Capítulo 2

2053 Words
Kai Ross Hoje meu dia já começou corrido novamente, não sei o que acontece sempre acordo cedo aos finais de semana, mas quando é para ir ao trabalho estou sempre atrasado e eu odeio atraso. Pois é, eu não sou normal. E hoje acordei no susto, sabe aqueles sonhos que parecem que você está caindo em um buraco ou precipício? Pois bem, foi quase assim, só que no lugar de cair, era um tiro que me fez acordar com aquela sensação de susto. Mas toda minha onda de azar não acaba por aí. Acho que hoje é meu dia de mais azar, para começar iria chegar atrasado no trabalho, fui tomar meu banho rápido e adivinha? Água gelada foi o que caiu sobre meu corpo, agora só me falta ficar doente. É com esses pensamentos que atravesso a rua e não vejo que o sinal fechou para pedestres. — p***a. — É tudo que sai da minha boca ao sentir meu corpo se chocar contra o carro, e imediatamente sinto a dor em minha testa ao que caio de bruços, o carro freia bruscamente, e com certa dificuldade consigo me levantar sentando-me no asfalto em seguida. Vejo os pés do cara que estava dirigindo o carro que me atropelou e o vejo se abaixar a minha frente, mas é quando ouço sua voz que todo meu corpo entra em alerta, mas...por quê? Ele fala, pergunta se estou bem e quando olho em sua direção a frase morre em meus lábios, eu já o vi em algum lugar. Será que foi na tv? Não, sinto meu peito encher de... de que? Amor? Mais como assim? Minha mão automaticamente, vai de encontro ao seu rosto, mas me dou conta de que não o conheço, mesmo tendo a sensação que sim, e imediatamente abaixo minha mão, sentindo uma onda de saudade me invadir com toda sua força. E a sensação de que eu precisava está perto dele enche meu peito, assim como a sensação de que ele precisa de mim. Só posso estar louco em pensar algo assim, por que um desconhecido precisaria de mim? Fui levado ao hospital por ele, o mesmo em que trabalho que fiz questão de indicá-lo, ficaria mais fácil para mim, por está atrasado. Gostei de vê-lo preocupado comigo, me senti importante. Chegando ao hospital, Mary vem ao meu encontro preocupada, logo fico constrangido com o sermão que recebo dela, ela é tipo uma mãe para mim, sempre se preocupando e cuidando de me junto de Billy, amo eles demais. Antes de seguir com Billy, o cara que me atropelou fala seu nome, e não posso evitar de ter meus olhos arregalados, sinto que já ouvi esse nome, sensação muito estranha. Ao entrar na sala com Billy ele começa a falar. — Você tem que ser mais cuidadoso Kai, ainda nos mata do coração qualquer dia desses. — Vejo preocupação nítida em sua voz. — Prometo que isso não vai voltar a acontecer. Não quero preocupá-los. — Falo cabisbaixo. Billy solta um suspiro. — Falo isso para seu bem, essa já é a segunda vez que você se machuca. A Mary ficaria triste se algo te acontecesse, assim como eu também. — Daquela vez eu não sei o que aconteceu, eu realmente escutei alguém em desespero. Me refiro ao dia em que também quase fui atropelado, eu tinha certeza de que alguém estava sofrendo, eu senti isso, foi como se quisessem me salvar de algo e não conseguisse, daí escutei um tiro e fiquei estático no meio da rua, minha sorte foi que o motorista parou bem antes. Esses sonhos com tiro, sonhar com eles também, não está me fazendo bem, tenho que procurar um psicólogo. — Tudo bem, vamos encerrar isso por aqui. Você já está liberado. E está sendo convocado para jantar lá casa de novo. — Fala deixando um beijo em meus cabelos e aí está o carinho que me faz sentir tão bem, é como se fosse meu pai aqui. Nunca me senti em casa, mas com ele e sua esposa, eu me sinto muito confortável, tive a sorte de conhecer pessoas maravilhosas. Me