CAPÍTULO 47 MONIQUE NARRANDO A noite inteira naquele hospital parecia não ter fim. As luzes brancas, os apitos das máquinas, o cheiro de desinfetante… tudo aquilo grudava na pele, no corpo, na alma. Eu não queria dormir, mas o cansaço me venceu. Me rendi ali mesmo, deitada naquelas cadeiras duras da recepção, com a cabeça apoiada nas pernas do Tubarão. Ele ficou ali. Sem reclamar. Sem se mexer. A última coisa que lembro antes de apagar foi a mão dele fazendo carinho no meu cabelo… lenta, constante… como se tentasse acalmar minha tempestade só com o toque. Quando abri os olhos, o dia já clareava lá fora. As janelas da recepção mostravam o céu cinza ganhando tons alaranjados, e o movimento do hospital começava a aumentar. Gente chegando, gente saindo… mas o mundo ali ao meu redor ainda

