Capítulo 93

1047 Words
— Você não vai enfrentar o meu pai sozinha — disse Hideo, com a voz baixa, mas firme, enquanto ainda sentado na cama. Os seus olhos ardiam, mas sua determinação era clara. — Eu vou com você. Mei deu um passo à frente, o olhar preocupado. — Hideo, você está ferido. m*l consegue se manter de pé. Não posso permitir isso. — Ela sabia o quanto seu filho podia ser teimoso, e não desejava que ele corresse mais riscos. — E eu não posso permitir que vá sozinha. Eu sei do que ele é capaz. Não vou arriscar a sua segurança. — Hideo olhava para sua mãe de forma firme. Ele não a deixaria enfrentar seu pai sozinha, ele não permitiria que Haruki tocasse em um único fio do cabelo de sua mãe. Ela suspirou, o coração apertado. — Você não entende... — Eu entendo perfeitamente, mãe — interrompeu ele, forçando o corpo para se erguer da cama. O movimento fez os seus músculos protestarem, mas ele não parou. — Estou cansado de fugir. Não vou permitir que ele toque em você por ter me ajudado. Mei quis impedi-lo, mas a decisão já estava tomada nos olhos do filho. Ajudou-o a se vestir e, com passos lentos e cuidadosos, os dois desceram juntos as escadas. Ela podia ver o quanto aquilo estava custando a ele, mas Hideo era teimoso de mais para admitir. Na sala, Matteo, Aurélio, Síria e os outros estavam à mesa tomando café. O som dos talheres cessou no instante em que viram Hideo. — Hideo?! — exclamou Sayuri, levantando-se de imediato. — O que você pensa que está fazendo? — disse Charles, já ao lado dele. — Você devia estar na cama! — Vou com a minha mãe — respondeu simplesmente. Eles já sabiam do que se tratava aquilo, então apenas esperam que ele fale. — Não vou deixá-la enfrentar meu pai sozinha. O ambiente ficou em silêncio por alguns segundos. Todos ali podiam ver a determinação queimando nos olhos de Hideo. — Isso é loucura — disse Nico, balançando a cabeça. — Você m*l consegue ficar em pé, Hideo. — Então vocês vêm comigo. Me mantenham em pé se for preciso. Mas não me peçam para ficar aqui enquanto ela enfrenta aquele homem. Não outra vez. Ricardo trocou olhares com os outros. Por fim, suspirou e assentiu. Não adiantava insistir naquele assunto, pela forma que Hideo olhava para eles, podiam ver que ele não mudaria de ideia. — Muito bem. Vamos com vocês. Matteo, Aurélio e Nico vão garantir a segurança. E se você cair, eu mesmo te carrego de volta. — Diz Ricardo o fuzilando com o olhar. — Obrigada Rivcardo, mas vou ficar bem. — Diz ele. Com um aceno, todos terminaram rapidamente o café e se prepararam para partir. O trajeto até a mansão foi silencioso, tenso. Mei olhava pela janela, tentando manter a respiração sob controle. Hideo, ao seu lado, lutava para não demonstrar dor. Quando os portões se abriram, viram Haruki no jardim, de pé, como se os esperasse há horas. Ele não parecia o mesmo homem. O semblante estava mais envelhecido, o olhar pesado. Quando viu o filho caminhando ao lado de Mei, um choque silencioso tomou conta do seu rosto. — Hideo... — murmurou, quase sem voz. Ele não esperava que seu filho fosse acompanhar a sua mãe, mas ao que parecia o garoto era mais protetor do que ele poderia imaginar. Hideo parou a poucos metros dele, o corpo oscilando levemente. Nico se aproximou para segurá-lo discretamente, mas Hideo ergueu a mão, recusando ajuda. Ricardo observava tudo de longe, ele queria saber como aquilo terminaria, e só interferiria se fosse realmente necessário. — Estou aqui. Diga o que quer, pai. — Diz Hideo sem nenhuma emoção na voz, os seus olhos carregados de ódio e desprezo pelo homem a sua frente. Haruki deu um passo à frente, mas hesitou. Os olhos marejaram. Ele pigarreia e se recompoem rapidamente. — Eu... só queria conversar com a sua mãe. Não precisava de tudo isso. — Diz ele gesticulando para as pessoas a volta deles. — Não precisava? Acho que você está errado. — retrucou Hideo, o tom duro como aço. Mei ficou em silêncio, olhando os dois. Era como ver dois mundos colidindo: o filho marcado pela dor, e o pai finalmente confrontando o que causara. — Eu errei — disse Haruki, a voz embargada. — Fui injusto. E agora, vejo você aqui... ferido... por minha culpa. Eu... — Não é só por isso — interrompeu Hideo. — É por tudo. Pelos anos de silêncio. Pela forma como tratou a minha mãe. Pela forma como me transformou. Eu me tornei alguém que você nem reconhece. Mas eu reconheço. E estou aqui para garantir que ela nunca mais sofra por sua causa. Haruki abaixou a cabeça. A culpa finalmente pesava nos ombros do homem que antes parecia inabalável. Ele reconhecia os seus erros, e sabia que ter defendido Sora diante do seu filho legítímo tinha sido como um tapa em seu rosto. Mas ele não poderia mudar o que tinha feito e apenas esperava que seu filho entendesse aquilo. — Eu não espero perdão. Só queria olhar vocês nos olhos... e tentar consertar alguma coisa. Nem que seja tarde demais. Mei, pela primeira vez, falou. — Você nunca tentou consertar nada, Haruki. Mas está diante da última chance. Use-a bem. — Diz ele com a sua voz suave. ELe não desejava ver a sua família naquela disputa inútil. — Você está certa querida, — Diz ele com um suspiro. — Como sempre. Mei suspira e se desenvencilha do filho. Hideo segura a mão da sua mãe e a encara esperando que ela explicasse. — Confie em mim querido. — Diz ela dando um beijo em sua bochecha e se soltando do seu aperto. Mei vai até Haruki e para a sua frente, em um movimento rápido ele a envolve nos seus braços a apertando contra o seu corpo. — Lamento por isso querida, não estou bravo com você, jamais poderia. — Diz ele beijando os seus cabelos. Mei sorri com as palavras dele. Mas em meio aquele sorriso um som alto enche o lugar e Mei sente quando os braços de Haruki se afrocham a sua volta.
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