Capítulo 3

1430 Words
— Então vocês não vão se ver de novo? — O tom de Lind é meio decepcionado, mas dou de ombros. — Nem se eu quisesse. Como eu já te disse, não sei o nome dele, e não me concentrei em placas ou pontos para reconhecer o endereço. — E estou muito satisfeita por ter agido assim. Tomo um longo gole do meu café, suspirando feliz quando o líquido quente se espalha e aquece. É de tarde, mas quando cheguei em casa mais cedo, só me dei ao trabalho de tomar um banho rápido e cair na cama. m*l dormi durante a noite. Um sorriso e um breve tremor correm pelo meu corpo ao lembrar do que eu estive fazendo para não dormir — Eu não te entendo. — Lind me trás de volta. A encaro e ela esta com a testa franzida. — Você esta com essa expressão sonhadora no rosto, e fica na cara que sua noite foi boa...— Ela ergue uma sobrancelha, esperando que eu responda. — A melhor de todas. — Solto mais um suspiro satisfeito. — Pois então! Era de se esperar que você quisesse saber quem ele era. Repetir a dose. Esse tipo de coisa. — Agora ela soa quase frustrada. — Eu já te expliquei, Lind. Eu não quero e nem posso me envolver num relacionamento. Isso não é pra mim. Uma noite perfeita pra eu recordar agora é a melhor coisa que eu poderia ter ganhado. E ganhei. — Digo com paciência, mas só porque sei que ela realmente se preocupa comigo. Mas é a verdade: eu realmente não me dou bem com relacionamentos a longo prazo. Minhas duas tentativas me provaram isso. Sem falar que todos os livros de auto ajuda e psicólogos de relacionamento enfatizam que a sinceridade é fundamental para qualquer relação funcionar. E não estou indo contar nada sobre mim, não a qualquer um. Meu passado é só meu. — Não estou falando de namorar, noivar, casar. Estou pensando em uma amizade com benefícios. — Ela insiste, mas apenas balanço a cabeça em negativa, sorrindo de leve. Eu não me permitiria algo assim com um cara como aquele. A probabilidade de dar errado é muito grande. Ele é lindo, maravilhoso na cama e mostrou indícios de ser um cara legal. Não. Não estou indo me apaixonar por ninguém, não agora, e se depender de mim, nem nunca. — Você vai comigo fazer compras? — Pergunto, para desviar sua atenção, e quando seu rosto relaxa e mostra um sorriso eu vejo que deu certo. A multa de quebra de contrato me rendeu verba mais que suficiente para renovar meu guarda roupa executivo, e quando corro as araras escolhendo terninhos, camisas sociais e lenços, fico satisfeita. Sei que provavelmente vou ter que acompanhar o jovem Calidge em reuniões, eventos e até mesmo festas, e o quanto a imagem é importante nesse tipo de situação. O que me faz me questionar mais uma vez como ele deve ser. Royce Calidge é alguns anos mais velhos que eu, mas é a única informação que tenho sobre ele. Curiosamente não há fotos na mídia nem noticias escandalosas na internet. Durante a entrevista o Sr. Calidge disse que seu filho estaria chegando da Europa naquele dia, depois de uma longa estadia, e viria para ser treinado para assumir a presidência da empresa. Que era o motivo da vaga de assistente ter surgido. Por mim, tanto fazia. Já havia lidado com tipos como ele, e estava pronta para tratar com algum jovem magnata cheio de si pela fortuna do papai. Nenhum grande desafio. Lind vem para perto de mim segurando um vestido de lã perfeito para o frio, e seu sorriso é divertido ao ver minha reação. — Eu amo que você conheça tão bem os meus gostos. — Digo com sinceridade. — Disponha. — Ela me dá uma piscadela e mostra um blazer vermelho cereja que é a cara dela. — O que você acha? Vou para perto e pego o cabide de sua mão. — Acho que seu presente de aniversário vai vir adiantado esse ano. Lind bate palmas e planta um beijo na minha bochecha, saindo dançando pela loja, atraindo olhares para sua exuberância. Sentadas à mesa externa de um bistrô, estamos cercadas de sacolas, jantando. As luzes da cidade já estão fulgurando, e me sinto distraída e