Capítulo 39

1025 Words
Isabel estava radiante naquela manhã. Seu pai, Don Vito, finalmente havia lhe concedido um dia de compras, e ela aproveitaria cada instante ao lado de sua fiel governanta, Lúcia. As duas caminhavam pelo shopping luxuoso, apreciando as vitrines repletas de peças sofisticadas. Isabel parou diante de uma loja de sapatos e, empolgada, puxou Lúcia para dentro. Era raro ter uma folga na sua rotina, e naquele dia seu pai havia sido brando ao cancelar a sua aula e permitir que desse uma volta no shopping. É claro que com os soldados que a acompanhavam em todos os lugares, mas nem tudo era perfeito, e aquilo era o máximo que ela havia conseguido arrancar de Don Vito. — Vamos, Lúcia, estou doida para ir naquela loja — disse Isabel, puxando a governanta pela mão em direção a uma loja de lingerie. — Calma, senhorita Isabel, não precisa correr — disse ela, tentando acompanhar os passos de Isabel. — Precisa sim, não é sempre que papai me dá uma folga — respondeu ela, animada. Assim que Isabel entrou na loja de lingerie, parou na porta, impedindo a entrada dos soldados. Isabel os encarou com a sobrancelha arqueada. Eles a encaravam sem entender o porquê dela estar os parando na porta da loja. — Não podem entrar aqui, é uma loja de peças íntimas femininas, e não quero vocês olhando o que vou comprar — disse ela. Os soldados olharam uns para os outros, sem saber o que fazer naquela situação. — Temos ordens para não a deixar sozinha, senhorita Isabel. Não olharemos as suas compras — disse um deles. — Nem pensar, é constrangedor para uma garota comprar roupas íntimas com seguranças — disse ela, batendo o pé. — Não precisa disso, vocês podem esperar aqui na porta que eu entro com a senhorita Isabel. Vai ficar tudo bem — disse Lúcia, tentando amenizar a situação. — Tudo bem, mas dois de nós ficarão em um canto dentro da loja. Prometo que não vamos olhar nada — insistiu o líder dos soldados. — Aceite, senhorita. Não vai conseguir uma proposta melhor — disse Lúcia, sabendo que os soldados escolhidos por Vito eram leais às suas ordens e não abririam mão do que ele lhes ordenara. — Tudo bem, mas nada de espiar — disse ela em advertência. Isabel parecia uma criança em um parque de diversões. Escolheu várias peças de diversos modelos diferentes; toda a linha da nova coleção de lingerie que havia chegado. Isabel comprou tudo. Vito não limitava as compras de Isabel, ainda mais que, em seu ponto de vista, a sua filha gastava muito pouco. Então, quando ela saía, ele não se preocupava com os valores. Isabel saiu da loja animada com as suas compras, entregou as sacolas aos seguranças e seguiu pelo corredor olhando as vitrines. Então, parou ao ver uma loja de sapatos, os seus olhos brilhando ao examinar os modelos expostos. Enquanto observava os sapatos, os seus olhos se arregalaram ao avistar Cristiano. O seu noivo. O homem que Don Vito fazia questão de manter longe dela. Cristiano, por sua vez, fixou o olhar em Isabel, um brilho obsessivo refletindo em seus olhos. Ele se aproximou com um sorriso insinuante. Isabel olhava para ele com desgosto, vendo a forma como os olhos dele passeavam por seu corpo, deixando-a desconfortável. Se ela pudesse imaginar que Cristiano estaria no shopping, não teria ido até lá. — Que coincidência te encontrar aqui, Isabel — disse ele, a voz carregada de intensidade. Mas aquilo não enganava Isabel. Ela podia ver a intenção em seus olhos, mas, ao pensar bem, viu que talvez aquela fosse sua oportunidade de conseguir descobrir algo que a ajudasse a terminar com aquele noivado horroroso. — Cristiano? O que faz aqui? — perguntou, mantendo a pose de surpresa, mas por dentro já arquitetando um plano. Cristiano segurou a mão dela com leveza, mas Isabel recuou sutilmente, sem levantar suspeitas. Ela sabia que precisava agir com cautela. O atendente da loja trouxe um par de sapatos elegantes, e Isabel se sentou para experimentá-los. Enquanto deslizava o pé para dentro do sapato, fez um leve movimento, fingindo perder o equilíbrio. — Ah! — exclamou, caindo diretamente nos braços de Cristiano. Ele a segurou firmemente, aproveitando o momento para envolvê-la em um abraço. No entanto, Isabel tinha outro objetivo. Com um movimento discreto, a sua mão deslizou até o bolso do paletó dele, pegando o celular sem que ele percebesse. Lúcia observava tudo, atenta, mas sem demonstrar nada. Recuperando a postura, Isabel sorriu sem jeito e se afastou. — Desculpe, Cristiano, sou mesmo um pouco desastrada — disse ela, ajustando o vestido. — Não se desculpe querida, foi apenas um acidente. — Diz Cristiano com uma voz suave que fazia o corpo de Isabel se arrepiar em nojo. — Está tudo bem com a senhorita? — perguntou o chefe da segurança, aproximando-se depressa dela. — Eu estou bem, foi apenas um tropeço — disse ela, disfarçando, mas aproveitando a oportunidade para se afastar mais de Cristiano. Cristiano, encantado com a proximidade entre eles, algo que não acontecia, sentiu o seu corpo se aquecer apenas por tocá-la. A sua vontade era deslizar as mãos pelo rosto de porcelana de Isabel. — Preciso ir agora, mas foi bom te ver — disse ela, pegando a sacola com os sapatos. Sem dar tempo para mais interações, ela puxou Lúcia pelo braço e saiu da loja. Já dentro do carro, tirou o celular do bolso e o ergueu, analisando a tela. — Consegui — sussurrou com um sorriso triunfante. Lúcia, embora preocupada, sorriu de volta. — Espero que isso seja útil para seu pai, menina — disse ela. — Vai ser, Lúcia. Papai não acha que eu posso ser útil, mas ele não conhece os truques femininos — disse ela, piscando para a governanta, fazendo-a rir. Isabel sabia que o seu pai queria apenas protegê-la. Para ele, a sua filha delicada devia ficar em casa, segura e diante de seus olhos. Mas ele desconhecia o espírito aventureiro que Isabel tinha. Ela estava disposta a provar que poderia ser uma boa aquisição para sua lista de pessoas de confiança.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD