"todo mundo adora um assassino bonito
eu vou te encontrar com os braços cheios de rosas
em uma tarde ensolarada
saia à noite com um punhado de cachos loiros
ninguém vai te procurar
eles estão olhando para mim
eles veem o que querem ver
e é verdade”
Handsome Killer| Kindes Cust
CONAN GREY:
Acordei com a luz do sol batendo na minha cara.
Abri os meus olhos e tampei a minha visão com as mãos.
Puta que pariu, era sol demais para uma pessoa que acabou de acordar.
Depois de uns segundos, me acostumei com a claridade. Olhei para os lados, vendo que não estava reconhecendo o local que eu estava.
As paredes eram pintadas num tom de rosa claro, o quarto era um pouco pequeno e tinha alguns pôsteres de bandas nas paredes. Com certeza não era meu quarto.
Tinha uma garota dormindo ao meu lado. Ela dormia tranquilamente, parecia estar num sono bom.
Coloquei o lençol para o lado e me levantei da cama. Eu estava só de cueca.
Minha calça jeans estava debaixo da cama e minha camisa estava jogada num puf rosa. Peguei as duas peças e as vesti.
Procurei meu tênis e vi que ele estava jogado num cantinho do quarto. Me sentei na cama para calçar.
Já com o tênis, caminhei até a enorme janela que tinha no quarto, vendo quanto de altura dava até lá embaixo. Era alto, mas dava para pular dali numa boa.
- Você não está pensando em pular daí, né? - Disse uma voz feminina atrás de mim.
Olhei para trás vendo que a garota que antes dormia, estava com os olhos abertos.
- Na verdade, sim. - Falei.
- Você é louco? meus pais poderiam acordar por causa do barulho. E se você morrer, não quero que seja na minha casa.
- E por onde eu vou sair?
- Pela porta da frente, ué. É só ter cuidado nas escadas.
- Ah. - Falei saindo de perto da janela e indo para a porta.
Abri ela com cuidado, que soltou um pequeno rangido.
Esperei uns segundos, mas nada aconteceu.
Obrigada Deus.
Saí do quarto deixando a porta encostada. Caminhei até as escadas e assim que cheguei lá, tirei meu tênis para não fazer barulho e fiquei descalço. Peguei meu tênis na mão e desci as escadas com o máximo de cuidado possível.
Cheguei na porta, girei a chave e abri ela saindo da casa. Quando já podia ver a rua, soltei um suspiro de alívio.
Eu tinha estacionado meu carro um pouco distante daqui. Caminhei até onde ele estava e assim que cheguei em frente, tirei a chave do meu bolso e abri o carro. Sentei no banco de motorista, coloquei o cinto e liguei o carro. Joguei meu tênis para o lado e dei partida.
Por sorte, eu reconhecia a rua e sabia como ir embora. Eu não estava muito longe de casa.
No caminhão até minha casa, observei as ruas e as poucas pessoa que passava por cada uma delas.
A minha antiga cidade era menor, não tinha muitas coisas interessantes, mas até que eu gostava de lá.
Peguei meu celular que estava no carro e conectei a minha playlist no carro. Começou a tocar "Handsome Killer", minha música favorita.
Sempre que eu estava andando de carro, eu sempre colocava para tocar essa música. Eu me sentia naqueles filmes em que tem um pessoal viajando e aí de repente toda aquela música que todo mundo conhece e começa a cantarem com toda força que existe dentro de si.
Felizmente, eu andava de carro sozinho. E era até melhor assim. Me sentia incomodado quando via que alguém estava prestando atenção demais em mim, em um momento que eu definitivamente não queria toda essa atenção.
Eu poucos minutos eu já tinha chegado em casa. Parei em frente a minha casa, tirei meu cinto de segurança e tirei a chave do carro. Abri a porta, saindo dali.
Caminhei até a entrada de casa e abri a porta com a chave que eu tinha. Nem calcei meu tênis novamente para não fazer barulho e acordar todos. Ainda estava bem cedinho e meus pais ainda estavam dormindo. Eu esperava.
A casa estava silenciosa. Não se ouvia nenhum barulho saindo dali. Eu apenas escutava o som da minha respiração.