contente. — Ainda dá pra ver os efeitos da noite de ontem em você. — Ela acusa de forma brincalhona. Rio e dou de ombros, porque sei que é verdade. Ter o melhor sexo de sua vida faz isso com uma garota, afinal de contas. — E você e o Cedric? Como estão as coisas? Seus ombros se encolhem um pouco, e o lindo rosto se fecha. — Não acho que ainda existam 'coisas'. — Sua voz ficou mais baixa, e sei que ela deve estar mais chateada do que aparenta. Estendo a mão e dou um apertão na sua sobre a mesa, em apoio. Recebo um sorriso corajoso em resposta. — Homens! Todos uns porcos. Você é que esta certa, isso sim. — Lind joga o cabelo sobre o ombro e faz uma expressão de pouco caso, e deixo passar. Se ela não quer falar, não serei eu a insistir. A conversa do jantar segue com temas amenos, e logo estamos voltando. Ela me deixa em casa e vai embora. O elevador esta vazio e subo e entro em casa tranquilamente. O resto da noite e o domingo são para me preparar para o primeiro dia, e só minha pura força de vontade me impede de passar a noite em claro. Mas consigo dormir, e estou calma e descansada enquanto me arrumo e dirijo para o enorme arranha céu que serve como central da Calidge Corp. Pego meu novo crachá e subo para os escritórios nos últimos andares. — Você deve ser Melanie Bridget. — Uma secretária loira bonita se apressa em apertar minha mão quando entro no amplo salão de entrada das salas do corpo de diretores. Ela avalia a calça e paletó de linho cinza que uso, e a camisa branca engomada, e noto a aprovação. Isso me faz relaxar mais um pouco, e lhe dou um sorriso contido. — Sim, sou eu. — Confirmo. — Por aqui. — Ela me guia por um longo corredor onde várias portas com placas informando o nome e função de seus donos podem ser vistas, e no final há outra, mais grandiosa e trabalhada, que informa ser a da sala da presidência. — O senhor Calidge vai apresentá-la ao Royce, antes que vocês vão para a sala dele. — Ela bate na madeira com o nó dos dedos, e a voz de Aston Calidge soa, dizendo 'entre'. A sala é imensa, com a parede de trás quase toda de vidro, dando vista para a cidade toda abaixo. Sofás de couro preto de um lado, algumas prateleiras de livros, e no meio a mesma mesa gigante de que me lembrava. Corro meus olhos pelo aposento, e então para os dois ocupantes que já estavam ali dentro antes. O Calidge pai esta vestido com um terno idêntico ao de sexta, parecendo tão caro quanto. Sua aparência é impecável, e não parece nem um pouco com os sessenta que sei que ele tem. E ao seu lado… FODIDO INFERNO Ele já esta olhando para mim, e meus olhos mais uma vez registram a cor de oliva incomum e linda dos dele. A barba se foi, mostrando um queixo quadrado e forte e deixando a boca perfeita em evidência. É ele. Belos Olhos. O homem que me fez gemer e gritar a noite toda. O homem que achei que não veria nunca mais. — Bem vinda, Srta. Bridget. Deixe-me apresentá-la. — O homem mais velho diz, e então olha para ele. — Filho, essa é Melanie Bridget, sua nova assistente pessoal. Ela veio com excelente indicação e… — Sr. Calidge continua falando, mas minha mente se desliga. Isso não pode estar acontecendo. Não é possível que seja justamente ele… Pisco quando o vejo andar para perto de mim e estender a mão. A segurando por reflexo, sinto novamente o quanto ela é quente. — Royce Calidge. — Sua voz é tão rouca quanto me lembro. — É um prazer, Sr. Calidge. – Sinto vontade de me dar uma palmadinha no ombro por conseguir falar de forma normal, sem balbuciar ou pigarrear. — Sr. Calidge é o meu pai. Todos me chamam de Royce. — Ele sorri para mim, e mais uma vez, involuntariamente eu relaxo. Sua expressão diz que eu não preciso me preocupar ou me sentir constrangida. E acredito nele. — Royce. — Repito. E sem dizer mais nada ele vai até a porta e a mantém aberta para mim. E então saímos e vamos para sua sala. Porque agora somos colegas de serviço.
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