CAPITULO 4

1220 Words
Desde então, aprendi a ser discreta quando ouvia ele ser chamado por outro nome. Eu o deixava pensar que eu não tinha ouvido. Foi fácil. Ele queria acreditar que eu era ignorante. Nós dois sabíamos que a verdade nos separaria. Eu tive que me fazer de boba se quisesse ficar com ele. Até agora, eu tinha ouvido falar dele como Christian Henderson, Damon Cross, Riley Fulks e William Farris. Tiphany interrompeu os meus pensamentos. — Olha! Ela disse. — Os meus pais acabaram de entrar. Eles parecem bem chateados. — Eles estão? Olhei para ela. — Você vai ser expulsa desta vez? — Provavelmente não. Parece que papai veio carregando o seu talão de cheques superpesado. Vê a protuberância no bolso dele? Ele vai pagá-los. — Ele já não pagou pelo gazebo do parque? E os jardins de pedra. Admitiu Thiphany. — Esses idio*tas simplesmente não entendem a mensagem. Eu não quero ficar nessa escola. Já disse isso um milhão de vezes, mas eles preferem passar férias no Mediterrâneo dez meses por ano do que brincar de casinha comigo. Por que eles não estão preocupados comigo me desviando? Eu poderia ficar viciado em metanfetamina ou crack, pegar uma DST ou fazer um aborto que eles não se importariam. O que será que eu tenho que fazer, para deixar os meus pais realmente irritados? — Eu ainda acho que você tem sorte. Pelo menos, eles não estão mortos. Eu disse distraidamente, a minha conversa tocando na repetição. Eu estava repetindo porque estava pensando no que precisava fazer para chamar a atenção de Christian. — Thiphany, o que você acha que uma garota teria que fazer para ser expulsa desta escola na primeira tentativa? — O que? — Nunca estive no escritório disciplinar. O que você acha que eu teria que fazer para conseguir ser expulsa, sem negociação. E logo na primeira tentativa. — Bem. Disse Thiphany, esfregando as mãos. — A dificuldade é acertar aquele número mágico entre irritar muito a diretoria da escola e envolver a polícia. Você poderia ser expulsa se fizesse uma ameaça de bomba ou provocasse um incêndio em um dos laboratórios de química, mas você realmente quer brincar com a obtenção de ficha criminal? Aqueles velhos morcegos do conselho escolar já tiveram que lhe dar com tantos malucos que dificilmente algum golpe vai virar a cabeça deles. Acredite em mim, eu sei. Ela fez uma pausa e olhou para mim com olhos astutos. — Mas, Beth. Baby, se você quer chamar a atenção de Christian agindo m*al, você não deveria já ter começado? Só nos resta um ano de ensino médio. – Sim. É que, por alguma razão, sempre pensei que, quando me formasse, iria viver com ele. Esta noite, percebi que isso nunca vai acontecer. Assim que eu terminar aqui, ele me enviará para uma universidade e me eliminará de sua vida para sempre. Eu nunca vou passar nenhum tempo com ele. Thiphany assentiu. — Eu entendo. Não há uma garota nesta escola que não desmaie toda vez que ele pega você. Você deveria ter feito a ameaça de bomba quando tinha quinze anos. Eles teriam sido muito mais disciplinares com você. Revirei os olhos. — Esse é o melhor conselho que você tem? — Não. Ela disse, agarrando o meu braço. — Você poderia fazer a primeira pegadinha que eu fiz. Eu pensei de volta. — Aquela foto nua que você pintou do presidente do conselho? Não, obrigado! Não sei como você não vomitou com aquilo. — Não, idi*ota. Essa foi a minha primeira pegadinha no ensino médio. Estou falando sobre o meu primeiro ato de desafio quando entrei nessa escola, por favor, preste atenção em mim. Eu fiz tantas vezes, que os meus pais pararam de reagir, mas na primeira vez que fiz isso eles estavam loucos e aposto que Christian também ficaria. – O que, você fez? Eu perguntei curiosamente. — Eu fugi da escola. — Agora, isso é uma ideia. Eu disse balançando a cabeça com um leve sorriso no rosto. — Você tem dinheiro? Quão longe você consegue chegar? — Eu tenho dinheiro. Eu me esquivei. Depois que acordei curada no México, as consequências começaram a ter importância novamente e a verdade sobre as finanças dos meus pais veio à tona. Eles estavam profundamente endividados. Depois que todos foram pagos integralmente, havia um pouco de dinheiro para mim, mas não chegava nem perto da quantia que eu precisaria se quisesse viver no luxo que eles me proporcionaram. Christian guardou esse dinheiro e eu não deveria tocá-lo até ser adulta, mas era uma ninharia comparado ao dinheiro que ele gastava comigo regularmente. Mesmo assim, eu tinha o dinheiro de Christian na forma de cartão de crédito. Se eu o usasse para pagar passagens e hospedagem, ele sem dúvida conseguiria me localizar num instante, mas a ideia não era fugir para um lugar onde ele não pudesse me encontrar. A ideia era fugir para um lugar onde ele viria atrás de mim. — Você poderia tentar. Thiphany piscou e começou a descer as escadas que a levariam a recepção. Éramos estudantes e não fomos exatamente convidados, mas Thiphany não deixou que isso a incomodasse. Ela não perderia a chance de irritar os seus pais, não importando as consequências. Respirei pelo nariz e expirei pela boca para acalmar os nervos. Eu esperava que pudesse voltar a ser a garotinha que sempre interpretei quando estava com Christian. Se eu não pudesse ser a sua mulher, teria que me contentar em ser a sua garotinha. Depois de respirar mais uma vez, eu estava pronta, e segui Thiphany pela grande escadaria. Em meu uniforme escolar, caminhei cuidadosamente atrás dele. Ele estava bebendo uma taça de champanhe e conversando com um pai indefinido. Coloquei os meus dedos sobre os seus olhos e disse: Adivinha quem é. Ele colocou a mão na minha e perguntou: Minha garota saiu da cama sem permissão? — Talvez. — Você está de pijama? — Não! Ele tirou a minha mão dos seus olhos e se virou para ver o que eu estava vestindo. — Querida, você parece bastante infantil. Achei que você iria se vestir adequadamente se decidisse invadir uma festa 'adulta'. Coloquei os meus braços em volta do seu braço, puxei o seu cotovelo contra o meu peito e descansei minha cabeça no seu ombro. Se fosse a primeira vez que eu tivesse feito isso, duvido que ele tivesse permitido, mas eu sempre fazia isso desde o México. Foi uma das raras formas de contato físico que ele permitiu. Não nos abraçávamos como as famílias faziam. Ele tolerou o meu braço com um sorriso fácil e deu um pequeno beijo no canto da minha testa. O pai ao nosso lado começou a falar, como se aquele nível de apego para uma garota de dezessete anos fosse normal. Nada estava errado. — Esta deve ser Beth. Ele estendeu a mão para eu apertar e eu momentaneamente tive que abandonar Christian. — Bom trabalho entrando furtivamente. Elogiou o pai anônimo. — Não sei por que não permitem que os alunos compareçam a estas festas. Quase nunca vejo o meu filho. Então o seu celular o interrompeu e ele pediu licença para atender a ligação. Viciado em trabalho, pensei enquanto o homem se afastava. Não admira que ele quase nunca veja o seu filho.
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