Capítulo 5 - Quando 2 viram 1

1274 Words
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Então, como sabe quem sou eu e o que estou passando? - ela abriu um sorriso maior. - Por que, em primeiro lugar, eu sou bruxa e, em segundo lugar, você conseguiu afastar todos não foi, mamãe? - eu pisquei algumas vezes e dei um sorriso confuso à ela. Algo dentro de mim parecia agitado, eu comecei a ficar tonta e me apoiei na cômoda ao lado do sofá.    Me deixe sair. - eu ouvi alguém dizer.   - Quem...? - eu perguntei.   - Eu sou Celene, filha de Kaissa. - disse a mulher, o que me deixou mais confusa ainda. Seu nome não era Ághata? ME DEIXE SAIR. Eu fiquei uns minutos tentando entender. Eu olhei a mulher e algo nos olhos dela me fez lembrar de uma menina de vestido azul que sorria ao me ver, algo dentro de mim mudou e, sem perceber, eu comecei a chorar. Eu não entendia o que estava acontecendo comigo. - Desculpe? - perguntei. - A sua filha voltou, mãe. - a mulher também chorava, mas eu não conseguia entender. Ela era bem mais velha do que eu. Devia estar na casa dos 40, e eu m*l tinha 19. Eu me levantei e a abracei. Eu não queria fazer aquilo, abraçar uma completa estranha. Nada fazia sentido. - Lilian, você deve estar um tanto confusa, entendo. Mas eu preciso que você entenda certas coisas. Isso não é doença, mas também não tem cura. Não tem remédio que faça isso parar e tende a piorar se você não souber controlar. Esse descontrole é responsável por cerca de 80% dos suicídios em adolescentes. Eu a estava analisando sem perceber. Ela falava com maestria. Uma parte de mim parecia entender, na verdade parecia até que já sabia daquilo tudo... Mas pra falar a verdade aquilo tudo estava me aterrorizando. - Dentro de um corpo existem dois seres lutando para se libertar e tomar posse por completo, mas essa competição não pode existir. Kaissa sabe disso melhor do que eu. Não entendo por que essa infantilidade e essa sede por poder. O lugar dela não é ai dentro com você. Ela deveria estar do lado de fora, no corpo dela de verdade, em outro tempo e em outro mundo. Mas isso você já deve saber. - eu assenti, inconscientemente. - Eu procurei por meu pai durante séculos e quando o encontrei, ele estava cego pela ganância, pela luxúria. Tão cego quanto os espíritos das camadas mais inferiores. Aghata falava em um tom que parecia frio, mas eu sentia a dor dela, o peso que ela tinha que carregar. Meus lábios mexeram. - Então você encontrou Hanaã. - falei por fim. Celene abriu um sorriso. - Kaissa? - Você falou sobre o equilíbrio, mas ele já existe. Tudo o que tenho feito é protegê-la. Se ela morrer afinal, eu morro também. Mas aí eu terei que renascer em outro ser, ensiná-lo tudo de novo... É um ciclo sem fim. - A escolha foi sua, mãe. Não cometa os mesmos erros do passado. Devolva as memórias de Lilian. Assim você a estará privando de sua própria vida. Isso é errado. Deixe-a viver. Nós vamos conseguir voltar pra casa, mas na hora certa. Eu me levantei e coloquei meus braços aos redor da mulher, ela sorriu. Uma ruga de preocupação apareceu em minha testa e ficou por lá por longos minutos até que eu dissesse alguma coisa. - O que aconteceu com Hanaã? Só ele conseguiria reabrir a f***a. - Ele gosta daqui, K. Ele não quer voltar, está feliz do jeito que está. Era para estarmos bem também. Mas... Temos uma outra carta na manga... Vandd. Podemos encontrá-lo.   Eu assenti, mas ainda faltava alguma coisa. Nós voltaríamos para um lugar onde éramos caçados? Não tenho certeza que era disso que eu estava precisando. E muitos seres que gostavam daquele mundo quando voltassem iriam querer se vingar... A menos... Que eu fizesse as pazes com a rainha das fadas e criasse uma legião de seres mágicos para me ajudar a enfrentar todo um reino. Mas para isso eu teria que começar do início. Onde eu errei pela primeira vez. Grinste. - Preciso encontrar o príncipe das fadas. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
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