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1204 Words
Lili Harris Já faz uns dias que eu estou aqui nesse apartamento de luxo e eu não tenho muito o que fazer. A última vez que vi Gustavo foi no enterro do meu pai. A única pessoa que eu tenho um contato ainda é Dina que vem aqui todos os dias limpar o lugar e fazer comida. Ela sempre chega pela manhã e fica até o fim da tarde. Já decorei os horários dela. Uma ver por semana, outras mulheres vem para fazer uma faxina geral no local e nunca são as mesmas. Elas sempre são trocadas! Eu soube que tem dois homens na porta que vigiam o corredor e esse apartamento em específico e eu não tenho permissão para nada. Nem para andar pelo prédio e ver alguma coisa. Apesar da vista da varanda ser incrível, é tudo que tem. Eu comecei a digerir melhor sobre a perca do meu pai, mas ainda dói. Tenho tido pesadelos pela forma como aconteceu e as vezes, Dina deixa um calmante para mim. Tenho me sentido exausta mentalmente e isso pelos acontecimentos: a perda dos bens da família, a morte do meu pai, o enterro, eu aqui isolada outra vez e ainda tem um fato de um possível casamento. É muita coisa! Apesar de já ser de maior idade, eu não tenho controle sobre a minha vida e eu sinto que aquele papel que assinei no desespero me prende a alguma coisa. Tenho até medo de saber. A única coisa boa nisso, é que Flávio Nardini não sabe onde estou e peso jeito, mesmo que soubesse, não conseguiria chegar perto. Dina me disse que o prédio aqui é da família Baldoni, ou seja, pertence à Gustavo e aos filhos ricos e ainda tem vários homens espalhados ao redor. Tudo que acontece por perto, Gustavo é informado. Ela me disse que ele e os filhos só andam com homens armados e treinados. Eles nunca andam sem escolta. Fiquei até com medo de perguntar, mas não consegui por falta de oportunidade. Ela conta as coisas aos poucos, porque tem ordens de apenas organizar o local e pronto. Neste momento, eu saio do banho e me seco para me vestir. É fim da tarde e já estou sozinha. Os meus planos é beliscar alguma coisa na geladeira e tentar ler ou assistir alguma coisa. Eu passo uma escova nos cabelos e depois uma colônia no pescoço como de costume. Então, eu vou à cozinha. Já que estou sozinha, eu aproveito para ficar com os pés livres no chão. — Nossa, que delícia... — Eu vejo uma torta linda na geladeira e me seguro. — Não, a comida primeiro. Eu fico tanto tempo sozinha que fico falando comigo mesma. Eu pego o macarrão que foi feito e levo ao micro-ondas. Tem latinhas de suco na geladeira e esse será o meu jantar e tem torta de sobremesa. Eu me acomodo aqui na bancada da cozinha e vou comendo sem pressa ouvindo apenas o som da minha mastigação. Mas, assim que finalizo aqui, eu ouço um som da porta. Eu não demoro a ver o senhor Gustavo Baldoni entrando e eu engulo em seco. Eu não sabia que ele viria. — Boa noite... — Ele retira o chapéu. — Tudo bem, Liane? — Boa noite, senhor. Estou bem, obrigada. — Eu forço um sorriso pequeno e ele parece mais tranquilo. — Ótimo! Você parece mesmo melhor... Dina me falou que você tem melhorado do luto e que voltou a comer e a reagir. — Eu aceno. — Isso é bom... por isso eu vim para conversarmos. Eu engulo em seco. Eu fico em alerta por estar sozinha com um homem que mäl conheço e de brinde, tem dois homens na porta. Isso intimida. Dá uma sensação de medo, porque se em algum momento algo acontecer, eu não tenho saída e nem quem me ouça. O medo é tanto que já estou pensando longe. — Você pode ficar aí mesmo, à vontade. — Eu mostro preferir. — Bom, o seu pai me procurou antes para um acordo e foi algo que quase não foi acertado... até eu falar com o meu filho. — Já sei que diz respeito ao casamento. — O seu pai foi claro que você precisa ter alguém que a proteja e que por causa de Flávio, nunca saiu da mansão e não tem como trabalhar ou algo assim. — Eu confirmo. — Eu conheço Flávio Nardini... e conheço bem. — Eu estremeço por dentro. — Ele me procurou para saber de você e até quis fazer negócio... — O chão parece sumir dos meus pés e tenho medo do que posso ouvir. — Não me leve a mäl, eu falo dessa forma, porque é como ele quer conduzir as coisas... ofereceu muito dinheiro por você. — Por favor... — Eu sussurro quase sem voz. Eu não posso cair nas mãos desse homem maluco. Isso não! Eu nem quero imaginar do que ele é capaz. — Calma! Tudo foi recusado... eu não apoio esse tipo de ação e o seu pai foi um grande amigo meu. — Eu tento me recompor, mas eu estou tremendo. — Por causa disso, e dos papéis que você assinou por estar ciente da sua situação, eu conversei com o meu filho Alex sobre o seu caso... — Já imagino o que vou ouvir. — Ele concordou com o casamento e a cerimônia ocorrerá em alguns dias. Não tenho escapatória. Tenho que me casar e com um homem que nunca vi na vida. Eu não faço ideia de quem ele é, do que faz, como ele pode me tratar e nem mais nada. Pelo jeito que ele fala, ele tem outros filhos e por mais que diga que não apoia certas coisas, tudo é tratado como uma negociação. Quem é esse Alex? — Eu vou trazer uma estilista para vestidos de noiva e vamos preparar tudo para uma cerimônia modesta e rápida. Ele prefere assim e... — Ele fica meio tenso agora. — Será um casamento diferente. Eu espero que entenda. — Como assim? Diferente como? — Ele passa a mão nos cabelos ralos e eu espero uma resposta. — Ele não poderá comparecer ao casamento, sendo assim, será feito por procuração. — Eu fico chocada. Nem para o casamento eu saberei com quem estarei me casando? Que loucura é essa? — Alex tem 30 anos, é um homem de negócios e no momento está fora do continente americano e não tem como voltar agora. Assim que sair da Ásia, retornará para Londres onde irão morar juntos de forma fixa. — Eu fico estarrecida. — Você precisa entender que ele é um homem ocupado, viaja muito e que é um pouco difícil na personalidade, mas ele irá lhe proteger e garantir o seu conforto e segurança. Você terá de tudo. Terei de tudo, mas com certeza ficarei isolada e a mercê de um homem que não faço ideia de nada. Tudo é muito misterioso pra mim e eu não paro de me surpreender e com isso, vem o medo. Eu nunca ouvi falar de alguém se casando por procuração hoje em dia. Como esse homem não pode comparecer para se casar? Eu estou ferrada!
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