseguiria ficar distante se estivesse apaixonada. A Letícia expôs sua opinião com bastante coerência. De fato, concordava com ela. Para mim também não havia sentido em estabelecer uma relação à distância sem pele, contato, sem ter convivência. - Não penso diferente de você. Embora minha irmã seja exemplo de um casal que dá certo namorando á distância. Ela e o noivo são apaixonados. Mas não sei se isso se aplica a qualquer casal. Como uma relação pode sobreviver sem contato? Questionei a fazendo rir. - Pra mim o contato é essencial. Admitiu rindo. - Você pensa em namorar? Quem sabe casar e ter filhos? Perguntei olhando para ela. - Acho que só vou pensar em filhos no futuro. Antes preciso me apaixonar por alguém. Hoje a minha maior paixão é o circo e eu não penso em viver longe dele. Por isso é difícil encontrar alguém que queira ficar comigo. Essa pessoa teria que estar disposta a fugir com o circo. Brincou me fazendo rir do comentário. Se bem que com uma mágica como ela a possibilidade de uma fuga por paixão era bem maior. A Letícia era fascinante, capaz de atrair naturalmente. - Você é muito interessante Letícia. Tenho certeza deve ter deixado muitos corações apaixonados e fascinados em todas as cidades que passou. Falei a fazendo rir com um ar malicioso. - Você quem diz isso Isabel. Mas não é verdade. Tenho um espírito muito livre para me atrair por alguém. Tem que ser alguém bem diferente e ter algo especial que me desperte interesse. - Agora entendi. Você é extremamente seletiva. Brinquei. - E você parece ser ainda mais seletiva. É inteligente, interessante e reservada. Qual é o perfil de pessoa certa para você Isabel? Perguntou me olhando nos olhos e eu não resisti. - Eu gosto do tipo mágica com luz própria. Que tem muito talento e certamente outras qualidades. Flertei com ela que sorriu e em seguida direcionou o olhar para o relógio em seu pulso. - Está ficando tarde. Você se importa se voltarmos agora? Sem graça após minha impulsiva investida, concordei em voltarmos. Ao entrar no carro ficamos um tempo em silêncio ouvindo Scorpions (Wind of Change). A música tocava sem que trocássemos uma palavra e ela passou todo percurso até o circo olhando janela a fora como se me evitasse. Ao chegarmos perto do Circo, senti que precisava quebrar o silêncio antes que fosse tarde. - Eu não sei se a minha curiosidade vai soar de forma estranha, mas vou perguntar mesmo assim. O seu perfume é muito diferente. Ele é artesanal? Minha pergunta a fez sorrir. - Eu uso essência de Mirra. É um óleo importado de Israel. Prefiro usar a essência que é mais concentrada e que tem maior fixação. Você quer experimentar? Assim que parei o carro ela tirou um vidrinho do bolso e me pediu licença antes de passar um pouco no meu pescoço. - Posso sentir? Perguntou me deixando nervosa e eu concordei. Suavemente ela roçou o nariz em meu pescoço para sentir o aroma e me deixou arrepiada. - Ficou muito bom em você! Afirmou sorrindo com malícia. - Se permitir, gostaria de senti-lo na sua pele. Ela concordou passando mais um pouco no próprio pescoço e afastando os cabelos para que eu pudesse me aproximar. Rocei o nariz no pescoço dela de propósito e continuei me deliciando com seu aroma ao sussurrar: - Fica uma delícia em você! Senti que surgiu um clima diferente e rocei meus lábios na pele dela. - Eu queria saber o que você está sentindo nesse momento. Falei a fazendo ofegar e sorrir. - A mesma sensação que você Isabel. Exatamente a mesma. Pensei em beijá-la. - Eu preciso ir embora. Ela abriu a porta do carro apressada e eu fiquei sem entender sua atitude. - Desculpe-me eu não fiz isso por m*l. Estou atrasada, não quero que pense... Interrompi sua fala, sentindo-me envergonhada por talvez tê-la constrangido. - Desculpa Letícia. Não se preocupe, eu entendo. Foi bom sair com você. Afirmei querendo um buraco pra me esconder. - Letícia, perdeu a noção do horário? Onde esteve esse tempo todo? O Senhor Pascoal aproximou-se dela que levou um susto. - Desculpe-me Pai, isso não vai mais acontecer! Com a afirmação dela pensei o mesmo. Nada mais vai acontecer. - Boa noite senhor Pascoal! A culpa é toda minha. Atrasei a Letícia. Falei sem jeito. - Eu não tenho seu número. Como faço para falar com você? A Letícia perguntou apressada e eu achei que ela estava sendo educada. - Você pode me encontrar no restaurante. Estou sempre trabalhando durante o dia. - Letícia, tem que ir se trocar. Logo chega sua vez. O Pascoal parecia contrariado. - Nos falamos depois. Boa noite para vocês! Até mais! Despedi-me apressada. E deixei o lugar o mais rápido que pude totalmente envergonhada por ter sido impulsiva. Algo que não costumava ser em minha vida. Entrei em casa de cabeça baixa e minha irmã percebeu que havia alguma coisa errada. Sem perder tempo ela me questionou sobre como tinha sido o passeio com a Letícia. - A companhia da mágica não foi boa Isa? - Eu estou cansada Thatiane. Falamos amanhã. Vou deitar e dormir. Boa noite! Respondi encerrando qualquer possibilidade de diálogo. - Está bem. Boa noite! Estava chateada. Essa era a palavra. Totalmente desgostosa comigo mesma. Deixe-me levar pelo calor do momento e agi imprudentemente. Agora a Letícia ficaria com impressões erradas sobre mim. Quase tentei beijá-la e sequer sabia como ela se sentia em relação às mulheres. Tomei um banho gelado para esfriar o corpo quente e afastar as ideias erradas que estavam surgindo em minha cabeça. Não sabia no que estava pensando quando a chamei para sair e fiquei babando como uma boba por uma total desconhecida. Atirei-me na cama e estranhei a angústia que estava sentindo. Dar passos em falso era algo que me tirava o sossego e eu simplesmente não pensei em nada na companhia da Letícia. Adormeci depois de muito rolar na cama enquanto tentava encontrar uma posição confortável. - Isa. Minha irmã. Posso entrar? A Thati me acordou. Coisa que não costumava fazer. - Oi Thati pode entrar. O que houve? - Você tem visita. Ela disse sorrindo. - Visita a essa hora? Passava das dez da noite. - Você me culparia se não a chamasse. Afirmou rindo. - E quem é? Fala de uma vez. - Melhor você se arrumar. É a Letícia. Ela insistiu pra falar com você. Mando subir? - A Letícia? Está de brincadeira comigo? - Desde quando faço esse tipo de brincadeira. Ainda mais com você que não tem senso de humor minha irmã. A moça está lá na sala. E veio toda perfumada. Posso a deixar subir? - Pode sim. Só me dá dois minutos. Levantei-me em um salto. E assim que a Thati deixou o quarto lavei o rosto, escovei os dentes e arrumei os cabelos. Ao menos estava composta. - Licença Isabel. Acordei você? A mágica perguntou ao entrar no quarto e eu pude constatar o que a Thati havia afirmado. Ela estava realmente perfumada e também linda vestindo uma calça e jaqueta de couro. Precisei disfarçar a imensa vontade de lhe olhar de cima a baixo várias e várias vezes. - Não se preocupe com isso. Posso voltar a dormir depois. O que aconteceu pra você vir a minha casa? Esqueceu algo importante no meu carro? Perguntei sem entender o motivo da visita. - Queria ter ligado para você, mas não tenho seu número ainda. Estive no restaurante e sua mãe me passou seu endereço. Disse que não teria problema vir vê-la essa hora. Desculpa. - Tudo bem. Mas ainda não entendi sua pressa. Ela riu. - Está muito tarde. Você deve acordar cedo. - Por favor, não se apresse. Está aqui porque tem algo a falar. Pedi a fazendo rir. - Quero mostrar algo pra você. Estou de moto. Se você aceitar... - Eu aceito. Só preciso me vestir de verdade. - Tudo bem eu espero. Ela saiu do quarto para me dar privacidade e eu comemorei seu convite mesmo sem saber o que ele significava. - Quando você disse moto, eu pensei em uma moto qualquer. Comentei ao ver a Harley Davidson dela. - Essa daqui eu passei anos economizando para conquistar. Disse orgulhosa. E pelo brilho em seu olhar deduzi que a moto deveria ser importante para ela. - Preciso confessar que tenho certo receio de moto. - Você pode me abraçar pela cintura, assim vai ficar segura. Prometo que vou devagar. Garantiu me entregando um capacete e sorrindo. Tentei focar na oportunidade de ficar perto dela e coloquei o capacete. Ao vê-la montando a Davidson até perdi o fôlego. Era uma visão espetacular. - Vamos? Ela chamou minha atenção. - Chega bem perto e me abraça. Vai gostar do passeio. Com o coração acelerado, tanto pelo medo quanto pela excitação de estar perto dela, senti a moto vibrar ao ligar. Habilidosa, ela deu partida suavemente e saiu pilotando e atraindo atenção por onde passava. As ruas estavam bem movimentadas por ser um horário de saída dos colégios, cursos e faculdades. Seguimos para o circo e eu continuei sem saber o que ela queria comigo. - Você pode descer agora. Isso se quiser. Ela brincou e eu me soltei de sua cintura com certa tristeza. - Você disse que tem algo pra me mostrar. O que é? Antecipei-me e ela riu. - Preciso esclarecer o que aconteceu mais cedo. Certamente estava mencionando a situação do carro, onde por pouco eu não a beijei. Imediatamente senti-me envergonhada. - Desculpa Letícia, eu pensei errado. Na verdade, o problema é que eu não pensei. Falei nervosa, quase sem conseguir encará-la. - Você não precisa pedir desculpa. Estávamos sentindo as mesmas coisas. Afirmou me confundindo. - Estávamos? Mas você abriu a porta do carro e ficou constrangida. Ela sorriu e se aproximou. - Meu pai estava se aproximando do carro. E não que isso seja um problema para ele, mas de um jeito ou de outro quebraria a magia do momento. Eu realmente estava atrasada. Sempre antes dos espetáculos, todos se reúnem nos bastidores. É um acordo que deve ser respeitado. Contou me deixando aliviada, afinal senti que havia um clima entre nós duas. - Fico aliviada. Pensei que tinha forçado uma situação com você e isso me deixou tensa. Confessei a fazendo rir. - Você parece sempre tensa. Ela brincou comigo, mas essa afirmação era algo que eu ouvia com frequência. - É o meu estado natural. Afirmei olhando para ela. - É o seu charme natural. Seu elogio me fez rir. - Trouxe você aqui pra que não pensasse que fugi. Quero que venha comigo pra um lugar. Falou pegando em minha mão e saiu me puxando até um dos trailers atrás do circo. - Essa é a minha casa. Quer conhecer? Perguntou rindo e eu imediatamente concordei.
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