Olhei pela janela enquanto as casas se transformavam em prédios médios e depois em prédios altos à medida que nos aproximávamos do centro da cidade.
Hoka parou o carro em frente a um prédio branco e prateado de aparência moderna e o porteiro desceu correndo as escadas para abrir minha porta e me deixar sair.
Saí e estremeci quando meu pé tocou a calçada. Agora que a adrenalina e a raiva haviam passado, eu definitivamente podia sentir dor no tornozelo.
Droga, por favor, não deixe isso ser sério... Eu precisava dos meus pés se quisesse meu emprego de volta.
Dei alguns passos na calçada e estremeci, olhando para meus sapatos abertos e as unhas pintadas de rosa.
O que tentar parecer bonita e feminina fez por mim? Nada. Se eu tivesse continuado a usar minhas botas de combate, estaria bem.
— Você está com dor. Hoka apontou, ficando ao meu lado.
Seu tom não continha nenhuma dúvida, e eu tinha certeza de que meu rosto dizia tudo o que ele precisava saber. Não fazia sentido negar. — Sim, mas é...
Não tive chance de terminar quando ele tirou os óculos escuros e se abaixou para me carregar.
Soltei um grito quando ele me levantou em estilo nupcial, como se eu não pesasse nada, e subi as escadas.
— O que você está fazendo?!Coloque-me no chão! Gritei quando entramos no prédio e todas as pessoas no saguão se viraram para nós.
— Todo mundo está assistindo. Sibilei enquanto ele continuava andando com a cabeça erguida em direção à fileira de elevadores.
— Eles provavelmente não teriam notado se não fosse pelos gritos. Ele respondeu enquanto as portas se abriam para uma mulher, que saiu olhando para ele com tanta fome que não pude deixar de corar com a intensidade.
— É ridíc*ulo. Eu posso ficar de pé agora. Além disso, eu... Seus olhos ... Sussurrei a última palavra, enquanto estava hipnotizada quando ele olhou para baixo e seus olhos encontraram os meus.
Inclinei a cabeça para o lado, esquecendo que estava sendo carregada em um elevador.
Fiquei feliz por ele ter mantido os óculos antes, ou eu não teria conseguido parar de olhar.
Seus olhos eram âmbar. Não o castanho-claro que às vezes chamamos de âmbar. Não, os dele eram estranhos, como se o ouro tivesse sido derretido só para ser colocado em seus olhos.
— Sim? Seus olhos procuravam meu rosto, como se tentassem encontrar alguma coisa. Eu não tinha certeza do que ele estava procurando, mas eles pararam nos meus lábios apenas por um mero segundo. Foi o suficiente para fazer meu coração pular.
O elevador apitou e a porta se abriu, m*al aliviando o meu coração acelerado.
O constrangimento e a surpresa que senti ao ser pega daquele jeito começaram a diminuir. De repente, fiquei muito consciente de seu corpo contra o meu, do aroma suave de sua colônia fresca, da superfície dura e plana de sua barriga contra meu quadril.
Olhei para cima enquanto ele caminhava até a recepção, sem nem me importar com quem estava sentado ali e como poderia parecer. Detalhei seu queixo esculpido, descendo pela coluna do pescoço, até a borda da camisa, onde outra tatuagem m*al aparecia.
— Ni-Nishimura-Sama. A urgência de seu tom me fez virar para olhar para ela enquanto a jovem se levantava rapidamente e se curvava diante dele.
— Minha amiga caiu e se machucou. Eu gostaria que ela visse o Dr. Mori agora mesmo. Ele olhou para mim com um pequeno sorriso, e não pude deixar de me perguntar quem ele poderia ser para justificar tal saudação.
Como se isso fosse acontecer. Um médico largando tudo por...
— Sim claro. Por favor, siga-me até a sala três e eu o enviarei imediatamente.
Sério, quem é esse cara? Um príncipe ou algo assim? Meus olhos se estreitaram enquanto seu sorriso se espalhava em um sorriso arrogante.
Olhei para as pessoas sentadas na sala de espera, que compartilhavam vários olhares de aborrecimento, enquanto nos viramos para seguir a mulher por um corredor.
— Dr. Mori já vai entrar. Ela disse rapidamente, fechando a porta atrás de si enquanto ele me colocava na mesa de exame preta forrada de papel.
