— Você não vai tomar banho Júlia? — Olhando para Mônica, ela estava com seus braços cruzados abaixo de seus s***s.
Uma coisa que eu não havia reparado nela, é que ela tinha s***s. s***s, ela têm s***s, não são exagerados, são médios, do tamanho perfeito para ser mais exata.
— Sim, apenas estou esperando o vestiário ficar vazio — Comento sem olhar para a mesma, eu não queria papo com a mesma. Estava cansada, com dor de cabeça e com cólica. Nenhum pouco de ânimo para entrar em um longa e exaustiva discussão com a mesma.
— Entendo, eu vou ficar esperando você aqui assim que eu liberar seus colegas — Dando de ombros, as garotas saíram do vestiário já tomada banho.
Entrando vestiário, corri direto para o banho após tirar aquela roupa e absorvente. Deixando aquela água quente relaxar meu corpo e aliviar minha dor, me limpei rapidamente. Eu odiava o cheiro metálico de sangue, simplesmente odiava ser mulher.
Aproveitando para lavar meu cabelo, deixei um pouco com creme enquanto ensaboava meu corpo. Minha pele ardia um pouco por conta do sol que peguei, eu deveria ter passado o protetor solar que ela me deu.
— Júlia você já está terminando? — Olhando para trás, vi Mônica virada de costas.
— Sim Professora, eu já estou terminando — Tirando o pouco creme que tinha em meus cabelos desliguei o chuveiro.
— Já que está aqui, aproveita e pega por favor uma toalha e uma peça de minhas roupas íntimas com absorvente para mim, por favor — Peço olhando a mesma que ainda estava de costas.
— Calcinha? — A mesma se vira com seus olhos esbugalhados.
— Sim, vai me dizer que nunca viu uma calcinha antes? Será que poderia fazer isso para mim? — Perguntei novamente e a mesma saiu para pegar o que pedi, quando a mesma voltou, saiu quase correndo após deixar as coisas.
— Eu em, até parece que o que eu tenho ela não têm. — Revirando meus olhos coloco a peça íntima já com o absorvente, me vestindo saio do vestiário, aonde ela me esperava.
Mônica:
Júlia não demorou muito a sair, meu coração ainda estava sambando dentro de meu corpo. Eu não deveria ter entrado lá, e muito menos ter aceito pegar uma calcinha para ela.
Ver uma aluna nua, não era uma das coisas que eu planejava para este ano. Sei que para ela pode parecer nada demais, só que para mim não é.
— A Senhora está bem? Foi tão r**m assim me ver nua? — Júlia perguntou tirando uma com minha cara.
— Sim e não, porque até que você é bonitinha. — Digo dando de ombros, enquanto lá em baixo pulsava.
— Bom, pelo menos me acha bonitinha. — Júlia diz passando por mim como se aquilo fosse a coisa mais normal, revirando meus olhos, deixei um pequeno sorriso brotar em meus lábios.
Minha manhã após aquele ocorrido da minha idiotice de entrar no vestiário, fui voando para minha casa. Eu necessitava de um banho, de comida e de descanso.
Ao chegar em casa, Amanda não se encontrava na mesma. Pegando meu celular, não havia nenhuma menssagem dela avisando que não estaria em casa.
Subindo as escadas para o andar de cima, comecei me despir para tomar um banho e relaxar.
Tendo aquela água gelada percorrer por todo meu corpo, meus músculos relaxaram de imediato, me fazendo entrar em extrema e profunda leveza na alma.
Tomar banho gelado quando eu estava ânimos a flor da pele me ajudava a relaxar, mais fora isso, eu também amo tomar banho de água gelada, menos quando estou muito cansada.
Me enrolando na toalha, vesti um cueca qualquer e coloquei uma camisa comprida para só então descer e preparar algo para jantar.
Pegando uma panela, a enchia com a água e coloquei ao fogo para ferver. Eu estava morrendo de vontade comer macarrão e seria isso que eu iria comer.
Enquanto a água não fervia, comecei a preparar os temperos para fazer o molho de tomate. Aproveitar que eles estavam bem bonitos, melhor que estragar, porque se depender de Amanda fica lá na geladeira.
Ouvindo barulho de chaves, a porta da sala foi aberta dando uma visão da minha noiva suada e com roupa de academia. Sorrindo para mim, ela jogou sua bolsa em qualquer canto e veio até mim.
— Oi amor, hum vai preparar o jantar? — Sorrindo ladino, Amanda se aproximou selando apenas nossos lábios.
