Capítulo 04
No dia seguinte, durante a festa
O quintal estava animado, cheio de familiares conversando e comendo, enquanto as crianças se divertiam nos brinquedos espalhados pelo espaço.
Dean se aproximou de Meg e perguntou, com um tom provocador:
— Então, Meg, você não disse que o Dom ia aparecer hoje na festa? Cadê ele, afinal?
Meg olhou para ele, visivelmente irritada:
— Qual é o seu problema, Dean? Você está aqui só para provocá-lo? Porque, se for esse o caso, é melhor nem começar com essas suas bobagens.
Dean sorriu de forma debochada:
— Claro que não! Não vou provocar "aquela coisinha" do nosso irmão. Afinal, ele não pode ser provocado, né? — E soltou uma risada.
Mia, que estava próxima, levantou-se e interveio:
— Já chega, Dean! O melhor que você faz é deixar o Dom em paz quando ele chegar. Ele já passou por coisas que nem imaginamos, e talvez seja por isso que ele prefere se manter distante de nós.
Declan, que ouvia a conversa, sorriu enquanto comentava:
— Olha só, a grande psicóloga! Está analisando gente demais, maninha?
Mia encarou os irmãos, indignada:
— Vocês três deveriam tomar vergonha na cara e tratar o Dom com respeito. Ele quase nunca aparece, e quando finalmente a Meg consegue convencê-lo a vir, vocês só se reúnem para provocá-lo!
Meg cruzou os braços e encarou os irmãos:
— Fiquem sabendo que a casa é minha, e eu não vou admitir provocações contra o Dom aqui. E muito menos que vocês estraguem a festa do meu filho. Fui clara?
Dean, ainda com um sorriso debochado, murmurou:
— Tudo bem, Meg... Olha só quem chegou! O nosso estimado irmão Donovan.
Dom entrou no quintal, com uma postura séria e reservada.
Meg correu até ele, abrindo um sorriso largo:
— Oi, irmão lindo! Olha só você, todo elegante. Faz tanto tempo que não te vejo! Como você está?
Dom retribuiu o abraço, com um sorriso discreto:
— Oi, baixinha. Estou bem. E você, como estão indo as suas cirurgias?
Meg afastou-se para olhá-lo melhor:
— Tudo ótimo. E você, por onde tem andado, sumido?
— Por aí, trabalhando. Você sabe como é... vivendo um dia de cada vez — respondeu Dom, evasivo.
Meg insistiu:
— Pensei que não viria mais hoje. Demorou para chegar!
Dom tirou um envelope do bolso e entregou a ela:
— Quase não vim mesmo. Tome, isso é para o seu filho. Não sei do que ele gosta, então trouxe dinheiro para ele comprar o que quiser.
Meg pegou o envelope, agradecida:
— Obrigada, Dom, mas ele não é muito ligado em presentes. Anda, vem se juntar ao pessoal. Está todo mundo aqui.
Dom balançou a cabeça, desconfortável:
— Prefiro não, Meg. Só preciso de um copo d’água, minha garganta está seca.
Meg o levou até a cozinha, serviu-lhe um copo d’água e pediu que ele se sentasse.
Na cozinha
Mia entrou na cozinha e sentou-se ao lado do irmão:
— Onde você se machucou desse jeito?
Dom olhou para ela rapidamente:
— No trabalho. Já está melhor.
Mia não tirava os olhos do machucado:
— E como está sua vida, Dom? Está tudo bem? Tem alguém na sua vida? Você está feliz?
Dom desviou o olhar e respondeu secamente:
— Tudo ótimo. E você, como está?
Mia sorriu, tentando aliviar o clima:
— Uau, irmão! Eu sou a analista aqui, não você.
Dom riu de leve:
— Mas eu sou seu irmão mais velho, e me preocupo com você, pequena.
Mia levantou-se e apontou para ele:
— Já somos adultos, Dom. Não precisa se preocupar conosco. Agora é a nossa vez de cuidar de você, mimar você um pouco. Claro, se você ao menos deixasse isso acontecer e não fugisse da gente o tempo todo.
Dom abaixou a cabeça, pensativo:
— Não precisa, Mia. Só me deixem em paz. Isso já é mais do que suficiente.
Nesse momento, Daniel entrou na cozinha, com o mesmo tom provocador de sempre:
— Ora, veja só! O grande herói está aqui! O que foi, Dom? Está se escondendo da família ou de nós, como um bicho do mato?
Dom levantou o olhar, já irritado:
— Eu lamento, Daniel, mas não costumo me esconder de idiotas como você. Só evito confronto com crianças.
Daniel gargalhou:
— Criança? Qual é, Dom! Me diz uma coisa: quantas mulheres você já teve na vida? Ou será que nunca foi tocado por uma, nem por um homem?
Dom levantou-se de repente, sua voz firme:
— Já chega, Daniel! Não te dou motivos para falar sobre mim, muito menos para me ofender desse jeito. Estou cansado das suas provocações sem motivo. Não só as suas, mas as do Dean e do Declan também. Já deu para mim! É por isso que não apareço!
Ele se virou para Meg:
— Desculpa, minha irmã linda, mas já vou embora. Diga ao seu filho que desejo um feliz aniversário.
E saiu, deixando a cozinha em silêncio.
Daniel riu, ainda debochado:
— O que deu nele? Ficou tão sensível assim hoje?
Mia, furiosa, rebateu:
— Você é um i****a, Daniel! O Dom nos criou. Ele passou por muita coisa, fez tudo por nós, e nunca reclamou ou falou sobre suas dores e medos. Talvez seja por isso que ele é assim tão fechado. E você ainda piora tudo com essas provocações! Como pode ser tão insensível?
Meg respirou fundo e disse:
— Vou atrás dele. E você, Daniel, pense muito bem sobre sua atitude com o nosso irmão.
No carro de Dom
Dom estava sentado no carro, com a cabeça apoiada no volante, em silêncio.
Meg bateu na janela:
— Posso entrar, Dom? Por favor, meu irmão.
Dom levantou a cabeça:
— É melhor não. Já estou indo para casa.
Meg insistiu:
— Por favor, só um pouquinho. Prometo não demorar.
Suspirando, Dom destrancou a porta do passageiro, e Meg entrou rapidamente.
— Ainda está chateado por causa do Daniel? Deixa ele para lá, Dom. Você sabe como ele é... um b****a! Talvez seja o trabalho, ou os amigos. Nem eu entendo direito.
Dom balançou a cabeça, olhando para frente:
— Está tudo bem, Meg. Eu já estou acostumado. Se eu me importasse com o que ele diz, já teria enlouquecido com tanta bobagem.
Meg sorriu, aliviada:
— Então vamos voltar para a festa. Seu sobrinho está esperando por você.
Dom respirou fundo:
— Não. Estou com dor de cabeça e muito cansado. Além disso, logo volto ao trabalho. Melhor eu ir para casa. Você sabe que festas não são muito a minha praia.
Meg o observou em silêncio, respeitando sua decisão, mas visivelmente preocupada.