Subi as escadas em passos lentos. Fui para o corredor, indo direto para a última porta. Era o meu quarto.
Antes de poder entrar, ouvi uma voz feminina bem atrás de mim. Essa eu conhecia muito bem.
- Isso são horas, Conan Gray? - Minha mãe disse, e eu me virei para olhá-la.
- Bom dia para a senhora também, Sophia Gray. - Falei com um sorriso no rosto.
- Não me venha com esse sorriso falso, garoto! - Ela disse. - Conan, você tem noção das horas?
- Sim, mãe.
- Meu filho, eu passei a noite toda preocupada. Nem deu notícias.
- Desculpa, não foi de propósito. A bateria do meu celular tinha acabado e eu não estava com o meu carregador.
Eu estava sendo sincero. Meu celular estava descarregado.
- Pelo menos avisasse que horas, provavelmente, você iria chegar. - Ela passou as mãos pelos cabelos. - Seu pai não irá gostar de saber disso.
- Eu não estou nem aí para ele. - Bufei.
- Você irá ficar sem carro por um tempo, Conan. Precisa aprender a ter responsabilidade!
- Sem meu carro? nunca. Escolha outro castigo, menos esse.
- Eu sou sua mãe e mando em você. Vai ficar sem o carro e pronto.
- E como vou ir para a escola?
- Se vire. - Ela disse virando as costas para sair. - Não esqueça que tem aula ainda hoje.
Bufei e entrei no meu quarto, trancando a porta.
Eu tinha esquecido completamente que ainda tinha aula, que d***a.
Joguei meu tênis no chão, tirei minhas roupas e fiquei apenas de cueca. Peguei meu carregador e o conectei na tomada, depois, conectei meu celular no cabo e ele começou a carregar.
Fui para o banheiro que tinha ali no meu quarto e tomei um banho bastante demorado. Estava precisando disso.
Assim que senti que já era o suficiente, saí e peguei minha toalha para me enxugar. Passei a toalha branca pelo meu cabelo e enxuguei o rosto do corpo. Saí do banheiro com a toalha amarrada na cintura.
Fui até o meu armário e peguei uma calça de moletom. Passei um pouco de perfume no corpo e no rosto. Penteei meu cabelo e passei um pouco de creme.
Me joguei na cama e peguei meu celular, que ainda estava carregando. Desbloqueei ele, vendo que tinha milhares de ligações da minha mãe. Fui para o meu aplicativo de mensagens.
Tinha algumas mensagens de uns grupos que eu estava, mensagens de conhecidos da minha antiga cidade e de Louis, meu melhor amigo que ficou na minha antiga cidade.
Entrei na conversa e li as mensagens que ele tinha mandado.
louis: oi, filho da p**a
louis: me dá um sinal de vida, nunca mais falou comigo
louis: falso pra c*****o, hein
Dramático pra p***a.
eu: fala, arrombado
eu: falo com você sempre, deixa de drama.
eu: falso é você
No mesmo instante ele visualizou e respondeu.
louis: conan gray acordado essas horas? eu estou sonhando!
eu: estava em uma festa, mané.
louis: e como são as festas daí?
eu: maneiras, você iria gostar.
louis: tenho certeza que sim. quando vem me visitar?
eu: já está morrendo de saudades assim?
eu: logo, logo.
louis: não, não! só estava querendo saber para rezar
eu: rezar? para quê?
louis: pra você não vir!
eu: tchau, seu arrombado KKKKKKKKKKK.
Saí do aplicativo e deixei meu celular carregando em paz.
Por incrível que pareça, minha amizade com Louis não foi de sempre. Quando eu tinha 13 anos, e Louis 12, ele entrou na minha antiga escola. Era aluno novo.
Desde do começo ele foi muito simpático comigo e eu nem tinha nada contra ele. Mas quando meus amigos começaram a quererem se aproximar dele, chamar ele para comer junto com a gente, eu não gostei nem um pouco.
Toda vez que ele sentava com a gente, eu morria de raiva. Depois de um tempo ele percebeu que eu não ia com a cara dele e começou a me tratar igual eu tratava ele.
E foi aí que nossa raiva um pelo outro começou.