levanto e vou andando em direção a saída. Me volto para ele e lhe pergunto com a maior cara de p*u. — Será você que vai cozinhar né? — Ele solta um gargalhada e me olha como se dissesse “deixa a Mary te ouvir perguntar isso.” Sorrio inocente. — Amo a Mary, mas você cozinha mil vezes melhor. — Sim eu vou cozinhar. — Ele sorri para mim e saio saltitante de sua sala. Ao chegar falo para Ettore que estou bem fazendo com que ele vá embora tranquilo. Recebo um aviso de uma emergência e tenho que me retirar as pressas me voltando para ele quando me pergunta meu nome e assim que o digo, o elevador chega e entro no mesmo, sentindo que minha vida mudaria a partir dali. Não sou nenhum vidente ou algo do tipo, eu apenas me sinto bem. Depois de atender uma criança com intoxicação, fui para minha sala terminar todas as outras consultas do dia que eu tinha marcado. É um trabalho difícil, mas me sinto bem atendendo todas essas crianças. Ao fim do dia estou um caco, mas como têm o jantar na casa de Billy sinto que vou poder renovar um pouco das minhas energias. Sempre foi assim depois que os conheci, eles sempre estavam lá para me alegrar e me renovar de novo, não importa o quão morto eu esteja, eles me revivem. Ao sair da minha sala passo na recepção e espero Mary terminar seu último atendimento. Então nós seguimos para o carro para esperar por Billy que logo iria ao nosso encontro, enquanto isso conversamos besteiras, ela ainda tocou no nome de Ettore e meu coração automaticamente acelerou, nem o conheço e ele já têm esse poder sobre mim. Queria poder o conhecer melhor, mas acho que nunca terei essa chance. Ele é um homem bonito com seus cabelos loiros e olhos pretos. Seu porte físico com certeza me deixou babando. Estamos todos no carro indo em direção a casa da Mary, ela e Billy estão na frente conversando sobre alguma coisa que não consigo compreender pois nesse momento estou com minha cabeça encostada no vidro do carro enquanto Ettore invade meus pensamentos. Por que todo esse sentimento de que o conheço? Sinto os meus olhos úmidos, mas que merda está acontecendo comigo? É como se eu estivesse sentindo uma dor profunda, mas que não sei a origem dela. Parece algo que foi preso em meu coração por muito tempo querendo sair. Estou tão confuso depois que o encontrei hoje. Só sinto que, sei lá... que eu deveria estar com ele. Meu Deus, o que está dando na minha cabeça hoje? Por que tudo isso? Não consigo entender o que se passa na minha própria mente. Eu preciso esquecer sobre hoje. É isso, só tenho que esquecer. Desperto de meus pensamentos quando escuto Billy me chamar. — Kai? Está bem? Você ficou calado praticamente o caminho todo. Pergunta com preocupação e sinto os olhos dos dois em mim. — Estou bem gente, estava apenas pensando. — No Ettore? — Como Mary não é de enrolar, ela já vai direto ao ponto. — Eu só... — Minha voz fica entalada em minha garganta, olho nos olhos das únicas pessoas que me entendem e que considero como minha família assim como sei que eles sentem o mesmo por mim. — Quando vi Ettore pela primeira vez, senti um aperto aqui, sabe? — Falo colocando minha mão em meu peito. — Foi como se eu estivesse vendo-o de novo depois de muitos anos. Eu me senti impotente, como se ele precisasse de mim, mas eu não sei o porquê, e isso está me desesperando. Eu não sei por que sinto tudo isso, eu... — Paro de falar quando sinto uma lágrima descer por meu rosto. Imediatamente vejo quando eles descem do carro dão a volta, abrem a porta de trás e me tiram de dentro, e logo estou nos braços dos dois. — Oh meu amor... — Mary tem em seus olhos lágrimas não derramadas, enquanto Billy me olha com seus olhos tristes. — Vem vamos conversar