Max estava de pé ao lado do jipe preto que o levaria ao seu destino. A manhã estava fria, e o vento que soprava pelo complexo da Fênix carregava uma sensação estranha de despedida. Klaus se aproximava a passos firmes, seu olhar sério, mas com um brilho de amizade e preocupação.
Max sentiria falta do amigo, já estavam juntos há tanto tempo trabalhando para Ricardo que ele acharia estranho ficar sem a companhia de Klaus e a sua família.
— Está pronto para isso? — perguntou Klaus, cruzando os braços ao parar diante dele. O seu olhar era tranquilo enquanto observava Max.
Max soltou um suspiro, olhando ao redor. Aquele lugar era sua casa, seu refúgio, e agora estava partindo para uma missão incerta, sem tecnologia, sem apoio e no meio de um território hostil. Não que estivesse acostumado com facilidade, mas aquela missão... Ela parecia diferente. De certa forma Max sentia que tudo mudaria quando ele retornasse, pois independente do que os seus amigos dissessem ele estava decidido a resolver as suas diferenças com Vito por Isabel.
— O quanto alguém pode realmente estar pronto para algo assim? — Max deu um meio sorriso, mas Klaus não riu.
— Essa missão vai te testar de todas as formas possíveis. Você sabe disso, certo?
Max assentiu. Ele sabia. Durante o treinamento com o esquadrão especial, ele seria empurrado ao limite do que o seu corpo e a sua mente podiam aguentar. Aprenderia a se mover sem ser visto, a rastrear alvos em terrenos inóspitos, a sobreviver com o mínimo. Ainda assim, a sensação de que algo estava prestes a dar errado não o abandonava. Mas talvez fosse apenas sua mente lhe deixando em dúvida sobre coisas que ele não precisava.
Klaus enfiou a mão no bolso do casaco e retirou um pequeno envelope. Ele o entregou a Max, que franziu a testa. Ele segura o envelope olhando com atenção para a embalagem simples.
— O que é isso?
— Abra quando estiver no jato — disse Klaus, firme. — Apenas confie em mim.
Max segurou o envelope com hesitação, mas assentiu. Klaus nunca foi de sentimentalismos desnecessários, então aquilo deveria ser importante.
— Boa sorte, meu amigo — Klaus apertou o ombro de Max com força. — Volte inteiro.
— Pode deixar. E cuide dos pequenos por mim.
— Sempre.
Max entrou no jipe e fechou a porta, observando Klaus se afastar pelo retrovisor. O veículo começou a se mover, e ele sentiu o peso da missão cair sobre os seus ombros mais uma vez. Ele não sabia o que esperar do seu treinamento, não conhecia as pessoas que faziam parte daquele esquadrão e isso o deixava apreensivo, mas ele sabia que era habilidoso, podia não saber certas coisas mãos sabia reconhecer o seu valor.
O som do motor do jato ecoava baixo enquanto Max se acomodava em uma das poltronas. Estavam a caminho do destino, e logo ele se veria completamente sozinho em uma região desconhecida, em breve estaria caçando um homem perigoso sem qualquer suporte tecnológico. Ele pegou o envelope no bolso e o abriu com cuidado.
Dentro havia uma pequena foto. O seu coração quase parou.
Isabel.
Ela estava sentada ao lado de Síria, segurando a pequena Aurora no colo e sorrindo. O tipo de sorriso que ele poderia passar a vida inteira observando. Ela era linda, mais do que Max conseguia colocar em palavras. Isabel era idêntica a Estela, os mesmos olhos e cabelos loiros, o mesmo sorriso, mas ele conseguia ver a diferença entre elas nos mínimos detalhes. Estela era tímida, Isabel era espontânea e risonha, e ele amava aquele lado dela com todo o seu coração.
Havia também um pequeno bilhete, com a caligrafia de Klaus.
"Você nunca fala sobre isso, mas todos sabemos. Volte para casa e pare de fugir dos seus sentimentos. Você merece ser feliz."
Max fechou os olhos e recostou a cabeça no assento.
Ele nunca teve coragem de admitir o que sentia por Isabel. Sempre acreditou que havia tempo, que poderia esperar, que um dia encontraria o momento certo para dizer a ela. Mas e se não houvesse um "depois"?
Max apertou a foto entre os dedos e tomou uma decisão. Se voltasse — e ele voltaria —, não perderia mais tempo. Ela entenderia de uma vez por todas que lhe pertencia, e ele reivindicaria o que é seu.
Ele passou a viagem inteira encarando a foto que Klaus lhe dera, tentando ignorar a onda de sentimentos conflitantes que aquilo despertara. Isabel. Pensar nela agora, quando a sua vida estaria em risco a cada segundo, era um erro. Mas era um erro inevitável.
O piloto avisou pelo rádio que pousariam em dez minutos. Max guardou a foto no bolso interno do casaco e se preparou mentalmente. Assim que a missão começasse, ele não teria espaço para distrações.
A aterrissagem foi suave, mas assim que as portas do jato se abriram, Max sentiu o impacto do calor úmido da floresta. O cheiro de terra molhada e vegetação densa o envolveu imediatamente. No ponto de extração, apenas um jipe militar e três homens armados esperavam por ele.
Um deles se aproximou. A sua postura imponente e constituição física forte, ele tinha um olhar feroz enquanto o examinava com extremo cuidado, Max podia ver ele o avaliando com atenção, os seus olhos escaneando seu rosto de forma séria.
— Max. — O homem era alto, porte firme, olhar calculista. Provavelmente o líder do esquadrão especial encarregado do seu treinamento.
— Sou eu.
— A partir de agora, esqueça o seu nome. — A voz do homem era dura. — Aqui dentro, você é apenas mais um sobrevivente tentando não morrer.
Max arqueou uma sobrancelha, mas não discutiu. Já tinha servido antes, era um ex agente da lei e sabia respeitar um superior quando o via, e naquele momento era isso que aquele homem a sua frente representava.
— Entendido.
— Vamos. Não temos tempo a perder.
E ele foi sem questionar, deixando para trás os seus medos e dúvidas e focando apenas no seu objetivo.