Episódio 4

1172 Words
Um tempo de silêncio. Ele ergueu o copo, tomou um longo gole e respondeu: sua filha. Olhei para ele, me perguntando se tinha ouvido corretamente. Porque não havia nenhuma maneira de ele dizer que lhe foi oferecido sua filha. Não sua filha. Eu sabia sobre ela, é claro, embora nunca a tivesse visto. Para mim, era apenas mais um problema que tínhamos que lidar, e agora eles estavam nos oferecendo isso? O que isso significa? — O que dia*bos você quer dizer com isso? Eu perguntei confuso. — Eles querem que ela se case com alguém da família. Ele me explicou. Eu imediatamente fiz uma careta e franzi a testa. — O que, como um primo da sua idade ou...? De repente, entendi o que ele queria dizer e balancei a cabeça. — De jeito nenhum. Eu disse. — Não há nenhuma maneira de eu me casar um dos Falcones. — Faz sentido. Protestou o meu pai. — Isso acabaria com esta guerra entre nós, e você finalmente teria uma esposa. — Eu não quero uma esposa. Respondi com os dentes cerrados. — Acho que é um casamento de conveniência. Ele respondeu, levantando as mãos em defesa. —Você ainda pode ter todos as suas namoradas à parte. Você só terá que voltar para casa sempre. A ideia de dividir o meu apartamento bem mobiliado com alguém da família Falcone fez os meus olhos brilharem de raiva. Havia odio por muito tempo e eu não poderia imaginar que de repente eu me tornaria um marido amoroso para sua filha. — Como ela se chama? — Kayla. Kayla. Eu repeti isso na minha cabeça. Ele não ouviu o quão louco isso parecia? Eu entendi, às vezes neste negócio, você tinha que fazer um grande barulho se quisesse ter certeza de acabar com uma inimizade de uma vez por todas, mas isso... Mesmo para mim, isso era demais. — Isso significaria que não teríamos mais que nos preocupar com eles. Ele continuou, tentando me convencer da ideia como se eu fosse considerar isso. Era uma loucura, completamente louco. — É impossível para eles ousarem tentar qualquer coisa enquanto temos sua filha morando conosco. Ele continuou. — Você sabe o quão poderosos eles são, e se decidir que querem expandir novamente através do nosso território, preciso ter um bom motivo para fazerem mudar de ideia. Eu sentei lá, absorvendo, tentando entender a enormidade do que ele estava sugerindo para mim. Casado? Casado com alguém da família Falcone? Eu tentei deixar de lado as minhas emoções por um momento e olhar para isso da forma mais lógica que pude. Porque se eu abordasse dessa forma, eu teria que admitir que estava certo. Não havia muito do que eu poderia imaginar que nos garantiria estar completamente a salvo de qualquer ataque futuro de Falcone, em vez de nos unirmos através do matrimónio. Pode não ter sido do jeito que eu esperava, mas se ainda não o tivesse feito, talvez esta fosse a melhor maneira de isso acontecer. Eu não precisava amá-la de verdade. Eu só tinha que estar disposto a apoiar o sindicato. Eu tinha certeza de que ambos poderíamos chegar a algum acordo que significaria que ambos poderíamos namorar outras pessoas fora do casamento, se ela concordasse com o que eu pensava. As nuvens começaram a clarear um pouco na minha cabeça. Ao menos pude ver onde eu poderia chegar com isso. — Você teria feito o mesmo? Perguntei-lhe. — Você se casaria com alguém se isso ajudasse no negócio? — Por*ra, eu mesmo me casaria com essa garota se pudesse. Ele brincou. — Mas, sim. Eu teria feito isso. É o fim de uma guerra na qual não quero mais lutar. E é uma forma de garantir um futuro para as nossas duas famílias. De repente, uma expressão cansada tomou conta de seu rosto. Eu nunca o tinha visto assim na minha vida. Eu sabia que ele estava ficando velho, claro que sim, mas era como se pela primeira vez pudesse ver como ele estava envelhecendo diante de mim. As rugas na testa, as sombras sob os olhos... De repente, elas chamaram a minha atenção até se tornarem a única coisa que eu conseguia ver e desejei poder fazer algo para aliviar um pouco o fardo de tudo que ele estava carregando. E eu poderia fazer isso. Na verdade, ele estava me mostrando o caminho para fazer isso, agora mesmo, neste momento. Mas eu poderia realmente me casar? Só de pensar nisso era o suficiente para fazer a minha cabeça girar. Eu, como marido. Eu, como pai? Foi como se eu tivesse que desistir de tudo. Eu sabia sobre mim até aquele momento e não tinha certeza de ser capaz de fazer isso, simplesmente assim. Mas se isso era um sacrifício que eu tinha que fazer pelo meu pai, então eu faria. Eu havia dedicado a minha vida inteira a esse negócio, ao negócio dele, e que tipo de filho eu seria, se eu virasse as costas porque me foi apresentado algo que não gostei. Ele fez muito pelo seu negócio. Muito mais do que eu mesmo achei que era capaz de fazer. Como o casamento poderia ser a única coisa que eu vi como um passo longe demais? Casar com uma garota rica e esnobe que provavelmente estava mais interessada em fazer compras do que em se envolver nos negócios da família? — Vou pensar sobre isso. Eu finalmente disse, e ele deu um suspiro de alívio. — Obrigado, filho. Disse ele, atravessando a mesa e agarrando o meu ombro. E eu sabia que isso significava muito para ele, embora para mim não era nada mais do que um m*aldito choque. Levantei-me, levando a minha bebida comigo enquanto saía do escritório dele e fui em direção à varanda no outro extremo da casa geminada onde morava. Eu cresci aqui. Havia algo na paz que respirava na cidade quando eu a contemplava assim, fazia todo o resto desaparecer da minha mente. Apoiei-me no corrimão de aço e olhei para as luzes abaixo de mim, enquanto tentava assimilar a oferta que acabei de receber. Eu precisava dar tempo à ideia antes de tirar conclusões precipitadas. Eu ainda estava tão chocado que as palavras m*al faziam sentido para mim. Eu confiava em meu pai? Claro. Eu confiava nele com a minha vida, da mesma forma que ele confiavq em mim. E se ele está me pedindo para fazer isso, eu tinha que acreditar que era porque ele realmente se importava, porque ele realmente pensava que isso faria diferença em nossos dois mundos. Levei a vodca aos lábios novamente, deixando o sabor forte esclarecer os meus sentidos. Lá fora, na cidade, havia um mulher que talvez nem soubesse que estava praticamente comprometido comigo. Eu não sabia nada sobre ela, exceto que ela era filha de um dos nossos inimigos mortais. Não era exatamente o melhor lugar para iniciar um relacionamento. Fiquei curioso para saber quem era essa pessoa. E talvez em breve Eu teria a oportunidade de descobrir.
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