melhor dentro de casa. E assim sou levado para dentro, sentamo-nos no sofá, comigo entre eles. — Sabe, minha avó a muito tempo me falou histórias sobre reencontros de almas. E sei que você pode me achar uma louca, mas no momento você também está se achando um por ter sentimentos por um homem que você acabou de conhecer. — Mary me conta e solta um longo suspiro e continua. — Quando minha Avó me contava sobre isso achava apenas ser um conto de fadas de alguém que era extremamente romântica, mas vendo o jeito que você ficou e como ele reagiu quando você falou seu nome, foi como se ele te conhecesse, estranhei no momento, mas agora entendo. Se isso for realmente verdade, aconteceu algo r**m nas suas vidas passadas, pois vocês estão aqui para terminar algo que ficou inacabado, e tenho certeza de que se for isso, vocês vão poder ficarem juntos e resolverem tudo. — Há Mary, está tudo tão confuso. Será mesmo isso? O quão louco isso parece ser? Não sei no que acreditar. — Mary enxuga minhas lágrimas com suas mãos doces que me transmitem tanta paz, ela sempre teve esse poder, desde que nos conhecemos a quase 4 anos atrás quando eu era apenas um cara que estava no hospital a procura de um emprego no que futuramente se tornaria minha profissão. — Se isso for realmente verdade, na hora certa você irá descobrir, só peço que siga seu coração, meu querido. — Assinto ainda com um pouco de lágrimas nos olhos, Billy me abraça, como um verdadeiro pai preocupado, May deixa um Beijo em minha testa e logo coloca um sorriso no rosto. — Vai ajudar Billy na cozinha porque estou morrendo de fome. — Eu e Billy soltamos uma pequena risada. Enxugo meus olhos e os sigo em direção a cozinha. O nosso jantar se passa e eu consigo me distrair de toda a angústia que senti hoje. Chego em casa por volta das onze horas da noite, tomo um banho para tentar relaxar, o que não surte tanto enfeito, mesmo assim trato de tentar dormir um pouco. O que tiver que acontecer vai acontecer. Tudo no seu tempo, mas se demorar para nós nos encontrarmos de novo e eu ainda sentir esse aperto no peito, vou procurá-lo e irei resolver isso de uma vez. Tentar descobrir o que se passa comigo. Como vou achá-lo? Eu não sei, mas irei dar um jeito. No outro dia acordo um pouco cedo demais, sigo em direção ao banheiro e resolvo tomar logo um banho. Preparo meu café e fico sentado na cozinha, entre vários pensamentos. O que me mais se destaca é o Ettore e tudo que ele me fez sentir. Foi boa a sensação de ter suas mãos em mim. Fico imaginando-as passando pelo meu corpo, sinto tudo em me vibrar só com o pensamento. Mas...o que estou pensando? Pareço um pervertido com esses pensamentos pecaminosos, meu Deus estou virando um tarado? Não é possível. Vejo que está quase na hora de ir ao trabalho e me assusto, passei tanto tempo assim com meus pensamentos? Me troco rápido e desço indo em direção ao hospital, como moro perto sempre vou a pé. Quando estou próximo de onde aconteceu tudo ontem trombo em uma senhora, sou tão desastrado meu Deus. — Desculpe senhora. — Falo a ajudando com algumas sacolas que ela deixou cair com o impacto. — Não têm problemas, meu querido. — Ela olha em meus olhos, seus olhos brilham em minha direção. — Vocês finalmente se reencontraram. Ele te achou. — O que? — pergunto confuso. — Agora ele terá paz, e você será feliz meu anjo. Só cuidado, têm alguém que mesmo depois de décadas não se conforma com a felicidade dos dois, peço que seja forte e encare tudo com seu amor ao seu lado. Se cuida meu anjo. Mas o que foi isso? Olha para trás na direção que a senhora foi, mas não a vejo mais. Será? Será que Mary estava certa?
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