— Sim, irei fazer macarrão. Porque não vai tomar um banho para relaxar, te chamo quando estiver tudo pronto, não vai demorar muito — Digo acariciando sua bochecha e a mesma sorri saindo em seguida, vendo minha noiva sumir pelas escadas, mordi meu lábio inferior ao sentir a faca passar pelo meu dedo.
— d***a! — Exclamo levando o mesmo até minha boca, indo até pia lavei o mesmo. Não foi nada profundo, apenas um corte leve e pequeno, mais esses são os piores.
Júlia:
Bocejando, eu prendia meu cabelo em um r**o de cavalo. Há dias que estava de ir ao cabeleireiro para cortá-lo, sabe mudar o visual um pouco, mais a preguiça sempre bate.
Subindo as escadas para o segundo andar do colégio, arrumei a armação de meus óculos em meu rosto. Sim, óculos, eu perdi minhas lentes de contato com graus, Deus sabe o quanto eu odiava aquelas coisas.
Deus é muito bom, por fazer Mamãe ter diversos casos para resolver no Tribunal. Assim com pouco tempo, ela acaba esquecendo de comprar outras lentes. O que não muda nada, meu óculos custou um fígado meu, tudo bem, não foi tudo isso. Custou uns 300 contos, mas ainda, é muito caro. E só uma lente de contato com grau, custa uns 500 contos.
— Voltou a usar seus óculos. Humm, que gata.
— Deixa de ser otária Letícia. — Dou um leve empurrão na mesma, a qual ri e envolve seu braço ao meu.
— Você fica linda de óculos, sentia saudades de vê-la usando ele. — Comenta Letícia o removendo de meu rosto, o que me fez enxergar apenas borrões e sentir meu corpo ir de encontro ao de alguém muito forte.
— Scheiße! — Exclamo segurando fortemente ao corpo para não cair no chão.
— Ainda deu para xingar em alemão? Que bonito, garotas bonitas não podem falar palavrão. — Escutando aquela voz rouca e suave soar pele meus tímpanos, como o som melódico de uma harpa, senti todos os pelos de meu corpo se arrepiarem.
"Que m***a é que eu estou pensando?"
— Scheiße, não é palavrão. Até aonde eu saiba, m***a não é palavrão Professora. — Me soltando de seus braços fortes, tive meus óculos posto de volta em minha face.
— Bem melhor.
— Mesmo assim, uma garota não pode falar palavras chulas como essa. — Revirando meus olhos, cruzei meus braços abaixo de meus s***s.
— Chulas. Se eu quiser eu falo m***a o quanto eu quiser, até porque você é minha professora e não minha mãe para me dizer o que eu devo ou não dizer.
— Olha Júlia, eu não vou ficar aqui me dando o trabalho de discutir com você. Já me cansei desse seu jeito imaturo. — Mônica diz andando, apenas dou de ombros e caminho para minha sala.
Mulher insuportável, se acha a última bolacha do pacote. Nem se ela fosse meu último leite fermentado, meu último yakult da embalagem eu iria tratar ela bem.
— Você daqui a pouco faz um furo na parede. — Letícia diz mexendo em algumas mexas de meus cabelos.
— Eu? Porque?
— Você com esse olhar mortal ai, daqui a pouco solta raios laser pelos olhos que nem Superman. — Revirando meus olhos enquanto ria, Professora Carolina adentrou nossa sala.
— Se eu tivesse o poder do Superman, eu já teria feito uma buraco bem no meio da testa da Mônica. — Comento o que seria a mais pura verdade e Letícia gargalha. Luccas não veio ao colégio hoje, pois estava com catapora, isso que dá não pegar quando se ainda é bebê. Mas o infeliz até que é sortudo, talvez fique semanas ou meses sem vir para escola, não sei por quanto tempo isso dura.
No caso, ele ficaria em casa, dormindo, assistindo, jogando games, se empanturrando de comida. Enquanto eu tenho que vir para o colégio e ter que aturar Mônica. Até quando eu não quero pensar nela eu penso, Deus é mais.
— Oi Júlia — Olhando para cima, me deparei com Mônica. A qual estava com suas habituais roupas de Ed. Física, a mesma carregava um sorriso leve em seus lábios e esperava eu dizer algo.
— Boa Tarde Professora — Digo voltando a dar atenção para o caderno de desenho em minhas pernas, a mesma continou parada em minha frente.
— Posso ajudar em algo? — Perguntei para a mesma, a qual respirou fundo.
— Alguns dias atrás eu soube por alguns de seus colegas e por Carolina, que hoje é seu aniversário, então comprei uma coisinha para você. — Tendo-a entender sua mão em minha direção, ela segurava uma pequena caixinha com o embrulho vermelho.
