Horas depois estou no hospital, em uma cadeira sentada tomando o segundo saco de soro e totalmente abalada pelo susto que acabo de ter, sentindo minhas pernas bambas e minha cabeça rodando, pensando em diversas formas de acabar com aquela maluca.
Melina devia estar com mamãe e eu ficava mais tranquila assim, logo Roman iria chegar e eu nem sabia como iria falar com ele, ele era protetor e já havia me dito pra ter cuidado mas não esperava passar por isso, não esperava ver uma mulher vindo pra cima de mim, não grávida. Isso só mostrava o tipo enorme de problema que ela significava.
Havia avisado Scott, ele devia aparecer a qualquer momento aqui, eu sabia que ele poderia entrar por essa sala em segundos e eu só pensava em como conversar, como ver ele depois dessa situação.
Uma que eu evitei, juro que evitei.
Mas Scott havia descoberto a gravides, havia descoberto tudo e estava mais próximo, não somente ele.
A porta do quarto se abre e ele passa por ela, os olhos atentos e o corpo agitado, que vem até mim e seguro meu rosto entre as mãos dele, numa ansiedade que sinto através dos dedos dele.
- Você está bem?
- Sim, sim, agora estou bem - Eu ergo as minhas mãos e afasto a dele, parando e encarando ele nos olhos. - Catarina veio dar um oi para o bebê e para mim, a notícia correu rápido.
- Ela viu você ligou os pontos, eu sinto muito.
- Sabia que aquela maluca veio pra cima de mim? Desculpa o termo maluca, mas depois de hoje, só consigo chamá-la assim, se não fosse Melina, namorado do meu irmã, eu teria levado na minha cara e quem sabe pior.
- Isso não vai acontecer.
- Tive apenas um sangramento pelo estresse, mas não quero passar por isso, eu vi o que ela faz na sua vida e na vida de Theo, o seu filho, mas ela não vai fazer o mesmo na minha e nem na vida do meu bebê.
Ele se aproxima da cama e se senta ao meu lado, fica de cabeça baixa e dessa vez não me encara.
- Era isso que você evitava antes, não é? - Ele ergue o olhar e me encara, olho no olho. - Esse problema com nome e sobrenome, eu não sei mais o que eu faço com aquela mulher, minha vontade é desejo e que ela suma e me deixa em paz, que deixa meu filho e agora até você em paz. Mas parece que nunca vou conseguir afastá-la - Ele suspira fundo. - Eu estou cansado dela, do que ela me faz passar o do que ela me tira, não só a paz, mas ficar perto de pessoas que eu gosto, que eu quero ter comigo, proteger e cuidar.
- Isso não depende de mim, do seu filho ou nem desse bebê que está vindo, depende dela.
- Quando soube de você, fiquei perdido de tudo Ranya, pensando que eu iria perder mais uma coisa por ela - Ele ergue a mão e coloca sobre a minha barriga. - Você ficou esse tempo longe de mim com razão, você tinha seus motivos e hoje eu entendo. Talvez se eu não tivesse voltado, ela não teria ido atrás de você.
Aquilo me deixa tão m*l, que me faz erguer a mão e colocar sobre a dele.
- Você tem que colocar ela no lugar dela, Scott, eu não quero que aquilo aconteça de novo, eu não quero ter mais um susto desse e nem ter que ver duas mulheres brigar, ainda mais uma que eu gosto.
- Seu irmão, sua mãe e sua cunhada estão lá fora esperando você sair daqui, eu tomei uma decisão enquanto você estava aqui - Ele pega a minha mão e aperta entre a dele, sinto a pele quente e a pouca força que ele usa, leva a minha mão até a boca e dá um beijo. - Eu não posso deixar aquela mulher fazer o inferno na sua vida e nem na vida de mais um filho meu.
- O que está querendo dizer?
- Eu vou me afastar e vou ficar distante Ranya, assim como você quis fazer, quanto mais longe eu estiver, mais longe ela vai ficar, eu e Theo sabemos como nós cuidar, mas você agora vai ser mãe e eu não quero perigo ou ninguém encima de você, querendo é desejando seu m*l.
- O que?! - Nesse momento, minha cabeça dá uma rodada bonita e eu puxo a minha mão da dele, tento me levantar e ele balança a cabeça e me segura na cama.
- Por favor, só me escuta - Eu encaro ele, com um pedaço do meu coração r**m dentro do peito, vendo ele fazer a mesma coisa que ele fez antes, me deixando. - Você estava em paz até eu aparecer, pra mim vai ser difícil.
- Se você sabia que isso poderia acontecer em algum momento, porque não ignorou quando soube e seguiu sua vida, você tinha que aparecer indagando ou perguntando algo? Olha pra você Scott, fazendo a mesma m***a que fez meses atrás, por isso essa mulher faz isso, ela sabe que você não vai envolver mais ninguém, não enquanto ela puder fazer as maluquices delas - Balanço a cabeça em negativa. - Era melhor você não ter aparecido.
- Mas eu apareci e sei que tem um filho meu dentro de você, um filho nosso, que talvez não precise disso agora e nem nunca.
Meu sangue começa a correr rápido e eu só quero mandar ele embora, mandar ele pra longe e nunca mais aparecer na minha frente.
- Vai mandar apenas um cartão no Natal? - Minha voz sai falha e sei que estou prestes a chorar. - Céus, como isso tudo está parecendo patético agora, e******o e tão r**m.
- Eu prometo ajudar no que precisar e quanto mais longe eu estiver, melhor vai ser pra você e pra criança.
Fico em silêncio, não quero mais falar nada e nem olhar pra ele, abaixo o olhar, sinto as lágrimas enchendo os meus olhos.
- Sai daqui então, suma de uma vez e espero que nunca mais veja você e nem aquela mulher r**m.
- Ranya.
- Sai daqui, finja que eu não exista. Não preciso de você pra nada - Ele se mexe e fica de pé, então ergo o olhar. - Vai embora.
Falo, olhando no fundo dos olhos dele.
- Espere.
- Agora, você tomou sua decisão de novo, então suma daqui.
E a última coisa que falo, antes dele se virar e sair, eu fico parada, vendo ele me detonar pela segunda vez na vida.
Magoada por Scott, o pai da minha filha.
Minha vontade era ir até aquela ex-mulher dele e dizer pra deixá-lo em paz, mas parece que se eu fizer isso, aí sim vou passar raiva, uma raiva absoluta que eu não preciso.
Scott era tão bom, também não precisava passar por aquilo.
No fundo eu sabia que ele gostava de mim, sabia que ele queria aquilo, mas não adiantava apenas querer.
As coisas não funcionavam assim.