A noite estava silenciosa, exceto pelo zumbido quase imperceptível do drone que sobrevoava a mansão de Masato. Escondidos entre as sombras das árvores que cercavam a propriedade, a equipe de Sayuri observava atentamente cada movimento.
Já fazia algum tempo que eles os estavam monitorando, sem nenhum progresso. Eles estavam mais cuidadosos desde os últimos acontecimentos, mas, ao que parecia, aquele dia estava sendo diferente e poderia ser o dia de sorte deles.
Julia, a líder da missão, ajustava os controles do drone enquanto a sua voz saía firme pelo comunicador:
— Base, aqui é Julia. Masato e Sora estão reunidos na mansão. Aguardamos movimentação.
Do outro lado, a base confirmou a recepção. O tempo parecia congelar até que, finalmente, os portões da mansão se abriram. Masato e Sora surgiram, saindo em dois veículos separados.
— Movimentação confirmada. Rastreiem os dois — ordenou Julia, que observava tudo com olhos atentos. Ela havia recebido uma missão de Sayuri e não sairia dali sem ter algo.
— Isso é meio inédito, eles nunca saem quando estão na mansão — diz outro rapaz, que observava as imagens.
— Sim, mas algo deve ter mudado para isso acontecer — diz Sayuri, atenta às imagens.
— Ao menos vamos ter algo para relatar desta vez. Estou cansado de não encontrarmos nada — diz outro homem que estava na van com Julia.
— Você não é o único, Arthur. Eu também estou frustrada com isso — diz Julia com um bufo de irritação. — Sigam eles com o drone, precisamos saber para onde eles vão.
— Pode deixar, hoje nós pegamos eles — diz Arthur, sorrindo, enquanto assumia o controle do drone.
O drone, silencioso e eficiente, seguiu à distância. O olhar de Julia não desgrudava da tela enquanto guiava sua equipe pelas estradas da cidade, evitando qualquer detecção. Algum tempo depois, eles observam quando entram em uma casa afastada de tudo, com segurança reforçada.
— Vamos, não tem a menor chance de eles nos encontrarem agora — diz Julia.
Eles sempre usavam os drones para seguir os seus alvos; era mais seguro do que se fizessem isso com o carro. Estava sendo um método eficiente desde que tinham começado a usar.
Eles chegam ao local e estacionam em um lugar estratégico para não serem vistos. Podiam ver o quanto a segurança na mansão de Masato estava maior do que antes, o que apenas fazia com que a desconfiança deles aumentasse sobre o motivo daquilo.
Minutos depois, algo inesperado acontece: um grupo de soldados de Masato sai apressado pela porta lateral da mansão. Carregavam uma mulher desacordada nos braços. Sem hesitar, atiraram-na para dentro de uma van escura e arrancaram rapidamente.
Julia arregalou os olhos e levou a mão ao comunicador:
— Equipe, rastreiem a van. Sigam de longe, sem levantar suspeitas.
A van serpenteava pelas ruas estreitas da cidade até que, após quase meia hora de perseguição silenciosa, parou abruptamente num beco deserto. Da van, Julia viu os soldados abrirem a porta traseira e, com brutalidade, atirarem o corpo da mulher no chão frio e úmido. Eles partiram rapidamente, sem querer levantar suspeitas.
Sem perder tempo, a equipe correu em direção ao beco. Julia foi a primeira a se ajoelhar ao lado do corpo. Os olhos fixos no rosto pálido da mulher, enquanto procurava desesperadamente por sinais de vida. Com os dedos no pescoço, nada.
— Está morta… — murmurou, com a voz pesada.
Mas antes que pudesse ordenar a retirada, um dos seus agentes, Marco, a deteve:
— Espera, Julia! Usa o scanner, só para ter certeza! Quando estava nas Forças Armadas, vi isso várias vezes, e, na maioria, as pessoas ainda estavam vivas.
Julia hesitou por um segundo, mas puxou rapidamente o pequeno aparelho do bolso. Passou-o sobre o peito da mulher. Um silêncio tenso pairou no ar… até que um bipe agudo soou, indicando um fraco batimento.
— Ela está viva! — exclamou Marco.
Julia sentiu o coração acelerar.
— Rápido, estabilizem-na! Ela pode ser a nossa chave para desmascarar Masato!
Enquanto a equipe aplicava os primeiros socorros, Julia acionava novamente o comunicador:
— Base, aqui é Julia. Encontramos uma sobrevivente. Estamos retornando imediatamente, preparem a equipe médica. Possível testemunha crucial.
Marco pegou o corpo da mulher e entrou rapidamente na van, enquanto Julia segurava a mão dela, determinada a mantê-la viva.
— Aguenta… por favor, aguenta… Precisamos de você!
A van cortava a cidade em alta velocidade, partindo em direção ao galpão onde o pessoal de Sayuri atuava. Em poucos minutos, eles chegaram ao destino. A equipe médica já os aguardava e rapidamente levou a mulher para a sala de emergência que havia ali.
— Ela não pode morrer — diz Julia, passando a mão pelos cabelos. Finalmente eles tinham encontrado alguém que poderia esclarecer muita coisa sobre o que Masato fazia. Eles não poderiam perdê-la.
— Você viu o estado em que ela estava, Julia? — pergunta Marco, com os olhos endurecidos.
— Sim. Deve ser alguma mulher dos carregamentos dele, é a única explicação — diz ela, sentindo o seu sangue ferver.
— Aquele desgraçado merecia a morte! — diz outro dos membros da equipe de Julia.
— Eu também acho, Fábio, e ainda quero ter a oportunidade de pôr minhas mãos naquele canalha — diz ela, com o maxilar trincado, enquanto observava o lugar onde os médicos tentavam salvar a vida da mulher.
— Vai informar a senhorita Sayuri? — pergunta Marco.
— Vou, mas antes preciso saber se ela vai sobreviver. Caso contrário, apenas daria falsas esperanças para a senhorita Sayuri.
Eles permanecem do lado de fora, esperando que os médicos saíssem para dar notícias sobre a mulher. A outra equipe de Julia permanecia no local, observando a movimentação na casa em que Masato estava e, a cada poucos minutos, informava a eles o que estava acontecendo.
Depois de mais de três horas de espera, a porta finalmente se abre e o médico sai. Ele retira a máscara, com os olhos cansados, enquanto se aproxima de Julia.
— E então, doutor, ela sobreviveu?