Pegando de sua mão sem pressa alguma, abri a pequena caixinha. Dentro continha um colar de ouro com um pequeno pingente de Esmeralda, o que me fez sorrir de imediato. Meus olhos eram de um verde esmeralda.
— É lindo, obrigado pelo presente Professora, eu amei. — Agradeço a puxando para um abraço.
Sentindo seu corpo de contato ao meu, senti o quanto a mesma é super forte. Desde que ela me pegou em seu colo, eu havia me esquecido deste pequeno detalhe.
— Fico feliz que tenha gostado.
— Não apenas gostado, como eu disse eu amei, poderia me ajudar a colocar? — Perguntei para a mesma, a qual pegou a corrente de minha mão.
Segurando meus cabelos, a mesma colocou a correntinha em mim. Sorrindo ainda boba com o presente que recebi, me virei para a mesma.
— Como você.. Quero dizer, a Senhora sabia o que me dar de presente? — Perguntei para a mesma.
— Perguntei a Carolina, ela parece te conhecer muito bem. Ela disse que você gosta de anéis, colares e enfim, comprei esse colar para você, no caso pedi para fazerem, tem seu nome gravado no pingente que segura a pedrinha do colar. — Pegando o pingente, olhei atrás do mesmo, e ali estava gravado meu nome.
— Não precisava, a Senhora deve ter gastado muito com isso, só um presente simples já bastava. — Comento e a mesma dá de ombros.
— Não me importo se foi caro ou não, o importante foi que gostou.
— Obrigado mesmo Professora, é lindo o presente que me deu. — Agradeço novamente. A mesma apenas sorri novamente e sai andando, Carolina apareceu segundos após Mônica ter ido.
A mesma carregava um sorriso lindo em seus lábios, a mesma estava perfeita dentro de suas roupas sociais.
— Oi minha boneca, tudo bem com você?
— Estou ótima e você? — Perguntei mordendo meu lábio inferior, a mesma sorriu e colocou uma mecha de seus lindoa cabelos atrás de sua orelha.
— Estou ótima meu anjo, eu queria lhe entregar isso. E feliz aniversário meu anjo, que seu dia seja iluminado, repleto de paz, amor e alegria. — Sorrindo a mesma entregou uma caixinha também pequena, e um cartão.
— Abra, quero saber se acertei na compra. — Sorrindo, abri a pequena caixinha. Dentro da mesma, continha uma correntinha com um pingente de unicórnio e um pequeno anel delicado com um pequeno rubi em formato de coração o enfeitando.
— Que amor, você não existe Professora — Comento e a mesma dá um breve riso, pegando o anel e o colocando no meu dedo, sorri boba.
— Anel de namoro ou casamento? — Brinco com a mesma, a qual dá uma risada gostosa.
— Nenhum e nem outro Júlia, fico feliz tenha gostado do presente. — Revirando meus olhos, notei a mesma olhar para o colar que estava em meu pescoço.
— Que colar bonito, quem te deu? — A mesma pergunta olhando o mesmo, vendo meu nome gravado ela sorri.
— Sua mãe tem bom gosto.
— Ah! Não foi Mamãe, foi a Mônica quem me deu. — Digo tirando a corrente de sua mão, Carolina parece surpresa, mais não diz nada.
— Poderia colocar o que você me deu em mim também? — Peço para a mesma, a qual concorda já pegando e colocando em mim.
— Prontinho minha boneca. — Agradeço a mesma, a qual fica me olhando com aqueles belos pares de olhos cor de mel.
Me aproximando da mesma, ela sorri mais ainda. O que me faz ficar com o coração batendo a mil, seu sorriso é tão perfeito.
Puxando a mesma pela nuca, selei meus lábios ao da mesma, meu corpo todo se arrepiou com esse pequeno contato. Antes de aprofundar mais o beijo, senti a mesma me empurrar com força e limpar sua boca.
— Nunca mais faça isso Julia Medeiros, isso, isso é errado, nojento e abominável aos olhos de Deus, ouse fazer isso de novo, e haverá graves consequências mocinha.
Carolina estava me ignorando por mais de duas longas semanas, e aquilo já estava me matando. Eu já perdi as contas de quantas vezes lhe pedi perdão, mais nada do que eu fazia adiantava. Ela me afastou dela completamente, não olhava em minha cara, e sempre que podia, soltava algo de mau gosto sobre relacionamento gay.
— Júlia você realmente está bem? — Mônica perguntava pela milésima vez, me deixando mais frustrada do que já estava.