Louis e eu começamos a brigar sempre. Brigávamos na sala, no banheiro, na frente do diretor, no refeitório, nos corredores. Em todos os locais possíveis. Eu provocava ele, e ele me provocava de volta.
Em mais um dia comum na minha vida, eu estava comendo no refeitório com os meus amigos. Estava tudo bom, em paz, até Louis chegar. Ele cumprimentou todos os meus amigos que estavam na mesa e me ignorou completamente. Bom, eu nem fazia questão mesmo.
Ele se sentou no único lugar vago, que era em frente a mim. Louis começou a conversar com meus amigos sobre um jogo novo que tinha acabado de lançar. Estava todo mundo falando sobre ele.
Eu fiquei quieto no meu canto comendo a minha comida em paz.
Louis passou mais um tempo ali e confesso que foi difícil para mim aguentar ouvir a voz dele por tanto tempo.
Quando eu tinha acabado minha comida, joguei os restos do lixo e voltei para mesa, indo falar com um dos meus amigos.
- Vamos sair daqui? a presença de um ser está poluindo o ar demais. Não quero me contaminar.
Eu tinha falado aquilo um pouco alto demais, porque Louis tinha ouvido.
- Incomodado com a minha presença, Conan? - Ele perguntou.
- Sempre. - Respondi olhando para ele.
- Que pena que vai ter que me aguentar por muito tempo! - Um sorriso debochado surgiu no seu rosto.
- f**a-se, seu filho da p**a. - Foi tudo o que eu disse.
Louis levantou-se e veio para onde eu estava.
- Do que me chamou?
- Filho da p**a.
- Eu vou te quebrar! - Veio para cima de mim.
Louis me deu um murro na cara, e eu rapidamente reagi. Devolvi o soco, só que com mais força. Começamos a nos bater muito.
Quando vi, já estávamos brigando no chão feito dois animais. Louis estava por cima de mim me dando vários murros. Consegui fazer com que ele saísse e me levantei. Dei chutes na barriga dele e ele gemeu de dor.
Se ninguém tivesse interferido, eu com certeza teria continuado com aquilo. Eu estava com muita raiva, meu corpo pegava fogo e a única coisa que minha mente dizia era: continue batendo.
Enquanto brigávamos, o diretor da escola foi chamado e veio até nós.
- Eu não acredito que são vocês de novo. - Ele estava bravo. - Eu quero os dois na minha sala agora!
Os meninos me soltaram e foram ajudar Louis, que ainda estava deitado no chão.
Com ajuda de alguns amigos, Louis foi carregado até a sala do diretor. Por mais que eu tivesse apanhado também, não precisava de ajuda nenhuma para caminhar.
- Conan, você sempre foi um menino tão bom, quase nunca me deu trabalho. O que aconteceu?
- Foi ele que começou, senhor diretor.
- Eu? você está mentindo, cara! foi você que começou com essa m***a. - Louis disse.
- Vocês estão na minha sala, tenham modos! - O diretor repreendeu. - Eu não quero saber quem começou, isso não me importa.
Ele respirou fundo e passou a mão pelos cabelos.
- Sinto em dizer isso, mas as mães de vocês serão chamadas. Esperem aqui, eu já volto.
O diretor se levantou da cadeira, foi até sua porta e saiu da sala.
- Está vendo? por sua culpa minha mãe vai vir para a escola. - Louis disse.
- A minha também vem, seu i****a. E é por sua culpa!
- Minha? você que implica comigo desde que eu cheguei nessa escola, Conan. Eu não tenho culpa de nada.
Como eu iria dizer para ele que tinha ciúmes dos meus amigos? que tinha medo de perder eles e de ficar sozinho?
Eu não disse nada. Fiquei em silêncio até nossas mães chegarem.
A porta da sala foi aberta com uma certa pressa. Elas tinham chegado.
- Conan, você está todo machucado! - Minha mãe tocou no meu rosto.
- Você está bem, meu filho? - A mãe de Louis perguntou dando um abraço nele.
Respirei fundo e me concentrei na minha mãe.
- Eu estou bem, mãe. Não precisa se preocupar.
- Como não me preocupar, Conan? olhe seu estado, filho!
- Senhoras, peço um pouco de atenção. - O diretor começou a falar e todos olhamos para ele. - Seus filhos estão bem. Alguns arranhões, mas nada de grave.
- Diretor, por que eles estavam brigando? - A mãe de Louis perguntou.
- Provavelmente, por algum motivo b***a. Desde que Louis chegou, ele e Conan tiveram muitas brigas, mas nada que chegasse a esse ponto. - O diretor deu uma pausa na sua fala e bebeu um pouco d'água que tinha em cima da sua mesa. - Agora eles já passaram dos limites. Brigar na frente de todos? isso é inadmissível. Eles já são grandinhos para saberem que brigar é errado.
- Eu concordo com o senhor. Conan já sabe que isso é errado. Ele nunca tinha brigado na escola assim. Meu filho é um menino bom.
- Louis também! ele sempre foi um ótimo filho e um ótimo aluno.
- Eu conheço os dois e sei que são bons meninos. - Ele disse. - Por isso, ao invés de suspender eles, eu quero dar um castigo.
- Qual castigo, diretor? - Minha mãe perguntou.
- Todos os trabalhos em dupla que os professores passarem, Conan e Louis os fariam juntos. Assim eles podem acabar criando uma amizade.
- Eu não quero amizade com ele! - Falei.
- E nem eu quero com ele. - Louis disse.
- É isso ou suspensão.
Nossas mães nos olharam e nem pensaram duas vezes antes de darem uma resposta.
- Eu prefiro que façam os trabalhos juntos. - A mãe de Louis disse.
- Eu também prefiro.
- Ótimo. - O diretor deu um pequeno sorriso. - Sendo assim, irei conversar com todos os professores sobre isso.
Pensar em uma amizade com Louis era quase impossível.
Quase, bem quase mesmo. Mas acabou que foi possível.
Começamos a fazer nossos trabalhos juntos e começamos a nos aproximar. Louis gostava dos mesmos jogos que eu, das mesmas músicas e dos mesmos filmes. Tínhamos muitas coisas incomum e nem sabíamos.
Com o tempo, nos aproximamos muito e acabamos criando uma amizade verdadeira. Deixamos todas as aquelas brigas bestas para trás.
E não foi só a nossa amizade que começou. A mãe de Louis e a minha viraram grandes amigas. Elas criaram uma amizade forte assim como eu e Louis criamos.
Mudar de cidade não foi difícil só para mim e ele, elas também sofreram bastante.
[...]
Fui acordado com o barulho do despertador
tocando. Me levantei da cama indo até ele e o desligando rapidamente.
Eu tinha aula ainda, mas estava com o total de zero v*****e de ir. Eu só queria ficar na minha cama e dormir mais um pouquinho.
Como eu já tinha tomado banho, me poupei de tomar outro. Eu não estava suado e não estava fedendo, então estava tranquilo. Só coloquei uma blusa melhor e uma calça jeans preta, que tinha alguns rasgos no joelho. Por cima da blusa coloquei uma jaqueta.
Calcei meu tênis e coloquei meu celular na mochila. Antes de descer, fui até o banheiro e escovei meus dentes.
Desci as escadas rapidamente indo direto para a cozinha. Lá estava apenas Emily a moça que fazia as comidas daqui de casa.
Ela tinha mais ou menos seus 50 e poucos anos. Emily tinha sido contratada há muitos anos atrás, quando eu ainda era uma criança.
- Bom dia, Emy. - Me aproximei dela e depositei um beijo na sua cabeça.
- Bom dia, Conan! - Respondeu. - Fiz panquecas, vai querer?
- E eu rejeito suas panquecas, Emily? - Ela riu. - É claro que eu vou querer.
- Vou colocar num prato.
- Você sabe que não precisa.
- Sei, mas eu quero e vou. - Eu revirei os olhos.
Fui até o armário onde eu deixei os meus cigarros, peguei um e o acendi com o isqueiro. Na mesma hora, Emily me olhou e me repreendeu com o olhar.
Ela odiava que eu fumasse, na verdade, não só ela, meus pais também. Mas infelizmente ou felizmente, eu não me importava com isso. A vida era minha.
Fiquei fumando ali por um tempo e quando o cigarro acabou, o apaguei e joguei na lixeira. Lavei minhas mãos com água e detergente e enxuguei num pano de prato que tinha ali.
