Capítulo 4

1032 Words
O som estridente de um despertador tocando anunciava que o descanso tinha terminado. Com um bufo, Max joga as cobertas para o lado e se levanta. Ele nunca foi de enrolar na cama, mas, nos últimos dias, andava desejando uma pausa da sua rotina cansativa. A cada dia que passava, mais serviço aparecia e mais tempo ele passava fora de casa. Já fazia semanas que ele não via os pequenos de Klaus e sentia falta da algazarra das crianças sempre que o viam. Agora, Max havia se transformado em tio Max. A responsabilidade era bem maior, e ele se sentia feliz por poder participar da vida das crianças. Max sempre se surpreendia com o sorriso de Síria sempre que a via. A assassina letal havia se transformado em uma boa amiga com o tempo, e ele já não se sentia mais constrangido indo até a casa dela. Já fazia alguns anos que tinham resolvido as suas inimizades no primeiro ano dele na Fênix, e ele se sentia bem por isso. Max caminha até o banheiro e, sem pensar duas vezes, tira as suas roupas e entra debaixo da água gelada. Ele pragueja quando a sente entrar em contato com o seu corpo ainda quente, mas aquela era a melhor forma de acordar rapidamente, mesmo que quase enfartasse com a sensação que a água lhe causava. Assim que termina de se arrumar, Max pega o seu coldre com as suas pistolas e sai. A sua casa ficava no complexo da Fênix, e Ricardo havia lhe dado uma casa bem melhor que a anterior, já que a sua posição na organização tinha subido. Enquanto caminhava até a mansão de Ricardo, Max observava os arredores: várias casas e ruas que, àquela hora, estavam cheias de pessoas, soldados trocando de turno e mulheres levando os seus filhos até a entrada do complexo para que a van os levasse até a escolinha da cidade. Era impressionante o quanto a rotina na Fênix tinha mudado com o passar dos anos. Max percebia com mais clareza as coisas e ficava sempre impressionado com o planejamento de Ricardo. Assim que chega à rua da casa de Klaus, avista o amigo saindo com os seus dois pequenos nos braços. Eles estudavam no berçário que Ricardo tinha construído para as crianças no complexo. Era para lá que os filhos de Klaus, Nico e Charles iam todos os dias. Assim que os pequenos veem Max, eles correm em sua direção. — Tio Max! — gritam, jogando-se em seus braços. Soren e Orion estavam com quatro anos agora, e Max sempre se surpreendia com o quanto ambos eram idênticos. A única coisa que o fazia diferenciá-los era que Soren era mais espontâneo e brincalhão, enquanto Orion era sempre mais sério. — Olá, pequenos! Como estão? — pergunta Max, segurando cada um em um braço. — Estamos indo nadar — diz Soren com a sua vozinha infantil. — Aula de natação — diz Klaus enquanto começa a andar ao lado de Max. — Isso é bom. Aposto que eles já devem dominar aquela piscina — responde ele, sorrindo. — Sim, e agora ainda tem a Aurora para se juntar à farra — diz Klaus com um suspiro. A pequena Aurora já estava com um ano e pouco, uma fase que a tornava muito sapeca. — E onde está ela? — pergunta Max, não vendo a pequena com Klaus. — Está com Síria — diz ele com um sorriso. Max gostava de estar com Klaus e sua família. O amor que o amigo tinha pela esposa e pelos filhos era algo que sempre o encantava profundamente. Klaus havia mudado da água para o vinho. Eles conversam de forma tranquila até chegar à casa de Ricardo e, como sempre, a mesa do café da manhã estava lotada com todos presentes. — Estão atrasados — diz Nico assim que os vê. — Corta essa, tive um dia cheio ontem — diz Max, passando as crianças para uma das babás, que as leva ao berçário. — Preciso falar com você depois, Max — diz Ricardo, e, pela cara de seu chefe, Max já imaginava o que seria. Muito provavelmente, ele não dormiria por um bom tempo. — Sem problemas, chefe — diz ele, sentando-se à mesa com os outros. — Cheguei — diz Síria, entrando na sala. Ela entrega a pequena Aurora a uma das babás e corre até Klaus, dando-lhe um beijo nos lábios. — Desculpe, amor, ela me atrasou um pouco. — Pode me recompensar por esse atraso mais tarde — diz Klaus com um sorriso de lado. — Nunca vou me acostumar com isso — diz Nico, fazendo uma careta. — Mais respeito, agente, ela é minha irmã. — Ex-agente. E, caso não se lembre, ela é minha mulher — diz Klaus, arqueando a sobrancelha. Para provocar Nico, ele puxa Síria e lhe dá outro beijo. — Ao que parece, as coisas estão animadas aqui hoje — diz Alícia, sentando-se ao lado de Nico. — Mais do que deveriam — responde ele com um suspiro. — Não seja criança, Nico. Você já é pai e ainda não superou isso — provoca Charles. — Nunca vou me acostumar com isso. — Nem perca o seu tempo, Charles. Sabe como o seu irmão é: não admite que morre de ciúmes de vocês — diz Alícia, rindo da cara chateada de Nico. — Alícia! — Sabe que te amo, querido — diz ela, roubando-lhe um beijo rápido. Nico olha para os outros e cora ao perceber que eles o observavam. — Ele corou! — diz Charles, rindo. — Ao que parece, o nosso caçulinha ainda está aí. — Seu chato — diz Nico, desviando o olhar, a suas bochechas vermelhas como um pimentão. — Eu acho fofo o jeito como ele cuida de vocês — diz Estela. — O único que deve achar fofo aqui sou eu, amor — diz Ricardo, piscando para ela. — Mas o que aconteceu com vocês hoje? Não é sempre que os vejo tão animados assim — diz Raira, rindo. — Isso é o poder do amor, minha querida, o poder do amor — responde Charles, pegando a mão dela e dando-lhe um beijo.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD