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1266 Words
Allan Narrando... Halley é uma garota durona. Durona demais, não teria a paciência que ela teve comigo, sinceramente. Ela realmente é uma boa amiga. Pensei em chamá-la para comer pizza em agradecimento, mas a vi sair com a Lia, a ruiva gostosa do meu setor. Elas não costumam andar juntas, mas ouvi algo sobre compras. Eu não entendi muito bem o que fariam, mas deve ser coisa de mulher. Saí da empresa e percebi que aquele era o único terno que eu tinha. Eu precisava fazer algo a respeito, porque sou o chefe da empresa e ando feito um retardado. A Halley tem razão. Entrei em uma loja de ternos, e logo, um atendente tirava minhas medidas para escolher os ternos perfeitos para mim. Pedi que ele fizesse um guarda-roupa para dez dias sem repetição e que numerasse tudo, porque eu não sei ser... Estiloso como um cara formal. Eu sou totalmente informal, não tenho muita habilidade com gravatas e essas coisas. Enquanto experimentava um dos últimos ternos que o atendente havia escolhido, olhei para o outro lado da rua, uma loja feminina... A ruiva gostosa e Halley estavam se divertindo. A Halley estava de saia, eu podia ver de longe, mas não muito bem. Fiquei curioso, mas elas pareciam tão felizes que não quis interromper o momento. Depois de tudo devidamente escolhido, fui até o caixa e paguei. Pedi para dois atendentes carregarem tudo até o carro que aluguei, enquanto não providencio um. Colocamos no porta-malas e eu olhei novamente para o outro lado da rua. Halley estava com o cabelo solto, e seu rosto parecia iluminado. Ela estava... Feliz. Roupas diferentes, sapatos diferentes... Eu não entendo porque reparo tanto nela. Talvez por ser minha amiga. Eu nunca tive uma amiga mulher que não comi. Isso faz de mim um babaca? A Halley tem razão? Fui para casa e guardei todos os ternos que havia comprado e organizei os sapatos. Olhei para o meu armário satisfeito. Parecia finalmente um armário de adulto... Mas, para comemorar isso, eu vou ir a um bar. Saí de casa prometendo a mim mesmo que não iria aprontar demais. Só uma bebida, um pouco de diversão e minha casa. Cheguei no bar e me sentei, pedindo uísque e o garçom me entregou. De longe, vi duas moças bonitas e me interessei. Tomei todo o líquido do copo e fui andando até elas, duas morenas lindas, e as duas pareciam me querer. Conversa vai, conversa vem... Elas me convidaram para ir ao apartamento delas. Eu sei que não devia, mas fui. Duas gostosas em uma noite só, parece uma excelente comemoração. Acontece que não era bem isso que aconteceria lá. Cheguei na suposta casa delas meio tonto. Eu vi uma placa de motel na frente, e não entendi o motivo de estar tão tonto. Elas me deram uma bebida, mas... Será que me doparam? Quando as vi arrancar minhas roupas, enquanto eu estava na cama, e tirar fotografias ridículas de mim, percebi que aquilo era algum tipo de s*******m. Elas levaram todo meu dinheiro, tiraram fotos comigo sem roupa, zombaram de mim, desenharam em todo o meu corpo e eu não consegui fazer nada por estar dopado demais. Sabe, dopado nessa cama, olhando para o teto, acho que eu mereci chegar até aqui. Tudo que fiz até hoje me levou a esse momento ridículo onde estou vestindo uma calcinha feminina de renda, jogado na cama, com desenhos de batom pelo corpo inteiro sem conseguir movimentar meus braços. É, eu mereço, porque sempre fui um verdadeiro i*****l. Halley tem razão. Queria que não tivesse, mas tem. E meu pai também. Algumas horas depois, consegui me levantar. As vadias levaram todo meu dinheiro, meu celular, tudo! Até as minhas roupas. Eu não sabia a quem recorrer, sinceramente, a única pessoa que talvez me ajudaria numa situação dessa é a Halley. Peguei o telefone do motel e disquei o número dela que, por sorte, sei de cabeça. São três da manhã, duvido que me atenda. O telefone tocou, e por um milagre, ela atendeu. Ouvi um barulho de balada no fundo. Ela tá numa festa? - Halley, eu preciso da sua ajuda. - Falei de uma vez. - Eu tô no bar com uma amiga, hoje não posso. - Respondeu. - Halley, eu fui assaltado, dopado, fui deixado num motel e não tenho nem cueca pra sair. Por favor, me ajuda... - Implorei. - p***a, Allan! Como você conseguiu se meter numa merda dessa? Eu achei que estivesse querendo ser mais responsável! - Reclamou, e com razão. - Eu juro que estava! Mas aconteceu que eu conheci duas garotas e elas me drogaram! Eu só tomei um uísque e um coquetel que elas me deram, eu juro! - Eu a ouvi respirar fundo do outro lado da linha. Ela me pediu o endereço, e eu me senti mais seguro. Agora, eu teria a ajuda que preciso. Meia hora depois, Halley chegou no hotel com uma cueca, uma camisa e um short comprado em uma loja de conveniência. Também comprou um chinelo do número exato e entregou. Eu estava cobrindo minhas partes baixas com o lençol e ela girou os olhos. Não pude deixar de reparar em como estava bonita e diferente. - Vai, se veste, vou te levar pra casa. - Resmungou e virou de costas. Eu obedeci e comecei a me vestir. - Você tá tão bonita. O que fez? - A vi cruzar os braços, mesmo estando de costas, pelo fato de estar com um vestido colado, foi possível ver. - Banho de loja. Lia me ajudou a escolher roupas melhores e que valorizam meu corpo. - Respondeu de forma seca. Eu terminei de me trocar e coloquei a mão no ombro dela. Ela se esquivou. - Relaxa, não vou te morder, não. - Falei, rindo. - Tá, vamos embora. - Ela pegou meu braço e saiu me arrastando como se eu fosse uma criança. Pagou a conta do motel e fomos embora. - Halley? - Falei, quando entrei no carro. Ela estava dirigindo concentrada, e parecia até um pouco frustrada. - Fala, Allan. - Eu estraguei sua noite? - Ela respirou fundo e desviou o olhar para mim. - Você tem estragado muitas noites na minha vida. Algumas eu tenho que te socorrer, outras eu fico preocupada pensando que você tá fazendo algo potencialmente perigoso, então, sim, você estragou minha noite mais uma vez. - Eu ergui as sobrancelhas e desviei meu rosto, que antes a olhava, para o vidro da frente do carro. - Wow. Você se preocupa mesmo comigo. - Ela estacionou o carro em frente aonde moro. - Sim, me preocupo. E te considero. Agora, vaza do meu carro que eu vou tentar recuperar um pouco do que eu perdi essa noite. Eu conheci um cara legal, tá? E ele achou super estranho o fato de eu sair correndo pra socorrer o meu amigo que também é meu chefe. E aí ele me perguntou se eu tava interessada em uma promoção ou em dar pra você. - Halley bufou. - E eu não quero nenhum dos dois, eu só me importo. - Parece que ele não era tão legal assim. - Ela deu os ombros. - Eu podia ter descoberto isso na manhã seguinte, depois de ter uma transa gostosa com um cara bonito e sóbrio. Mas não... Fui socorrer você, de novo. E eu espero que tenha sido a última vez, Allan. Eu desci do carro dela e fui caminhando até o portão, bastante decepcionado comigo. Acho que no final das contas, eu só faço merda, mesmo.
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