— Que inferno, me deixa em paz, eu já disse que estou bem d***a. — Solto irritada. Me levantando da arquibancada, sai da quadra quase a mil.
Não queria que ninguém me visse começar a chorar, eu queria apenas ficar um pouco sozinha, colocar tudo para fora o que eu vinha guardando dentro de mim a dias.
Deixar que minhas lágrimas levasse consigo toda minha dor, minha magoa e minha decepção comigo mesma.
Da onde eu tirei que Carolina poderia sentir algo por mim? Ela é linda, é perfeita, pode ter quem ela quiser. Mulher, eu sei que não, pelo menos os homens sim.
Eu nunca me odiei tanto por ter nascido garota e não garoto. Se eu fosse ao menos um menino, acho que até teria alguma chance. Poderia não ser agora, mais quem sabe mais para frente.
Ouvir ela proferir aquelas palavras a mim, me deixou muito magoada. Senti como se mil punhais tivessem sido lançados contra meu peito, quando ela virou de costas e sumiu pelos longos corredores, minha primeira reação foi voltar para minha sala.
Foram duas longas semanas, aonde eu sonhava que ela aparecia em meus sonhos e me perdoava por tal feito. E que retirava tudo o que me disse, porque também sentia o mesmo por mim. Que ela se sentia arrependida por ter dito tais coisas, que também sentia algo por mim, mesmo que não soubesse explicar o que era.
Minha semana foi h******l, a cada dia que eu tentava pedir seu perdão, ela dizia que não era a ela que eu devia me desculpar e sim a Deus. Porque ele sim abominou meu ato, que não gostou de ver o que fiz, que ela estava com a consciência limpa.
Me deixou de lado, não me chamava mais para responder na lousa, me ignorava quando eu levantava minha mão dizendo que eu poderia ser a próxima ler ou que eu poderia ler o pequeno texto que tinha no livro.
Esbarrando em alguém ao subir as escadas correndo, senti meu coração falhar ao ver quem era. Carolina ficou me olhando, como quem quisesse dizer algo. Mas apenas voltei a subir o restante das escadas correndo, se eu abrisse a boca para falar mais alguma coisa, era provável que eu choraria em sua frente feito uma criançinha que sou.
Mônica tinha razão, eu sou infantil de mais. Quando tenho problemas, não os enfrento de frente, eu resmungo, retruco e acho que sou a dona da verdade. Faço birra, respondo e sou ignorante com todos a minha volta. E quando não tenho o que eu quero, simplesmente surto e acabo discutindo com a mesma, como se ela tivesse culpa de algo.
— Júlia, espera não corre. — Ignorando Carolina, entrei dentro do banheiro feminino o mais rápido possível já me trancando em uma das cabines disponíveis.
Me escondo e fujo dos problemas que me acercam, não dou de frente com eles e os resolvo, eu os coloco de lado e os deixo acumulando cada vez mais e mais.
Carolina só me fez abrir os olhos para verdade, eu sempre tento fugir daquilo que eu realmente sou. Eu brinco, dou risada, me divirto, mais no final é sempre a mesma coisa.
Me pergunto se isso é certo, se minha mãe me aceitaria ainda como sua filha, se ela me aceitaria assim do jeito que sou.
Para muitos e até mesmo para mim, eu sou uma aberração perante aos olhos da sociedade. Uma garota que gosta de alguém do mesmo s**o, não é considerada normal. E para os olhos julgadores de pessoas como Carolina, pessoas assim como eu, deveria ser queimada pela eternidade nas chamas do inferno. Se é que esse lugar realmente existe.
— Júlia, você está bem? Aonde você está? — Controlando minha respiração e soluço por conta do choro, escutei a mesma se aproximar mais da onde eu estava.
— E-eu estou ótima. — Respondo a mesma. Carolina parou diante a porta da cabine em que eu me encontrava, não ousei dizer mais nada do que apenas aquilo.
— Não minta para mim, eu te conheço o suficiente para saber que está mentindo neste exato momento Júlia Medeiros. — Revirando meus olhos, limpei minhas lágrimas.
— Eu já disse que estou bem, e mesmo que eu não estivesse, não seria da sua conta. — Digo. A mesma nada respondeu, o que eu agradeci aos céus por isso.
— Ótimo! Se não é da minha conta, então morra com seus sentimentos cheio de culpa, eu vim aqui para conversar com você. Mas se você não quer, ótimo, melhor para mim, assim eu não preciso me fingir de boa pessoa para uma sapatão nojenta como você.