CAPÍTULO 03

926 Words
Capítulo 03 De volta ao Brasil Mia foi visitar o pai no hospital para conversar sobre o irmão: — A Meg ligou para o Dom, mas, como sempre, ele não quis saber do senhor. Você sabe como o Dom é cabeça dura. Ele nunca quis saber como você está. Juro que não o entendo, papai. Douglas olhou para a filha e deu um meio sorriso: — Seu irmão tem os motivos dele para me odiar. Não precisa se zangar com ele por minha causa, minha filha. Mia abraçou o pai: — Como é possível, meu pai? Juro que não entendo. O senhor está aqui no hospital, só pode se locomover em uma cadeira de rodas, e ele nunca veio ou quis vê-lo sequer uma vez. Como pode um filho virar as costas para o pai dessa maneira? Douglas então fechou os olhos, perdido nas memórias do passado: — Olha, seu irmão tem os motivos dele para agir assim. Mas, se ele nunca contou nada, é porque deve sentir vergonha... ou é um covarde completo. E não serei eu quem vai dizer alguma coisa. Mia olhou para o pai, confusa: — Que segredo é esse, papai? O que ele esconde de nós que o faz se afastar tanto? Se o senhor sabe, fale, por favor. Douglas sorriu tristemente ao olhar para a filha: — Só posso te dizer uma coisa, minha filha: eu sou um monstro. Não mereço ser chamado de pai. Eu destruí a vida e a felicidade do seu irmão. Essa é a pura verdade. Mia afastou-se dele, chocada: — Pai, o senhor está me deixando louca. Sei que o senhor foi alcoólatra, quase nunca estava em casa, só jogava e trazia aqueles homens horríveis para cá. Mas, mesmo assim, nunca nos abandonou como a mamãe fez. Douglas balançou a cabeça: — Você e seus irmãos vão me abandonar quando descobrirem toda a verdade. Eu sei que isso vai acontecer, minha filha. Todos vocês vão me deixar, e eu vou merecer. Mia olhou para o pai com um sorriso triste: — Nunca, papai. Isso é impossível. Mas vamos terminar essa conversa outro dia. Preciso ir agora, tenho muitos pacientes esperando, e já estou um pouco atrasada. Enquanto Mia saía, Douglas permaneceu deitado, atormentado pelas lembranças do passado e pelo peso de tudo o que causou. De volta à Austrália Dom terminava de escrever o relatório e o enviava por e-mail quando Brian entrou na sala: — O mafioso entregou tudo para conseguir uma pena mais branda. Dom olhou para ele, sorrindo de canto: — Sabia que, mesmo entregando todas as provas e aliados, ele ainda vai passar um bom tempo na prisão? Será que ele tem noção disso? Brian se sentou: — Qual foi, chefe? Fizemos um acordo. Agora é só aceitar e encerrar o caso. Dom suspirou, encarando os papéis na mesa: — Eu sei, mas não é justo. Depois de tudo o que ele fez, de tanta gente que ele destruiu... sair assim, com uma pena branda, não parece certo. Mas está tudo no relatório. Vamos seguir o curso e ver no que isso vai dar. Brian se levantou, ajeitando a camisa: — E quando vamos embora? A Jenny já está pirando com esse calor todo. Dom riu de leve: — Agora mesmo. Está tudo pronto. Pode avisar a "louca" da Jenny. E, se quer saber, não é só ela que está morrendo de calor aqui. Brian sorriu: — Chefe, você é o melhor... mesmo sendo um rabugento na maioria das vezes. Dom olhou para ele, sério: — Anda logo, Brian. E não esquece de avisar a Jenny. Brian chamou Jenny imediatamente: — Vamos, Jenny. O chefe mandou avisar que partiremos agora. E, como sempre, com aquele humor de cão... Jenny pegou suas coisas rapidamente: — Deixa o chefe em paz e vamos logo, antes que ele mude de ideia e queira ficar mais uns dias nesse calor infernal. No avião Já a bordo, cada um se acomodou em seu assento. A comissária de bordo perguntou: — Posso servir alguma bebida para vocês? Dom aceitou e bebeu de uma só vez. Jenny olhou surpresa: — Chefe, você não deveria beber. Você tomou analgésico, lembra? Misturar com bebida pode te fazer muito m*l. Dom respondeu, sem tirar o boné que havia colocado sobre o rosto: — Tomei sim. E daí? Não vou morrer por isso. E, além do mais, já estou fora de serviço. Brian fez um gesto discreto para Jenny, pedindo que ela deixasse Dom em paz. Horas depois, chegaram ao Brasil e seguiram direto para a base. Brian e Jenny entregaram seus relatórios e foram para casa. Dom, por sua vez, ligou para Meg para saber sobre a festa do sobrinho: — Oi, Meg. Que horas é a festa do menino amanhã? Meg atendeu o celular com a voz sonolenta: — Dom? Onde você está? Já são três da manhã! Dom olhou o relógio: — Desculpa, te acordei. Acabei de chegar ao país e só queria confirmar o horário. Meg sorriu, surpresa: — Sério que você vem mesmo? A festa será à tarde. Prometo fazer seu prato favorito amanhã. Dom sorriu: — Vou tentar ir, mas não prometo ficar até o final. Ainda mais com o Daniel e os outros me provocando como sempre. Não tenho paciência pra isso, Meg. Meg suspirou, passando a mão no rosto: — Dom, por favor, não fique bravo amanhã. Prometa que vai ignorar aqueles três. Faça isso por mim, por favor. Dom respirou fundo: — Vou tentar. Boa noite, irmãzinha. Até amanhã. — E desligou. .
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