O silêncio que se seguiu às palavras de Oksana era denso, quase palpável. Todos na sala estavam atônitos, tentando assimilar a gravidade da revelação.
— Durante os últimos cinco anos, Hideo e eu conseguimos interceptar várias cargas ilegais em diferentes partes do país. Todas envolviam tráfico de pessoas. Nunca conseguimos ligar diretamente a um nome... até agora.
— Está dizendo que... — começou Sayuri, mas Oksana ergueu a mão.
— Todas as cargas pertenciam a Masato. Ou a alguém diretamente ligado a ele. Sempre suspeitamos, mas não tínhamos provas. Agora tudo começa a fazer sentido. O ataque recente... ele não foi apenas uma coincidência.
— Acredita que ele sabe? — perguntou Ricardo, apertando os punhos.
— Sim — respondeu Hideo, grave, completando o raciocínio da companheira. — Masato deve saber que Sayuri me ajudou, e desconfio que ele também já tenha identificado o meu envolvimento. Aquela emboscada não foi aleatória. Foi uma resposta.
Yuki bateu com força na mesa, os olhos arregalados. A sua irmãzinha corria perigo, e ao que parecia as coisas eram bem mais sérias do que ele imaginava.
— Isso muda tudo! Estamos lidando com um inimigo que conhece as nossas jogadas e, pior ainda, tem contas a acertar!
— Masato não vai querer lidar comigo, isso eu garanto. — disse Sayuri com olhos sombrios.
— Sabemos disso, Sayuri — disse Ricardo, com firmeza. — Mas não vai ter que lidar com isso sozinha, você está com o Hideo e ele é da nossa família. Vamos cuidar bem de você e resolver isso com Masato.
Os pais de Sayuri olhavam para Ricardo surpresos com as suas palavras; eles não esperavam aquilo do líder da Fênix. Ricardo sempre mantinha uma aura de poder a sua volta que espantava as pessoas, então o ver daquela forma era algo inédito.
— Obrigado por isso, senhor Augustini. — disse Kyota.
— Não me agradeça. Todos sabem que eu não tolero ataques à minha família, e Masato saberá disso também.
— Mas temos um problema. — disse Yuki, chamando a atenção deles. — Eles não são casados.
— Mas isso pode ser resolvido rápido, é só adiantarem a cerimônia. — disse Ricardo com um sorriso de canto.
— Não vai ter como você fugir de mim. — disse Hideo, indo até ela e a puxando para seu colo.
— Me solte! — disse ela, lhe dando uma cotovelada nas costelas. Rapidamente, Hideo a soltou gemendo.
Os outros olhavam para a cena à frente deles com olhos arregalados. Então Aurélio não resistiu e caiu na risada.
— Se eu fosse você, dava nele do outro lado, Sayuri, pra equilibrar as coisas. — disse Aurélio.
— Nunca pensei que veria isso, o dia em que o j**a se tornaria um p*u mandado. — disse Charles, rindo.
— Vão todos se f***r. — disse Hideo entre dentes.
— Não vai ter por onde fugir, Sayuri; só poderemos te proteger direito se for da família. — disse Ricardo, disfarçando o riso que tomava o seu rosto.
— Eu posso me casar com o Matteo, vocês são amigos. — disse ela.
— Nunca! — respondeu Hideo.
— Lamento, princesa, eu e Ricardo temos uma relação de amizade apenas; a tatuagem de Fênix é reservada para poucos, e todos sabem que quanto menos eu tiver envolvimento com vocês, melhor será para alguns dos meus negócios.
— Sabe que se precisar... — disse Ricardo.
— Eu sei, e valorizo isso, Ricardo. — disse Matteo.
— Ouça eles, querida, eles querem o seu melhor. — disse Kyota, a olhando com carinho.
— Papai! — disse ela, brava.
— Seu pai está certo, todos sabemos que você o ama muito, então se case logo com ele, Sayuri. — disse Hana, deixando Sayuri com os olhos arregalados.
— Então você me ama? — perguntou Hideo com um sorriso de canto.
— Não! — disse ela com os dentes trincados.
— Vocês vão precisar resolver isso, eu não vou me meter, mas será mais fácil se estiverem casados. — disse Ricardo.
— Vamos conversar sobre isso, Ricardo, quando estivermos sozinhos. — disse Hideo.
— Vai nos privar de nossa diversão? Você é c***l, j**a. — disse Aurélio, fazendo os outros rirem.
— Ainda precisamos resolver o que fazer sobre Masato. — disse Yuki.
— Precisamos pensar com frieza — disse Síria, passando a mão nos cabelos. — Se Masato sabe que estão no encalço dele, ele vai atacar de novo. E da próxima vez, pode ser pior.
— Nós temos que nos antecipar — murmurou Matteo. — E rápido.
Hideo levantou-se, com o olhar mais sério que já tinham visto nele.
— Eu tenho um nome. Um homem que esteve envolvido na logística de uma das cargas que interceptamos. Se o encontrarmos, talvez ele possa confirmar a ligação com Masato... e nos dizer o próximo passo dele.
Ricardo assentiu lentamente.
— Então vamos atrás desse homem.
— Deixem para fazer isso amanhã, já está tarde e vocês devem estar cansados. — disse Kyota.
— Verdade, preparamos quartos para todos, e uma refeição quente. — disse Hana.
— Vamos aceitar, depois nos reunimos para conversar melhor. — disse Ricardo, se levantando.
— Me acompanhem, por favor. — pediu Hana, se levantando. Eles a seguiram lentamente, deixando apenas Hideo, Matteo e Sayuri na sala.
— Não vou ficar no meio da conversa de vocês. — disse Matteo, se levantando. Ele foi até Sayuri e lhe deu um beijo na testa. — Grite se precisar de mim.
Hideo olhava para Sayuri com olhos sombrios. Sem dizer nada, ele se levantou, foi até ela e começou a limpar o lugar que Matteo tinha beijado.
— Quer parar com isso! — disse ela, tentando o afastar.
— Não quero o toque de outros homens em você, Sayuri! Você é minha! — disse Hideo.
— E onde você estava quando eu precisei de você? — disse ela com olhos sombrios.
Hideo parou o que estava fazendo e encarou Sayuri com tristeza no olhar. Ele tinha resposta para aquela pergunta, mas não era o que ela desejava ouvir.