Peguei meu prato que já estava com as panquecas e fui comer o meu café da manhã na mesa principal.
Minha mãe estava comendo seus ovos mexidos com algo que nem prestei atenção no que era, e meu pai estava tomando café e lendo jornal. Os dois me olharam, mas só minha mãe tinha falado comigo.
- Bom dia, meu amor. - Sorriu.
- Bom dia, mãe. - Dei um leve sorriso.
Me sentei na cadeira e coloquei um pouco de suco no copo. Comi um pedaço da minha panqueca e p***a, estava bom pra c*****o. Emily era perfeita na cozinha, sério.
- Que cheiro é esse?- Meu pai falou de repente.
- Que cheiro? - Minha mãe perguntou.
- De cigarro.
Minha mãe me olhou com uma cara nada boa, e eu parei de comer na mesma hora.
- Conan, você estava fumando?
- Sim, mãe.
Eu não ia mentir para ela.
- Conan, você disse que iria parar de fumar cigarro! eu e seu pai já conversamos com você sobre isso.
- Parei por um tempo e voltei.
- Conan, você precisa parar de fumar! isso vai acabar com a sua saúde, sua vida. E ela é importante. - Meu pai disse.
- Logo você? - Eu ri. - Logo você, papai? preocupado com a minha saúde? por favor, não finja que se importa, sabemos a verdade. Todos nós.
- Tenha mais respeito comigo, moleque. Eu ainda sou o seu pai!
- Sabe, eu acho que não estou muito afim brigar com você agora, papai. - Dei ênfase na última palavra. - Brigamos depois.
- Com quem você aprendeu a ser assim, moleque? Eu te dei uma educação boa, com certeza não foi comigo!
- Talvez você não se lembra porque já está velho demais, não é? - Ele bufou. - Mas eu me lembro muito bem da bela educação que você me deu.
- Você é um moleque mesmo. Nunca vai mudar. - Se levantou da mesa e guardou seu jornal. - Para mim, já chega.
- Charles, para onde vai?
- Para o meu trabalho, claro. Muito melhor do que ficar aqui ouvindo as baboseiras que o seu filho fala comigo!
Meu pai pegou sua bolsa e saiu de casa batendo a porta fortemente.
Minha mãe me olhou e suspirou.
- Conan, por que você provoca tanto ele? você querendo ou não, ele ainda é o seu pai. Você precisa respeitar ele. - Revirei os olhos. - Será que nunca vamos conseguir tomar um café da manhã em paz?
Por um momento, cheguei a sentir pena dela. Minha mãe amava eu e meu pai, éramos a única família que ela tinha na cidade.
- A senhora sabe que já não me dou bem com papai há anos, mamãe. E acredito que isso não vai mudar.
Ela revirou os olhos. Estava visivelmente irritada.
- Adiante logo, você ainda tem que ir para a escola! - Ela falou. - E lembre-se: você ainda está sem carro.
Bufei e voltei a comer minhas panquecas. Eu nem iria discutir sobre esse assunto com ela, eu sabia que não mudaria de opinião.
[...]
- Você realmente não quer entrar para o nosso time? - Luke me perguntou.
- Não, cara. Isso não é para mim. - Fechei o meu armário.
- Poxa, eu e os outros garotos gostamos mesmo de você. Achamos que seria bom te ter no time.
- Eu fico feliz em saber disso, mas realmente não vai dar. Para entrar no time é muito complicado e precisa ter uma saúde boa. - Eu ri. - E para ser sincero, minha saúde não é tão boa assim.
- É, você tem razão...
- Espero que encontre alguém melhor.
Luke era um dos jogadores do time de futebol americano da escola. Ele foi uma das primeiras pessoas que eu conheci e desde do início, ele se mostrou ser uma pessoa muito gente boa.
- Ei, você tem aula de que agora? - Perguntei.
- Matemática, e você?
- Também. Vamos juntos?
- Vamos. - Ele confirmou.
Caminhamos pelo corredor, atraindo muita atenção para nós. Luke era do time de futebol americano, era bonito e popular. As meninas e até alguns meninos caíam matando em cima dele.
Luke adorava toda aquela atenção. Dava para perceber isso de longe.