Rita
Conheci Cesinha aos 13 anos, na escola. Éramos da mesma comunidade, do mesmo pedaço de asfalto e vielas que moldavam nossas vidas desde que éramos crianças. Ele era diferente dos outros meninos, não só pela presença marcante, mas por carregar nos ombros uma herança pesada, uma história que já vinha escrita muito antes de ele nascer. Cesinha vinha de uma família de herdeiros do tráfico. O pai traficava, depois o irmão mais velho, o tio, o primo, e, por fim, ele. Era como se o destino tivesse colocado ele naquela linha, e não havia como escapar.
Lembro-me do dia em que o irmão mais velho dele, o Jorginho, chegou para nós na saída da escola. Ele era alto, imponente, com um olhar que parecia atravessar as pessoas. Jorginho tirou uma nota de dinheiro do bolso e entregou para Cesinha, di
