O peso das Escolhas

664 Words
O céu ainda carregava o brilho esmaecido do amanhecer quando Danilo despertou. A casa no morro estava silenciosa, mas a sensação de que o perigo se aproximava o manteve alerta. Ele sentia o peso da responsabilidade esmagando seu peito, não apenas pela sobrevivência do território, mas também por Cecília, que já não era mais aquela jovem protegida pelo conforto do Leblon, mas uma mulher de fibra que estava aprendendo a lutar ao seu lado. Cecília repousava no quarto ao lado, seu rosto ainda marcado pela tensão das últimas horas. Ele recordava o que ela havia dito na noite anterior, ao se entregarem entre suspiros e promessas: “Estou pronta para lutar por nós.” Palavras que reverberavam dentro dele como um mantra, uma força que ele precisava para continuar. Mas naquele momento, tudo o que Danilo queria era segurá-la nos braços, protegê-la do mundo c***l que os cercava. --- O som do rádio na sala quebrou o silêncio. Subir entrou com expressão carregada de notícias ruins. — Ivan está mais perto do que pensávamos, chefe. Ele não apenas conversou com os homens do Ramon, como participou de um encontro ontem à noite no beco atrás da padaria — disse o braço direito de Danilo. Danilo fechou os olhos por um instante, a raiva crescendo como uma chama intensa. — Quero que você monte uma equipe discreta para vigiar Ivan de perto. E preparem uma emboscada, se for necessário. Não posso deixar que a traição corroa o morro — ordenou, a voz firme. Cecília estava ao lado, observando cada detalhe. Ela sentia o coração acelerar, não apenas pelo perigo iminente, mas também por saber que aquele homem à sua frente era capaz de destruir quem fosse para proteger o que era seu. — E se algo acontecer com ele? — perguntou ela, a voz baixa, mas cheia de desafio. Danilo olhou fixamente para ela, impressionado pela força que ela carregava. — Eu não vou deixar que ninguém lhe faça m*l. Nem que eu tenha que me sacrificar — garantiu. --- As horas seguintes foram um turbilhão de preparativos e reuniões. Cecília mergulhava no universo do morro, absorvendo cada palavra, cada estratégia. Ela sabia que ali não podia ser apenas uma espectadora. Quando finalmente a noite caiu, a tensão era palpável. Danilo e seus homens se posicionaram, esperando pelo momento certo de agir. Cecília, apesar do medo, estava ao lado dele, com a mão firmemente segurando a dele. — Prometa que vai voltar — sussurrou ela, o olhar fixo no dele. Danilo apertou os dedos dela e, pela primeira vez em muito tempo, revelou uma vulnerabilidade. — Prometo. Mas só se você prometer não se meter no meio do fogo — respondeu, com um sorriso carregado de ironia. Ela riu baixinho. — Não posso garantir, mas vou tentar. --- A emboscada aconteceu em meio à escuridão e ao silêncio cortante. A tensão explodiu com tiros, gritos e a adrenalina pulsando no sangue. Danilo enfrentou Ivan com ferocidade, mas algo dentro dele hesitava. A lembrança da infância compartilhada, dos laços que os uniam, tornava a traição ainda mais amarga. Enquanto isso, Cecília coordenava a retirada das mulheres e crianças que estavam nas áreas de risco, mostrando uma coragem que surpreendia a todos. --- Depois do confronto, com Ivan detido e confessando sua aliança com Ramon, Danilo voltou para casa com o corpo exausto e a mente em conflito. Cecília o esperava no quarto, os olhos brilhando com uma mistura de preocupação e desejo. — Você voltou — disse ela, a voz trêmula. — Eu sempre volto — respondeu ele, puxando-a para um abraço apertado. --- Aquela noite foi marcada por um encontro intenso, onde o amor e a dor se misturavam. Entre beijos ardentes e palavras sussurradas, Danilo e Cecília encontraram no outro a força para enfrentar o que ainda estava por vir. Mas no fundo, ambos sabiam que a guerra estava longe do fim, e que a próxima batalha poderia ser a mais difícil de todas.
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