O rugido dos soldados ainda ecoava pela arena improvisada. Max permanecia parado no centro, sua lâmina suja de sangue, os olhos frios como gelo. O corpo de Hector jazia aos seus pés, imóvel, e os homens que antes o seguiam agora o olhavam com desprezo. A liderança havia mudado.
Kenai se aproximou, analisando Max com um misto de respeito e admiração. Ele não imaginava que um forasteiro iria vencer um dos melhores soldados da máfia, e ainda roubaria o posto do antigo Don. Talvez roubar fosse um termo um tanto errado, Max havia conquistado aquele lugar com honra, enquanto Hector tinha machado o nome da organização com a sua covardia. Os pensamentos de Kenai eram conflitantas, e ele esperava que as coisas se ajeitassem agora.
— Nunca vi um forasteiro vencer um desafio como esse — disse, cruzando os braços. — E nunca vi Hector cair de forma tão vergonhosa.
Max limpou a lâmina em um pedaço de tecido e guarda a faca.
— Medo destrói até os homens mais poderosos — respondeu, sem se virar para Kenai.
O silêncio pairou por alguns instantes, apenas os soldados ao redor murmuravam entre si. Então, um deles se adiantou e ergueu o punho no ar.
— Ao novo Don!
Os outros o seguiram, gritando em uníssono. Max assistia surpreso um a um os soldados fazerem um corte na sua mão derramando algumas gotas em um copo. O copo passa por todos ali até chegar até Max.
— Eles esperem que você faça o mesmo e una o seu sangue ao deles se tornando um só. — Explica Kenai cortando a sua mão e derramando um pouco do seu sangue. — Essa é a prova que eles te aceitam, e que vão respeitar você e seguir a sua liderança.
Max respirou fundo. Ele não planejava assumir aquele título, mas ali estava, à frente de uma tropa que agora o reconhecia como líder. A questão era: o que faria com isso?
Kenai percebeu a sua hesitação e se aproximou mais.
— Você conquistou esse direito, Max. Agora, a questão é se pretende aceitar ou não.
Os olhos do novo Don passearam pelo rosto dos homens à sua frente. Alguns ainda tinham dúvida, mas a maioria demonstrava um respeito sincero. Hector governava pelo medo; Max havia vencido pelo mérito. Isso significava algo.
Ele deu um passo à frente e ergueu a mão, exigindo silêncio.
— Vocês me chamam de Don — começou, com a voz firme. — Mas não quero seguidores que apenas obedecem. Quero guerreiros que lutam por algo maior do que eles mesmos.
Os soldados se entreolharam, absorvendo as suas palavras. Aquilo não era o que eles esperavam ouvir do seu Don em seu primeiro discurso, mas respeitavam as suas palavras.
— A partir de hoje, quem ficar ao meu lado lutará por honra e pelo respeito mútuo, não pelo medo de morrer. Se aceitarem isso, eu serei o Don de vocês. Se não, podem ir embora agora.
O silêncio que se seguiu foi tenso. Então, um a um, os soldados bateram os punhos no peito em sinal de lealdade.
Kenai sorriu.
— Acho que você tem o seu exército, Don Max.
Max apenas assentiu. Ele havia vencido a luta. Agora, precisava decidir qual seria seu próximo passo. Pegando a sua faça que ainda estava um pouco suja ele passa em sua palma derramando um pouco do seu sangue aos dos soldados. Kenai se aproxima e fazendo um cântico em uma língua nativa espalha o sangue do copo pelo rosto e cabeça de Max.
— Está feito, somos uma família agora. — Diz Kenai sorrindo. Ele estava aliviado por ter se livrado de Hector, por mais que o homem fosse terrível eles estavam ligados por um laço de sangue, e mesmo se morressem sob a sua liderança, ainda honrariam aquele pacto. Olhando para Max, ele via o futuro da organização, uma salvação para seus irmãos de armas.
— A primeira coisa que faremos é enviar uma mensagem para todos os aliados de Hector, essa máfia não se chamará mais Salazar, ela terá um novo nome sob o meu comando.
Max nunca tinha desejado aquilo para sua vida, ele apenas queria fazer o seu trabalho e permanecer ao lado dos seus amigos, mas o destino o tinha surpreendido e vendo a esperança brilhar nos olhos daqueles homens ele não conseguia negar aquele posto, ele aprenderia a ser o líder que eles precisavam.
— Como nos batizará Don? — Pergunta Kenai.
— Já que somos família vocês agora carregarão o meu nome, serão a máfia Valentine. — Kenai sorri com as palavras do seu novo chefe, ele havia gostado de como aquilo soava aos seus ouvidos.
— Valentine, gostei disso. — Rapidamente o nome começa a circular por sobre os homens naquele lugar, a empolgação visível em seus olhos.
— Kenai, preciso da sua ajuda, e vou confiar em você agora que somos família. — Diz Max o olhando serio.
— Tem a minha lealdade Don, e honrarei o nosso pacto de sangue até os meus últimos dias. Me digo o que precisa e cuidarei de tudo. — Max olha satisfeito para Kenai, ele havia gostado do homem.
— Preciso saber onde Hector guardava os seus arquivos e informações confidenciais. — Max ainda tinha uma missão a cumprir e precisava verificar se Hector tinha vazado alguma informação sobre a fênix.
— Me acompanhe Don, vou te mostrar o que deseja. — Diz ele seguindo na frente. Max o acompanha em silêncio, os seus olhos atentos a tudo a sua volta, a sua faca ainda segura nas suas mãos.
Eles entram em um pequeno escritório em uma cabana separada das outras, Kenai abre a porta e entra. Max observava que o lugar era bem difierente do que ele tinha visto os soldados usar. Havia uma cama em um canto assim como uma mesa com um computador portatil e outros itens.
— É aqui que ele guardava tudo que era mais importante Don, espero que encontre o que procura.
— Obrigada por isso Kenai.
— Não me agradeça, é meu Don e devo a você a minha lealdade. — Max fica surpreso com a forma que aquele grupo tinha o aceitado.
— Por que me aceitaram tão fácil Kenai? — Pergunta Max curioso.
— Não o aceitamos fácil Don. Você lutou por sua posição e não se importou que fosse um combate até a morte, admiramos pessoas que tem coragem, e você mostrou isso a eles na sua luta. — Diz Kenai antes de se virar e sair do escritório deixando Max só.
Max suspira e se vira para o computador a sua frente, estava na hora dele finalizar a sua missão.