— Isso é desnecessário, estou bem.
Ele se encostou na parede, cruzando os braços sobre o peito. — Então, faça para me agradar.
Eu estava prestes a dizer a ele que talvez teríamos que esperar um pouco quando a porta se abriu, revelando um homem asiático baixo e de cabelos grisalhos.
— Nishimura-San. Ele fez uma reverência para Hoka, que ainda estava encostado na parede.
Hoka fez uma pequena inclinação de cabeça e ficou mais ereto. — Minha amiga está ferida. Eu apreciaria se você pudesse examiná-la e dar-lhe o atendimento prêmio.
Inclinei a cabeça para o lado para perguntar qual era o atendimento prêmio, mas Hoka acenou e saiu da sala antes que eu tivesse chance.
Soltei um pequeno suspiro de alívio. sua presença era tão avassaladora Que parecia que finalmente poderia respirar novamente quando ele fosse embora.
O médico se aproximou, examinando meu rosto com minucioso interesse, como se eu fosse um espécime raro.
—Eu sou o Dr. Mori, senhorita...? Ele perguntou, pegando um gráfico em sua mesa.
— Eu sou Violeta Murphy.
— O que aconteceu com você?
— Eu... hum, eu caí. Ofereci, apontando para os joelhos, depois mostrei a palma da mão direita. Tive sorte de meu pulso parecer bem, porque eu poderia dar adeus ao meu trabalho se ele estivesse quebrado.
Espere um minuto, não tenho emprego agora e nada garante que Liam me devolva .
Ele assentiu e trouxe um banquinho na minha frente. Ele se sentou e puxou uma lâmpada redonda que brilhava mais que o sol, colocando-a bem acima dos meus joelhos.
— Onde você caiu?
— Na estrada. Asfalto, eu acho?
— Entendo, sim... Ele sussurrou, empurrando os óculos no nariz e pegando uma pinça em uma bandeja de metal. — Você fez bem em vir. Você tem algum resíduo na ferida.
Permanecemos em silêncio enquanto ele limpava e enfaixava as feridas, e eu olhei ao redor da sala. Assim que terminou de limpar meus joelhos, ele mexeu meu tornozelo e eu sibilei de dor.
— Desculpe. Ele olhou para mim enquanto tirava meu sapato. — Não tenho máquina de raio X aqui. Só quero ter certeza de que não está quebrado. Ele moveu meu pé da direita para a esquerda, causando uma dor aguda, mas eu franzi os lábios, tentando engolir qualquer outro silvo que pudesse revelar meu desconforto.
—Não, não, está tudo bem. Sinto muito por tomar seu tempo... tenho certeza que você tem uma agenda lotada.
Ele suspirou e se afastou, seu rosto suavizando. Então, ele ficou irritado com a interrupção . — Está tudo bem, Sra. Murphy. Ajudar a amiga do senhor Nishimura é uma honra.
Hoka Nishimura. Adorei o sobrenome dele.
Ele se levantou e pegou um rolo de cor creme do pequeno armário de metal encostado na parede. — Seu pé não está quebrado, apenas torcido. Ele sentou-se novamente. — Vou enfaixar. Apenas tente fazer atividades de poucos impactos por alguns dias.
Eu balancei a cabeça. Não fazia sentido dizer a ele que não poderia me dar ao luxo de alguns dias de folga. Seria um dia, dois no máximo.
— Você pode tirar seu casaco para fazer o exame de sangue?
Eu fiz uma careta, apertando o casaco em volta do meu corpo.
— Não precisa se preocupar. Sr. Nishimura pediu para lhe dar cuidados premium, o que significa um check-up completo... incluindo exames de sangue. Quando foi seu último exame de sangue de rotina?
Olhei para minhas mãos no colo. Acho que nunca fiz um. Para ser sincera, não me lembrava de ter feito um exame de sangue antes.
— Entendi. Acho que meu silêncio foi resposta suficiente para o médico. — Quantos anos você tem?
Eu olhei para cima. — Vinte e um.
Ele assentiu e escreveu algo em seu prontuário. — Não vou forçá-la a fazer algo que você não quer, mas você realmente deveria considerar isso. Não custará mais nada a você ou a ele .
— Tudo bem... Eu parei, ainda insegura enquanto tirava meu casaco.